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Mesmo antes de serem introduzidas as novas leis, as autoridades de sua cidade natal, Ecaterimburgo, haviam tomado medidas contra ele.

Francis agachado vestindo camiseta preta, com cabelo loiro curto esegurando as patas de um cachorro grande
Legenda da foto,Autoridades russas tomaram os filhos adotivos de Francis depois que ele decidiu fazer uma mastectomia

“Desde que me lembro, eu sabia que não era uma menina”, diz ele.

Mas em 2017, ele se casou com Jack, deu à luz três crianças e adotou outras duas.

“Eu disse ao meu marido: ‘Talvez eu esteja enganada, mas acho que talvez eu seja trans’.”

Eles concordaram que Francis consultaria um médico.

“Eles disseram: ‘Você é 100% trans.’ Eu me senti muito melhor. Tudo se encaixou… Eu entendi — isso é quem eu sou.”

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Ele iniciou o processo de transição, mas em pouco tempo as autoridades locais intervieram.

Seus dois filhos adotivos foram levados a uma instituição e Francis foi informado de que seus filhos biológicos seriam os próximos.

A família deixou a Rússia e vive na Espanha desde então.

Foto de Francis quando criança, vestido como uma menina, com uma blusa amarela e cabelos em cachos

CRÉDITO,BBC/ARQUIVO FAMILIAR – Legenda da foto,Francis compartilhou fotos suas, tiradas quando ele era mais jovem

Ally, que é uma pessoa não-binária e usa pronomes neutros, deixou a Rússia em 2022, após a invasão da Ucrânia.

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Foi uma decisão política, não relacionada às pressões sobre a comunidade LGBTQIA+, mas essas pressões, mesmo assim, cobraram seu preço.

Quando Ally tinha 14 anos, alguém perguntou: “Você é menina ou menino?”

“Isso me deu uma grande sensação de alegria — eu estava tão feliz que ela não conseguia distinguir pela minha aparência externa.”

Anos depois, Ally disse a uma amiga: “‘Acho que não sou uma menina, mas também não acho que sou um menino’. Ela olhou para mim e disse: ‘Ah, OK. Faz sentido.’”

“E então continuamos tomando sopa. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida.”

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Ally agora mora na Geórgia e no ano passado decidiu fazer uma mastectomia (cirurgia de retirada das mamas). Familiares próximos ainda não sabem.

“Se eu tivesse ido até meus pais e dito: ‘Mãe, pai, sou lésbica’, teria sido mais fácil do que dizer: ‘Mãe, pai, cortei meus seios e quero que vocês me chamem por pronomes neutros’”.

Ally de costas para preservar sua identidade
Legenda da foto,‘Na Rússia, as autoridades não gostam de nós porque somos trans. No exterior, as pessoas não gostam de nós porque somos russos’, diz Ally

Embora Ally tenha tido um diagnóstico médico antes da nova lei russa que proíbe a mudança de gênero e tenha escolhido um novo nome de gênero neutro, não é mais possível alterar passaportes e outros documentos importantes.

Francis enfrenta o mesmo problema. Todos os seus documentos incluem seu nome anterior, o que causa confusão quando ele recebe um documento de identidade ou precisa preencher formulários.

Mas ele diz que a vida na Espanha é boa. Ele encontrou trabalho em uma fábrica têxtil que adora.

Como Ally, Francis reconhece que o clima de intolerância promovido pelas novas leis anti-LGBT na Rússia tornou as relações com sua família mais difíceis.

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“Minha mãe não fala mais comigo”, diz ele. “Ela acha que desonrei nossa família e tem vergonha de olhar nos olhos dos vizinhos. É como se eu fosse uma aberração, um ladrão ou tivesse assassinado alguém.”

E morar no exterior como uma pessoa russa enquanto a guerra na Ucrânia continua adiciona outra camada de complexidade, diz Ally.

“Na Rússia, as autoridades e os setores conservadores da sociedade não gostam de nós porque somos trans. No exterior, as pessoas não gostam de nós porque somos russos.”

Tudo o que a comunidade trans realmente quer, diz Ada, é que “as pessoas possam se vestir como quiserem e não tenham medo de serem espancadas… Eu só quero que as pessoas parem de ter de pensar em como sobreviver.”

Esta reportagem foi traduzida e revisada por nossos jornalistas utilizando o auxílio de IA na tradução, como parte de um projeto piloto.

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