Após a revelação do interesse dos Estados Unidos em terras raras brasileiras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta segunda-feira (28), uma política nacional de exploração de minerais críticos. A declaração foi feita durante cerimônia de inauguração de usina a gás natural no Rio de Janeiro.
“O pessoal fala em terra rara. Tudo isso é coisa nova. Li que os EUA tem interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se é crítico, vou pegar ele pra mim. Porque vou deixar ele pegar?”, questionou Lula, em resposta ao suposto interesse do ex-presidente Donald Trump pelo tema.
O presidente destacou que o governo brasileiro está organizando uma parceria interna para mapear as riquezas do solo e subsolo nacional, com vistas a assegurar o controle estratégico desses recursos.
Frente parlamentar propõe soberania tecnológica
Na sequência, o líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), apresentou proposta de criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Terras Raras, Minerais Críticos e Estratégicos. O objetivo é articular uma política pública robusta que posicione o Brasil como ator relevante nas cadeias globais de tecnologias limpas, energias renováveis e defesa nacional.
O Brasil é o terceiro maior detentor de reservas mundiais de terras raras — grupo de 17 elementos químicos utilizados em setores estratégicos como energia limpa, defesa e alta tecnologia.
“Esses minerais são centrais para a transição energética e a quarta revolução industrial. Precisamos parar de exportar matéria-prima bruta e começar a liderar a economia do futuro com inovação e soberania”, afirmou Reginaldo Lopes.
Minerais críticos e a transição energética
Segundo o requerimento da frente parlamentar, os minerais críticos são fundamentais na fabricação de produtos estratégicos, como:
- Turbinas eólicas
- Motores de alto desempenho
- Celulares
- Veículos elétricos
- Painéis solares
- Equipamentos de telecomunicação
A proposta ressalta que o mapeamento mineral no Brasil cobre apenas 29% do território nacional, o que limita o planejamento soberano sobre os recursos. A frente visa ampliar esse mapeamento e promover o refino e beneficiamento nacional desses minerais.
Eixos da política nacional
A exploração estratégica desses recursos pode contribuir para:
- Atração de investimentos públicos e privados para a nova mineração
- Estímulo a polos industriais e parques tecnológicos
- Geração de empregos qualificados
- Redução da dependência de importações de alta tecnologia
- Fortalecimento da soberania nacional
- Integração de políticas de sustentabilidade e segurança mineral
“Esse projeto é sobre disputar o futuro. Não podemos seguir dependentes de commodities tradicionais enquanto o mundo disputa quem lidera a produção de tecnologia verde”, concluiu o deputado.
Com informações: Revista Fórum