Em relação às áreas verdes urbanas em geral, como praças arborizadas e parques urbanos, o número de pessoas que afirma frequentá-las é maior: 74% dos entrevistados visita essas áreas com alguma frequência (de pelo menos uma vez ao ano, caso de 1% das pessoas, até os que visitam todos os dias, caso de 7%), contra 26% que nunca as visitam. No recorte por renda, porém, a desigualdade segue presente – 71% das pessoas com renda até 2 salários mínimos visitam essas áreas verdes, contra 91% das pessoas com renda acima de 10 salários mínimos.
No recorte regional, a pesquisa mostra que a região Nordeste é a com menor número de frequentadores, tanto de parques urbanos (65% dos entrevistados na região), quanto de parques nacionais (37%). Já o Sul é a região com maior percentual de visitantes de parques urbanos (80%), enquanto o Sudeste é a que tem mais visitantes de parques nacionais (46%).
O hábito de visitar áreas verdes é mais comum nas cidades com mais de 500 mil habitantes, onde 80% dos entrevistados dizem frequentar essas áreas, enquanto o número cai para 69% nas cidades de até 50 mil habitantes. No recorte por gênero, as visitas são mais comuns entre homens (77%) do que entre mulheres (72%).
Para Diego Igawa Martinez, coordenador de projetos da SOS Mata Atlântica, os números mostram que, além do aumento no número de parques, também é necessário que eles não fiquem concentrados apenas nas áreas mais ricas e valorizadas das cidades. “Esses percentuais são uma evidência da importância das áreas verdes para a população urbana e da necessidade de ampliar seu acesso, especialmente nas periferias”, afirmou o biólogo. Ele destaca ainda a necessidade de equipamentos de lazer e cultura nessas áreas.
“Esses espaços podem tanto ampliar a qualidade de vida das pessoas como ajudar no combate às mudanças climáticas, reduzindo ilhas de calor e melhorando a qualidade do ar. São fundamentais para cidades mais sustentáveis e saudáveis”, frisou Diego. “E é algo que precisa ser uma prioridade, especialmente neste momento de mudança de gestão municipal”, completou.
Para Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, os municípios, especialmente, têm um papel central na preservação ambiental e no enfrentamento das mudanças climáticas, pois possuem a competência constitucional de definir o uso do solo e criar áreas verdes.
“Prefeituras e câmaras municipais podem promover cidades mais resilientes por meio da recuperação de rios, prevenção de ocupações irregulares e criação de espaços de lazer e preservação. Ao adotar políticas que priorizam a sustentabilidade, os municípios contribuem diretamente para a melhoria da qualidade de vida da população e ajudam o Brasil a alcançar suas metas climáticas, o que se alinha às discussões globais, como as da COP 16”, analisou.
Maioria vê ações insuficientes ou inexistentes contra a crise climática nas esferas municipal, estadual e federal
A pesquisa também mediu a avaliação das pessoas sobre as políticas públicas dos governos municipais, estaduais e federal em relação às mudanças climáticas. O governo federal é o único ente federativo onde a maior parte das pessoas (54%) diz ver algum tipo de ação sobre o tema.
Entre essas pessoas, 7% diz que o governo do presidente Lula está fazendo mais do que deveria; 22% diz que faz o que deveria; e 25% diz que faz menos do que deveria. 39% diz que o governo federal não está fazendo nada, e 7% não opinou. 64% dos entrevistados, portanto, gostariam de ver mais ações federais contra as mudanças climáticas.
No nível estadual, 49% diz que o governo de seu estado está fazendo algo em relação à crise climática – mais do que deveria para 6%, exatamente o que deveria para 20% e menos do que deveria para 21%. 40% disse que o governo estadual não está fazendo nada, e 11% não opinou.
Já os governos municipais são os piores avaliados – o único ente federativo sobre o qual há mais pessoas que afirmam que seus governos não fazem nada (46%) do que pessoas que dizem que seus governos fazem alguma coisa (44%). Entre esse último grupo, 6% diz que o governo faz mais do que deveria, 20% diz que o governo faz o que deveria, e 18% diz que o governo faz menos do que deveria. 10% dos entrevistados não opinaram.
O recorte por idade mostra, por sua vez, que os mais jovens são os mais insatisfeitos com as ações dos governos em relação à crise climática, enquanto os mais velhos são os mais satisfeitos. 59% dos entrevistados com 60 anos ou mais avaliam que o governo federal está fazendo algo, contra 47% dos entrevistados entre 16 e 24 anos; 52% dos mais velhos acreditam que o governo estadual está fazendo algo, contra 42% dos mais jovens; e 49% dos mais velhos acreditam que o governo municipal está fazendo algo, contra apenas 37% dos mais jovens.