Aurélio Buarque de Holanda nasceu em 1910, no Alagoas, e começou a dar aulas de português com apenas 14 anos de idade. Ele sempre teve interesse pela língua, e, apesar de ter se formado em Direito, em 1936, tornou-se professor de Língua Portuguesa e Francesa, além de Literatura, no Colégio Estadual de Alagoas, no mesmo ano em que recebeu o diploma.
Aurélio escreveu artigos, contos e crônicas, que passou a publicar em veículos cariocas quando se mudou para o Rio de Janeiro, em 1938. Mas o trabalho pelo qual o primo de segundo grau de Chico Buarque ficaria mais conhecido seria seu Novo Dicionário da Língua Portuguesa, fruto de intensas pesquisas ao longo de sua vida.
Hoje, o Dicionário Aurélio, como passou a ser conhecido, é o mais popular entre os brasileiros. Com cerca de 115.243 vocábulos registrados na sua segunda edição, publicada em 1987, o dicionário vendeu mais de um milhão de exemplares de sua primeira publicação, de 1975.
No ano seguinte ao primeiro lançamento do dicionário, em 1976, Aurélio Buarque de Holanda foi convidado pelo jornalista Araken Távora, apresentador e entrevistador do programa Os Mágicos, a eleger a palavra que ele considerava a mais bonita da língua portuguesa, com que tinha tanta familiaridade.
“Eu tenho profundo amor pelas palavras, isso é verdade. Ainda há algumas que são tidas como feias […], umas que são consideradas sujas; umas tidas como imorais que são bonitas também. Porque tudo é criação, tudo é uma prova da atividade humana. É uma prova desse trabalho da cabeça”, respondeu.
Sua primeira palavra favorita, ele disse, era “libélula“.
“Uma das mais bonitas da língua”, explicou. “Essa palavra é um voo, uma coisa alada, de poesia imensa. Parece uma coisa que está em um voo incerto, um voo trêmulo; e, em grande parte, representa a realidade daquilo.”
Embora o sinônimo de libélula seja “lava-bunda”, já que a libélula deposita seus ovos direto na água, Aurélio não ligava: “A língua é cheia dessas coisas mesmo; o certo é que ‘libélula’ é uma palavra do meu profundo encantamento.”
Sua segunda palavra preferida: “murucututu“, nome de uma espécie de coruja nativa da América Latina.
São, como ele mesmo disse, “cinco sílabas seguidas” no vocábulo, e “todas terminadas com ‘u’”. Isso, para ele, soava como “uma coisa maravilhosa”.
Por fim, sua terceira palavra favorita era “alvorada“.
“Temos uma palavra que é uma clarinada: ‘alvorada’”, disse Aurélio. A alvorada é o momento logo antes do nascer do sol, o crepúsculo que começa a dar lugar, pouco a pouco, ao primeiro raiar do dia.
jb6i7
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