No encontro, foi criado um grupo de trabalho para revisar a lei do PDAF
Com a participação da comunidade escolar, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) debateu a continuidade do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF) nas escolas públicas do DF, na tarde desta segunda-feira (16), em audiência pública no auditório.
O mediador do debate, deputado Chico Vigilante (PT), argumentou que “todas as reformas de vulto nas escolas públicas do DF são frutos do PDAF”. Nesse cenário, o distrital defendeu a execução das emendas parlamentares via PDAF.
Ao se reportar sobre a recomendação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), que questionou a utilização dos recursos do PDAF em obras e serviços de engenharia nas escolas públicas, o parlamentar considerou: “Se alguém cometeu alguma coisa errada, que seja punido; agora, o que não pode é expedir uma recomendação que paralisa qualquer tipo de execução de emendas do PDAF”.
O parlamentar citou exemplos de melhorias em escolas oriundas dos recursos do PDAF, como a construção de quadra de esporte, reformas em cozinhas e banheiros, entre outras transformações nos ambientes escolares.
União
Autora de emendas executadas em 260 escolas, a deputada Paula Belmonte (Cidadania) disse que os recursos do PDAF fazem toda a diferença nos espaços de ensino. “Estamos unidos pela educação de Brasília”, declarou, ao observar que muitos parlamentares, independentemente de posições partidárias, estão unidos pela autonomia da gestão escolar e transparência no processo do PDAF.
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Sob esse viés, o deputado Gabriel Magno (PT) reforçou a importância da autonomia financeira e da gestão democrática nas escolas, aspectos ligados ao próprio financiamento da educação pública. Em posição semelhante, o deputado Fábio Felix (PSOL) listou as vantagens da descentralização administrativa e financeira nas escolas.
Na mesma linha, o deputado federal Reginaldo Veras (PV-DF) narrou que teve a oportunidade, como professor da rede pública de ensino de Ceilândia, de acompanhar a implantação do PDAF, bem como de integrar comitê de fiscalização do programa. Ele lembrou ainda sua atuação como deputado distrital para que o programa virasse lei. Na avaliação de Veras, o PDAF transformou a realidade das escolas, especialmente no aspecto da infraestrutura, além de desafogar a Secretaria de Educação na execução de pequenos reparos. “Não podemos punir um programa sério por causa de um problema ou outro, que devem ser acompanhados pelos órgãos de controle”, apontou.
Gestão democrática
Para o coordenador do Fórum Distrital de Educação, Júlio Barros, a questão do PDAF é mais ampla porque abarca o modelo de gestão democrática nas escolas. Ao apoiar a bandeira da gestão democrática e da educação de qualidade, a diretora do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Márcia Gilda Moreira, defendeu a continuidade do PDAF, cujos recursos transformam as escolas públicas, a exemplo de cobertura de quadras e climatização nos ambientes.
“A grande mudança nas escolas aconteceu com a implantação do PDAF”, reiterou Paulo Gileno, representante da Associação de Diretores e ex-Diretores das Escolas Públicas do DF (ADEEPDF), que detalhou situações sanadas graças às emendas parlamentares via PDAF, como reforma de cantina e construção de quadras cobertas.
Vários diretores de escola e coordenadores de regionais de ensino relataram sobre a importância do PDAF nas escolas, como Murilo Rodrigues, coordenador regional de ensino de Taguatinga. “Falar sobre o PDAF é falar sobre transformações”, afirmou, ao citar a construção da quadra coberta no Ced 6 daquela cidade. Hoje, ao contrário, devido à recomendação, há demandas e obras paradas em escolas de Taguatinga, disse, ao sugerir que haja aperfeiçoamento no processo do PDAF a fim de evitar possíveis irregularidades.
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“O PDAF representa a autonomia dos gestores”, corroborou Mariana Ayres, coordenadora regional de ensino do Recanto das Emas. “Precisamos dessa autonomia para pequenos reparos”, reforçou.
Do mesmo modo, Getúlio Cruz, diretor do Centro de Ensino Médio Integrado do Cruzeiro, ratificou a necessidade do PDAF, que permite resolver pequenos reparos de forma imediata. Ele contou que o programa “mudou a cara da escola, antes depredada e hoje bem cuidada”, graças às emendas, ao mencionar a construção do muro ao redor da escola, a reforma da cozinha, além da jardinagem.
Cruz disse também que a maioria dos diretores faz a prestação de contas de forma correta e defendeu punição para os responsáveis por quaisquer desvios. “Precisamos de celeridade para a manutenção dos espaços”, endossou a diretora da Escola Classe 10 de Ceilândia, Michele Ribeiro, em defesa da permanência do programa.
Mudança
Em contraponto, após ouvir a comunidade escolar e os parlamentares, o secretário executivo da Secretaria de Educação do DF, Isaías Aparecido Silva, considerou que é necessário levar em conta a recomendação do Ministério Público a fim de que “todos possam melhorar” e haja mudança “no entendimento de execução, prestação de contas e liberação de recursos”.
Também ponderou sobre a necessidade de aperfeiçoamento no processo do PDAF o secretário executivo de Relações Parlamentares da Casa Civil do DF, Maurício Carvalho. O objetivo é adotar uma regra que beneficie a todos indistintamente, pontuou. Outros secretários também estiveram presentes na audiência, como Thiago Conde, secretário executivo de Finanças da Secretaria de Economia do DF.
Aprimoramento
Ao elogiar o debate, o procurador-geral de Justiça do DF, George Moreira Seigneur, esclareceu que há concordância sobre o êxito do PDAF. Segundo ele, trata-se de “uma experiência extremamente exitosa,” porque, entre outros motivos, a gestão descentralizada permite identificar na ponta onde estão os problemas.
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Contudo, o procurador defendeu o aprimoramento do programa. “O PDAF é uma política pública que trouxe avanços, mas alguns mecanismos precisam ser aprimorados”, alertou. Para concluir, ele disse que o Ministério Público quer discutir, buscar e participar das soluções.
Encaminhamentos
Ao término do encontro, foi criado um grupo de trabalho para revisar a lei do PDAF, formado pelos segmentos presentes na audiência. O deputado Chico Vigilante também reforçou seu pleito à Secretaria de Educação do DF para a execução das emendas que já foram indicadas, diante das demandas das escolas.
A audiência foi transmitido ao vivo pela TV Distrital (canal 9.3) e YouTube, com tradução simultânea em Libras.
A audiência foi transmitido ao vivo pela TV Distrital (canal 9.3) e YouTube, com tradução simultânea em Libras.
Documento aponta infraestrutura precária e violação de direitos humanos em centros de acolhimento
A Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) realizou, nesta segunda-feira (07), uma reunião pública para a apresentação de um relatório de inspeções realizadas na comunidade terapêutica Salve a Si e no hospital psiquiátrico São Vicente de Paula. O documento é fruto de visitas realizadas pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) e apresenta uma série de irregularidades e violações que vêm sendo praticadas nas instituições.
O deputado Gabriel Magno (PT), que preside a CESC e a Frente Parlamentar em Defesa da Atenção à Saúde Mental, Antimanicomial e Integradora, lamentou as evidências constatadas no relatório e alertou para a necessidade de fiscalização dos serviços prestados por essas instituições e para a urgência de reforço orçamentário e investimento público na Rede de Atenção Psicossocial (Raps).
O parlamentar criticou o quantitativo de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) existentes para atender a população do DF. Conforme apontou, a Capital Federal conta atualmente com 18 centros, número que estaria 50% abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde no comparativo com a população local. “Precisamos, no mínimo, dobrar esse número”, afirmou.
Denúncias
Representando o MNPCT, Carolina Barreto relatou irregularidades encontradas no Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo (HSVP), unidade especializada em atendimento de saúde mental localizada em Taguatinga.
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Conforme apurado, o hospital vem adotando medidas abusivas de contenções mecânicas (uso da força) como prática disciplinar, especialmente em mulheres negras, sem seguir o protocolo estabelecido pela Secretaria de Saúde do DF. A visita identificou ainda a existência de 12 pessoas internadas pelo período maior que um ano, o que fere a determinação, de 1995, que prevê a extinção de leitos psiquiátricos em hospitais especializados.
Para Carolina, o perfil de usuários internados reflete uma lógica de segregação social e racial, visto que 75% dos internados são pessoas negras, 37% cursaram até o ensino fundamental e 48 têm até 30 anos. “O perfil de internação não é diferente do perfil de aprisionamento”, declarou.
Com 48 leitos, a instituição também enfrenta um alto índice de reinternações e internações prolongadas, além da falta de uma política de desinstitucionalização efetiva, processo que visa a reinserir pessoas com transtornos mentais na sociedade.
O relatório reporta ainda casos de suicídios entre servidores da instituição, o que, para a pesquisadora, “demonstra que o ambiente é um espaço de adoecimento também para os trabalhadores”.
A comunidade terapêutica Salve a Si, ONG voltada para o acolhimento e tratamento de dependentes químicos, fica localizada na Cidade Ocidental (GO) a 20km do centro urbano do município, o que, para o representante do MNPCT Rogério Duarte Guedes, inviabiliza o acesso ao transporte público, dificultando a chegada e permanência dos acolhidos.
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O relatório apontou violações como condições estruturais precárias, pessoas internadas em situação de vulnerabilidade social, falta de individualização no tratamento e ausência de um plano com equipe multiprofissional. “O que vimos foi uma questão sanitária completamente insalubre”, afirmou o pesquisador.
Outro ponto “alarmante”, conforme Guedes, é a administração de medicamentos psicotrópicos sem receita médica e por profissionais não habilitados, o que caracteriza uma violação dos padrões normativos e impõe risco à saúde dos pacientes. Conforme constatado, os acolhidos são obrigados a trabalhar sob pena de advertências e punições, representando o que ele classificou como “expressões de tortura” e “anulação da personalidade do sujeito”.
A restrição à liberdade financeira foi outro ponto observado nas incursões do grupo à unidade Salve a Si. Há relatos de que a instituição esteja retendo o cartão do programa Bolsa Família dos acolhidos e apropriando-se da remuneração obtida com a prestação de serviços externos. “Há um trabalho análogo à escravidão. Estão tolhendo a subjetividade dos usuários, isso é tortura”, denunciou Guedes.
A presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP/DF), Thessa Guimarães, falou da “luta antimanicomial” que vem travando por um tratamento mais digno e humanizado aos assistidos. Para ela, há uma “rede nacional infralegal de clínicas de saúde clandestinas onde todo tipo de barbaridade é cometida, com práticas de saúde sem controle, onde a justiça e a saúde não conseguem chegar”.
Ela denunciou que donos de diversas dessas instituições têm assento no Conselho de Política sobre Drogas (Conen), o que traduz uma “clara parcialidade”, visto que é o próprio Conen o responsável por propor critérios para a celebração de convênios com entidades públicas e privadas de internação de usuários de drogas. “São ilegais, violam direitos, têm práticas de saúde e de custódia irregulares e ainda recebem verbas do governo. Os donos desses lugares ficam à vontade para cometerem todo tipo de barbaridade com os usuários”, afirmou.
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Segundo afirmou Pedro Henrique Costa, do Departamento de Psicologia Clínica da UnB, 100% das verbas do Conen têm ido para as comunidades terapêuticas. Ele cobrou que haja algum tipo de intervenção para que o conselho cumpra seu papel e denunciou estar havendo “perseguições” dentro do conselho contra aqueles que se opõe à forma como o órgão tem agido com relação à política antimanicomial e ao financiamento de instituições que adotam práticas abusivas.
Recomendações
Diante das situações de violações identificadas, o MNPCT propõe em seu relatório recomendações ao poder público para sanar os problemas. A primeira delas é a desativação definitiva do hospital psiquiátrico São Vicente de Paula, com fechamento imediato de suas portas de entrada.
A proposta visa desinstitucionalizar os usuários e redirecioná-los para serviços adequados dentro da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Além disso, é sugerida a articulação com organizações da sociedade civil para garantir controle social e a fiscalização dos protocolos de contenção mecânica, a fim de evitar violações.
O relatório destaca ainda a necessidade de concursos públicos para aumentar o número de profissionais de assistência social, psicologia, terapia ocupacional e fisioterapia. O texto sugere ainda revisão das políticas relacionadas às comunidades terapêuticas, com ênfase na segurança sanitária e na responsabilização por violações de direitos, enfatizando como solução a adoção de medidas para prevenir futuros abusos e garantir a dignidade dos pacientes.
Secretaria de Saúde
A representante da SES/DF Fernanda Figueiredo Falcomer destacou que a pasta está atenta às denúncias apresentadas, em especial aos casos de curatela, em que integrantes das instituições retêm o cartão de beneficiários de programas assistenciais dos atendidos.
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Ela afirmou que a secretaria já instituiu um grupo de trabalho para propor um plano de ação que será entregue, ainda no mês de outubro, para desmobilizar os leitos existentes e propor o correto direcionamento das pessoas que atualmente vêm sendo atendidas nesses locais. “O que queremos é reorganizar a rede para melhor acolher as pessoas que virão desses leitos de hospitais” afirmou.
Sobre os Caps, Falcomer pontuou que já está em curso a construção de cinco unidades pelo GDF, sendo que duas delas, no Gama e Recando das Emas, já estão em processo de licitação. As outras três unidades vão atender as regiões de Ceilândia, Taguatinga e Guará.
Encaminhamentos
Gabriel Magno afirmou que a comissão vai oficiar o Tribunal de Contas do DF sobre todas as irregularidades apresentadas no relatório. Ele pontuou ainda que vai montar uma agenda de inspeções nas comunidades terapêuticas juntamente com outras organizações (sindicatos e conselhos de saúde) ligadas à saúde mental e que vai reforçar um pedido já feito ao Ministério dos Direitos Humanos para que seja instalado um canal específico de denúncias anônimas no disque 100.
O distrital reforçou ainda a necessidade de se discutir o fomento à estrutura da Rede de Atenção Psicossocial no contexto da Lei Orçamentária Anual de 2025. Para ele, é crucial batalhar para modificar a diretriz que vem sendo adotada pelo atual gestor do Poder Executivo que, segundo afirmou, tem o enfoque privatista. “Ano que vem estão previstos mais para o IGES. Temos que focar na saúde pública sendo prestada pelo setor público”, ponderou.
A reunião pública desta segunda-feira (7) teve transmissão ao vivo pela TV Câmara Distrital e pelo YouTube da Casa.
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Fonte: Christopher Gama – Agência CLDF de Notícias
De 8 a 10 de outubro, Câmara promove a 1ª Semana de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, com atividades e serviços gratuitos
Decano da CLDF, aos 70 anos Chico Vigilante (PT) exerce o quinto mandato na Câmara Legislativa. Desde 2023 está à frente da Procuradoria de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (PRO 60+) da Casa, cargo para o qual acaba de ser reeleito. Ao longo dessa vasta trajetória, o deputado aprovou mais de 60 leis. Entre as normas destacam-se algumas voltadas para a pessoa idosa, como a que garante gratuidade e prioridade no transporte público a cidadãos a partir dos 60 anos, a Lei nº 7.298/2023. Na entrevista a seguir, Vigilante reflete sobre desafios e oportunidades advindos do envelhecimento da população do Distrito Federal.
– Em outubro a CLDF recebe a 1ª edição da Semana de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa. Quais os objetivos da Semana? Chico Vigilante: “Nós aprovamos uma lei que institui a Semana do Idoso, a qual, a partir deste ano, será celebrada todo mês de outubro aqui no Distrito Federal. Para comemorar, faremos três dias de atividades: vamos estar com o Sesc, o Senac, a carreta da Polícia Civil e muito mais. Entre as ações, os idosos vão poder tirar sua nova identidade, teremos assistência à saúde, enfim, uma série de atividades para as pessoas idosas do DF”.
– Como parlamentar experiente, por que o senhor acha importante discutir as questões específicas dos idosos? Chico Vigilante: “Graças a Deus, as pessoas estão vivendo mais. Eu, por exemplo, estou com 70 anos e tem muitos idosos por aí. Só que nós precisamos fazer com que o idoso seja valorizado, do jeito que ocorre em outros países. Na China e no Japão são extremamente valorizados, até porque o conhecimento que têm a transmitir para a juventude faz com que esses países avancem ainda mais. Aqui no Brasil, o idoso é praticamente escorraçado, mas as pessoas idosas têm muito a ensinar. Por isso queremos, cada vez mais, valorizá-los no Distrito Federal”.
– Quais os principais problemas que envolvem o dia a dia dos idosos atualmente? Chico Vigilante: “Nós temos um problema de falta de manutenção em calçadas no Plano Piloto e nas cidades satélites, o que pode causar quedas e acidentes. Em caso de quebra de fêmur, os mais velhos podem ficar três ou quatro meses internados em um hospital. Agora, os idosos também precisam enfrentar os golpistas que infernizam a vida deles pelo telefone e roubam o pouco que eles têm no banco. Queremos orientar os idosos neste sentido para prevenir que caiam em golpes. Tem um bando de golpistas espalhado por aí, querendo se aproveitar das pessoas, achando que o idoso é maluco, e não é. O idoso tem muita sabedoria”.
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– O último Censo, de 2022, indicou que em 12 anos o número de idosos no Brasil cresceu 57,4%. Esse aumento reflete uma tendência mundial que se verifica também no DF. Diante desse cenário, como as políticas públicas podem contribuir para lidar com o envelhecimento da população? Chico Vigilante: “A sociedade preocupa-se com as crianças e os adolescentes, o que é justo e correto. Só que o Brasil envelheceu. Portanto, nós temos que passar a ter o mesmo cuidado com os idosos que temos com as crianças, em termos de políticas públicas”.
– Nos últimos anos, a CLDF tem encorpado a atuação voltada à pessoa idosa. O senhor pode fazer um balanço de leis aprovadas e/ou ações da Câmara que impactam a vida dos idosos no DF? Chico Vigilante: “Dezenas de leis foram aprovadas para os idosos pela CLDF. Uma muito em voga e que os idosos gostam muito foi de minha autoria, chamamos de “60 ou mais”. Esta lei garante a gratuidade nos ônibus para pessoas a partir de 60 anos. Os idosos ficaram extremamente felizes com isso. Lá na Feira da Guariroba, um açougueiro brincou: ‘esta lei é muito ruim porque minha mulher não para mais em casa’. Eu respondi que esta lei é libertadora. Depois, a esposa dele disse: ‘esta lei é muito boa, porque agora saio aqui de Ceilândia, onde o pão de queijo é R$ 2,50, e vou lá no Plano comprar para os meus netos, porque lá é R$ 1,50’. Portanto, é uma lei que efetivamente integra os idosos à sociedade. E isto é só um exemplo”.
– Em 2020 a CLDF criou a Procuradoria de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (PRO 60+). Desde 2023, o senhor atua como procurador e, neste ano, foi reeleito para o cargo. Neste período à frente da Procuradoria, o que já foi realizado? E quais são os próximos planos? Chico Vigilante: “Nós instituímos a Semana do Idoso e a gente pretende, daqui para frente, criar mais canais de comunicação com as pessoas idosas e fazer com que a Câmara Legislativa do Distrito Federal seja exemplo no país no que se refere ao atendimento das necessidades das pessoas idosas”.
Trabalhadores aproveitaram a reunião para denunciar a precarização do trabalho na empresa
A Câmara Legislativa realizou, nesta quarta-feira (2), uma audiência pública que reuniu trabalhadores da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), membros de sindicatos e integrantes do GDF para debater preocupações acerca da possibilidade de privatização da empresa. A reunião foi presidida pelo deputado Fábio Félix (Psol), que declarou que a mobilização de empregados e a qualidade dos serviços prestados por eles têm sido essenciais para evitar que a empresa tenha passado pelo processo de desestatização até o momento.
Félix classificou como “postura de privatista” a conduta do atual governo, e avaliou como “covarde” o processo desencadeado na Companhia Energética de Brasília (CEB), atual Neoenergia. Para ele, a privatização da CEB se deu por meio de uma manobra jurídica, que fez com que a Câmara Legislativa não participasse da decisão. O deputado disse temer que o mesmo processo ocorra na Caesb.
Para o distrital, a empresa vem enfrentando um processo de “precarização programada” em sua estrutura e, principalmente, na relação da companhia com seus colaboradores. A finalidade desse processo, de acordo com ele, seria fragilizar a imagem institucional para que uma possível privatização futura se dê de forma natural.
“O governo vai plantando um projeto de precarização da empresa. Uma forma de precarizar é não contratar. Se não tem concurso público, obviamente há uma sobrecarga nos trabalhadores”, afirmou.
Denúncias
Empregados da Caesb denunciaram violações de direito que estariam ocorrendo na companhia, como assédio moral e o “sucateamento intencional” dos serviços. Para Marcos Valério, operador de estação da empresa, mesmo que a Caesb não tenha sido privatizada, as insinuações neste sentido ocorridas nos últimos anos prejudicam a prestação do serviço e o clima organizacional entre os colaboradores.
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“Qualquer processo de tentativa de privatização é lesivo mesmo que ele sequer seja consumado. Há um claro sucateamento sistemático na tentativa de forçar uma situação de entregar nosso patrimônio para o capital estrangeiro”, denunciou.
Concurso
O último concurso realizado pela empresa foi em 2017. No entanto, este certame contemplou apenas uma vaga para o cargo de médico do trabalho. Já para as áreas fins, a última prova ocorreu ainda no ano de 2012. A falta de recomposição de mão de obra, segundo participantes da audiência, tem representado um dos principais gargalos para a prestação dos serviços na Caesb e o novo concurso é visto como uma reivindicação urgente.
A companhia sinalizou, recentemente, que realizará um novo certame para os cargos de níveis médio, técnico e superior, com 82 vagas para contratação imediata e outras 220 para o cadastro reserva. O quantitativo e a relação de cargos, porém, foram alvos de críticas por participantes.
A ausência de previsão de vaga para os cargos de psicólogo do trabalho e assistente social foi usada como argumento de que o novo concurso não foi pensado para suprir as necessidades reais da Caesb. Ainda segundo os participantes, o quantitativo de 82 vagas imediatas é irrisório para suprir as aposentadorias que vêm sendo feitas por meio de programas de desligamento incentivado.
Privatização
O presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Rôney Nemer, avalia que não há, por parte do governo atual, a intenção de privatização da Caesb. Conforme argumentou, a empresa realizou contratos de captação de recursos junto a organismos internacionais para ampliação de sua infraestrutura e uma das cláusulas para a realização dos empréstimos prevê que a companhia permaneça como estatal. “Hoje não há mais a ideia de privatização. Pelo menos em todas as reuniões que participo, não vejo”, afirmou.
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Para o deputado Gabriel Magno (PT), no entanto, a mobilização dos trabalhadores contra privatização e a favor da reestruturação das condições de trabalho deve se manter ativa, pois a “precarização e sucateamento” da Caesb são visíveis.
Para argumentar que a privatização não representaria solução viável para melhoria dos serviços, ele citou diversos exemplos de reestatização de empresas de saneamento ao redor do mundo ocorridos porque as companhias privadas não conseguiram suprir a demanda. “Viram que a privatização é um desastre, porque a conta fica mais cara, o serviço fica pior e o Estado começa a ficar refém, uma vez que as empresas passam a exigir uma fatia cada vez maior do orçamento”, opinou.
O superintendente comercial da empresa, Diego Ferreira, frisou que não há, por parte da gestão, a intenção de desestatizar serviços. Ele também citou os contratos de empréstimos que vedam a privatização pelos próximos 20 anos para argumentar que a Caesb manterá seu regime jurídico. “Eu quero que essa companhia continue pública para todos nós”, declarou.
O ouvidor Eduardo Romualdo comentou que a Caesb vem obtendo bons índices de satisfação (91,42% de aprovação) graças ao trabalho desempenhados pelos trabalhadores, que, em diversos casos, suprem eventuais obstáculos enfrentados pelos empregados terceirizados. “Nos momentos que há problemas nas frentes de trabalho com terceirizados, quem assume os problemas são vocês, empregados”, afirmou dirigindo-se aos trabalhadores.
Como encaminhamento da reunião, o diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Purificação e Distribuição de Água e Serviços de Escotos do DF (Sindagua) Paulo César Bessa realizou votação em assembleia junto aos filiados e aprovou uma requerimento à direção da Caesb pedindo que o novo concurso seja realizado com a maior urgência possível.