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Sociedade

Geração Bloqueada: Como a IA fecha as portas de entrada do mercado de trabalho para os jovens

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A ascensão da Inteligência Artificial no mundo corporativo está automatizando cargos de nível básico, criando um cenário de “job-pocalypse” para a Geração Z e ameaçando a base da futura mão de obra qualificada

A Inteligência Artificial (IA) está redefinindo as práticas de contratação no mercado global, e o custo dessa transformação tem recaído, principalmente, sobre os profissionais mais jovens. Empresas estão optando por automatizar tarefas de nível básico, o que resulta em menos vagas de entrada e uma barreira crescente para quem busca o primeiro degrau da carreira.

A tendência afeta especialmente áreas como suporte, tecnologia e administração, onde tarefas simples e repetitivas são facilmente replicáveis por algoritmos.

O “Job-pocalypse” para a Geração Z

A revolução da IA atinge a base da pirâmide corporativa: os cargos que tradicionalmente serviam como ponto de partida para a Geração Z estão sendo substituídos por sistemas automatizados, que oferecem rapidez e redução de custos.

  • Cortes de Função: Segundo a British Standards Institution (BSI), 41% dos executivos em sete países afirmam que a IA já permitiu reduzir o número de funcionários, e 39% confirmam que funções de entrada foram cortadas.
  • Queda na Contratação: Nos Estados Unidos, a contratação de jovens entre 22 e 25 anos caiu 16% desde o final de 2022, de acordo com a Universidade Stanford, com impactos notáveis em setores como atendimento e desenvolvimento de software.

O termo “job-pocalypse” sintetiza o impacto dessa mudança, que, embora prometa eficiência, ameaça o acesso à experiência profissional inicial.

Jovens vs. Veteranos: O Dilema da Vivência

Pesquisadores apontam que a vulnerabilidade da Geração Z está no tipo de conhecimento que a IA domina: teoria e padrões de linguagem. Assim como um recém-formado, os sistemas inteligentes conseguem substituir facilmente quem ainda está aprendendo e adquirindo vivência.

Já os profissionais mais experientes estão, por ora, mais protegidos, pois suas decisões e habilidades dependem de repertório, intuição e habilidades interpessoais — aspectos que a IA ainda não consegue replicar.

Contudo, especialistas alertam para a consequência de longo prazo: se os jovens continuarem sem acesso ao mercado, pode ocorrer um apagão de mão de obra qualificada nos próximos anos, comprometendo a renovação de competências.

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Preocupações Sociais e Éticas

O avanço da IA também gera receios sociais. Uma pesquisa da Reuters/Ipsos nos EUA revela que:

  • 71% dos entrevistados temem um cenário de desemprego permanente.
  • 77% temem o uso da IA para manipular informações e criar caos político.
  • 61% estão inquietos com o consumo de energia crescente dos sistemas de IA.

Líderes empresariais, embora vejam na IA uma aliada com benefícios que superam a disrupção (como ganhos de produtividade), são alertados para a necessidade de responsabilidade. A CEO da BSI, Susan Taylor Martin, defende que governos e empresas precisam investir em políticas de requalificação e formação contínua para manter o equilíbrio entre inovação e inclusão.

O dilema da automação é, portanto, geracional: o futuro do trabalho depende de encontrar um equilíbrio entre a eficiência da IA e o investimento na força de trabalho humana.


Com informações: The Guardian / Olhar Digital

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