O ministro da Fazenda criticou a sobretaxa imposta pelos EUA, afirmando que a sanção é política. Haddad, no entanto, minimizou o impacto do chamado “tarifaço”, que atinge apenas 4% das exportações brasileiras
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou duramente o uso do dólar como “mecanismo de guerra ideológica” por parte do governo de Donald Trump nos Estados Unidos. Durante o evento J.Safra Investment Conference, nesta terça-feira (16), Haddad relembrou que a sobretaxa imposta pelos EUA a produtos brasileiros tem motivação política, visando favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro e coagir o Supremo Tribunal Federal (STF).
“O movimento do governo tem sido esse, de sensibilizar as autoridades americanas a não confundir as coisas, e não usar o dólar como mecanismo de guerra ideológica”, afirmou o ministro, questionando a atitude dos EUA.
Impacto do “Tarifaço” é minimizado
Apesar da crítica, Haddad minimizou os impactos econômicos da sanção americana, o chamado “tarifaço“. Segundo ele, uma avaliação preliminar e cautelosa da equipe econômica indica que a medida afeta apenas cerca de 4% das exportações brasileiras.
O ministro detalhou que quase dois terços desses produtos afetados são commodities de “qualidade” que já estão sendo facilmente direcionadas a outros mercados, não havendo falta de compradores. Haddad citou que o Brasil exporta petróleo, frutas, pescado e celulose, e que a celulose, por exemplo, já foi retirada da lista de produtos sobretaxados graças à atuação conjunta do governo e de empresários.
Compromisso fiscal e PIB
Haddad também comentou sobre a agenda econômica interna, afirmando que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve superar a marca de 2,5% de crescimento.
Em relação à política fiscal, o ministro defendeu a necessidade de corrigir distorções no sistema tributário brasileiro, lembrando que o país está entre os mais desiguais do mundo. Ele destacou o princípio da neutralidade fiscal e garantiu que o compromisso do Congresso, aprovado por unanimidade no relatório do deputado Arthur Lira, não será desfeito. A combinação da reforma do consumo (com o novo IVA) e de um Imposto de Renda “mais saudável” é vista como essencial para que o Estado deixe de ser um “promotor da desigualdade”.
Fonte: Revista Fórum