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Ciência

Como cientistas detectaram a maior fusão de buracos negros já registrada

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Evento GW231123 foi captado por detectores do LIGO; pesquisadora Cecília Chirenti explica papel das ondas gravitacionais e limites dos modelos atuais. Missão LISA, em 2035, promete novos avanços

Descoberta marca novo recorde em astrofísica
Cientistas do LIGO (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser) anunciaram a detecção da maior fusão de buracos negros já observada , um evento denominado GW231123 , captado em 2023 e analisado durante dois anos. A descoberta foi detalhada pela pesquisadora Cecília Chirenti no programa Olhar Espacial , do canal Olhar Digital no YouTube.

O fenômeno envolveu dois buracos negros com massas de 100 e 140 vezes a do Sol , localizados a cerca de 10 bilhões de anos-luz da Terra . Após se fundirem, deram origem a um buraco negro de 225 massas solares . A massa restante foi convertida em ondas gravitacionais , que viajaram pelo universo até serem detectadas na Terra.

Buracos negros próximos do limite físico
Um dos aspectos mais intrigantes do evento foi a velocidade de rotação dos buracos negros: cerca de 400 mil vezes mais rápida que a da Terra , aproximando-se do limite teórico previsto pela relatividade geral. Segundo Chirenti, se esse limite fosse ultrapassado, o horizonte de eventos desapareceria , deixando apenas a singularidade — uma situação que, até onde se sabe, não ocorre na natureza.

“Esperamos que isso não aconteça na natureza, embora essa hipótese nunca tenha sido provada”, afirmou a pesquisadora, que é professora associada da Universidade Federal do ABC e pesquisadora associada da Universidade de Maryland .

Ondas gravitacionais: previsão de Einstein confirmada
As ondas gravitacionais são distorções no tecido do espaço-tempo , previstas por Albert Einstein em 1915 na Teoria da Relatividade Geral. Sua detecção direta só foi possível em 2015, também pelo LIGO, inaugurando uma nova era na astronomia.

Essas ondulações são geradas por eventos cósmicos extremos, como fusões de buracos negros ou estrelas de nêutrons. Ao chegar à Terra, sua amplitude é minúscula — cerca de 10 mil vezes menor que o diâmetro de um próton —, o que exige tecnologia altamente sensível para sua captura.

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Como o LIGO detecta as ondas
O LIGO opera dois detectores nos EUA — em Washington e Louisiana —, cada um com estrutura em formato de “L” e braços de 4 km de comprimento . Um feixe de laser é dividido e enviado aos dois braços, refletindo em espelhos nas extremidades.

Quando uma onda gravitacional passa, ela distorce o espaço-tempo , alterando ligeiramente o comprimento de um braço em relação ao outro. Essa diferença gera uma interferência no padrão de luz ao retornar ao ponto de origem, permitindo aos cientistas inferir o evento que a gerou.

A separação de 3 mil km entre os detectores ajuda a descartar ruídos locais, como terremotos ou tráfego. “Se passou um caminhão no observatório do sudeste, não passou um no do noroeste ao mesmo tempo. Então, procuramos por coincidências nos sinais”, explicou Chirenti.

Modelos matemáticos precisam evoluir
Apesar do avanço tecnológico, os modelos computacionais usados para interpretar os dados ainda têm limitações. No caso do GW231123, diferentes modelos apresentaram resultados divergentes , especialmente em relação à rotação dos buracos negros.

“Chegamos à conclusão de que os modelos ainda não são muito bons quando os buracos negros estão girando muito rápido”, disse a cientista. O próximo passo, segundo ela, é revisar e aprimorar esses modelos para compreender melhor eventos extremos como esse.

Futuro: detecção no espaço com a missão LISA
O futuro da astronomia por ondas gravitacionais está no espaço. A missão LISA (Laser Interferometer Space Antenna ), parceria entre NASA e Agência Espacial Europeia (ESA) , deve ser lançada em 2035 . Será composta por três naves posicionadas em um triângulo, com 2,5 milhões de km entre elas , orbitando o Sol atrás da Terra.

A LISA permitirá detectar fusões de buracos negros supermassivos , como os encontrados no centro de galáxias. “Poderemos medir colisões de buracos negros supermassivos, sistemas binários gigantes e até combinar dados de ondas gravitacionais com emissões eletromagnéticas”, destacou Chirenti.

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Com essa nova ferramenta, a humanidade poderá “ouvir” e “ver” o universo em uma nova dimensão, marcando o início de uma era de alta precisão na observação cósmica.


Com informações: Olhar Digital

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Ciência

Sacrifício em massa na China antiga revela que 90% das vítimas eram homens, contrariando padrões anteriores

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Uma nova análise de DNA em 80 crânios encontrados em um poço na antiga cidade de Shimao, na China, revelou que 9 em cada 10 vítimas de sacrifício humano eram homens. Esta descoberta, publicada na revista Nature, surpreendeu arqueólogos, pois contrasta com os sacrifícios encontrados em enterros de elite na mesma região, que eram predominantemente de mulheres. Os pesquisadores sugerem que as práticas de sacrifício eram altamente estruturadas, com papéis de gênero específicos para locais e propósitos rituais distintos

Arqueólogos que analisaram esqueletos da antiga cidade de Shimao, uma cidade murada de pedra de 4.000 anos na província de Shaanxi, China, descobriram novos fatos sobre as vítimas de sacrifício humano encontradas em um poço próximo ao Portão Leste (Dongmen).

Descoberta Surpreendente na Cova de Crânios 😲

A análise de DNA dos crânios encontrados sob a fundação do Portão Leste de Shimao mostrou um padrão de sacrifício específico por gênero:

  • Predominância Masculina: 9 em cada 10 vítimas de sacrifício eram do sexo masculino.

  • Contraste com Enterros de Elite: Este achado contrasta fortemente com relatórios arqueológicos anteriores de Shimao e suas cidades satélites, onde os sacrifícios associados a enterros de elite eram predominantemente femininos.

A Academia Chinesa de Ciências afirma que isso sugere que as práticas sacrificiais de Shimao eram altamente estruturadas, com papéis específicos de gênero vinculados a propósitos e locais rituais distintos.

Propósitos Rituais Distintos 📜

Os pesquisadores ofereceram possíveis explicações para os diferentes padrões de sacrifício:

  • Sacrifícios no Cemitério (Femininos): Podem ter representado a veneração dos ancestrais, onde as mulheres eram sacrificadas para honrar nobres ou governantes da elite.

  • Sacrifícios no Portão (Masculinos): Estavam provavelmente ligados a um ritual de construção das muralhas ou do portão da cidade.

Além disso, a análise de DNA dos homens sacrificados não encontrou diferenças significativas em sua ancestralidade em comparação com a dos ocupantes da elite das tumbas, indicando que as vítimas do sacrifício não eram “estranhas” à sociedade de Shimao.

A cidade de Shimao foi ocupada entre cerca de 2300 e 1800 a.C. e apresentava uma grande pirâmide escalonada e áreas de especialização artesanal.

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Com informações: Live Science

 

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Ciência

Astrônomos descobrem uma cadeia gigante de galáxias que é “provavelmente o maior objeto giratório” já visto

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🔭 Astrônomos encontram um filamento cósmico de gás, com 5,5 milhões de anos-luz de extensão, que está em rotação. A estrutura, localizada a 140 milhões de anos-luz da Terra, pode conter pistas cruciais sobre como as galáxias se desenvolvem, influenciando a velocidade e a direção de rotação dos aglomerados estelares.

Filamento Gigante Revela Rotação no Cosmos

Astrônomos anunciaram a descoberta daquela que é considerada o “maior objeto giratório” já encontrado: uma gigantesca estrutura em forma de fio, composta por gás e matéria, que se estende por milhões de anos-luz. A descoberta, publicada na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, oferece novas perspectivas sobre a dinâmica da formação de galáxias.

A estrutura foi localizada a uma distância de 140 milhões de anos-luz da Terra. O filamento cósmico possui dimensões impressionantes: cerca de 5,5 milhões de anos-luz de comprimento e 117.000 anos-luz de largura – sendo, portanto, mais extenso que a nossa própria galáxia, a Via Láctea.

Galáxias Indicam a Rotação do Fio Cósmico

O objeto rotativo foi detectado graças à observação de 14 galáxias ricas em hidrogênio que estão ligadas ao filamento, dispostas como uma corrente. Essas galáxias atuaram como indicadores da existência e do movimento da estrutura subjacente.

A descoberta foi feita por uma equipe de astrônomos utilizando o MeerKAT, um conjunto de 64 radiotelescópios interligados localizados na África do Sul. A astrônoma Lyla Jung, coautora principal do estudo pela Universidade de Oxford, descreveu a detecção inicial como uma surpresa, notando um “alinhamento impressionante de galáxias brilhando à mesma distância.”

Após medições detalhadas, os pesquisadores calcularam que o filamento em si está girando a aproximadamente 110 quilômetros por segundo (68 milhas por segundo). Adicionalmente, as galáxias ligadas a ele também estão em rotação, majoritariamente na mesma direção do fio gasoso.

Implicações para a Formação Galáctica

A rotação observada no filamento sugere que estruturas como esta, que fazem parte da vasta teia cósmica que interconecta a matéria no universo, podem desempenhar um papel fundamental nos estágios iniciais de formação e desenvolvimento das galáxias. Acredita-se que esses filamentos possam influenciar a velocidade e a direção da rotação dos aglomerados estelares que se formam em seu entorno.

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Estruturas rotativas desse porte têm sido previstas há anos em simulações cosmológicas, mas a tecnologia de observação só recentemente alcançou a sensibilidade necessária para detectá-las diretamente, conforme explicou Madalina Tudorache, astrônoma de Oxford e integrante da equipe de pesquisa.

A observação foi coletada como parte do projeto MIGHTEE (MeerKAT International GHz Tiered Extragalactic Exploration), liderado pelo físico Matt Jarvis, de Oxford, que está em curso. A equipe de pesquisa suspeita que, com a continuidade das explorações e o uso de instrumentos de próxima geração, como o Observatório Vera C. Rubin no Chile, filamentos rotativos semelhantes serão descobertos em regiões cada vez mais profundas do cosmos. A descoberta é vista como um passo importante para um melhor entendimento da estrutura e evolução do universo.


Com informação de: Live Science

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Ciência

Sucuris Gigantes: Tamanho Médio das Cobras Permanece o Mesmo Há Mais de 12 Milhões de Anos

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🐍 Fósseis de sucuris do Mioceno revelam que a espécie manteve seu tamanho corporal desde o seu surgimento, há cerca de 12,4 milhões de anos. O novo estudo questiona a relação entre o clima antigo e a evolução do tamanho das cobras, mostrando a resiliência das anacondas.


Pesquisa Revela Estabilidade Milenar no Tamanho das Sucuris

Um novo estudo publicado no Jornal de Paleontologia de Vertebrados trouxe uma descoberta que desafia expectativas sobre a evolução dos répteis gigantes: o tamanho médio do corpo das sucuris gigantes tem permanecido praticamente inalterado desde que as cobras apareceram no registro fóssil, há aproximadamente 12,4 milhões de anos, durante o Mioceno Médio.

Esta conclusão surpreendeu os pesquisadores, que esperavam que as sucuris antigas fossem ainda maiores, seguindo a tendência de outras espécies da época. Segundo o estudo, enquanto outros animais, como crocodilos e tartarugas gigantes, foram extintos, em parte devido ao resfriamento global e à diminuição de habitats, as sucuris demonstraram uma notável “super-resiliência” ao longo do tempo geológico.

Análise Fóssil e Expectativas do Tamanho Antigo

As sucuris (anacondas) são um grupo de cobras constritoras que inclui a espécie de serpente mais pesada do mundo atualmente. As sucuris modernas chegam a medir, em média, de 4 a 5 metros de comprimento, podendo as maiores atingir até 7 metros. A incerteza científica residia em saber se, durante o Mioceno, as sucuris eram significativamente maiores ou se o seu tamanho colossal já havia sido alcançado e mantido.

Para determinar o tamanho das cobras antigas, a equipe de pesquisa, incluindo o coautor Andrés Alfonso-Rojas, paleontólogo de vertebrados da Universidade de Cambridge, empregou métodos rigorosos:

  • Medição de Fósseis: Foram analisadas 183 vértebras fossilizadas de sucuris, provenientes de pelo menos 32 cobras individuais, coletadas na Venezuela.

  • Reconstrução do Estado Ancestral: Os cientistas utilizaram essa técnica para prever o comprimento corporal das sucuris antigas, baseando-se nas características de espécies de cobras relacionadas.

Os cálculos indicaram que as sucuris tinham um comprimento médio de cerca de 5,2 metros quando surgiram no Mioceno, há 12 milhões de anos. Este resultado é consistentemente próximo ao tamanho médio das sucuris modernas, refutando a expectativa inicial de que espécimes de 7 a 8 metros seriam encontrados, especialmente considerando as temperaturas globais mais elevadas daquele período.

Fatores de Manutenção do Gigantismo

O período do Mioceno Médio e Superior (cerca de 12,4 milhões a 5,3 milhões de anos atrás) foi marcado por temperaturas elevadas, vastas zonas úmidas e grande disponibilidade de alimentos. Essas condições permitiram que muitas espécies atingissem tamanhos muito superiores aos seus descendentes atuais, um fenômeno conhecido como gigantismo. No entanto, as sucuris parecem ter mantido sua dimensão gigante sem diminuir, mesmo após o arrefecimento global e a redução de seus habitats.

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A pesquisa aponta que o clima e a variação de habitat podem não ter sido os fatores primários que mantiveram as cobras grandes nos milênios seguintes. Outras possibilidades consideradas:

  • Disponibilidade de Alimentos: Embora a falta de competição alimentar possa ter ajudado as sucuris a crescerem inicialmente, o seu tamanho não diminuiu mesmo com a chegada de outros predadores na América do Sul durante o Plioceno e o Pleistoceno, sugerindo que a disponibilidade de presas não foi o fator determinante para a manutenção do gigantismo das sucuris.

  • Adaptação e Resiliência: A estabilidade do tamanho corporal pode indicar que a sucuri atingiu um tamanho ótimo logo no início de sua história evolutiva, conferindo-lhe vantagens ecológicas que garantiram sua sobrevivência sem a necessidade de alterações morfológicas significativas para se adaptar às mudanças ambientais posteriores.

Ainda é necessário maior investigação para compreender plenamente por que as sucuris, diferentemente de outros gigantes antigos, conseguiram manter seu tamanho colossal através de milhões de anos de mudanças climáticas e ecológicas.


Com Informações de: Live Science

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