Uiramutã, em Roraima, é o município com a menor idade mediana do Brasil: 15 anos. Isso significa que metade de seus 13.751 habitantes tem essa idade ou menos. O dado foi divulgado pelo IBGE com base no Censo Demográfico 2022.
Enquanto o país envelhece — a idade mediana nacional passou de 29 anos em 2010 para 35 em 2022 — Uiramutã segue na contramão. O município também tem o maior percentual de população indígena do Brasil: 96,6% dos moradores se autodeclaram indígenas. A maioria vive na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, onde estão povos como Macuxi, Wapichana, Taurepang, Ingarikó e Patamona.
O levantamento mostra ainda que 2.541 moradores têm de 0 a 4 anos, 2.292 têm entre 5 e 9 anos e 1.942 entre 10 e 14. Apenas dois habitantes têm 100 anos.
Localizado na fronteira com a Venezuela e a Guiana, Uiramutã está a 280 km de Boa Vista e tem 8.113 km². É a décima cidade mais populosa de Roraima. A prefeitura aposta no etnoturismo como atividade econômica, promovendo visitas que valorizam a cultura indígena local.
Pior qualidade de vida
Uiramutã ocupa também o último lugar no Índice de Progresso Social (IPS) entre os 5.569 municípios brasileiros. A cidade tem nota 37,63 em uma escala que vai até 100 — a pior do país.
Com 13.751 habitantes, o pior indicador da cidade é moradia, com nota de apenas 10,47. Coleta de lixo, iluminação, pisos e paredes das casas também receberam avaliação crítica.
O acesso à educação é muito baixo, com nota 13,47. No tema dos direitos individuais, a cidade teve 35,41 pontos, mostrando falhas no atendimento judicial e na proteção de minorias.
A área da saúde apresenta dados alarmantes: mortalidade infantil é de 25 óbitos a cada mil nascidos vivos, mesma taxa do Brasil no ano 2000. Hoje, o país reduziu esse número para 16, segundo o DataSUS.
A renda per capita em Uiramutã é de R$ 10,5 mil por ano — 24 vezes menor que em Gavião Peixoto (SP), que lidera o ranking com R$ 253 mil. Apenas 2,74% da população tem trabalho formal.