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Religiosidade

A Bíblia manda a mulher ser submissa ao homem?

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Teólogos e especialistas contemporâneos dizem que, para ler os textos sagrados, é preciso compreender o contexto em que tais materiais foram escritos — ao contrário, segundo eles, o fundamentalismo carrega as contaminações de um anacronismo

“Mulheres, sede submissas aos vossos maridos, como ao Senhor. Pois o marido é a cabeça da mulher, assim como Cristo é a cabeça da Igreja.”

“Esposas, sede submissas a vossos maridos, como convém ao Senhor.”

“[…] ensinem as jovens a amar seus maridos e filhos, a serem modestas, castas, dedicadas aos afazeres domésticos, boas, submissas a seus maridos, a fim de não ser blasfemada a palavra de Deus”.

Estas três frases, que podem soar absurdas aos ouvidos da sociedade atual, são de trechos de cartas escritas por Paulo Apóstolo às primeiras comunidades cristãs e fazem parte da Bíblia.

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Teólogos e especialistas contemporâneos, contudo, explicam que são estes claros exemplos de que, para ler os textos sagrados, é preciso compreender o contexto em que tais materiais foram escritos — do contrário, o fundamentalismo carrega as contaminações de um anacronismo.

Submissão, segundo um dicionário de língua portuguesa, é a “condição em que se é obrigado a obedecer”, “sujeição”, “subordinação”. Também pode ser entendida como “disposição para obedecer, para aceitar uma situação de subordinação”.

“A ideia de que a mulher deve ser submissa ao homem deve ser entendida em seu contexto social e também literal do texto bíblico”, diz à BBC News Brasil a teóloga e pedagoga Andreia Cristina de Morais, freira da Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada e professora na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

“A maioria das sociedades no mundo antigo era patriarcal. Seus registros geralmente refletem uma perspectiva masculina, ou seja, enfatizam os interesses e as preocupações dos homens que os escreveram”, acrescenta ela.

“O mundo bíblico não era diferente. Assim, os textos da Bíblia geralmente revelam uma forma masculina e patriarcal de enxergar as situações.”

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Contexto histórico

Morais aponta que as interpretações contemporâneas buscam “compreender as representações das mulheres como uma imagem bíblica que simplesmente reflete as suposições e expectativas culturais de uma antiga sociedade patriarcal”.

Por isso, ela defende que essa ideia de mulher submissa ao homem seja sempre interpretada dentro do contexto original.

A ideia de que as mulheres precisam ser submissas aos maridos, embora citada três vezes nas epístolas de Paulo e uma na de Pedro, não aparece nenhuma vez nos evangelhos — os quatro textos que narram a vida e os ensinamentos de Jesus.

Com isso em mente, a religiosa sugere um olhar mais atento para as motivações de quem escreveu o texto.

Ela recorda que Paulo não necessariamente estava criando uma norma de submissão, mas sim que poderia estar refletindo o que já era praxe para criar uma analogia com a relação entre Jesus Cristo e a Igreja que começava a se formar.

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Esta interpretação pode ser tomada, por exemplo, do trecho aos Efésios, que continua com o apóstolo dizendo que, se Jesus é “a cabeça” e a Igreja “é o corpo”, os maridos devem amar suas mulheres assim como Cristo amou a Igreja.

“Observando esse contexto mais amplo, Paulo não deseja explicar como a mulher deve se comportar em relação ao marido, mas usa essa analogia para explicar a relação entre Cristo e a Igreja, uma relação de submissão, obediência e amor.”

A teóloga Morais argumenta ainda que, buscando a referência do texto original em grego, é possível entender que Paulo pretendia “destacar que a submissão é de uns aos outros no temor do Senhor” e que, para passar essa mensagem, ele “exemplifica com a mulher em relação ao marido”. Ou seja: essa relação de submissão aparece como uma verdade dada, algo já próprio daquele contexto.

“A ideia básica é sempre uma analogia com o marido, com a casa, com o ambiente doméstico. O ideal de submissão vem desse modelo familiar”, contextualiza à BBC News Brasil o teólogo e historiador Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“O apóstolo Paulo faz uma analogia entre o papel da mulher dentro de casa, sendo submissa à vontade do marido, e o papel da Igreja, sendo submissa à vontade de Jesus”.

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Ele ressalta que é preciso compreender aquele contexto histórico. “A Bíblia nasce num ambiente machista. Ou seja, ela reflete um tipo de comportamento que era comum em toda a antiguidade, não só entre os judeus, mas entre outros povos da antiguidade”, diz. “Na construção de sociedades patriarcais, as mulheres acabam tendo papéis definidos no espaço do oikos, que em grego significa casa.”

Em paralelo, diz o professor, o homem fica com o “espaço da ágora”, ou seja, da praça, do público.

“De maneira geral, o mundo antigo era um mundo patriarcal. As mulheres ficavam relegadas ao ambiente doméstico e, portanto, quando grupos religiosos falam sobre o papel da mulher, eles acabam refletindo essa realidade”, diz.

Ele vê um Paulo muito enfático sobre a divisão de papéis entre homem e mulher na carta a Timóteo. Ali, o apóstolo faz um paralelo: enquanto homens são incitados a orarem “em toda parte, erguendo para o céu mãos santas”, as mulheres precisam se resignar a “guardar silêncio, com toda submissão”.

“Não permito à mulher que ensine, nem que domine o homem”, prossegue o texto bíblico. “Mantenha-se, portanto, em silêncio.”

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Autor do livro Igrejas que Calam Mulheres, o pastor batista e teólogo Yago Martins tem uma visão mais conservadora sobre esses trechos bíblicos. “Não há como fugir, o Novo Testamento fala em submissão”, diz, em conversa com a BBC News Brasil.

“Algumas pessoas querem evitar o termo porque acham que é muito pesado. Mas é um termo bíblico. A escritura estabelece que o papel da mulher no casamento é de submissão”, afirma.

“Mas a escritura diz que a submissão da mulher é a seu próprio marido e não a todo e qualquer homem. O que se diz é a submissão da esposa ao seu próprio marido.”

Ele adverte, contudo, que essa submissão não deve ser entendida “como apagamento, como se fosse para impedir as mulheres de terem vozes, dignidade”.

“Todo mundo é submisso a patrão, a autoridade pública. Dentro do contexto de famílias cristãs, a gente entende que há uma ordem complementar em que dois iguais possuem papéis diferentes”, diz Martins.

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“[A Bíblia] fala de homens tendo um papel de pastoreiro sobre o seu lar e mulheres que seguem esse pastoreiro. Estabelece que é essa a ordem.”

Gênesis

Professora aposentada na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), a teóloga Tereza Maria Pompeia Cavalcanti afirma à BBC News Brasil que a origem dessa visão de sociedade presente nas cartas de Paulo remete ao Antigo Testamento, mais especificamente na narrativa da criação do mundo presente no livro do Gênesis.

Pela história, Deus teria feito o homem e, depois, retirado uma de suas costelas para, com este material, fazer a mulher. “Em outro texto [na primeira carta enviada aos Coríntios], Paulo chega a dizer que ‘o homem não foi tirado da mulher, mas a mulher foi tirada do homem. E o homem não foi criado para a mulher, mas a mulher foi criada para o homem’”, conta a teóloga.

Na justificativa de Paulo, isto é porque “Adão é que foi formado primeiro. Depois Eva”. E enquanto o primeiro “não foi seduzido”, a mulher foi e “caiu na transgressão”, conforme explica o teólogo Moraes.

“Nesta passagem, Paulo revela de onde ele tirou essa ideia de submissão da mulher. Para ele, a culpa de toda essa visão de uma sociedade machista e patriarcal foi de Eva. Eva errou. Eva foi enganada. Eva caiu em transgressão e, consequentemente, levou seu marido ao erro e trouxe o pecado para toda a humanidade”, analisa ele.

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“Por isso, caberia à mulher não exercer a autoridade dentro de casa e o seu papel, a sua missão, seria a maternidade”, complementa.

Para Moraes, o problema é “quando esse tipo de passagem acaba sendo lida sem a devida contextualização”. “Isso gera a perpetuação dessa visão machista na sociedade”, adverte o professor.

Autora de, entre outros livros, As Incômodas Filhas de Eva na Igreja da América Latina, a filósofa e teóloga feminista Ivone Gebara, freira agostiniana, lembra ainda que o machismo foi erguido a partir de camadas de interpretação dos textos bíblicos.

“Uma observação geral importante é que não necessariamente o que está escrito na Bíblia segue as interpretações misóginas que foram feitas ao longo dos tempos”, afirma.

“Isto nos permite uma abordagem diferente da Bíblia como um livro que foi considerado sagrado, mas, originalmente, todos os livros que o compõem não eram considerados sagrados, e sim crônicas, textos de sabedorias diversas.”

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Do Antigo Testamento, ela também busca no Gênesis um dos “vários textos que dão essa interpretação de submissão”. Quando se dá a queda e expulsão do paraíso, o trecho narra que Deus disse o seguinte à Eva: “Teu desejo te impelirá para o teu homem, e este te dominará”.

“Usa-se este e muitos outros textos para afirmar a natural submissão da mulher”, acrescenta Gebara

Auxiliadora?

É ainda do livro do Gênesis que vem outra questão muito presente quando se recorre à Bíblia para a definição do que seriam os papéis de gênero.

Mais precisamente, o segundo capítulo do livro, no trecho em que há a narração de como teriam sido criados Adão e Eva. É quando a mulher é apresentada como uma “auxiliadora”.

Este é o termo que aparece na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), por exemplo: “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”.

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Mas há uma questão de tradução, esclarecem os especialistas.

Na tradução Almeida Corrigida Fiel (ACF), o termo é “ajudadora idônea”. Na Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB), o mesmo trecho diz “uma ajuda que lhe seja adequada”.

Muitos fundamentalistas se apegam a essa passagem para reduzir o papel da mulher, como se ela tivesse nascido para nunca protagonizar, para sempre ser uma auxiliar.

O pastor Martins diz que “essa tradução não tem sido tão reproduzida mais”. Ele cita uma atualização da Nova Versão Internacional (NVI). “Traduziu agora como ‘aliada semelhante’. ‘Auxiliadora’ virou ‘aliada’”, comenta.

Segundo Martins, o verbo hebraico utilizado originalmente, ozer, “não possui sentido de autoridade sobre”. “É um termo genérico que fala sobre aliado, que pode ser superior, inferior ou igual”, explica.

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“Entendeu-se que auxiliadora, no contexto brasileiro, poderia ter um sentido de inferioridade. Então o termo foi alterado para aliada. Uma outra tradução possível seria aliada complementar”, diz.

“Depende da interpretação”, afirma à BBC News Brasil a teóloga, filósofa e biblista Zuleica Aparecida Silvano, freira da Congregação das Filhas de São Paulo, professora na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia e membro da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica.

“Na criação, em Gênesis, Deus cria a mulher do lado do homem, a palavra hebraica é tsela, para indicar que são iguais. O texto não diz uma auxiliar, mas sim uma ajudante, no sentido de alguém que socorre”, explica ela. “Esse termo geralmente ocorre para expressar uma ação divina”.

Ela acrescenta que em outras passagens bíblicas, o mesmo termo é utilizado no significado de “salvar”. “Nesse caso, é para salvar Adão de permanecer em si mesmo”, interpreta.

Silvano vai além. A frase seguinte diz que Deus “colocou a mulher diante do homem”. Este “diante de”, em hebraico, é neged.

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“Na literatura rabínica, neged é interpretado nos dois sentidos, ou seja, a mulher será uma ajuda para o homem, se ele a merecer. Ou será contra o homem, se ele não a merecer. Deste modo, a mulher é vista como aquela que estabelece um limite para o homem. Ou seja: ele não é o todo-poderoso. Existe um ser que também pode mandar”, argumenta a biblista.

Mulher na sociedade

Interpretações religiosas à parte, pensadoras feministas entendem que essa questão de fundo bíblico acabou consolidando, ao longo dos séculos, uma sociedade desigual — em que as mulheres ficaram relegadas a papéis inferiores, na maior parte das vezes. E, em alguns meios religiosos fundamentalistas, o princípio segue sendo perpetuado.

“Quando a visão religiosa é muito conservadora com relação aos papéis de gênero, inevitavelmente existe o impacto negativo para a equidade entre homens e mulheres nos âmbitos familiar, profissional e, consequentemente, político-social”, diz à BBC News Brasil a economista Regina Madalozzo, autora do livro Iguais e Diferentes – Uma Jornada Pela Economia Feminista.

“Ao fomentar a diferença de importância no poder decisório, dentro de uma ideia da necessidade de submissão das mulheres a seus maridos, por exemplo, acaba-se por implicar em uma menor possibilidade de autonomia das mulheres sem quebrar os preceitos religiosos que seguem”, acrescenta ela.

A economista argumenta ainda que o desincentivo a que mulheres estudem ou participem ativamente de questões políticas e profissionais, faz do “mecanismo que fundamenta a diferença entre homens e mulheres” também o que “sustenta e permite a discriminação entre os gêneros”.

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Pesquisadora na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a historiadora Giovanna Trevelin avalia que a religião “a partir de uma perspectiva histórica” afeta, com suas ideias, “diretamente as relações sociais”.

“Quando olhamos para isso por uma perspectiva não só histórica, mas também feminista, encontramos aspectos que supõem uma hierarquia bem definida, principalmente a partir da ideia fundante de um deus que é homem e todo-poderoso, e de uma mulher pecadora”, comenta ela, à BBC News Brasil.

“É comum, na nossa história, encontrarmos uma perspectiva de sociedade que está fundada nestes princípios de diferenças hierárquicas atribuídas aos papéis sexuais. Temos, então, uma estrutura patriarcal determinante que é consequência dos ideais cristãos”, explica a historiadora.

“Neste tipo de sociedade, o homem é o centro: ele toma as decisões, conquista o espaço público e tem seus desejos atendidos pelas mulheres à sua volta.”

Por outro lado, compara Trevelin, “as mulheres ficam associadas a um papel subalterno”.

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“E a gente precisa compreender que essa história nos acompanha estruturalmente, de diferentes maneiras, até os dias atuais”, analisa.

“Os valores sociais que nos são dados desde o nosso nascimento têm bases cristãs, então nós, mulheres, somos guiadas por uma ideia de restrição de existência que pretende nos excluir das interações ativas da sociedade, afinal os ideais religiosos determinam nossa passividade como um valor positivo, principalmente para perpetuar a existência dos homens enquanto agentes públicos, ativos na sociedade e donos da narrativa histórica.”

Trevelin considera importante que a leitura da Bíblia seja feita de forma crítica, porque isso “pode propor outros caminhos”, que não apenas o de aceitação.

“Relacionar a religião à histórica aspiração de poder e manutenção de privilégios aos homens é um primeiro passo nessa direção de análise crítica e questionamentos fundamentais”, diz ela.


*BBC

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Justiça

Maioria do STF vota por manter símbolos religiosos em órgãos públicos

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Prevalece posição do relator de que itens fazem parte da cultura

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta segunda-feira (25) maioria de votos para permitir a continuidade do uso de símbolos religiosos em órgãos públicos de todo o país.

Até o momento, a Corte tem seis dos 11 votos do plenário para rejeitar um recurso do Ministério Público Federal (MPF) que pede a proibição da utilização de crucifixos, imagens de santos e outros objetos nos prédios públicos.

Para o MPF, a permissão dos símbolos viola os princípios constitucionais da liberdade de crença religiosa e da laicidade do Estado.

Prevalece no julgamento virtual o voto do relator, ministro Cristiano Zanin. O ministro ressaltou que o cristianismo faz parte da formação da sociedade brasileira e que os feriados alusivos à religião, os nomes de cidades, estados e locais públicos fazem parte da cultura do Brasil. Dessa forma, segundo o ministro, a manutenção dos símbolos nas repartições não é inconstitucional.

“A presença de símbolos religiosos em prédios públicos, desde que tenha o objetivo de manifestar a tradição cultural da sociedade brasileira, não viola os princípios da não discriminação, da laicidade estatal e da impessoalidade”, escreveu Zanin.

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O voto do relator foi seguido pelos ministros Flávio Dino, André Mendonça, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Edson Fachin.

O julgamento virtual será finalizado nesta terça-feira (26).


*Agência Brasil

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Religiosidade

Carlo Acutis, conhecido como padroeiro da internet, será canonizado em abril

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A canonização foi aprovada em 23 de maio deste ano, por meio de um decreto. Carlo Acutis morreu aos 15 anos em 2006, vítima de uma leucemia

O Papa Francisco anunciou que irá canonizar Carlo Acutis, jovem conhecido como um “influencer da santidade”, em abril de 2025. A notícia foi dada nesta quarta-feira (20/11), durante um evento sobre o direito das crianças.

A canonização foi aprovada em 23 de maio deste ano, por meio de um decreto. Em 1º de julho, o Papa anunciou que o evento ocorreria em uma data a ser determinada. O bispo de Assis, Domenico Sorrentino, havia antecipado nos últimos meses que o Papa queria que a canonização ocorresse “no ano jubilar que começará dentro de alguns meses”.

Acutis morreu aos 15 anos em 2006, vítima de uma leucemia. Ele era conhecido como “padroeiro da internet”, pelo seu trabalho de evangelização digital. Ele teve dois milagres reconhecidos pelo Vaticano, o que abriu caminho para facilitar a canonização.

Nascido em Londres, na Inglaterra, passou a infância e a adolescência em Milão, na Itália. O garoto gostava muito de jogar videogames e de ciência da computação, o que o fez aprender sobre o tema por conta própria, e tornou-se devoto da Virgem Maria durante a infância.

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Ele decidiu criar um site para registrar todos os milagres reconhecidos pela Igreja Católica e usou o espaço para evangelizar novos fiéis. O trabalho com tecnologia, que ajudou a ampliar o conhecimento da religião, rendeu o apelido de “padroeiro da internet”.

O corpo de Carlo foi exumado e atualmente está exibido no Santuário do Despojamento da cidade de Assis, na Itália, vestindo roupas comuns para um adolescente.

Além de Carlo, outro jovem também será canonizado: Frassati, um estudante de Turim, na Itália. Ele é um dos beatos mais conhecidos entre as novas gerações de católicos, considerado um dos santos “sociais” da Itália.

A canonização de Acutis está marcada para ocorrer no Jubileu dos Adolescentes, que será realizado de 25 a 27 de abril do próximo ano; e a de Frassati no Jubileu dos Jovens, de 28 de julho a 3 de agosto.


*Correio Braziliense

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Religiosidade

Dia Nacional da Umbanda terá caminhada contra intolerância religiosa em Fortaleza

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A manifestação foi proposta pelo Instituto Carta Magna da Umbanda do Estado do Ceará, 14h, na Praça dos Leões

Nesta sexta-feira, 15 de novembro, o Instituto Carta Magna da Umbanda do Estado do Ceará (ICMU-CE), promove pelo segundo ano consecutivo, a Caminhada Contra a Intolerância Religiosa. A marcha também será utilizada como forma de celebrar o Dia Nacional da Umbanda, comemorado em 15 de novembro, mesma data de sua fundação e reconhecimento, e que em 2024 completa 116 anos.

O presidente do ICMU, Pai Gerson do terreiro da Mãe Maria, afirma que a caminhada é um momento para combater a intolerância e o racismo religioso e chamar atenção para a existência e pautas dos povos de terreiro. A caminhada que tem concentração na Praça dos Leões, em Fortaleza, é aberta a pessoas de todas as religiões, e deve sair em cortejo até a Praça da Cidade da Criança, onde acontece o ato político às 16h, com falas das lideranças religiosas, apresentações culturais, e uma gira de caboclo (ritual religioso) que deverá se encerrar às 18h30.

A caminhada cumpre um papel fundamental ao dar visibilidade aos povos de terreiro, a Umbanda, e ao combate ao preconceito. Em 2023, durante a realização da primeira edição da caminhada, o evento contou com apoio da população e participação dos parlamentares, além da grande repercussão na mídia local. De acordo com o relato do Pai Gerson, os umbandistas e simpatizantes da religião saíram em marcha utilizando vestes, guias, cânticos e realizaram também a gira aberta, para celebrar a paz, a fraternidade e a união. “Ao contrário do que dizem os fundamentalistas que fazem da religião escada para o poder político e satanizam nossas crenças, nós propagamos somente esses sentimentos, a solidariedade, fraternidade, paz e união”, afirma.

Além de celebrar o dia religioso, os organizadores apontam a construção da caminhada como ferramenta de denúncia contra o histórico do racismo, inclusive o religioso, como um problema enraizado no Ceará e no País, e caracteriza como herança do colonialismo ainda não superado. Pai Gerson destaca ainda que o trabalho para combater a intolerância e o racismo religioso deve ser construído com base no processo de conscientização e de visibilidade, pautando a necessidade que existe em municípios e governos criarem mecanismos para que os religiosos possam desenvolver trabalhos de conscientização e respeito às religiões afro-brasileiras.

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A expectativa é que diversas figuras políticas do Ceará e de Fortaleza compareçam e marchem juntamente com os religiosos durante todo o percurso da caminhada em alusão ao dia da umbanda.

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Fonte: BdF Ceará

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