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Tecnologia

Condomínios verticais estão preparados para os carregadores de veículos elétricos?

Publicado

em

Por Ayrton Barros

O crescimento da frota de veículos elétricos no Brasil é exponencial. Com isso, surge uma preocupação cada vez mais relevante: como a infraestrutura, especialmente a residencial, irá acompanhar essa tendência? A instalação de pontos de recarga já é pauta em espaços públicos e comércios, mas precisa, com urgência, ser considerada também em residências — especialmente nos condomínios verticais, que são predominantes em algumas grandes cidades.

Segundo a Data Zap, mais de 80% dos novos imóveis construídos em São Paulo desde os anos 2000 são apartamentos. E, ainda de acordo com o levantamento, 94% das pessoas que vivem nos principais bairros do centro expandido de SP moram em apartamentos. Ou seja, se a frota elétrica continuar crescendo, será inevitável que prédios residenciais passem a oferecer recarga como diferencial — ou como necessidade básica.

No entanto, esse cenário envolve mais do que simplesmente instalar carregadores. A facilidade de acesso à recarga depende de fatores como: o perfil dos moradores (proprietários ou inquilinos), a idade do edifício, a capacidade elétrica do prédio e o modelo de gestão condominial.

Nos países desenvolvidos, como Estados Unidos e Europa, o avanço dos carros elétricos se deu inicialmente entre moradores de casas, com maior renda e autonomia para adaptar suas residências. Nesses países, um estudo da ZEV Alliance relatou que apenas 28% dos proprietários e 10% dos inquilinos em apartamentos possuem as condições necessárias para ter acesso a carregadores em suas residências.

Prédios novos: o futuro já é presente

Nos edifícios mais modernos, a questão tende a ser menos crítica. Projetos mais recentes já incluem, no mínimo, infraestrutura prevista para a instalação de carregadores em cada vaga. Ainda que a instalação não ocorra de imediato, o preparo elétrico e estrutural já facilita a adoção futura.

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Além disso, esses prédios costumam ser construídos com um dimensionamento elétrico mais robusto — pensando em usos simultâneos de equipamentos como ar-condicionado, forno elétrico, chuveiro potente e outros. Isso permite que soluções como o controle de demanda sejam utilizadas com eficiência. Por exemplo, mesmo que apenas 10 carregadores possam funcionar ao mesmo tempo, é possível instalar 20 — pois raramente todos serão usados simultaneamente. A potência se distribui entre os dispositivos, garantindo eficiência sem sobrecarga.

Edifícios mais antigos: uma adaptação viável

Prédios com menos de 20 anos, mesmo que não tenham nascido com infraestrutura específica para recarga, já contam com padrões elétricos mais modernos. Neles, adaptações são viáveis e, geralmente, menos custosas. A instalação de carregadores pode ser feita com pequenas intervenções, e o uso compartilhado ou escalonado também é uma solução inteligente nesses casos.

É fundamental entender o conceito de fator de demanda — que considera o uso real de energia em picos e não a soma de todas as potências instaladas. Isso permite que a infraestrutura existente atenda a mais carregadores do que inicialmente se imagina.

Prédios antigos: o grande desafio

A maior dificuldade está nos edifícios mais antigos, construídos entre as décadas de 1950 e 1960. Nessas construções, o padrão elétrico é defasado: dutos de fiação (conduítes) estreitos, quadros de distribuição obsoletos e ausência de reserva de carga dificultam — e encarecem — qualquer tipo de modernização. Em alguns casos, a reforma para adaptação pode custar o preço do apartamento, exigindo quebra de paredes, substituição de toda a fiação e aumento do padrão de entrada de energia.

Para esses casos, soluções coletivas podem ser mais viáveis, como a instalação de carregadores compartilhados em vagas rotativas. Ainda que mais limitadas, essas alternativas representam um avanço possível diante das restrições estruturais.

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O papel dos inquilinos e da gestão condominial

Outro obstáculo frequente está relacionado aos inquilinos. Por não serem proprietários, enfrentam mais resistência para fazer investimentos, mesmo que arcando com os custos. Pesquisas internacionais mostram que apenas entre 9% e 19% dos inquilinos em países desenvolvidos conseguem autorização para instalar carregadores. No Brasil, essa realidade é similar.

Aqui entra o papel estratégico dos síndicos. Eles podem liderar soluções, como:

  • Instalar medidores individuais e repassar o custo de energia ao condômino;
  • Criar modelos de cobrança embutidos na taxa condominial;
  • Usar soluções de software para cobrar diretamente do usuário;
  • Autorizar a instalação por parte do proprietário, permitindo a valorização do imóvel e possível aumento de aluguel em troca da facilidade.

Carregadores podem se tornar ativos valorizadores do imóvel, tanto em termos de venda quanto de aluguel. Ter infraestrutura de recarga pode ser um diferencial competitivo em um mercado cada vez mais atento à mobilidade sustentável.

A infraestrutura das cidades ainda é o maior gargalo

Apesar dos desafios nos condomínios, o principal entrave à expansão dos carros elétricos ainda está na infraestrutura urbana. Cidades como Curitiba já oferecem boa cobertura de pontos de recarga, mas outras, como São Paulo — que lidera a venda de elétricos — ainda sofrem com escassez de locais adequados para instalação.

Nesse sentido, o estímulo a modelos de financiamento para instalação de carregadores em estabelecimentos comerciais pode impulsionar o crescimento da rede pública e, ao mesmo tempo, gerar novas fontes de renda.

Conclusão

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A eletrificação da frota é um caminho sem volta — e os condomínios precisam estar preparados. Os edifícios novos já estão prontos, os mais recentes podem se adaptar com investimentos razoáveis, e até mesmo os mais antigos possuem soluções viáveis, ainda que mais custosas. A chave está no planejamento, no diálogo entre condôminos, síndicos e investidores, e na adoção de modelos de uso inteligente e escalável.


Ayrton Barros é Diretor Geral da NeoCharge, empresa referência em soluções para recarga de veículos elétricos.

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2 Comentários

1 comentário

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    03/09/2025 em 13:57

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Brasil

Relatório da Abin alerta que interferência externa é elemento estrutural na geopolítica e risco ampliado para o Brasil em 2026

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O relatório “Desafios de Inteligência – 2026”, da Abin, descreve um cenário onde a interferência externa deixou de ser excepcional e passou a ser um elemento estrutural da disputa geopolítica, operando de forma contínua em múltiplos eixos: ambiente digital, eleições de 2026, cadeias econômicas e disputa por recursos estratégicos na Amazônia. A agência alerta que a dependência brasileira de big techs e infraestruturas digitais estrangeiras compromete a soberania informacional e cria vulnerabilidades capazes de afetar as decisões internas do país.

O relatório “Desafios de Inteligência – 2026” da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sustenta que atores transnacionais, empresas de tecnologia e Estados estão moldando processos políticos e econômicos brasileiros sem a necessidade de ações clássicas de ingerência, usando algoritmos, pressão econômica e disputa narrativa.


Risco Ampliado nas Eleições de 2026 e Soberania Digital 🗳️

A Abin alerta que a possibilidade de interferência externa no processo eleitoral brasileiro é um fator de risco que não pode ser subestimado.

  • Vulnerabilidade Digital: A centralização de dados sensíveis em infraestrutura privada estrangeira sujeita o Brasil a legislações de outros países, criando um risco estratégico. A agência afirma que a assimetria entre Estados e plataformas digitais condiciona decisões públicas a critérios comerciais alheios ao interesse nacional.

  • Guerra Cognitiva e IA: O documento alerta para a guerra cognitiva (uso de desinformação e algoritmos para dividir sociedades) e para o uso de Inteligência Artificial (IA), que reduz as barreiras para a criação de conteúdos falsificados com alto grau de verossimilhança.

  • Risco Eleitoral: A combinação de ambientes digitais não regulados, plataformas transnacionais e IA cria condições inéditas para manipulação de percepção pública em larga escala, potencializando os riscos de instabilidade nas eleições de 2026.

Amazônia e Pressões Geopolíticas 🏞️

O relatório dedica atenção à Amazônia como alvo estratégico de influências externas, onde o discurso ambiental é frequentemente instrumentalizado.

  • Contestação e Governança: A crescente internacionalização do discurso ambiental abre brechas para a contestação de políticas domésticas e para tentativas de impor padrões externos de governança sobre o território brasileiro.

  • Influência Disfarçada: A presença de organizações transnacionais em áreas sensíveis e a baixa capacidade estatal criam oportunidades para operações de influência que se apresentam como cooperação ambiental, mas carregam objetivos geopolíticos mais amplos, explorando pressões ambientais para justificar interferências indiretas.

Vulnerabilidade Econômica e Dependência Tecnológica 💲

A Abin reforça que a disputa econômica global é um instrumento relevante de interferência, onde sanções, tarifas e restrições comerciais assumem o papel de pressão política.

  • Exposição Brasileira: O Brasil, por ser altamente dependente de importações tecnológicas e exportações de commodities, torna-se vulnerável a retaliações que visam influenciar decisões políticas internas.

  • Risco nas Cadeias: A capacidade de uma potência estrangeira de interromper cadeias críticas (como semicondutores e fertilizantes) pode produzir efeitos socioeconômicos imediatos, impactando a estabilidade política interna.

A Abin conclui que a interferência externa não é mais episódica e o Brasil deve reforçar mecanismos de defesa cibernética, proteger o processo eleitoral e reduzir as dependências tecnológicas e econômicas para proteger sua soberania.


Com informações: ICL Notícias

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Mundo

Inteligência Artificial: Mistral Lança Novos Modelos e Acelera Competição Global na Europa

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🚀 Startup francesa de IA revela modelos multimodais de código aberto e compactos, o Mistral 3. A empresa, avaliada em quase 12 bilhões de euros, busca acompanhar gigantes globais, impulsionar o mercado europeu e oferecer soluções de inteligência distribuída e baixo custo.

Mistral Reforça Presença Europeia com Lançamento de Modelos de IA

A startup francesa Mistral, especializada em inteligência artificial (IA), anunciou o lançamento de um novo conjunto de modelos de IA, fortalecendo sua posição no mercado europeu e intensificando a competição com empresas globais como Google, OpenAI e DeepSeek. O objetivo da empresa é expandir suas aplicações comerciais e tecnológicas, consolidando-se como uma das startups mais promissoras da Europa, com uma avaliação que se aproxima de 12 bilhões de euros (cerca de R$ 69,5 bilhões, conforme conversão citada).

O anúncio ocorre após a Mistral fechar um acordo estratégico com o banco HSBC, demonstrando a aplicação prática de suas tecnologias no setor financeiro.

Modelos de IA: Robustez e Compactação para Diversas Aplicações

A Mistral apresentou duas categorias principais de modelos, visando atender a um amplo espectro de necessidades tecnológicas:

Modelo Grande Multimodal

A startup revelou o que descreveu como o “melhor modelo multimodal e multilíngue de código aberto do mundo”. Este modelo robusto é indicado para demandas de alto desempenho e complexidade, incluindo:

  • Assistentes de IA avançados.

  • Sistemas de recuperação aumentada.

  • Pesquisas científicas e complexas.

  • Fluxos de trabalho corporativos de grande escala.

Modelo Compacto – O Mistral 3

Em contraponto aos modelos de grande escala, a Mistral lançou o Mistral 3, um modelo pequeno projetado para ser executado diretamente em dispositivos de borda (edge devices). Essa característica permite a implantação da IA em uma vasta gama de equipamentos, como:

  • Drones e veículos autônomos (carros).

  • Robôs.

  • Laptops e smartphones.

A empresa destaca que os modelos pequenos oferecem vantagens significativas para a maioria das aplicações do mundo real, defendendo que a próxima geração de IA será mais inteligente, rápida e aberta.

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  • Vantagens Operacionais: Os modelos compactos proporcionam menor custo de inferência e latência reduzida.

  • Desempenho Segmentado: Permitem desempenho específico e otimizado para tarefas e fluxos de trabalho definidos.

  • Implantação Acessível: Podem ser implantados em uma única GPU, agilizando as operações e ampliando a disponibilidade da IA para cenários desconectados ou locais.

Capital Bilionário e Expansão Estratégica

Fundada em 2023, a Mistral consolidou seu crescimento por meio de aportes financeiros significativos. A startup arrecadou 1,7 bilhão de euros (aproximadamente R$ 9,8 bilhões) em sua rodada de financiamento mais recente, que contou com a participação de investidores importantes como a fabricante de chips holandesa ASML e a Nvidia. Esse investimento impulsionou a avaliação da empresa para 11,7 bilhões de euros.

O CEO da Mistral afirmou que o investimento reforça a capacidade da empresa de agregar valor à indústria de semicondutores e consolidar suas operações comerciais. A startup já firmou contratos de centenas de milhões de dólares, incluindo o acordo com o HSBC, que utilizará os modelos da Mistral em tarefas como análises financeiras e traduções.

A estratégia da Mistral envolve, ainda, a avaliação de potenciais fusões e aquisições (M&A) como forma de acelerar seu crescimento e fortalecer sua posição na Europa, em um momento em que concorrentes dos Estados Unidos, como OpenAI e Anthropic, também expandem suas operações no continente. A Mistral aposta em uma era de inteligência distribuída, combinando modelos robustos e compactos para garantir competitividade global e provar a força da inovação europeia em IA.


Com Informações de: Olhar Digital

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Brasil

Evento Conecta PretaLab promove inclusão de mulheres negras no debate e uso prático da inteligência artificial

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O evento Conecta PretaLab, do Olabi, com abertura nesta terça-feira (2) no Sesc Pompeia, em São Paulo, oferecerá oficinas práticas e rodas de conversa para ensinar mulheres negras a usar a inteligência artificial (IA) no cotidiano, trabalho e estudos. O objetivo é promover o acesso, a autonomia e a participação dessas mulheres nas decisões sobre o futuro da IA, combatendo a desigualdade no acesso à tecnologia, que, segundo a codiretora do Olabi, Silvana Bahia, tende a excluir grupos historicamente marginalizados. A abertura contará com a mesa “Inteligência artificial e justiça social“, com a participação de Jurema Werneck (Anistia Internacional Brasil) e Mayara Ferrão.

O evento Conecta PretaLab, uma iniciativa do Olabi, será realizado no Sesc Pompeia, em São Paulo, com o objetivo de democratizar o acesso e o conhecimento sobre Inteligência Artificial (IA) para mulheres negras.


Inclusão e Autonomia na IA 💡

O projeto parte da premissa de que mulheres negras precisam estar no centro da conversa sobre inteligência artificial, não apenas como usuárias, mas como criadoras e participantes das decisões sobre o futuro da tecnologia.

  • Desigualdade de Acesso: A codiretora do Olabi, Silvana Bahia, destacou que o acesso real à IA é desigual, concentrando-se em pessoas com familiaridade digital, boa conexão e condições materiais, deixando mulheres negras, pessoas periféricas e grupos historicamente excluídos para trás.

  • Reprodução de Desigualdades: Silvana ressaltou que a IA, sendo construída a partir de dados e prioridades definidas por grupos restritos, tende a reproduzir as mesmas desigualdades que já marcam o país, e a ausência dessas mulheres na construção das tecnologias resulta em impactos negativos ainda mais intensos sobre elas.

Programação e Oficinas Práticas 💻

O evento oferece oficinas práticas, rodas de conversa e debates para facilitar o primeiro contato com essas ferramentas.

  • Abertura: A abertura do Conecta, na terça-feira (2), às 19h, terá a mesa “Inteligência artificial e justiça social“, com a participação de Jurema Werneck (diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil), Mayara Ferrão (artista visual) e Silvana Bahia (Olabi).

  • Temas das Oficinas: Nos dias 6 e 7 de dezembro, as facilitadoras, muitas delas formadas pelo próprio PretaLab, apresentarão ferramentas de IA que auxiliam a montar currículos, organizar planilhas, revisar textos, criar artes para pequenos negócios, estudar para provas e planejar finanças, de forma simples e acessível.


Com informações: Agência Brasil

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