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Cultura

Grafiteira Mimura Rodriguez explica a importância da arte urbana: ‘uma das mais plurais’

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Bem Viver conversou com a artista que tem mais de 50 obras e criou projeto para incentivar as mulheres no grafite

Com uma galeria online hospedada em Berlim, a artista e grafiteira Mimura Rodriguez já conta com mais de 50 pinturas feitas na carreira. Ela é graduada em cenografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, migrou para o teatro, mas vem exercendo principalmente a função de grafiteira em São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades. Agora, junto com Amanda Pankill, grafiteira com mais de 20 anos de carreira, Mimura criou o projeto Seiva Cultural, que tem o objetivo de promover e impulsionar principalmente mulheres grafiteiras a terem mais espaço e reconhecimento, com oportunidades de remuneração pelo trabalho com grafite.

Segundo Mimura, é muito importante que mulheres se posicionem nesse meio, bastante desafiador. “A gente se colocar, se posicionar como mulheres e como profissionais é muito importante. Eu acho que esse é o caminho, essa é a forma da gente conseguir se fazer ser ouvida, se fazer valorizada. A gente entende que os nossos corpos na rua, independente do que a gente estiver fazendo, já são mais vulneráveis. Estar na rua pintando é bastante desafiador. Eu acho que vale ressaltar também outras questões além de gênero, então, questões sociais, questões raciais, questões regionais também. Acho que a gente estar na rua é sempre um ato de resistência”, diz ela, em entrevista ao Programa Bem Viver.

A artista também destaca a pluralidade da arte urbana. “Teoricamente é o ambiente mais democrático que a gente pode ter, porque tanto pessoas ricas quanto pessoas pobres, pretas, brancas, todo mundo passa pela rua.  Todo mundo pode ser afetado, se afetar com aquela arte que está exposta ali. Então eu acredito que a arte urbana é de fato uma das artes mais plurais e de maior democracia mesmo, que consegue atingir o maior número de pessoas, independente de quem elas sejam ou da realidade de vida delas”, afirma Mimura.

Outro ponto levantado pela artista é a importância de manter o caráter subversivo de artes como o grafite e a pichação. “É muito importante a gente entender esse lugar da subversão, em vários aspectos. Se não existisse esse caráter de resistência, por exemplo, não teríamos mulheres pintando. Mas eu acho que todas as lutas, todas as conquistas sociais que a gente tem passam em algum momento por esse lugar de parecer que estamos fazendo algo errado, quando na verdade a gente está questionando o que é o certo. Assim como o grafite há pouco tempo atrás não era visto como arte, não era possível de ser uma carreira, uma profissão, acho que o piche, por exemplo, é outra parada que a gente precisa continuar valorizando”, explica.

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*Brasil de Fato