Conecte-se conosco

Ciência

Dá para recuperar nervos danificados? Pesquisa no Brasil testa proteína que pode revolucionar tratamentos

Publicado

em

Estudos da USP e UFRJ investigam a proteína CDNF, capaz de proteger e regenerar nervos periféricos. Descoberta pode transformar o tratamento de doenças como diabetes, hanseníase, síndrome do Túnel do Carpo e Parkinson

Milhões de pessoas no mundo sofrem com danos nos nervos periféricos, causados por traumas, doenças como diabetes e hanseníase, ou condições como a síndrome do Túnel do Carpo e a síndrome de Guillain-Barré. Esses problemas provocam dores crônicas, formigamento, perda de força e, em muitos casos, incapacidades permanentes — porque, até hoje, a regeneração de nervos danificados era extremamente difícil.

Mas uma nova pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) traz esperança: a proteína CDNF (Fator Neurotrófico Dopamina Cerebral) pode acelerar e potencializar a recuperação dos nervos periféricos.

O que é a proteína CDNF?

Descoberta em 2007 por pesquisadores finlandeses, a CDNF pertence a uma nova família de fatores neurotróficos — moléculas que sustentam a sobrevivência, o desenvolvimento e o funcionamento dos neurônios. Inicialmente estudada por seu potencial no tratamento do Parkinson, a proteína atua especialmente sobre os neurônios produtores de dopamina, essenciais para o controle dos movimentos.

“A dopamina é um neurotransmissor ligado ao prazer, motivação e controle motor. Sua perda é central no Parkinson e em outras doenças neurodegenerativas”, explica a professora Débora Foguel, do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da UFRJ.

CDNF vai além do cérebro

Embora produzida no cérebro, a CDNF também é encontrada em outros órgãos, como o coração, onde estudos já mostraram seu papel na proteção contra infartos. A grande pergunta dos pesquisadores foi: será que ela também pode proteger e regenerar os nervos fora do sistema nervoso central?

Publicidade

A resposta, com base em experimentos da UFRJ, é sim.

“Pela primeira vez, demonstramos que a CDNF ajuda tanto a proteger quanto a regenerar células do sistema nervoso periférico, usando como modelo os gânglios da raiz dorsal”, afirma Débora Foguel.

Um novo mecanismo de ação

Antes, acreditava-se que a regeneração nervosa dependesse principalmente do Fator de Crescimento Nervoso (NGF). Agora, os pesquisadores descobriram que a CDNF atua por um receptor diferente, oferecendo um mecanismo complementar — e, em alguns casos, mais eficaz.

Ainda mais promissor: quando CDNF e NGF são usados juntos, o efeito sobre a recuperação dos neurônios é ainda mais potente.

Futuro dos tratamentos neurológicos

Essa descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novas terapias para doenças que afetam os nervos periféricos, como:

  • Neuropatia diabética;
  • Complicações da hanseníase;
  • Lesões por compressão nervosa;
  • Doenças autoimunes do sistema nervoso.

“O CDNF tem grande potencial para proteger e regenerar células nervosas. Pode ser uma chave para tratamentos que antes pareciam impossíveis”, destaca Foguel.

Próximos passos

Publicidade

Os estudos seguem em fase pré-clínica, mas os resultados iniciais animam a comunidade científica. O próximo passo é testar a segurança e eficácia da proteína em modelos animais mais complexos, com vistas a futuros ensaios clínicos em humanos.


Com informações: The Conversation e pesquisas da UFRJ/USP / Olhar Digital

Publicidade

Em alta

Copyright © 2021-2025 | Fato Novo - Seu portal de notícias e informações imparciais.