Segundo o SEEG, a redução foi puxada pela queda de 24% nas emissões por desmatamento da vegetação nativa em todo país, alcançada principalmente pelo incremento nas políticas de comando e controle da devastação na Amazônia. Somente na floresta tropical, a queda foi de 37% – de 1,074 bilhão de tonelada de CO2eq em 2022 para 687 milhões de toneladas em 2023.
De fato, o governo brasileiro alcançou resultados expressivos no controle do desmatamento na Amazônia, com duas quedas consecutivas no desmatamento, a primeira diminuição foi de 22,3%, entre 1º de agosto de 2022 e 31 de julho de 2023 – o chamado calendário do desmatamento – a Amazônia perdeu 9.064 km²; e a segunda uma queda de 30,6%, entre agosto de 2023 e julho de 2024, quando foram derrubados 6.288 km². É a menor queda alcançada desde 2015.
“A queda nas emissões em 2023 certamente é uma boa notícia, e põe o país na direção certa para cumprir sua NDC, o plano climático nacional, para 2025. Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes. Isso vai terá de mudar na nova NDC, que será proposta ainda este ano. O Brasil precisa de um plano de descarbonização consistente e que faça de fato uma transformação na economia”, pondera David Tsai, coordenador do SEEG.
Além da Amazônia, o Pampa também registrou redução nas emissões por desmatamento: queda de 15%. Apesar dos bons resultados nesses dois biomas, todos os outros tiveram alta expressiva neste tipo de emissão. No Cerrado, o aumento foi de 23%, na Caatinga, 11%, na Mata Atlântica, 4%, e no Pantanal, 86%.
Mesmo com a desaceleração do na Amazônia, a devastação registrada em todos os biomas brasileiros emitiu 1,04 GtCO2e brutas em 2023. Ela torna o Brasil o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Se fosse um país, o desmatamento do Brasil seria o oitavo maior emissor do planeta, atrás do Japão e à frente do Irã.
“O Brasil está vendo o combate ao desmatamento na Amazônia surtir efeito. Mas, enquanto isso, o desmatamento em outros biomas, como o Cerrado e o Pantanal, acelera. Esse ‘vazamento’ não é algo novo e precisa de solução urgente para que continuemos tendo chances de atingir as metas de mitigação brasileiras”, disse Bárbara Zimbres, pesquisadora do Ipam, organização responsável pelo cálculo de emissões de uso da terra no SEEG.
Emissões por categoria
As mudanças de uso da terra – incluindo o desmatamento – foram novamente as responsáveis pela maior parte das emissões brutas de gases de efeito estufa: 1,062 bilhão de toneladas de CO2eq ou 46% do total emitido pelo país no ano passado.
Ao contrário das mudanças no uso do solo, todos os outros setores apresentaram aumento na quantidade de emissões. O segundo no ranking é a agropecuária, com 631 milhões de toneladas de CO2eq emitidos, ou 28%. Segundo o SEEG, esta quantidade representou um aumento de 2,2%, em relação a 2022, devido, principalmente, ao aumento do rebanho bovino. Este foi o quarto recorde consecutivo de emissões.
Somando as emissões por mudança de uso da terra, a atividade agropecuária segue sendo de longe a maior emissora do país, com 74% do total. As emissões do setor de energia tiveram um pequeno incremento, de 1,1%, chegando a 420 MtCO2e. No setor de resíduos, as emissões cresceram também 1%, para 92 MtCO2eq
“A queda nas emissões em 2023 certamente é uma boa notícia, e põe o país na direção certa para cumprir sua NDC, o plano climático nacional, para 2025. Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes. Isso vai terá de mudar na nova NDC, que será proposta ainda este ano. O Brasil precisa de um plano de descarbonização consistente e que faça de fato uma transformação na economia”, analisa David Tsai, coordenador do SEEG.
O Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, responsável por 3,1% do total mundial.