O Setembro Dourado foca na conscientização sobre o câncer em crianças e jovens. Especialistas da SOBOPE e da SBP alertam que a rápida multiplicação das células cancerígenas nessa faixa etária torna a agilidade no diagnóstico crucial para um tratamento menos intensivo e melhores chances de cura
O câncer em crianças e jovens apresenta uma característica que exige atenção redobrada: a velocidade de evolução. As células cancerígenas tendem a se multiplicar muito rapidamente nesse público, o que torna o diagnóstico precoce uma ferramenta decisiva para o sucesso do tratamento, conforme a mensagem central do Setembro Dourado, mês de conscientização sobre o câncer infantojuvenil.
A Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) se uniram em um podcast para orientar famílias e profissionais de saúde sobre o tema.
A Urgência do Diagnóstico Precoce
A Dra. Mariana Michalowski, presidente da SOBOPE e professora da UFRGS, enfatiza que a rapidez pode ser a chave:
“Quanto antes conseguimos identificar a doença, maiores são as chances de que a criança ou o jovem esteja menos adoecido, com uma doença mais localizada, o que significa um tratamento menos intensivo. O câncer da infância e da juventude é uma doença curável,” pontua.
Os tipos de câncer mais frequentes em crianças e jovens, segundo a especialista, são:
- Leucemias (cerca de um terço dos casos).
- Tumores do sistema nervoso central.
- Linfomas.
- Outros tipos, como neuroblastoma, tumor de Wilms (renal), retinoblastoma (nos olhos) e sarcomas.
Sinais de Alerta que Não Devem Ser Ignorados
Os sintomas do câncer infantojuvenil podem ser inespecíficos, confundindo-se com doenças benignas, o que torna a atenção a sinais persistentes vital.
O Dr. Pedro Henrique Pinto, patologista do Hospital da Criança de Brasília e membro da SBP, alerta para sintomas de leucemias, como anemia, tendência a infecções e manchas roxas pelo corpo.
Os especialistas chamam a atenção para outros sinais que merecem avaliação médica imediata:
- Aumento persistente de gânglios (ínguas) ou inchaços.
- Manchas roxas em locais que não sofreram trauma.
- Dores de cabeça matinais acompanhadas de vômito.
- Alteração na visão, como estrabismo repentino ou reflexo branco na pupila em fotos (sinal de retinoblastoma).
Embora a maioria dos casos não tenha causas hereditárias, é fundamental manter crianças com histórico familiar (como o retinoblastoma) sob acompanhamento médico.
Medicina de Precisão e Acolhimento
O diagnóstico preciso é um trabalho essencial do médico patologista, que analisa as amostras de biópsia. Segundo o Dr. Pedro, é esse especialista que, na era da medicina de precisão, identifica o tipo de tumor e as alterações moleculares que guiarão o tratamento e o prognóstico.
O tratamento, geralmente conduzido pelo oncologista pediátrico, combina diferentes abordagens, sendo a quimioterapia prioritária, seguida de cirurgia, radioterapia e, mais recentemente, terapias-alvo e imunoterapias.
Além da técnica, os especialistas ressaltam a importância do acolhimento e do apoio psicológico, social e educacional para o paciente e seus familiares. O objetivo é garantir a cura com a máxima qualidade de vida a longo prazo, minimizando os efeitos colaterais e mantendo a criança próxima da escola e das atividades lúdicas.
“A informação de qualidade é nossa melhor ferramenta para salvar vidas. Famílias, profissionais de saúde e instituições precisam estar juntos nessa causa,” conclui o Dr. Pedro.
Fonte: Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE)