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Biden promete a estudantes que escutará protestos por Gaza e trabalhará por ‘paz duradoura’ no Oriente Médio

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O campus da faculdade no estado da Geórgia, no sudeste do país, foi um dos muitos cenários de protestos pró-palestinos

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu neste domingo (19) um cessar-fogo em Gaza e disse aos estudantes de uma universidade atingida por uma onda de protestos que ele estava trabalhando por “uma paz duradoura”, incluindo a criação de um Estado palestino.

Ao discursar na universidade da cidade de Atlanta, onde estudou o ativista negro e herói dos direitos civis Martin Luther King, Biden, em campanha para a reeleição em novembro, disse que apoiava um acordo de paz em toda a região com “uma solução de dois Estados como a única solução”.

O campus da faculdade no estado da Geórgia, no sudeste do país, foi um dos muitos cenários de protestos pró-palestinos que levaram as autoridades a intervir para expulsá-los. A visita do presidente tem como objetivo acalmar os ânimos e atingir o eleitorado afro-americano e os jovens.

“Eu apoio protestos pacíficos e não violentos. Suas vozes devem ser ouvidas e prometo que vou ouvi-las”, disse Biden na cerimônia de formatura e entrega de diplomas na Morehouse College, em Atlanta.

Um estudante deu as costas para Biden durante a cerimônia, mas o discurso do presidente não foi interrompido.

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Raiva e frustração

Em meio à campanha eleitoral, os alunos da universidade cujo histórico é majoritariamente negroa pediram à administração que cancelasse o discurso do democrata, destacando seu apoio explícito e de armamento a Israel.

Durante seu discurso, Biden também insistiu em um cessar-fogo em Gaza, no retorno dos reféns israelenses mantidos pelo grupo islamista Hamas e disse que estava trabalhando por “uma paz duradoura” em toda a região, incluindo “uma solução bidirecional entre os Estados”, com a criação de um Estado palestino como “a única solução final” para o conflito de longa data.


“Esse é um dos problemas mais difíceis e complexos do mundo. Não há nada fácil nessa situação”, disse o presidente democrata, que usava um roupão marrom e preto, as cores da Morehouse College.


“Sei que isso irrita e frustra muitos de vocês, inclusive minha família, mas, acima de tudo, sei que parte o coração de vocês e o meu”, disse ele.

Isso pode ter sido uma possível alusão à sua esposa Jill, que, de acordo com a mídia dos EUA, expressou preocupação com o número crescente de mortes de civis em Gaza e pediu que ele tomasse medidas para evitar isso.

Esse é o encontro cara a cara mais direto de Biden com os estudantes desde a onda de manifestações pró-palestinas que varreu grande parte das universidades americanas.

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Olhando para novembro

Ao vir para Morehouse, Biden queria prestar homenagem direta a Martin Luther King, mas muitos alunos enfatizaram que o líder civil negro se opôs à guerra e, em particular, à Guerra do Vietnã na década de 1960.

Biden inicialmente permaneceu em silêncio sobre os protestos contra a guerra de Israel em Gaza, em retaliação aos ataques do Hamas em 7 de outubro. Em seguida, ele declarou que “a ordem deve prevalecer” nos campi dos EUA, onde a polícia interveio para desmontar os acampamentos dos manifestantes.

Neste domingo, Biden aplaudiu quando o principal estudante da universidade, DeAngelo Jeremiah Fletcher, também pediu um cessar-fogo imediato em seu próprio discurso.

“É importante reconhecer que ambos os lados sofreram pesadas baixas desde 7 de outubro”, disse Fletcher.

Mas o firme apoio dos EUA a Israel deixa o campo democrata temeroso de perder votos entre os eleitores jovens e entre muitos apoiadores da causa palestina, incluindo os negros.

De modo mais amplo, as pesquisas mostram dificuldades mais amplas dos democratas em conquistar o apoio dos eleitores negros e dos jovens americanos, dois grupos que o ajudaram a derrotar seu antecessor Donald Trump (2017-2021) em 2020, e que serão novamente fundamentais este ano para impedir o retorno do republicano à Casa Branca.

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De acordo com uma pesquisa recente do The New York Times e da empresa Siena, Trump poderia ganhar os votos de 20% dos afro-americanos em novembro, aproximadamente o dobro do que ganhou em 2020. Isso seria um recorde para um candidato republicano.

Para evitar esse resultado, Biden criticou na sexta-feira o “extremismo” de seu rival e seus apoiadores que “atacam a diversidade, a equidade e a inclusão em toda a América”, durante um discurso no Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana em Washington.

O presidente dos EUA continua sua viagem de campanha no domingo em Detroit (nordeste), onde discursará para a principal associação de direitos civis do país, a NAACP.

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Fato Novo com informações e imagens: Agence France-Presse / Jornal de Brasília

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Cinco coisas sobre a apatridia

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A apatridia afeta milhões de pessoas em nível global, limitando suas vidas e oportunidades. Neste artigo, a Agência da ONU para os Refugiados, Acnur, expõe fatos sobre o tema e como a agência tem atuado nesta questão central

A falta de nacionalidade tem consequências graves para a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo sem cidadania de nenhum país. A situação afeta a educação, a inclusão social, o bem-estar e as oportunidades econômicas.

1. O que é apatridia?

A Convenção da ONU de 1954 sobre o Estatuto dos Apátridas, define um apátrida como alguém “que não é considerado nacional por nenhum Estado sob a operação de sua lei”. As pessoas se tornam apátridas por razões que estão além de seu controle, que as privam de ter nacionalidade e uma identidade oficial deixando-as marginalizadas e sem usufruir seus direitos.

No final de 2023, o Acnur relatou que 4,4 milhões de pessoas eram apátridas ou de nacionalidade indeterminada. No entanto, a falta de dados precisos e as dificuldades de contagem de pessoas que não têm identidade legal leva a considerar que o número real seja muito maior.

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2. Como alguém se torna apátrida?

Uma pessoa pode se tornar apátrida devido a diferentes situações, como discriminação por pertencer a um determinado grupo étnico, religioso ou minoritário. A maioria das populações apátridas pertencem a minorias.

A discriminação de gênero é outra causa importante da apatridia, num contexto em que 24 países do mundo possuem leis que impedem as mães de passarem a nacionalidade para seus filhos.

A falta de nacionalidade também pode ser o resultado de lacunas nas leis de cidadania que não garantem que ninguém seja considerado apátrida, e a obstáculos burocráticos que dificultam ou impossibilitam a aquisição ou prova de nacionalidade ou registro de nascimento.

A “sucessão de Estado”, que acontece quando um novo país surge ou antigo se desfaz, também pode deixar muitas pessoas em risco de apatridia. A discriminação ou perseguição podem levar à fuga forçada de pessoas, tornando-as refugiadas, apátridas ou deslocadas. No entanto, a maioria dos apátridas nunca deixou o país de origem.

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3. Qual o impacto da apatridia na vida das pessoas?

Os apátridas podem enfrentar desafios no acesso a direitos e serviços básicos, como educação ou assistência médica. As dificuldades podem ser enfrentadas quando se trata de procedimentos individuais para que a pessoa possa casar-se, votar, abrir uma conta bancária, conseguir um emprego formal, possuir propriedades ou viajar livremente.

A apatridia deixa as pessoas sem proteção social ou legal, aprofunda divisões e alimenta a desigualdade. A exclusão e alienação inerentes à questão também têm graves impactos em níveis emocional e psicológico, como o sentimento de esperanças frustradas, de sonhos destruídos, oportunidades limitadas e de não pertença a lugar nenhum.

4. Qual é o papel do Acnur na intervenção com a apatridia?

Desde sua fundação em 1951, Agência da ONU para Refugiados, Acnur, apoia os refugiados apátridas. Desde então, a agência considera que a atuação para abordar esta questão de uma forma mais ampla evoluiu de forma significativa.

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Dois tratados internacionais são os pilares da estrutura jurídica internacional sobre apatridia: a Convenção de 1954 sobre o Estatuto dos Apátridas e a Convenção de 1961 sobre a Redução da Apatridia.

Nessa estrutura, a Assembleia Geral da ONU determinou que o Acnur trabalhe em quatro áreas principais: a identificação, a prevenção, a redução da apatridia e a proteção de pessoas sem nacionalidade.

A agência oferece assistência técnica aos governos para reformar leis e implementar políticas para prevenir e reduzir a apatridia, além de identificar e proteger pessoas apátridas e comunidades em risco com assistência jurídica, aconselhamento e outros tipos de apoio.

Em 2014, o Acnur lançou a Campanha #IBelong, ou #EuPertenço, para aumentar o conhecimento e a consciência sobre a apatridia. Outro alvo é fazer pressão em favor de ações globais e compromissos de governos para erradicá-la.

Com a iniciativa muitos Estados assinaram as Convenções de 1954 e 1961 e foi possível incentivá-los a expandir os direitos de nacionalidade, procedimentos de determinação de apatridia e registro de nascimento.

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Entre as ações ainda por realizar estão o lançamento da Aliança Global para Acabar com a Apatridia em outubro de 2024 para aproveitar o progresso recente, aumentar a colaboração sobre o tema e acelerar a mudança.

5. O que pode ser feito para resolver a questão da apatridia?

De acordo com o Acnur, governos são quem estabelece quem tem direito à nacionalidade em seus territórios. Esta autoridade os torna responsáveis ​​pelas reformas legais e políticas necessárias para abordar de forma eficaz a apatridia.

Entre as principais ações que os Estados precisam empreender para acabar com a apatridia estão:

Eliminar a discriminação com base em raça, etnia, religião e gênero nas leis de nacionalidade;

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Resolver a situação de pessoas em situação de apatridia;

Evitar que crianças nasçam apátridas com medidas como conceder nacionalidade para aqueles que de outra forma seriam apátridas;

Registrar cada nascimento para estabelecer prova legal de paternidade e local de nascimento, que são essenciais para estabelecer prova de nacionalidade;

Emitir documentação de identificação de nacionalidade para aqueles com direito a ela para que possam provar sua nacionalidade.

As medidas fazem parte de 10 ações identificadas no Plano de Ação Global do Acnur para Acabar com a Apatridia visando criar uma estrutura para resolver os níveis atuais de apatridia, evitar novos casos, além de identificar e proteger melhor aos que vivem sem nacionalidade.

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A expectativa do Acnur é que esta aliança global implemente os objetivos  reunindo Estados, organizações lideradas por apátridas, agências da ONU e outros parceiros nos esforços para acabar com a apatridia.

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Fato Novo com informações e imagens: ONU

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Blinken chega ao Oriente Médio para pressionar cessar-fogo em Gaza

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É a décima visita do Secretário de Estado dos EUA

Mais uma vez, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou a Tel Aviv neste domingo (18) para uma viagem ao Oriente Médio com o objetivo de intensificar a pressão diplomática para chegar a um acordo de cessar-fogo em Gaza esta semana e acabar com o derramamento de sangue entre Israel e o grupo militante palestino Hamas.

Em sua décima viagem à região desde o início da guerra em outubro, Blinken se reunirá na segunda-feira (19) com líderes israelenses do alto escalão, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, disse uma autoridade do Departamento de Estado.

As negociações para fechar um acordo para uma trégua e o retorno dos reféns mantidos em Gaza estavam agora em um “ponto de inflexão”, disse uma autoridade do governo Biden a repórteres a caminho de Tel Aviv, acrescentando que o secretário de Estado iria enfatizar a todas as partes a importância de levar esse acordo até o fim.

“Acreditamos que este é um momento crítico”.

Os países mediadores — Catar, Estados Unidos e Egito — até agora não conseguiram chegar a um acordo em meses de negociações intermitentes, e o derramamento de sangue continuou inabalável em Gaza neste domingo.

Um ataque matou pelo menos 21 pessoas, incluindo seis crianças, em Gaza neste domingo, disseram autoridades de saúde palestinas.

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As crianças e sua mãe foram mortas em um ataque aéreo israelense em uma casa na cidade central de Deir Al-Balah, disseram autoridades de saúde. Não houve comentários imediatos do exército israelense.

Os militares disseram que destruíram lançadores de foguetes usados para atingir Israel da cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, cenário de intensos combates nas últimas semanas, e mataram 20 militantes palestinos.

Egito

As negociações para um cessar-fogo devem continuar esta semana no Cairo, após uma reunião de dois dias em Doha na semana passada. Blinken tentará chegar avançar depois que os EUA apresentaram propostas de ponte que os países mediadores acreditam que fechariam as lacunas entre as partes em guerra.

Há uma urgência crescente para chegar a um acordo de cessar-fogo em meio a temores de escalada em toda a região. O Irã ameaçou retaliar Israel, após o assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã em 31 de julho.

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Fato Novo com informações e imagens: Reuters – Tel Aviv, Agência Brasil

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‘Woke’, ‘brat’, ‘weird’, ‘Maga’: o que significam os termos que marcam eleição nos EUA

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Um vocabulário específico moldado pelas redes sociais influencia a corrida pela Casa Branca em 2024 conforme candidatos como Kamala Harris e Donald Trump buscam moldar uma identidade comum capaz de mobilizar eleitores

As eleições presidenciais nos Estados Unidos foram marcadas por reviravoltas recentes, incluindo um atentado contra o ex-presidente Donald Trump e a desistência de Joe Biden.

Além dos eventos dramáticos, a disputa também é caracterizada por um vocabulário próprio, influenciado pelas redes sociais.

Termos como “wierd”, “woke“, “brat” e o lema “Maga” (Make America Great Again, em inglês) de Donald Trump têm uma forte presença do debate online e, de acordo com especialistas, podem influenciar significativamente os eleitores.

“Essas palavras e expressões são muito importantes porque, em primeiro lugar, são fáceis de memorizar e espalhar”, avalia Lucas Leite, doutor em Relações Internacionais e professor da mesma disciplina na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).

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“Elas rapidamente constroem uma identidade comum que carrega algo mais complexo do que apenas o termo. Ajudam a criar identificação com quem se apoia, como se apoia e por que se apoia.”

Entenda a seguir o que significam estes termos e o peso eles que podem ter na eleição presidencial americana de 2024.

‘Brat’

Kamala Harris, vice-presidente de Joe Biden e cotada para substituí-lo na corrida presidencial, ganhou o título de brat, termo que dominou o TikTok de jovens nas últimas semanas.

A palavra é o nome do álbum mais recente da cantora britânica Charli XCX, que foi quem “batizou” Kamala com o termo.

Em vídeo publicado no TikTok, a cantora descreve brat como “aquela garota que é um pouco bagunceira, gosta de festas e às vezes fala besteiras. Que se sente bem consigo mesma, mas às vezes tem crises. E que se diverte apesar disso. É muito honesta, muito direta, um pouco volátil. Faz coisas bobas. Isso é ser uma brat.”

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Muitos teorizam que o termo é o oposto de “clean girl“, uma tendência estética minimalista — na qual as garotas usam pouca maquiagem, nada de estampa e preferem tons claros — que é frequentemente empregada por influenciadoras.

Mas o que isso tem a ver com a vice-presidente americana?

Embora Harris seja uma democrata com posições políticas relativamente moderadas, ela realmente vai contra algumas “regras pré-definidas”, avalia Leite.

Como a primeira mulher, pessoa negra e pessoa de descendência sul-asiática a ocupar o cargo de vice-presidente, Harris já é uma figura atípica na política americana.

“Isso tudo mostra que ela é uma quebra de paradigmas, especialmente em um país com o histórico de candidatos dos Estados Unidos, concorrendo contra um homem branco mais velho que defende posições conservadoras”, diz Leite.

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Quando celebridades pop apoiam um certo candidato, afirma o especialista, isso gera identificação e facilita que o discurso político seja trazido para a esfera da comunicação rápida e fluida da internet.

“Faz com que os jovens consigam ver nela um elemento de identificação comum com o ‘nós’ do mainstream pop, o grupo que define o que é tendência. Isso tem um apelo muito forte junto à internet, especialmente com a geração Z.”

Harris rapidamente abraçou o meme. A imagem de fundo do seu perfil oficial no X (antigo Twitter) foi alterado para um verde limão, a cor da capa do álbum de Charli XCX e considerada “símbolo” das brat.

Silvio Waisbord, professor de Mídia e Assuntos Públicos da Universidade George Washington, Estados Unidos, avalia que, com isso, há claramente uma tentativa na campanha da democrata de alcançar os jovens.

“Estão tentando atrair mulheres, jovens, eleitores negros. Eles já têm tentado apresentá-la de uma maneira mais acessível do que uma figura política tradicional”, acrescenta Waisbord.

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“As eleições nos Estados Unidos são mais sobre mobilizar a própria base do que qualquer outra coisa, até mais do que tentar alcançar outros grupos de eleitores. O que ela está tentando fazer é usar uma linguagem e imagens que, no passado, foram eficazes para engajar pessoas que votaram nos democratas ou que têm tendência a votar neles.”

No Tiktok, vídeos curtos com músicas da cantora britânica mostram imagens antigas de Harris discursando, mas também rindo e dançando. Uma imagem descontraída de uma possível candidata à Presidência.

“Esse jeito mais despojado tem sido usado pelo Partido Republicano para criticá-la, e o que ela tem tentado fazer é reapropriar-se dessas críticas, dizendo ‘Sim, esta sou eu’, e tornar isso mais positivo e humano”, diz Waisbord.

‘Woke’

Outro termo que se tornou popular — tanto entre democratas quanto entre republicanos, embora com conotações diferentes — é woke, que, em tradução literal do inglês, significa “desperto”.

A palavra ganhou significados bem mais amplos. Na gíria norte-americana, ser ou estar ‘woke’ pode indicar com quais posturas políticas você mais se identifica.

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O uso do termo surgiu na comunidade afroamericana e originalmente queria dizer “estar alerta para a injustiça racial”.

Em um evento em 2023, Trump afirmou não gostar do termo, porque “metade das pessoas não consegue nem defini-lo” e “não sabe o que é”.

O termo já não é amplamente usado no debate político, mas seu significado implícito, sim.

“Para os republicanos, apoiadores de Trump, o woke é encarado de forma pejorativa, quase como um insulto às pessoas de esquerda ou progressistas nos Estados Unidos”, avalia Waisbord.

“Mas hoje é raro que se use o termo em discursos. É mais comum que ataquem os mesmos aspectos do que ele representa, mas de formas diversas.”

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Um exemplo disso aconteceu durante a Olimpíada de Tóquio, quando a seleção de futebol feminino dos Estados Unidos ganhou uma medalha de bronze.

Trump atacou o time por não levar o ouro para casa, alegando que eles são “liderados por um grupo radical de maníacos esquerdistas” e que o país “deveria substituir os wokesters por patriotas”.

Muitas pessoas acreditam que quem cunhou a expressão foi o romancista William Melvin Kelley (1937-2017).

Em 1962, Kelley publicou um artigo no jornal americano The New York Times com o título “If You’re Woke, You Dig it” (“Se você estiver desperto, entenderá”, em tradução livre).

O termo ressurgiu na última década com o movimento Black Lives Matter, criado para denunciar a brutalidade policial contra as pessoas afrodescendentes.

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Mas, desta vez, seu uso se espalhou para além da comunidade negra e passou a ser empregado com significado mais amplo.

Em 2017, o dicionário inglês Oxford acrescentou este novo significado de woke, definido como: “Estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo”.

Assim como algumas pessoas se autodefinem com muito orgulho como alguém woke, ou atento contra a discriminação e a injustiça, outros utilizam o termo como insulto.

O próprio dicionário Oxford faz esta distinção. Após a definição, acrescenta: “Esta palavra é frequentemente empregada com desaprovação por pessoas que pensam que outros se incomodam muito facilmente com estes assuntos, ou falam demais sobre eles, sem promover nenhuma mudança”.

‘Weird’

“Weird” ou “bizarro”, na tradução livre para o português, é como a campanha de Kamala Harris escolheu chamar Trump e seu vice, JD Vance, mostrando a mudança na campanha democrata para ataques a Trump em tom mais leve e desdenhoso.

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A palvra foi primeiro empregada para caracterizar os republicanos pelo governador de Minnesota, o democrata Tim Walz, posteriormente escolhido como vice-presidente na chapa de Kamala Harris.

“Ele é apenas um cara bizarro, esquisito”, disse Walz sobre Trump durante um evento de arrecadação de fundos, antes de integrar a chapa de Kamala.

A frase “pegou” e viralizou. Do discurso nos comícios, aos informes para a imprensa, tudo tem refletido essa mudança na campanha democrata.

Estrategistas do partido dizem que essa nova mensagem parece estar afetando os eleitores com inclinação democrata porque faz com que votar em Kamala pareça mais uma escolha de senso comum e menos uma tarefa cívica, embora ainda seja cedo para cravar.

O adjetivo parece que incomodou Trump, que prontamente respondeu que “bizarros” são “eles”.

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“Eles são os bizarros. Ninguém nunca me chamou de bizarro. Eu sou muitas coisas, mas bizarro eu não sou”, disse Trump em uma entrevista ao apresentador de rádio conservador Clay Travis.

‘Maga’

Lema da campanha de Donald Trump desde 2016, Maga é sigla para “Make America Great Again” (Tornar a América Grande Novamente, em tradução livre).

O slogan é amplamente usado por republicanos e apoiadores do ex-presidente americano.

A frase é estampada em itens como camisetas e principalmente em bonés vermelhos, vistos em grande número durante os comícios de Trump.

Originalmente usada por Ronald Reagan como slogan em sua campanha presidencial de 1980 (“Let’s Make America Great Again” – Vamos Tornar a América Grande Novamente), a releitura da frase teve rápida adesão entre os apoiadores de Trump.

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“É emocional, simples, de fácil entendimento e oferece a possibilidade de participação”, avalia o especialista de marketing Ben Ostrower, em entrevista à BBC.

“Independentemente da sua opinião sobre Donald Trump, ele é um grande vendedor. E é um mérito do Maga ser um divisor de águas tão forte.”

O professor Lucas Leite relembra que, quando Ronald Reagan propôs tornar a América grande novamente, ele tentava resgatar o orgulho nacional, mostrando que os Estados Unidos poderiam voltar a ser uma potência.

“No entanto, devemos questionar: grandeza em relação a quê? A que período? Para quem?”, pondera Leite.

O professor avalia que o lema Maga foi instrumentalizado naquele contexto e, atualmente, faz parte de um discurso frequentemente associado a supremacistas brancos, que defendem a ideia de um americano “verdadeiro”, anglo-saxão, protestante e branco.

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“Essa identidade representava a grandeza dos Estados Unidos e foi diluída por minorias e imigrantes. O Maga, portanto, tem essa capacidade de criar uma identidade forte e facilitar a comunicação e a identificação com a figura de Trump”, diz Leite.

Silvio Waisbord acrescenta que o Partido Republicano e Trump “buscam representar essa posição anti-elitista, muito populista, defendendo a noção mítica da pessoa comum”.

Mas, como aponta Waisbord, o lema não é usado pelos democratas de uma forma crítica, com um tom pejorativo como o termo woke.

“Biden e Kamala estão tentando evitar qualquer referência negativa à base principal do Partido Republicano agora, que é basicamente a classe trabalhadora branca sem educação formal, porque isso já teve um efeito negativo no passado.”


Fato Novo com informações: Correio Braziliense, BBC

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