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Educação

Do DF para o mundo: Centros de línguas são atalhos para vida acadêmica e profissional

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Quadradinho reúne 17 unidades educacionais que promovem o ensino gratuito de cinco línguas estrangeiras e já foram tema de tese de doutorado

Ferramenta de transformação social e impulsionador de sonhos. É assim que a estudante Célia Vitória Alves, 18 anos, define a importância dos Centros Interescolares de Línguas (CILs) do Distrito Federal. A jovem concluiu o curso de inglês no CIL Paranoá e, graças ao conhecimento obtido na unidade, foi selecionada para participar do Programa Jovens Embaixadores 2023. A experiência nos Estados Unidos desencadeou novos objetivos para a brasiliense, como o de se tornar diplomata, e a motivou a cursar Língua Francesa no CIL e Literatura na Universidade de Brasília (UnB).


“Cheguei no CIL sem saber nada, nem mesmo me apresentar em inglês, e terminei o curso dominando o idioma e tendo a oportunidade de participar desse programa, que mudou a minha vida. Os professores nos ajudam em tudo – dois deles, inclusive, foram essenciais para a minha candidatura”, afirma Célia, que também estuda francês no CIL Paranoá.


Célia Vitória Alves: “Muitos estudantes, assim como eu, não teriam condições de pagar uma escola de idiomas e o CILs, além de serem gratuitos, são nota dez na qualidade do ensino” | Fotos: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília


“Muitos estudantes, assim como eu, não teriam condições de pagar uma escola de idiomas e o CILs, além de serem gratuitos, são nota dez na qualidade do ensino. Hoje sei que existe muita coisa além das fronteiras do Brasil e estou pronta para ir do Paranoá para o mundo.”


A rede de ensino pública do Distrito Federal possui 17 centros interescolares de línguas, dos quais quatro foram inaugurados por este Governo do Distrito Federal (GDF) desde 2019. No primeiro semestre deste ano, mais de 57 mil estudantes foram matriculados nas unidades, ganhando a oportunidade de aprender inglês, espanhol, francês, japonês e alemão com 500 professores proficientes nas línguas. Do total de alunos, cerca de 14 mil são da comunidade.

17 é o número de CILs atualmente no DF.

Inovação

O primeiro espaço de estudo de línguas estrangeiras dedicado à rede pública de ensino do DF foi criado em 14 de janeiro de 1975: o CIL 1 de Brasília. Dez anos depois, surgiu o CIL de Ceilândia, seguido pelo de Taguatinga (1986) e os do Gama e Sobradinho (1987). A partir de 1995, foi criada a segunda unidade de Brasília e a primeira do Guará, Brazlândia, Planaltina, Recanto das Emas, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Samambaia e Santa Maria. Em 2020, o GDF inaugurou as unidades do Riacho Fundo e do Riacho Fundo II, além de ter reformado a de Planaltina, e, em 2021, entregou a de São Sebastião.

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A história do ensino de línguas na capital federal foi tema da tese de doutorado da professora Denise Damasco, em que ela analisa a singularidade das unidades educacionais e a importância para a trajetória dos estudantes. Segundo a pesquisadora, o modelo implementado na capital brasileira era inovador para o restante do país, tendo em vista a complementaridade com o ensino regular. “O centro surgiu com o modelo de tributariedade, em que os estudantes tinham aulas de idiomas apenas nos equipamentos, sem a promoção do conteúdo nas escolas regulares”, explica.

Apesar de o primeiro centro ter sido criado 15 anos após a inauguração da cidade, ela revela que o ímpeto por estudar idiomas sempre esteve presente em Brasília. “Observamos que a história de Brasília é marcada pela necessidade do conhecimento de outras línguas. Antes mesmo de a capital ser inaugurada, em 1959, já havia a pedra fundamental da língua francesa, na Asa Sul. Depois, vieram as associações diplomáticas, em 1970, que insistiam para que aqui tivesse o ensino de línguas”, salienta.

Denise Damaceno: “a história de Brasília é marcada pela necessidade do conhecimento de outras línguas. Antes mesmo de a capital ser inaugurada, em 1959, já havia a pedra fundamental da língua francesa, na Asa Sul” | Foto: Arquivo pessoal

Denise foi estudante de inglês e francês no CIL 1 de Brasília até o final da década de 1970 e, em 1990, retornou para atuar como docente. Em 2002, assumiu a direção da unidade, permanecendo na função por quatro anos. Atualmente, é docente de francês na UnB. Durante a trajetória, ela presenciou o poder de mudança do ensino gratuito de idiomas, que permite que os estudantes sonhem com caminhos e possibilidades até então desconhecidas.


“Os centros de línguas são instituições de muita qualidade, muita troca. São espaços com menos estudantes por sala, permitindo que o professor possa focar no aprendizado de cada aluno, trabalhando questões particulares”, aponta. “Os estudantes chegam, às vezes, sem entender a dimensão do que o estudo de línguas pode representar. Muitos são os primeiros da família a ter acesso a uma língua estrangeira.”


A tributariedade deixou de vigorar na década de 2010. De acordo com a Secretaria de Educação (SEEDF), a retomada do modelo está sendo estudada por meio de um projeto piloto em duas escolas com ensino integral no Plano Piloto – o Centro de Ensino Fundamental Caseb e o Centro de Ensino Fundamental 2 – junto ao CIL 1 de Brasília.

A excelência dos CILs do DF é reconhecida nacionalmente

A diretora de Educação em Tempo Integral da SEE, Érica Soares Martins Queiroz, explica que o DF foi a primeira unidade da Federação a criar unidades educacionais voltadas ao ensino público de línguas. “Os nossos CILs são premiados anualmente pelas embaixadas e promovem um ensino de qualidade para os nossos alunos, que podem estudar mais do que só gramática e escrita, com foco na proficiência e valorizam o aspecto cultural do ensino.”

Os equipamentos são coordenados pela Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin) da Secretaria de Educação. “Os centros de línguas têm autonomia dentro da gestão democrática para proporem projetos pedagógicos que beneficiem o aprendizado e o aperfeiçoamento dos alunos, orientados por diretrizes da secretaria”, esclarece Queiroz.

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Conquistas

Recentemente, o CIL de Samambaia recebeu um prêmio do governo da Espanha pelas boas práticas desenvolvidas com o ensino do espanhol, conquistando o segundo lugar da categoria Centros de Línguas na edição de 2023 do concurso Colegio del Año en Español.

Já o CIL do Guará desenvolve um projeto para ensinar português para pessoas de outras nacionalidades que moram no DF e desejam aprender o idioma. O conteúdo envolve língua, cultura e cidadania, respeitando as crenças e os hábitos de cada estudante e trabalhando temas como direitos humanos e o Sistema Único de Saúde (SUS). O curso é no formato híbrido, com aulas online e presencial, e deve ser replicado em outras unidades.

Participe

As inscrições para os Centros Interescolares de Línguas são realizadas no primeiro e no segundo semestres de cada ano e todo o processo é feito online, com sorteio dos inscritos. Os alunos da rede pública do DF têm prioridade nas vagas, mas as remanescentes são abertas à comunidade. Os períodos de inscrição e prazos de matrícula são divulgados no site da Secretaria de Educação.

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Fato Novo com informações e imagens: Agência CLDF

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Biografia

Trajetória de professora inspira filme ao transformar vidas na rede pública do DF

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História de Gina Vieira, criadora do projeto Mulheres Inspiradoras, vai estrear nas telas do cinema brasileiro destacando o impacto da educação humanizada

A educação encontrou na professora Gina Vieira Ponte uma aliada que transcende as barreiras da sala de aula. Nascida em Ceilândia, filha de pais trabalhadores e com uma trajetória marcada por adversidades, Gina decidiu, ainda jovem, que faria das escolas públicas do Distrito Federal um espaço de transformação. Inspirada por sua mãe, dona Djanira, que sempre lhe ensinou a importância de ser independente, e por uma professora que mudou sua perspectiva de vida, Gina trilhou um caminho que hoje inspira estudantes, colegas e até o cinema nacional.

Foi em 2014, no Centro Ensino Fundamental (CEF) 12 de Ceilândia, que Gina deu vida ao projeto Mulheres Inspiradoras, uma iniciativa que começou com a inquietação de uma professora preocupada com a falta de engajamento dos jovens com a escola e o aprendizado. Em um mundo onde os exemplos femininos muitas vezes reforçam estereótipos, Gina propôs algo diferente: apresentar histórias de mulheres que romperam barreiras e construir, junto aos alunos, narrativas de superação e empoderamento.

“Eu criei o projeto porque estava cansada de ver meninas abandonarem a escola diante de tantas dificuldades. Queria que elas pudessem enxergar o aprendizado como uma possibilidade para superarem as circunstâncias e dificuldades que viviam naquele momento”, compartilha a professora.

Uma jornada de superação e aprendizado

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“Tenho muito orgulho em ver professores na nossa rede pública de ensino, meus colegas, como a professora Gina Vieira, se tornarem referências e história de filmes. Isso evidencia a alta qualificação dos profissionais que temos dentro das nossas escolas, capazes de potencializar o desempenho dos nossos estudantes”

Hélvia Paranaguá, secretária de Educação

Ainda no início, o projeto enfrentou resistência — muitos alunos não acreditavam na própria capacidade de escrever. “Era um momento desafiador, mas também visceral para mim. A prática pedagógica tinha que ser diferente para que fizesse sentido para eles”, explica Gina.

O projeto envolveu desde a leitura de obras de grandes escritoras até a produção de biografias de mulheres inspiradoras, tanto figuras públicas quanto heroínas anônimas do dia a dia dos estudantes. A iniciativa, que começou com cinco turmas de adolescentes, logo se expandiu, alcançando a marca de 50 escolas e sendo reconhecida nacional e internacionalmente.

“Foi uma experiência muito produtiva do ponto de vista da aprendizagem. É um projeto fruto de muito estudo e pesquisa. É impossível trabalhar em escola pública de periferia sem lidar com situações de violação de direitos, e a minha prática pedagógica não poderia ser indiferente a isso. Ao todo, foram 20 prêmios nacionais e internacionais que reconhecem o sucesso do projeto”, revela.

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“O projeto Mulheres Inspiradoras, criado pela professora Gina auxilia na construção de uma cultura que promove valores e atitudes que garantem o respeito aos direitos das mulheres em todos os âmbitos da sociedade”, destaca a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá.

Impacto além dos muros da escola

O vice-diretor do CEF 12 de Ceilândia à época do projeto, Rosevaldo Queiroz, testemunhou o bom desempenho dos alunos após a implementação da iniciativa. “O projeto mudou mentalidades, especialmente ao mostrar que as mulheres inspiradoras estavam não apenas nos livros, mas ao lado deles, nas suas famílias. Era algo revolucionário para uma escola que enfrentava desafios entre os alunos.”

Prova do sucesso do projeto, os resultados logo começaram a aparecer. Em 2015, o índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) da escola alcançou a meta projetada para 2021, segundo o então vice-diretor.

Uma história que chega ao cinema

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Em breve, a história de Gina e de seu projeto será representada nas telas dos cinemas brasileiros. Ainda em fase de gravação, o longa-metragem, dirigido pelo cineasta brasiliense Cristiano Vieira, é uma obra ficcional com base em experiências narradas pela professora. “Começamos na produtora com o objetivo de contar histórias de Brasília. Eu soube da Gina e fiquei impactado com o projeto dela”, conta o diretor.

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Distrito Federal

Publicado o calendário escolar da rede pública do Distrito Federal para 2025

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As aulas terão início em 10 de fevereiro, com previsão de encerramento no dia 18 de dezembro; unidades do Centro Interescolar de Línguas (CIL), Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Educação Profissional e Tecnológica também tiveram cronograma definido

A Secretaria de Educação (SEEDF) já finalizou o calendário escolar para o ano de 2025. As informações estão disponíveis no site oficial da pasta, facilitando o planejamento de estudantes, famílias e servidores da educação para o novo ano letivo.

As aulas da rede pública de ensino do DF terão início em 10 de fevereiro de 2025, com o encerramento do ano letivo programado para 18 de dezembro. O cronograma respeita a exigência de 200 dias letivos obrigatórios, assegurando uma base sólida para o desenvolvimento educacional ao longo do ano.

“Com a publicação do calendário escolar de 2025, a Secretaria de Educação reforça o compromisso com o planejamento e a organização, proporcionando à comunidade educacional uma estrutura clara para mais um ano de aprendizado e desenvolvimento de qualidade”, afirmou a subsecretária de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação da SEEDF, Francis Ferreira.

Parceiras

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Instituições educacionais parceiras (IEPs), como as creches conveniadas, também seguirão o mesmo calendário, iniciando as atividades em 10 de fevereiro. Um ponto essencial do planejamento escolar é a semana pedagógica, programada para o período entre 5 e 7 de fevereiro, quando educadores estarão reunidos para alinhar estratégias e definir as metas pedagógicas do ano.

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Distrito Federal

Colégio público em Brazlândia se destaca por adaptar aulas à realidade dos alunos

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Escola Parque da Natureza recebe estudantes de nove unidades de ensino da região — a maior parte, da zona rural — e aposta na educação ecológica e na valorização do território

“Educação é uma troca.” A frase de uma professora resume o espírito da Escola Parque da Natureza, em Brazlândia. Embora estejam lá para aprender, as crianças têm as próprias vivências, que merecem ser respeitadas e valorizadas.


“A Escola Parque da Natureza de Brazlândia é diferente, porque a gente considera que ela tem alma. Ela não é uma escola que nasceu do acaso, ela já nasceu com um propósito. A missão dela é inovar em termos de emancipação humana por meio do desenvolvimento do sentimento de pertencimento ao território”, explica a supervisora da unidade, Edinéia Alves.


De fato, o colégio é bem diferente do padrão. Quase todas as aulas ocorrem em espaços abertos. Em vez das tradicionais português e matemática, as disciplinas — ou estações, como são chamadas — são: jogos cooperativos; arena circense; artes visuais; brasilidades; expressão corporal; jogos teatrais; educação musical; e alfabetização ecológica. “As coisas funcionam de modo interdisciplinar, não tem um limitante. E a educação ambiental é transversal em todas as estações”, aponta o coordenador Hernando Araújo.

Essa forte presença da educação ambiental está ligada à valorização do território. Brazlândia é uma das regiões com maior área e maior produção rural do Distrito Federal. Tanto que, dos 770 estudantes atendidos pela unidade, cerca de 70% vivem no campo — o que faz com que a Escola Parque da Natureza, ainda que esteja em uma área urbana, seja considerada uma escola do campo.

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Assim como nas demais Escolas Parque fora do Plano Piloto, os alunos da educação infantil até o 5º ano do ensino fundamental têm aulas regulares em outras unidades e vão à Escola Parque da Natureza uma vez por semana. Nove colégios são atendidos — sendo sete de áreas rurais —, em dois turnos, às segundas, terças e quintas-feiras.


“Grande parte dos nossos estudantes é do campo, então é uma experiência muito bacana, uma troca muito bacana. E tem esse trabalho de pertencimento, de reconhecimento da nossa história, dos nossos valores. Não é só valorizar o que é de fora, mas daqui de dentro”, resume Dayane de Oliveira, professora da estação de Jogos cooperativos.


Atividades

Ainda na questão da valorização, na escola são desenvolvidas diversas atividades que exaltam as diferentes características físicas dos alunos. Em uma delas, por exemplo, os estudantes usaram terra misturada a tinta para que cada um encontrasse o próprio tom de pele. O resultado ficou marcado nas paredes do colégio e além delas também: um dos objetivos é plantar a semente nas crianças para que a conscientização chegue aos pais.


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