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Brasil

Jovens brasileiros mostram mais apoio à legalização do aborto do que da maconha

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Pesquisa revela que, apesar da expectativa de maior progressismo, menos da metade da juventude aprova as pautas polêmicas

Uma pesquisa do Centro de Estudos SoU_Ciência, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apontou que os jovens brasileiros entre 17 e 28 anos são mais favoráveis à legalização do aborto do que à da maconha. O levantamento revelou que 41% deles apoiam o direito à interrupção voluntária da gravidez, enquanto apenas 33% concordam com a legalização do uso recreativo da maconha.

Os dados, coletados entre 16 e 23 de setembro, abrangem jovens de todas as regiões do Brasil e foram ajustados conforme o censo do IBGE. Segundo Pedro Arantes, coordenador da pesquisa, “havia uma expectativa de que os jovens fossem mais abertos a esses temas, por estarem mais imersos nessas situações do que os mais velhos. Mas os dados nos mostram outra realidade: menos da metade deles são favoráveis a pautas mais progressistas de comportamento”.

Apesar da expectativa de maior progressismo entre os jovens, o levantamento revela uma juventude mais cautelosa do que se imagina.

Aborto, fatores decisivos – O apoio ao aborto é mais elevado entre os jovens das classes A e B (46,3%), enquanto cai para 33% entre as classes D e E. Regionalmente, o Sul é mais receptivo à pauta, com 51,7% dos jovens a favor, contrastando com o Sudeste, onde apenas 35% apoiam a medida.

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A religiosidade também exerce forte influência. Jovens ateus ou sem religião lideram o apoio, com 58%, seguidos pelos que seguem religiões de matriz africana, com 56%. Entre católicos, 41% são favoráveis, enquanto os evangélicos registram o menor índice de apoio, com apenas 27%.

A questão política também divide opiniões. Jovens de esquerda ou centro-esquerda são os maiores apoiadores, com 69% favoráveis ao aborto. Já entre os de direita ou centro-direita, o apoio despenca para 25%.

Curiosamente, gênero não foi um fator relevante no tema: 42% das mulheres e 40% dos homens demonstraram apoio, indicando um consenso quase igualitário entre os sexos.

Maconha, as resistências – A legalização da maconha enfrenta maior resistência entre os jovens brasileiros. Apenas 30% dos pertencentes às classes D e E são favoráveis à pauta, enquanto nas classes A e B o percentual sobe para 37%. O apoio é mais forte nas regiões Sul (41%) e Centro-Oeste (39%), e menor no Sudeste (30%).

“Os jovens das grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro, parecem associar a legalização da maconha a um agravamento da violência urbana, o que pode justificar o conservadorismo nessa pauta”, analisa Pedro Arantes.

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Religião também é um fator crucial. Jovens ateus lideram o apoio com 50%, seguidos pelos de matriz africana (44%). Em contrapartida, apenas 30% dos católicos e 22% dos evangélicos concordam com a legalização.

Politicamente, 54% dos jovens de esquerda são favoráveis à maconha para uso recreativo, enquanto apenas 20% dos jovens de direita aprovam a ideia.

Mais revelações – A pesquisa do SoU_Ciência traz outras revelações importantes:

  • O maior problema do Brasil é corrupção (34%), seguido pela violência e falta de segurança (30%).
  • Ansiedade e depressão são os principais problemas que preocupam os jovens. Esses transtornos foram citados por 38% dos jovens, liderando o ranking de preocupações, um aumento em relação a 2021, quando estavam em terceiro lugar, com 32%.
  • No campo profissional, a principal aspiração é ter o próprio negócio, apontada por 30% dos entrevistados, enquanto apenas 11% disseram almejar emprego com carteira assinada.
  • A crise ambiental e hídrica é apontada por 24% dos jovens como um dos principais problemas do país, número que representa um crescimento de 243% em relação ao levantamento realizado em 2021, quando apenas 7% mencionavam o tema.
  • No campo político-ideológico 58% declaram não fazer parte nem da direita nem da esquerda, segmentos que são representados por 17% e 16%, respectivamente, dos jovens. 9% se definem como de centro.

A pesquisa “O que pensam os jovens brasileiros” foi realizada pelo Centro Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou_Ciência), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto de Pesquisa IDEIA.

Entre 16 e 23 de setembro de 2024 foram entrevistados 1.034 jovens de 18 a 27 anos, de todas as regiões do país, via telefone celular. Os dados foram ajustados com base no censo mais recente do IBGE para refletir o perfil real da juventude brasileira.

A margem de erro é de 3 pontos percentuais; intervalo de confiança de 95%. Para garantir resultados precisos, os questionários passaram por uma rigorosa checagem de qualidade. As 55 perguntas abordaram temas relacionados a aspectos da vida pessoal, estudantil e profissional dos jovens, suas perspectivas de futuro, posições ideológicas e percepções sobre o país.
GRÁFICO 1 – Jovens se posicionam sobre a legalização da maconha para uso recreativo

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Fonte: SoU_Ciência/Instituto IDEIA, set/24.

GRÁFICO 2 – Crença religiosa dos jovens que se posicionaram contra e a favor da legalização da maconha para uso recreativo

SoU_Ciência/Instituto IDEIA, set/24

GRÁFICO 3 – Opinião dos jovens sobre a legalização da interrupção voluntária da gravidez

Fonte: SoU_Ciência/Instituto IDEIA, set/24.

GRÁFICO 4 – Crença religiosa dos respondentes que declararam apoio à legalização da interrupção voluntária da gravidez

Fonte: SoU_Ciência/Instituto IDEIA, set/24.

 

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA – Agência Acadêmica (www.academica.jor.br)

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