Indústria propõe 10 orientações para impulsionar a agenda robusta de desenvolvimento do país. Do contrário, o Brasil corre o risco de continuar atrás na corrida global por inovação e competitividade
A implementação de uma política industrial robusta é uma questão de sobrevivência para o Brasil e a reindustrialização do país deve ocorrer em bases mais modernas de desenvolvimento. Esta é a recomendação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de todas as federações estaduais de indústria e de 74 associações industriais que consta da Declaração pelo Desenvolvimento da Indústria e do Brasil.
O documento foi entregue ao vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckimin, ministro da Casa Civil, Rui Costa, ministro das Comunicações, Juscelino Filho, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, e o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, durante a cerimônia de entrega da medalha da Ordem do Mérito Industrial, na terça-feira, 28 de maio, na sede da CNI, em Brasília.
Criada em 1958, a medalha é a mais importante condecoração da CNI, concedida a personalidades e instituições que contribuem significativamente para o desenvolvimento da indústria e do país.
A declaração conjunta afirma que a indústria continua a ser um setor estratégico, com atuação decisiva para impulsionar a economia e fortalecer as cadeias de valor, pelo papel central no desenvolvimento tecnológico, na criação de empregos de qualidade e na produção de riqueza.
Anúncio
No documento, CNI, federações e associações destacam que o parque industrial brasileiro é diverso, integrado e capaz de acelerar um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social mais sustentável e inclusivo. Além disso, os recursos naturais do Brasil, juntamente com os ativos em energia renovável, colocam o país em posição privilegiada liderar o novo paradigma de descarbonização e economia verde.
Os industriais lembram que as economias avançadas têm realizado investimentos maciços em suas indústrias nacionais para permanecer na vanguarda tecnológica e consolidar uma liderança no mercado internacional.
“A indústria está pronta e disposta a contribuir com o projeto nacional de neoindustrialização. O setor industrial propõe 10 princípios orientadores para impulsionar a agenda nacional de desenvolvimento. Esses princípios são fundamentais para garantir que a reindustrialização do Brasil seja bem-sucedida e traga benefícios duradouros para a sociedade”, diz a nota conjunta.
Os 10 agraciados com a medalha da Ordem do Mérito Industrial:
Geraldo Alckmin – vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços;
Rui Costa dos Santos, ministro da Casa Civil
Antônio Olivério Garcia de Almeida, empresário e governador do estado de Roraima;
Amaro Sales de Araújo, empresário e vice-presidente da CNI;
Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, empresário e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro;
Merval Neres dos Santos Filho, diretor-presidente do grupo Laticínio Longá;
José Maria da Costa Mendonça, presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Pará;
Celso Gonçalo de Sousa, empresário, vice-presidente executivo da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), presidente do Conselho Temático de Micro e Pequenas Empresas da FIEMA e presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MA;
Aloizio Mercadante Oliva, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);
José Conrado Azevedo Santos, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará;
Com a Petrobras operando quase 90% da produção nacional, a estatal conseguiu no terceiro semestre deste ano, com a exportação de petróleo, superar o agronegócio e a mineração, na pauta de exportação. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (8) pela presidente da empresa, Magda Chambriand.
“Chegamos à marca do primeiro produto de exportação do Brasil com o óleo cru. Superamos farelos de soja, o agronegócio, a mineração e a exportação de ferro e nos tornamos capazes de ofertar ao país uma imensa contribuição para o primeiro produto da pauta de exportação do Brasil, o óleo cru, produzido principalmente pela Petrobras”, informou.
A Petrobras trouxe alguns destaques operacionais como, em setembro, a marca inédita no Brasil de 3 bilhões de barris de óleo e produção acumulada atingida pela Jazida Compartilhada de Tupi e pela área de Iracema.
Magda fez o anúncio ao tratar do balanço do terceiro trimestre de 2024. A empresa teve lucro de R$ 32,6 bilhões. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve aumento de 22,3%. Também foi anunciada a distribuição de R$ 17,1 bilhões em dividendos aos acionistas da companhia.
A executiva avalia os resultados como sólidos e consistentes e acima da expectativa do setor. “Resultados que ultrapassaram as melhores expectativas do mercado. No trimestre passado, tínhamos forte formação de caixa tanto em função da exploração e produção do petróleo quanto do refino, gás natural. Nesse trimestre, portanto, o que estamos reafirmando é o êxito das escolhas que fizemos. Estamos com uma dívida no menor patamar desde 2008. Hoje, somos responsáveis pela geração de 31% de toda a energia primária do nosso país”, ressaltou.
Anúncio
A FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, da sigla em inglês) Sepetiba, no campo de Mero 2, atingiu o topo de produção menos de oito meses após entrada em operação, contribuindo para recorde de produção total operada do pré-sal de 3,49 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed).
A companhia também comemorou a entrada em operação da FPSO Maria Quitéria no campo de Jubarte em 15 de outubro e da FPSO Marechal Duque de Caxias no Campo de Mero em 30 de outubro.
No acumulado de 12 meses, INPC ficou com taxa de 4,60%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação da cesta de compras para famílias com renda até cinco salários mínimos, registrou inflação de 0,61% em outubro deste. A taxa ficou acima do 0,48% de setembro deste ano e do 0,12% de outubro do ano passado.
O INPC ficou acima do registrado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país e que ficou em 0,56% no período. No acumulado do ano, o INPC registrou taxa de 3,92%, também acima do IPCA (3,88%).
No acumulado de 12 meses, no entanto, o INPC, com taxa de 4,60%, ficou abaixo do IPCA (4,76%).
Em outubro, os produtos alimentícios tiveram inflação de 1,11%, enquanto os não alimentícios tiveram alta de preços de 0,45%.
No trimestre encerrado em setembro, a desocupação atinge o segundo menor patamar da série histórica do IBGE
O desemprego caiu para 6,4% no trimestre de julho a setembro de 2024, atingindo a segunda menor taxa de desocupação da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012. A menor taxa de desocupação foi registrada no trimestre encerrado em dezembro de 2013, de 6,3%, conforme dados divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice recuou 0,5 ponto percentual frente ao dado registrado no trimestre de abril a junho, 6,9%; e ficou 1,3 ponto abaixo da taxa de 7,7% registrada no mesmo trimestre de 2023.
De acordo com os dados do IBGE, a taxa de ocupação no país bateu novo recorde, totalizando 103 milhões. Esse dado é resultado do avanço de 1,2% na população ocupada no trimestre, aumento de 1,2 milhão de trabalhadores. Na comparação anual, a alta foi de 3,2%, ou mais 3,2 milhões de pessoas ocupadas.
É o caso da vendedora Raíssa Guimarães, 29 anos, que ficou um ano desempregada e decidiu voltar a buscar emprego, depois de um ano sem trabalho, quando ficou se dedicando aos estudos. “Eu pedi demissão para estudar. Mas, eu consegui uma oportunidade em uma empresa que tem possibilidade de efetivação e crescimento. Por isso, eu aceitei a vaga. Ter a possibilidade de crescer”, explicou. Agora empregada, ela está focada em consolidar uma nova etapa profissional.
Anúncio
O analista operacional Danilo Rocha, 28, conquistou uma vaga no mercado de trabalho após ficar apenas 20 dias desempregado. O tempo fora do mercado foi curto, mas a experiência trouxe lições que o fizeram repensar o futuro. Ele trabalhou por dois anos e meio em uma locadora de veículos até ser surpreendido pela demissão. No entanto, encontrou uma nova posição em outra companhia do mesmo setor. “Só mudei de empresa, mas o cargo continuou o mesmo. O meu conhecimento me ajudou a ter uma oportunidade novamente. Eu não esperava ser demitido, mas acabou me tirando da zona de conforto”, refletiu.
Com a demissão inesperada, Danilo redobrou o desejo de buscar estabilidade no setor público. “A CLT não deixa a gente se acomodar. Temos que sempre esperar por essa possibilidade de perder o emprego. A carreira pública é a única coisa que traz estabilidade”, acrescentou.
Por outro lado, a melhora no mercado de trabalho fez pessoas que trabalhavam por conta própria voltarem a buscar uma oportunidade com carteira assinada, como a maquiadora Janaína Ribeiro, 43. Para ela, que tem uma loja também, o desemprego nunca foi uma realidade, porém decidiu retornar ao regime CLT, aproveitando a quantidade de oportunidades de emprego devido às festas de fim de ano. “Trabalhar como autônoma estava afetando a minha vida financeira, porque é necessário um bom planejamento. Caso contrário, a falta do capital de giro atrapalha muito”, contou.
Mesmo de volta ao trabalho formal, Janaína pretende continuar atuando como autônoma nas horas vagas, buscando expandir sua loja e atender a mais clientes. “A CLT traz essa estabilidade, mas não dá para se acomodar. Não é garantia de que para sempre vai estar empregado”, afirmou.
Diante da queda de desemprego, o número de pessoas desocupadas que buscavam uma ocupação passou para 7 milhões, o menor desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015. O resultado apresentou recuos significativos nas duas comparações: de -7,2% no trimestre, ou menos 541 mil pessoas buscando trabalho, e de -15,8% frente ao mesmo trimestre móvel de 2023, ou menos 1,3 milhão de pessoas.
Anúncio
Na avaliação de Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, a trajetória de queda da desocupação resulta da contínua expansão dos contingentes de trabalhadores que estão sendo demandados por diversas atividades econômicas.
Maior contingente
A indústria e o comércio foram as atividades que puxaram o aumento da ocupação no trimestre, com altas, respectivamente, de 3,2% e de 1,5% em seus contingentes. Juntos, absorveram 709 mil trabalhadores, na comparação trimestral (416 mil da indústria e 291 mil do comércio). Além disso, a população ocupada no comércio foi recorde, chegando a 19,6 milhões de pessoas. Os outros grupamentos mantiveram estabilidade na comparação trimestral. “Em particular, a indústria registrou aumento do emprego com carteira assinada. Já no comércio, embora a carteira assinada também tenha sido incrementada, o crescimento predominante foi por meio do emprego sem carteira”, explicou a técnica do IBGE.
Analistas lembram que o recuo no desemprego representa um avanço histórico no mercado de trabalho, mas acende o alerta para que o Banco Central mantenha a política monetária mais restritiva. Em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu início ao novo ciclo de alta da taxa básica da economia (Selic), atualmente em 10,75% ao ano.
“Essa melhoria no mercado de trabalho acontece em um ambiente macroeconômico delicado, onde a inflação e o custo do crédito podem exigir uma resposta mais intensa do Banco Central em ajustes na Selic, especialmente se o aumento da massa de trabalhadores pressionar o consumo e dificultar o controle inflacionário”, afirmou Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus.
Os especialistas lembraram também que o mercado de trabalho mais aquecido ajuda a pressionar a inflação, pois, aumenta o consumo das famílias devido ao maior poder de compra da população, deixando a demanda aquecida. “Embora isso seja positivo para a renda das famílias, o aumento no consumo, aliado à inflação, pode exigir que o Banco Central tenha uma política de juros ainda mais restritiva. Essa medida, se necessária, poderá desacelerar investimentos e afetar o crescimento, sinalizando um período de desafios para equilibrar a expansão do emprego com a estabilidade econômica”, alertou Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest.
Anúncio
Massa salarial
“Embora o rendimento médio tenha se mantido estável no trimestre, o crescimento em relação ao ano passado reflete uma leve recuperação da capacidade de consumo da população. Esse cenário de queda no desemprego, aumento da massa salarial e criação de empregos com carteira assinada pode apoiar o consumo interno, impulsionando setores da economia que dependem da demanda doméstica”, destacou Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
Na avaliação de Lima, no contexto da política monetária, esses resultados podem pressionar o Banco Central a seguir cauteloso em suas decisões do Copom. “Com o aumento recente e a sinalização de novas elevações nos juros, a autoridade monetária tem focado em controlar a inflação, mas o fortalecimento do mercado de trabalho e o aumento dos salários, embora positivos, podem contribuir para uma pressão inflacionária a longo prazo. Dessa forma, a decisão do Banco Central de manter o ciclo de alta na Selic se justifica como um mecanismo de equilíbrio para conter uma potencial aceleração dos preços, enquanto o mercado de trabalho segue aquecido”, complementou.