Ciência
Jovens para sempre: será mesmo possível evitar o envelhecimento?
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Fato novo
Enquanto a ciência estuda o rejuvenescimento de células, milionários entram em competições para ficar mais novos. Mas estamos mesmo próximos de evitar o envelhecimento?
“Eu sou aquele maluco que está tentando não morrer”, diz Bryan Johnson, com uma dose de orgulho e outra de humor, na bio do seu Instagram. Nas redes sociais, o empresário americano de 46 anos detalha seus esforços para voltar a ter o organismo de alguém com 18. A lista inclui fazer exercícios de “um atleta profissional de rejuvenescimento” (como ele mesmo se define), seguir uma dieta ultrarregrada (com direito a uma “mistura da longevidade” que contém alguns dos seus 111 suplementos diários) e ter uma noite de sono perfeita (o que exige, entre outras condições, encontrar o travesseiro da espessura certa para não bloquear a circulação das veias do pescoço).
Não para por aí. Johnson, que diz investir cerca de US$ 2 milhões por ano na tentativa de rejuvenescer, também teria editado seu DNA “em uma ilha secreta para viver para sempre” e recebido “300 milhões de células-tronco” para ter “articulações super-humanas”, segundo anuncia aos seus mais de 1 milhão de inscritos no YouTube. Todo o esforço é acompanhado por uma equipe que o empresário contratou em 2021 para analisar pesquisas sobre longevidade e monitorar dados sobre os órgãos dele.
Na descrição do seu canal, o americano declara que, graças ao seu “protocolo”, já “alcançou uma saúde metabólica equivalente ao top 1,5% dos jovens de 18 anos, 66% menos inflamação do que a média para uma criança de 10 anos e reduziu sua velocidade de envelhecimento em 31 anos”. Sim, segundo o próprio, foi possível estimar tudo isso com rigor científico. Tanto que, hoje, comemora seu aniversário a cada 19 meses.
O milionário não está sozinho nesse empenho, e chegou a criar o ranking Rejuvenation Olympics (“Olimpíadas do rejuvenescimento”, em tradução livre), para competir com outras pessoas pela menor taxa de envelhecimento. Quem lidera a disputa atualmente é Brooke Paulin — biohacker que vive em Chicago e que, no Instagram, ostenta orgulhosa a ideia de que envelhece só “0,64 ano” a cada 12 meses.
Dados do tipo são calculados por empresas como a TruDiagnostic, sediada nos Estados Unidos, que vende kits de até US$ 957 para os competidores coletarem amostras de sangue e fazerem testes de epigenética — focados em flagrar as marcas que seu estilo de vida deixam no DNA. Os exames prometem determinar quão rapidamente o corpo dos clientes está envelhecendo a nível celular. Mas, afinal, estamos realmente próximos de atingir a juventude eterna?
Busca antiga
Milênios antes de milionários embarcarem em competições contra o envelhecimento, humanos já se preocupavam com os cabelos brancos. “Esse sempre é um tópico que algumas pessoas abraçam e outras simplesmente veem como algo ruim. Voltando ao pensamento na Grécia e na Roma antigas, alguns diziam que, quando você fi ca mais velho, você se torna sábio e deve ser ouvido, enquanto outros diziam que as pessoas mais velhas são um problema”, afirma Nancy A. Pachana, geropsicóloga clínica, neuropsicóloga e professora da Universidade de Queensland, na Austrália.
O primeiro imperador da China, Qin Shi Huang (259 – 210 a.C), por exemplo, passou anos procurando medicamentos mágicos para curar o envelhecimento. Chegou, inclusive, a organizar expedições para o Mar da China Oriental em busca das lendárias “Ilhas dos Imortais”, onde acreditava existirem plantas que garantiriam a vida eterna. No entanto, essa obsessão pode justamente ter causado a morte do líder aos 49 anos, já que alguns dos elixires que ele tomou provavelmente continham um ingrediente tóxico: mercúrio.
No Ocidente, também ficaram famosas as histórias de Nicolas Flamel, um escrivão da França medieval, e Elizabeth Báthory, condessa húngara que viveu entre os séculos 16 e 17. Há o mito de que o primeiro fabricou o “elixir da longa vida”; já Báthory virou lenda por supostamente ter assassinado mulheres jovens em seu castelo e se banhado no sangue delas para tentar manter sua própria juventude — ainda que, hoje, historiadores levantem dúvidas sobre se esse hábito mórbido existiu mesmo.
O interessante é que, mais de 400 anos após a morte da condessa, o sangue continua sendo visto como uma possível chave da longevidade. Entre 2016 e 2017, a Ambrosia, uma startup baseada nos Estados Unidos, chamou atenção ao começar a oferecer transfusões de plasma retirado de jovens adultos. Seu fundador, Jesse Karmazin, declarava que, segundo testes clínicos feitos por sua equipe, o líquido poderia reduzir o colesterol e até prevenir o Alzheimer. O preço de uma transfusão de 1,5L foi fixado em US$ 8 mil (R$ 45 mil).
Bryan Johnson tentou o mesmo tratamento no ano passado: recebeu uma transfusão de plasma do seu filho de 18 anos em uma clínica no Texas, Estados Unidos, cujo site promete “opções de tratamento antienvelhecimento, regenerativo e integrado”. Em um vídeo no YouTube, o empresário resume a inspiração científica por trás da tentativa: “Isso começou com um experimento muito louco em que dois camundongos foram costurados um ao outro para compartilharem o mesmo sistema circulatório. Era um velho e um jovem, e os resultados mostraram que o mais velho rejuvenesceu”.
“A principal compreensão desse tipo de experimento é que o microambiente vai influenciar a capacidade da célula de se proliferar ou a maneira como ela se comporta”, explica Rodrigo Calado, especialista em hematologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
Membro do Centro de Terapia Celular da USP, o professor aponta que há, sim, diferenças entre o plasma de pessoas com idades distintas. “A mesma coisa acontece quando você transfunde uma bolsa de sangue de glóbulos vermelhos: uma bolsa mais jovem vai ter um comportamento diferente, vai durar mais tempo, vai ter uma infusão mais demorada do que uma bolsa que está mais velha”, aponta. Contudo, ainda não há como afirmar que a transfusão de plasma entre humanos seja como tomar o “elixir da vida”. “Primeiro que nem é permitido, do ponto de vista ético, você transfundir um plasma de alguém sem indicação médica. E o efeito que uma bolsa de plasma com 200 e poucos mL terá a curto ou a longo prazo é algo pouco compreendido”, diz.
Chamada parabiose, a técnica descrita acima é antiga: já no século 19 o zoólogo, fisiologista e político francês Paul Bert estudava esse tipo de cirurgia em animais. Segundo o Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos, algumas pesquisas de fato já mostraram que o sangue de camundongos jovens poderia reduzir ou reverter os efeitos do envelhecimento nos cérebros de cobaias mais velhas. Porém, em estudos mais recentes, o foco é trocar outras células além do plasma, e, a partir disso, analisar como atua o meio para onde esses componentes migraram.
Em fevereiro de 2019, a startup Ambrosia anunciou que parou de realizar transfusões de plasma. A declaração veio após a Food and Drug Administration, agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos comparada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, emitir um comunicado desaconselhando pessoas a fazer esse tipo de terapia para tratar o envelhecimento ou doenças como demência, Parkinson, esclerose múltipla ou Alzheimer. O órgão justificou: “Não há benefício clínico comprovado na infusão de plasma de doadores jovens para curar, mitigar, tratar ou prevenir essas condições, e existem riscos associados ao uso de qualquer produto de plasma”.
Depois, Johnson admitiu no X, antigo Twitter, que a transfusão que recebeu do filho não lhe trouxe nenhum benefício detectável, mas disse que “métodos alternativos” com o plasma ainda poderiam ser “promissores”. Não foi a primeira vez que deu o braço a torcer: no site em que vende suplementos vitamínicos inspirados em sua dieta “de rejuvenescimento”, ele adicionou um asterisco à afirmação de que seu pó de cacau (US$ 64 por 340g) é “comprovado clinicamente” como capaz de “promover a saúde cardíaca a longo prazo”. “Essas declarações não foram avaliadas pela FDA. Este produto não se destina a diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença”, diz o aviso, no rodapé da página.
A fonte (interna) da juventude
Para entender o que a ciência realmente já sabe sobre o envelhecimento e o rejuvenescimento, é necessário compreender dois pontos. Um deles é o processo de senescência das células, que é quando elas atingem uma condição metabólica distinta das outras, que as faz perder suas funções comuns. O outro ponto é o envelhecimento do organismo como um todo.
Neste caso, é um processo fundamentalmente regulado por hormônios, e pode ser percebido inclusive na nossa aparência (pense na puberdade, quando perdemos o aspecto infantil devido ao crescimento de pelos e outras mudanças). Além disso, quando falamos do envelhecimento do nosso organismo, inflamações nos órgãos também entram em jogo, como a exposição excessiva ao Sol, que danifica a pele, ou o abuso do álcool, que afeta o fígado.
A ciência tem avançado no estudo da senescência de células específicas. Em uma pesquisa publicada na revista científica eLife em 2022, cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, afirmaram ter rejuvenescido células de pele humana em 30 anos. Isso foi possível graças à Reprogramação Transitória da Fase de Maturação, um método inspirado nas descobertas de Shinya Yamanaka em 2007. O pesquisador japonês ganhou o Nobel de Medicina junto com o cientista inglês John Gurdon após demonstrar que células humanas maduras — e, portanto, especializadas em uma única função — podem ser reprogramadas para se tornar pluripotentes.
Em outras palavras, podemos fazer uma estrutura retroceder até o estágio no qual ela é capaz de dar origem a qualquer tipo de tecido do corpo. Porém, no estudo de dois anos atrás, os pesquisadores contaram uma vantagem: eles conseguiram reprogramar as células de pele humana para deixá-las biologicamente mais jovens, mas ainda capazes de recuperar sua função celular especializada. Eles as fizeram “voltar no tempo” só o sufi ciente para reduzir a expressão de proteínas tóxicas; é como passar uma “borracha” nos remendos que se acumulam no DNA conforme as células envelhecem.
Há outras linhas de pesquisa além da reprogramação celular. A Aptah Bio, empresa baseada no Vale do Silício, nos Estados Unidos, afirma ter desenvolvido uma tecnologia capaz de “rejuvenescer células pela correção de múltiplos RNAs defeituosos e proteínas tóxicas simultaneamente, em um estado de diferenciação completo”, segundo o site da companhia. Inicialmente, a ideia da empresa era buscar uma solução para doenças como o Alzheimer e o glioblastoma, um tumor maligno cerebral. ”Na realidade, a gente está resolvendo o Alzheimer rejuvenescendo as células, e isso poderia ser aplicado para todas as células do corpo, para um cenário muito maior do que a gente imaginava”, conta o cofundador e CEO Rafael Bottos.
Segundo o engenheiro e empreendedor brasileiro, uma pesquisa recente da Aptah Bio conseguiu rejuvenescer neurônios humanos. O estudo foi feito no Canadá com dois pacientes de 75 anos, um com Alzheimer e outro sem a doença. “Existem dados públicos que mostram a faixa de degradação dos RNAs, dos 15 anos de idade até quase os 100. Então, quando tratamos nossas células, vimos que as rejuvenescemos em, no mínimo, 30 anos em sete dias”, diz Bottos.
“Recuperamos a comunicação dos neurônios que estavam sem conversar.” O artigo que descreve a técnica foi submetido à revista científica Nature, e atualmente está sendo revisado por um grupo de cientistas independente. A esperança é que, se aprovado no futuro, o medicamento possa ser produzido em larga escala.
“Talvez daqui a 10 anos, 15 anos, todo mundo poderá usar a nossa droga de forma preventiva”, aposta o cofundador da empresa. Bottos trabalha na Aptah Bio com um conselho de cientistas de diversas especializações. Entre eles, está o geneticista George Church, professor na Universidade Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que é referência no ramo da longevidade. Além disso, o empresário diz estar em contato com o também brasileiro Alysson Muotri, professor e pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD) que ganhou notoriedade por pesquisas com mini-cérebros e estuda o impacto da microgravidade na saúde neurológica de astronautas.
“A gente pode tentar modificar o que é influência externa do ambiente, mas o que é intrínseco da célula e do organismo é mais difícil ser modificado” — Rodrigo Calado, especialista em hematologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP
Em 2019, uma pesquisa de Muotri em colaboração com a Nasa mostrou que células cerebrais envelhecem muito mais rapidamente no espaço. “Hoje, o maior desafio da exploração espacial não é tecnológico, mas biológico”, destaca Bottos.
Essas pesquisas com neurônios e células da pele humana nos aproximam das “Ilhas dos Imortais” ou do elixir da vida que o imperador Qin Shi Huang tanto procurou? Não exatamente. Na visão de Rodrigo Calado, apesar dos avanços nos últimos anos, ainda parece muito improvável que algum ser humano viva por séculos; que dirá para sempre. Afinal, os mecanismos de envelhecimento do corpo que são regulados por hormônios não dependem apenas de como cuidamos da saúde.
Há condições favoráveis à longevidade que já vêm marcadas no DNA; é por isso que uma tartaruga-gigante-de-aldabra (Aldabrachelys gigantea) da ilha de Santa Helena, no Caribe, chegou aos 191 anos e conquistou o recorde de animal terrestre vivo mais velho do planeta. “A gente pode tentar modificar o que é infl uência externa do ambiente, mas o que é intrínseco da célula e do organismo é mais difícil ser modificado. E tentativas de alterar isso podem levar a complicações, como o câncer”, explica Rodrigo Calado.
Bottos também não acredita na imortalidade. “Acho que por mais que você tome cuidado com a parte biológica e a alimentação, você não vai evitar [todo e] qualquer tipo de dano na sua célula. Seria impossível”, diz. O foco da Aptah Bio não é transformar humanos em seres imortais, reforça. “A ideia é que todo mundo no mundo possa usar a nossa droga para viver melhor enquanto estiver aqui na Terra.” A professora e geropsicóloga Nancy A. Pachana tem um ponto de vista similar: “Prefiro usar a tecnologia para ajudar as pessoas a viverem a melhor vida possível. Ajudá-las a lembrar de tomar seus remédios, fazer escolhas saudáveis no supermercado, ou oferecer ajuda a quem vive com demência [por exemplo]. Prefiro isso do que confiar em uma tecnologia que é quase uma fantasia”.
Medo do inevitável
Bryan Johnson afi rma ainda não ter perdido a esperança de se tornar imortal. O americano até criou uma comunidade chamada “Don’t Die” (“não morra”), na qual convida membros a participarem de fóruns online e eventos. A intenção é derrotar “todas as causas de morte humana” e “construir tudo o que promova a prosperidade”. “Queremos ter a escolha entre vida contínua ou morte, explorar corajosamente o futuro, fazer da Terra um planeta sustentável para aqueles que escolhem a vida e garantir o futuro da existência humana com o avanço da inteligência artificial”, diz o site da iniciativa.
Talvez muitos humanos queiram vidas mais longas porque pertencemos a uma espécie insatisfeita por natureza. Existir por mais tempo significa, no papel, a ilusão de poder viver uma vida mais completa. De consumir e viajar mais, ver a tecnologia avançar e assistir de camarote ao fim de outros ciclos da vida na Terra. E também de ser lembrado por mais tempo — quem sabe, como a pessoa que conseguiu driblar a morte por alguns anos.
No entanto, o interesse em evitar a morte ou o envelhecimento nem sempre toma contornos dignos de uma ficção científica otimista. Na verdade, para muitos, esse é um desejo ligado a preocupações mais profundas. Uma pesquisa feita em 2015 pelo Instituto Qualibest e encomendada pelo laboratório Pfizer aponta que 90% da população brasileira têm medo de ficar mais velha. O maior temor de quem respondeu (989 pessoas ao todo) foram as complicações de saúde, sendo que a incidência mais alta desse sentimento apareceu nos grupos entre 18 e 35 anos.
Já um levantamento de 2024 conduzido pela agência de pesquisa de mercado OnePoll e encomendado pela Forbes Health descobriu que 47% dos americanos temem ficar mais velhos. Como no estudo mais antigo com brasileiros, esse pavor se mostrou mais forte entre os jovens, sendo relatado por 56% dos participantes de 18 a 25 anos. Entre os maiores receios dos 2 mil voluntários estão o declínio da saúde (63%), a perda de pessoas queridas (52%) e problemas financeiros (38%).
Um questionário divulgado em abril pela Luvly, plataforma americana de beleza e bem-estar, investigou o medo do envelhecimento com foco em mulheres com mais de 30 anos. Das 2 mil entrevistadas, 56% temem ficar mais velhas. O motivo mais citado foi a mudança da aparência (36% do total), seguido do medo de ser negligenciada pela sociedade (12%).
Essas pesquisas, aliás, demonstram uma diferença entre o pavor de ficar mais velho e a obsessão em permanecer jovem: embora os dois possam andar juntos, o primeiro está muito associado ao temor de doenças ou da própria mortalidade, enquanto o segundo geralmente está ligado às pressões estéticas do etarismo. “Uma amiga minha, que é apresentadora, diz: ‘Se eu não aplicasse Botox, não teria um emprego’. Então, não se trata apenas de ‘ah, quero me sentir bonita’”, reflete Nancy A. Pachana.
Esse também parece ser o caso da empresária e influencer norte-americana Kim Kardashian. Ela, que chegou a participar de um jantar com Johnson para discutir a mortalidade e já con-fessou se preocupar com o envelhecimento “todos os dias”, causou polêmica ao afirmar que, aos 43 anos, só tem mais uma década para “ser bonita” e investir na carreira de atriz. “Isso é tudo o que tenho em mim; daí vou tirar uma folga”, lamentou, em um episódio do reality show The Kardashians lançado em junho.
Em 2022, a famosa causou controvérsia ao dizer ao The New York Times que chegaria ao ponto de comer um “pote de cocô todos os dias” se isso a fizesse parecer mais jovem. E, em julho, revelou ter injetado no rosto substâncias derivadas de sêmen de salmão na esperança de que isso ajude sua pele a se regenerar e a produzir mais colágeno. O tratamento tem sessões em torno de US$ 500, e também já foi testado pela atriz Jennifer Aniston, estrela da sitcom Friends (1994-2004). No entanto, não possui aprovação da FDA.
As redes sociais poderiam explicar parte da aversão ao envelhecimento atualmente, especialmente entre as gerações mais novas. Mas há mais coisas nessa conta — como os próprios avanços nas áreas de estética e biotecnologia. “Hoje em dia, você pode parecer jovem se gastar dinheiro em produtos muito caros, ou se fizer alguma cirurgia plástica. Acho que essa ideia de confiar na tecnologia para permanecer jovem tem dado às pessoas algum tipo de concepção errada de que é possível retardar o envelhecimento”, reflete Chao Fang, professor de sociologia e vice-diretor do Centro de Envelhecimento e Curso de Vida da Universidade de Liverpool, na Inglaterra.
Como envelhecer bem
Abordar o envelhecimento de forma mais positiva é tão importante quanto esforços para tornar esse processo mais saudável. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), com apenas quatro anos, as crianças já começam a se dar conta dos estereótipos de idade em suas próprias culturas. Então, internalizam esses sentimentos, o que pode levá-las não só a reproduzir preconceitos com os outros, mas também a sofrer em qualquer fase da vida. Um estudo publicado na revista Aging & Mental Health em 2023, por exemplo, observou um impacto gravíssimo do etarismo sobre a saúde mental.
“Aqueles que possuem uma capacidade limitada de ficar contentes e de se senti-rem bem com a vida, o que são marcas registradas do etarismo internalizado, possuem maior risco de ter pensamentos suicidas”, concluíram os autores, após aplicarem um questionário a 454 pessoas com idades entre 65 e 91 anos nos Estados Unidos.
Essa percepção não tem a ver apenas com a maneira como cada um enxerga a si mesmo — mas também em como vemos os outros. Um levantamento da consultoria Ernst & Young Brasil e da plataforma Maturi fez apontamentos preocupantes sobre como o mercado de trabalho brasileiro lida com profissionais mais velhos. Após duas pesquisas — uma feita em 2022 com 191 empresas de 13 setores, e outra conduzida em 2023 com 4.840 participantes com idade de 58 anos, em média —, os autores constataram, entre outras percepções, que as organizações são etaristas. Os profissionais com mais de 50 anos não costumam ser considerados como força de trabalho. Das empresas ouvidas, 42% haviam contratado somente de uma a 10 pessoas nessa faixa de idade nos últimos cinco anos, e 9% não haviam admitido ninguém com esse perfi l durante o mesmo período.
Além disso, 47% estavam desempregados ou sem ocupação que gerasse renda, e 93% buscavam recolocação. Essas conclusões se tornam ainda mais inquietantes uma vez que dados do Censo Demográfico 2022 mostram um envelhecimento do Brasil: o total de pessoas com 60 anos ou mais cresceu 56% desde 2010. Hoje, esse público representa 15,6% da população.
As sociedades deveriam combater sistemas etaristas por meios políticos ou legais, na visão de Pachana. “Não pode ser apenas ações individuais, porque se uma empresa tenta mandar pessoas embora quando elas têm, digamos, 55 anos, dizendo que estão muito velhas, existe uma questão sistêmica”, analisa a professora da Universidade de Queensland, que também é autora do livro Ageing: A Very Short Introduction (sem edição no Brasil), publicado pela Oxford Press em 2016.
Um dos meios para combater estruturas etaristas é parar de rotular o envelhecimento ou as pessoas idosas como um “fardo”, acrescenta Chao Fang. “Precisamos adotar narrativas mais inclusivas ou mais positivas nas políticas”, defende. E, embora não haja nenhuma solução rápida para esses problemas, o professor da Universidade de Liverpool observa mais um caminho para abraçarmos o envelhecimento a nível tanto individual quanto coletivo: a convivência intergeracional.
Em muitas sociedades antigas, os jovens conviviam mais com os idosos, e, com isso, podiam ver os pontos positivos do envelhecimento, como os ganhos em sabedoria e respeitabilidade. “Na sociedade contemporânea, muitos jovens provavelmente só veem seus avós uma vez por ano. Claro que eles não sabem como é o envelhecimento. E, quando não conhecemos algo muito bem, isso pode criar um senso de incerteza”, aponta. Ou seja: no fundo, o pavor de ficar mais velho é nada além do que o medo do desconhecido.
Por isso, o caminho mais seguro para um envelhecimento feliz passa por tentar somar os anos da forma menos melancólica possível. Enxergar o envelhecimento — e, por tabela, a morte — como algo natural é apenas se convencer do óbvio: ninguém conseguirá sair desta (com o perdão do trocadilho) vivo para contar história. Até mesmo quem se esforçou muito na tentativa de provar o contrário.
Fato Novo com informações: Revista Galileu
Ciência
Alunos de engenharia da UFRJ vencem competição internacional nos EUA
Publicado
3 semanas atrásno
25 de setembro de 2024Por
Fato novo
Disputa reuniu estudantes de 32 países
Alunos do curso de engenharia do petróleo da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conquistaram o bicampeonato do Petrobowl Championship nesta segunda-feira (23) durante competição mundial realizada em Nova Orleans, nos Estados Unidos.
O campeonato é organizado pela Society of Petroleum Engineers (SPE), uma das maiores organizações de engenheiros, gestores e outros profissionais da indústria de óleo e gás.
A competição contou com estudantes de 32 países de todos os continentes. A equipe da Politécnica foi a única representante brasileira.
A equipe formada pelos estudantes Bruno de Almeida Leite, Gilles Garcia Dias, Matheus Bernadaro Dutra, Karina Policarpo dos Santos e Yan Nascimento Furtado venceu competidores da Indonésia na final. A conquista rendeu aos alunos o prêmio de US$ 5 mil, o equivalente a cerca de R$ 27 mil.
Criado em 2002, o campeonato se tornou global em 2014 e atualmente confronta as equipes com perguntas técnicas e não técnicas relacionadas à indústria do petróleo, em formato de quiz, ou seja, precisam ser respondidas rapidamente.
Essa é segunda conquista da UFRJ, que já havia sido vencedora da edição de 2016, disputada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Das dez edições realizadas desde 2015, quando passou a admitir concorrentes de fora dos Estados Unidos, quatro foram vencidas pela americana University of Oklahoma; quatro pela mexicana Universidad Nacional Autónoma de México, além de duas pela UFRJ.
Brasil
Anvisa proíbe medidor de pressão e termômetro com coluna de mercúrio
Publicado
3 semanas atrásno
25 de setembro de 2024Por
Fato novo
Resolução publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em todo o território brasileiro, a fabricação, importação, comercialização e o uso em serviços de saúde de termômetros e esfigmomanômetros (medidores de pressão arterial) com coluna de mercúrio. A resolução foi publicada nesta terça-feira (24) no Diário Oficial da União.
Os equipamentos abrangidos pela resolução têm uma coluna transparente contendo mercúrio e finalidade de aferir valores de temperatura corporal e pressão arterial, indicados para uso em diagnóstico em saúde. A proibição não se aplica a produtos para pesquisa, calibração de instrumentos ou uso como padrão de referência.Ainda de acordo com a resolução, termômetros e esfigmomanômetros com coluna de mercúrio que forem retirados de uso devem seguir as Boas Práticas de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Entenda
Em 2022, a diretoria colegiada da Anvisa aprovou, em reunião pública, iniciativa regulatória sobre o tema, atendendo a uma demanda da Convenção de Minamata, ocorrida no Japão em 2013 e da qual o Brasil é signatário. Pela convenção, o mercúrio deveria ter seu uso reduzido em todo o mundo até 2020.
O metal pesado, segundo a agência, não representa perigo direto para usuários de termômetros ou de medidores de pressão, mas configura perigoso agente tóxico no meio ambiente quando descartado. A Anvisa destaca ainda que esses equipamentos já contam com alternativas de mercado que não utilizam coluna de mercúrio.
“Termômetros e esfigmomanômetros digitais são produtos para a saúde de uso difundido no Brasil e possuem as mesmas indicações clínicas que os que contém mercúrio. Esses dispositivos também possuem a sua precisão avaliada compulsoriamente pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade e são ambientalmente mais sustentáveis.”
Fonte: Agencia Brasil
Brasil
Pesquisadores criam modelo que prevê deslizamentos em São Sebastião
Publicado
3 semanas atrásno
25 de setembro de 2024Por
Fato novo
Projeto da USP identificou mil pontos de risco durante as chuvas
Um inventário produzido por pesquisadores dos institutos de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) e de Geociências (IGc) da Universidade de São Paulo (USP) identificou mil pontos de escorregamento de solo na cidade de São Sebastião, no litoral norte paulista. O levantamento foi feito usando imagens aéreas feitas logo após desastre ocorrido por causa das fortes chuvas em fevereiro de 2013, que provocou a morte de 64 pessoas.
O inventário que mapeou os pontos de deslizamento no município foi publicado no Brazilian Journal of Geology e ficarão também disponíveis no Zenodo, um repositório de publicações e informações de acesso aberto criado para facilitar o compartilhamento de dados e software.
Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador do projeto e professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), Carlos Henrique Grohmann, disse que a maior parte desses pontos de escorregamento não estão em áreas urbanas, mas são importantes de serem identificados para orientar políticas públicas para a região.
“Em fevereiro do ano passado choveu absurdamente em São Sebastião. Foram 683 milímetros (mm) em menos de 15 horas, o que é mais ou menos metade do que se espera para o verão inteiro. Choveu em uma noite o que se espera para os três meses de verão. Então teve muito escorregamento”, explicou o professor. De acordo com Grohmann, como foi uma chuva muito fora do padrão, não só em volume, mas também muito concentrada, o solo não aguentou, encharcado. “Escorregou em cima das áreas urbanas, das áreas de ocupação regular e teve também muitos escorregamentos fora. Mas esse foi o lado menos pior: a maioria dos escorregamentos estão fora de áreas habitadas”, explicou..
Os deslizamentos são processos geológicos comuns em regiões montanhosas, especialmente com clima tropical, como na Serra do Mar, onde está localizada a cidade de São Sebastião. “Na região [do litoral norte paulista], onde há morros com declividade alta, muito inclinados, a chance de escorregar é grande. E você junta isso a chuvas mais fortes, mais concentradas, de grande volume. Se chover mais, vai escorregar mais. Então, entender onde pode escorregar pode ser importante para os planejamentos [de políticas públicas]”, disse o pesquisador.
Segundo ele, o projeto que a USP está desenvolvendo procura mapear principalmente essas áreas propensas a escorregamentos que estão em áreas naturais, já que as áreas urbanas já foram mapeadas. “As áreas urbanas já estão mapeadas como áreas de risco. Agora as áreas naturais, as áreas não habitadas, onde será que pode escorregar? Essa é uma análise que a gente chama de suscetibilidade a escorregamento”, falou.
Mapeamento de melhor precisão
As áreas naturais – e não habitadas – só conseguiam ser mapeadas após a ocorrência de um escorregamento. Então, foi preciso uma grande quantidade de escorregamentos para que elas pudessem ser mapeadas. “A gente olha onde aconteceu o escorregamento e olha como é o terreno. E aí, usando essas características, a gente tenta mapear outros lugares com características similares para dizer: ‘esse lugar também é um lugar que pode um dia escorregar se chover bastante’”, explicou o professor.
Mas agora, esse mapeamento poderá ser feito de forma diferente e com maior exatidão. Em uma parceria feita com o Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo (IGC-SP), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a cidade de São Sebastião poderá ser mapeada com uma tecnologia chamada Light Detection and Ranging (LiDAR), feita por meio de um avião ou helicóptero com um sensor laser acoplado. Essa tecnologia usa luz na forma de laser pulsado para medir alcances (distâncias) da Terra, obtendo dados com alta precisão.
“Você tem uma precisão muito grande, um nível de detalhe muito grande também. E isso a gente não tinha antes. Aí veio o diferencial. Até hoje, a gente só tem dados que mostram como é o relevo, com menos detalhes. Agora, com esse laser, a gente vai conseguir fazer e ver a topografia com pixel na casa de um metro. Quer dizer que ela vai ficar mais precisa, vai melhorar muito o nível de detalhe de como vemos a superfície e o relevo”, disse Grohmann. “E então vamos criar um modelo baseado nos dados do escorregamento de São Sebastião. E como a região da Serra do Mar é muito parecida em termos da própria morfologia, o tipo de morro, a chuva, a vegetação, então será possível expandir esse modelo para outras áreas da Serra do Mar”.
Em São Sebastião, o último levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) mostra que o município tinha cerca de 2,2 mil casas em 21 áreas de risco de deslizamento em 2018. O órgão foi contratado em fevereiro deste ano pela prefeitura para atualizar esse mapa de risco após a tragédia.
Por meio de nota, a prefeitura de São Sebastião disse que não foi procurada ainda pelo grupo de estudo para colaborar com a pesquisa, mas “entende que é de extrema importância uma análise detalhada de um grupo tão importante quando este, formado pela USP” e que está aberta para colaborar, junto com sua Defesa Civil.
A administração municipal também informou que tem realizado ações para evitar novas tragédias, como a que ocorreu no ano passado. “Mas independente dessa análise, desde o começo do ano, o IPT está no município para fazer a atualização das áreas de risco uma vez que a tragédia mudou o perfil registrado anteriormente. Lembrando que a medida faz parte da revisão do Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR). Paralela a essas ações, a prefeitura, por meio da Defesa Civil, tem realizado simulados em áreas conhecidas por isso como forma de preparação da comunidade – foram nove em 2013 e sete neste ano”, destacou a prefeitura, em nota.
Além disso, escreveu o município, uma parceria feita com o governo estadual possibilitou a implantação de uma sirene na Vila Sahy, bairro que foi o mais afetado pela catástrofe do ano passado, e a criação de uma estação meteorológica em Ilhabela para melhorar as previsões do tempo na região. Há também uma parceria feita com o governo federal para a implantação do programa Defesa Civil Alerta, que visa acionar os celulares de moradores da cidade sobre como agir na iminência de um desastre climático.
“O município fez a recuperação das áreas atingidas com investimento que ultrapassam os R$ 200 milhões e, por meio da Secretaria de Educação, tem levado a prevenção para dentro das escolas, trabalhando com os alunos sobre riscos e formas de prevenção e evacuação, pois as crianças são multiplicadores dentro de casa”, completou a prefeitura.
Fonte: Agencia Brasil
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