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Saúde

Mês Mundial da Hemofilia: médica explica os principais mitos sobre doença rara que afeta a coagulação do sangue

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Quase 14 mil pessoas vivem com hemofilia no Brasil, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde

Esta condição hereditária e rara é caracterizada por um distúrbio hemorrágico em que o sangue não coagula corretamente, levando as pessoas a sangrarem mais tempo e em maior frequência que o normal. Em um recorte de pacientes com Hemofilia A por estados, por exemplo, São Paulo tem 20,5% dessa população, enquanto Rio responde por 9% e Minas Gerais 8,7% de pessoas com a condição.

Sem os cuidados adequados, a hemofilia pode levar a danos permanentes, especialmente nas articulações, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes. A Dra. Francine Doty Campoy, médica hematologista e pediatra do HEMOSC Blumenau, desvenda a seguir alguns dos maiores mitos sobre a condição.

“As pessoas com hemofilia têm apenas sangramentos externos, provenientes de cortes e arranhões”.

MITO. Além dos cortes e outras lesões externas, que são mais fáceis de identificar, existe a possibilidade de pessoas com hemofilia terem sangramentos internos. Lesões internas que provocam hemorragia, como hematomas musculares e hemartroses, causam muita dor e podem deixar sequelas permanentes. Ainda pode ocorrer, em menor frequência, sangramentos intracranianos e abdominais, que trazem risco de vida.

Por isso, é muito importante que o paciente e aqueles ao seu redor, estejam atentos e tomem os cuidados adequados. Complicações podem piorar quando o paciente não tem acesso venoso, dificultando a administração eficiente do tratamento e aumentando o risco de sangramentos prolongados e a necessidade de intervenções médicas mais complexas.

“A hemofilia afeta apenas pessoas do sexo masculino”.

MITO. Apesar de ser uma condição genética ligada ao cromossomo X, a hemofilia também pode atingir mulheres, embora seja algo raro. Isso acontece devido a mutações genéticas ou em casos específicos, por exemplo, se uma mulher cujo pai tem hemofilia tiver filhos com um homem hemofílico, o casal pode ter uma filha com a condição.

“Pessoas com hemofilia podem realizar atividades físicas ou praticar esportes quando tratadas”

VERDADE. Com o tratamento preventivo adequado, as pessoas com hemofilia podem praticar diversos esportes, como natação e corrida, mas em geral se recomenda que pratiquem atividades de menor impacto e contato físico. Exercícios mais intensos ou radicais, que podem colocar em risco até mesmo uma pessoa sem a condição, não costumam ser recomendados.

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No entanto, ainda são analisadas inovações com alta eficácia na prevenção de sangramentos. Com a ampliação do acesso às novas tecnologias, uma nova realidade onde os pacientes pratiquem esportes de alta intensidade ou até mesmo se tornem grandes atletas pode ser possível.

“A hemofilia é diferente em pessoas com a condição”

VERDADE. A hemofilia pode ser dividida em dois tipos: a hemofilia A, a forma mais comum da condição, que resulta da falta do fator VIII da coagulação, e a hemofilia B, que se deve à falta do fator IX. Os sintomas da hemofilia podem variar, dependendo do nível de fator deficiente, podendo variar entre leve, moderada ou grave.

Além disso, pessoas com hemofilia podem desenvolver inibidores ao fator, enfrentando desafios adicionais nos cuidados com a doença. Os pacientes com hemofilia que desenvolvem inibidores ao fator têm anticorpos que neutralizam o efeito do fator administrado, tornando o tratamento de reposição do fator ineficaz. Nesses casos, os médicos precisam recorrer a terapias alternativas, e os pacientes frequentemente necessitam de um plano de tratamento personalizado e multidisciplinar, para não enfrentar maior risco de sangramentos e complicações.

Existem testes específicos para comprovar a existência de inibidores, como o coagulométrico e cromogênico, por meio de exame de sangue que detectam a presença de anticorpos que interferem na coagulação sanguínea.

“Pessoas com hemofilia têm uma expectativa de vida curta”

MITO: Atualmente, com a ampliação do acesso aos tratamentos e cuidados adequados, as pessoas com hemofilia podem ter uma expectativa de vida semelhante às pessoas sem a condição. Nos hemocentros, é notável o aumento no número de pessoas idosas com hemofilia, inclusive pessoas com mais de 70 anos.

Quando se fala em qualidade de vida, também percebe-se ganhos importantes nos últimos anos, com a chegada de inovações que possibilitam mais qualidade de vida e autonomia para os pacientes.

“O tratamento da hemofilia só pode ser realizado por profissionais de saúde em centros especializados.”

MITO: Hoje, o tratamento preventivo, conhecido como profilaxia, pode ser realizado no próprio domicílio dos pacientes. As pessoas com hemofilia e suas famílias são treinadas por equipes de enfermagem, e o tratamento domiciliar vira uma rotina em suas vidas, o que é bastante benéfico.

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Por se tratar de uma condição hereditária, as famílias com histórico de hemofilia devem se preparar antes mesmo do nascimento do filho. Mas nos casos em que não há histórico familiar (de acordo com relatório da Federação Mundial de Hemofilia¹ [WFH] cerca de 30% dos casos são do tipo “denovo”, ou seja, inéditos em determinados organismos), a disseminação de informações corretas sobre a condição é essencial para que os profissionais de saúde da atenção primária e o público em geral saibam reconhecer os sintomas da hemofilia, buscando prontamente o diagnóstico e tratamento adequado.


Fonte: ¹Federação Mundial de Hemofilia (WFH) – Link

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Saúde

Tanorexia: o vício do bronze que transforma a busca pelo “glow perfeito” em risco de câncer de pele

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Um novo estudo genético, publicado na revista Nature, sequenciou os genomas de 28 indivíduos que viveram no sul da África e descobriu que as populações permaneceram isoladas por cerca de 100 mil anos. A análise indica que a composição genética dessas populações ancestrais é drasticamente diferente da observada nos humanos modernos e “fica fora da faixa de variação genética” atual. A descoberta sugere que o isolamento geográfico, possivelmente devido a condições desfavoráveis na região do rio Zambeze, permitiu uma evolução genética única na ponta sul do continente

Com a chegada do verão e a campanha Dezembro Laranja de prevenção ao câncer de pele, cresce no Brasil o fenômeno da tanorexia, um comportamento de obsessão e vício em manter a pele sempre bronzeada, muitas vezes a qualquer custo e com exposição excessiva ao sol.

Distorção de Imagem e Risco de Câncer ⚠️

A dermatologista Denise Ozores explica que a tanorexia é uma distorção da imagem corporal, na qual a pessoa nunca se sente bronzeada o suficiente, chegando a se ver pálida mesmo quando já está com a pele queimada.

  • Comportamento Compulsivo: Pessoas com tanorexia recorrem a horas seguidas de exposição ao sol, bronzeamentos improvisados ou procedimentos clandestinos para tentar corrigir o incômodo de se verem “clara demais”.

  • Pressão Social: A lógica das redes sociais, onde a pele dourada é frequentemente associada a status, saúde e beleza, cria uma pressão para alcançar o “glow perfeito”, levando muitos a ignorar os riscos.

  • Câncer da Vaidade: O câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, e sua principal causa é a exposição excessiva e desprotegida à radiação ultravioleta. A dermatologista alerta que o câncer de pele tem se tornado o “câncer da vaidade”, com pacientes arriscando a saúde para evitar aparecer “brancos” em fotos de fim de ano.

Redefinindo a Beleza no Verão ☀️

Denise Ozores defende a necessidade de ressignificar a ideia de “pele bonita”, promovendo a estética natural e individualizada, onde cada pessoa valoriza sua própria cor e textura.

Para curtir o verão com segurança e preservar a saúde da pele, a especialista recomenda:

  • Uso de protetor solar diário com reaplicação frequente.

  • Busca por sombra e uso de chapéu.

  • Respeito aos horários seguros de exposição solar.

  • Estabelecimento de limites reais na busca pelo bronzeamento.


Com informações: CO – Assessoria (Cacau Oliver)

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Saúde

Latrofobia e Dentofobia: O medo de ir ao médico ou dentista tem explicação científica e pode ser superado

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O medo intenso e irracional de ir ao médico (iatrofobia) ou ao dentista (dentofobia) é um fenômeno comum, enraizado em respostas psicológicas e fisiológicas, e não deve ser encarado como “frescura”. Gatilhos como o medo do desconhecido (más notícias), a síndrome do jaleco branco (elevação da pressão arterial em ambiente clínico) e a antecipação da dor ou invasão ativam o instinto de luta ou fuga. Especialistas recomendam o uso de estratégias comportamentais e mentais para retomar o controle da situação, como o estabelecimento de um “sinal de pare” com o profissional e o uso de técnicas de respiração para acalmar o sistema nervoso.

O medo de frequentar consultórios médicos ou odontológicos é uma ansiedade real e paralisante para muitas pessoas. Quando esse medo se torna excessivo e irracional, ele é classificado como iatrofobia (medo de médicos) ou dentofobia (medo de dentistas), condições que levam muitos pacientes a adiar cuidados essenciais de saúde.


Gatilhos do Medo e Respostas Psicológicas 🧠

A ciência identifica que a ansiedade no ambiente clínico é uma resposta fisiológica e psicológica real, muitas vezes ligada a mecanismos de defesa:

  • Medo de Más Notícias: O receio de descobrir uma doença grave ou de ser julgado pelos hábitos de vida faz com que a pessoa evite a consulta, seguindo a lógica prejudicial de “quem procura, acha”.

  • Síndrome do Jaleco Branco: O ambiente clínico em si eleva o estresse, causando um aumento na pressão arterial que não ocorre em casa, criando um ciclo vicioso de ansiedade antes da consulta.

  • Antecipação da Dor: A simples antecipação de procedimentos invasivos ativa áreas do cérebro ligadas à ameaça, desencadeando o instinto primitivo de luta ou fuga, mesmo para um exame de rotina.

Estratégias para Retomar o Controle ✅

Entender que o medo tem fundamento biológico é o primeiro passo. O segundo é adotar estratégias práticas para tornar a experiência menos traumática:

Estratégia Objetivo
Estabelecer um “Sinal de Pare” Devolver a sensação de controle ao paciente, combinando um gesto para interromper o procedimento a qualquer momento.
Hackear o Sistema Nervoso Utilizar técnicas de respiração (ex: 4-7-8: inspirar em 4s, segurar em 7s, soltar em 8s) para forçar o corpo a sair do estado de alerta.
Evitar Ruminação Antecipada Marcar a consulta para o primeiro horário da manhã, minimizando o tempo de ansiedade e preocupação.
Bloquear Gatilhos Sensoriais Usar fones de ouvido com cancelamento de ruído para abafar sons estressantes (como o motorzinho do dentista).
Jogar Limpo com o Profissional Informar sobre o medo logo no início, garantindo que o médico ou dentista seja mais paciente e explicativo durante o atendimento.

Com informações: Olhar Digital

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Brasil

Ministério da Saúde prioriza acesso a medicamentos de longa duração contra o HIV e pressiona por transferência de tecnologia

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O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou no Dia Mundial de Luta contra a Aids que o acesso a novas tecnologias de prevenção é prioridade, citando a demanda pela incorporação do lenacapavir no SUS. O medicamento, um injetável de longa duração (aplicação a cada seis meses) para PrEP, é decisivo para populações vulneráveis e está pendente de registro sanitário. O Brasil, que registrou queda de 13% nas mortes por aids (abaixo de 10 mil pela primeira vez em três décadas) e cumpriu duas das três metas globais 95-95-95, pressiona a farmacêutica Gilead por transferência de tecnologia devido ao preço “impraticável” do produto

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a prioridade da pasta em garantir o acesso a novas estratégias e tecnologias de prevenção contra o HIV/Aids, em celebração ao Dia Mundial de Luta contra a Aids (1º de dezembro). A principal demanda é pela incorporação de medicamentos de longa duração no Sistema Único de Saúde (SUS), como o lenacapavir.

Novo Paradigma na Prevenção: Lenacapavir 💉

O medicamento em foco é o lenacapavir, da farmacêutica Gilead, uma formulação injetável de longa duração para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV, que requer aplicação a cada seis meses.

  • Vantagens: O lenacapavir poderá substituir o uso diário de comprimidos da PrEP oral, melhorando a eficácia e a adesão de populações vulneráveis e jovens que têm dificuldade em seguir o regime diário. Estudos clínicos indicaram altíssimos índices de eficiência.

  • Diálogo por Tecnologia: Padilha confirmou que o Ministério está dialogando e quer participar da transferência de tecnologia do produto para o Brasil, pois o preço praticado pela empresa no exterior (mais de US$ 28 mil por pessoa ao ano nos EUA) é considerado “absolutamente impraticável para programas de saúde pública”.

  • Pressão por Genérico: O Brasil ficou de fora de uma versão genérica do medicamento anunciada para 120 países de baixa renda. A Articulação Nacional de Luta contra a Aids reivindicou que, se não houver avanço em acordos de transferência, o governo deve considerar o licenciamento compulsório (quebra de patente).

Avanços na Resposta Brasileira ao HIV 🇧🇷

O Brasil apresentou avanços significativos na política de HIV/Aids, que agora inclui a oferta gratuita de PrEP, PEP (profilaxia pós-exposição) e terapia antirretroviral.

  • Metas Globais: O país cumpriu duas das três metas globais 95-95-95 (95% das pessoas vivendo com HIV conheçam o diagnóstico; 95% das diagnosticadas estejam em tratamento; e 95% das tratadas alcancem supressão viral).

  • Queda nas Mortes: O boletim epidemiológico mais recente mostrou uma queda de 13% no número de óbitos por aids entre 2023 e 2024, caindo para 9,1 mil mortes em 2024. É a primeira vez em três décadas que o número ficou abaixo de 10 mil.

  • Eliminação da Transmissão Vertical: O Ministro anunciou a expectativa de que o Brasil receba, em dezembro, o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) pela eliminação da transmissão vertical do HIV (de mãe para bebê) como problema de saúde pública, sendo o maior país do mundo a alcançar esse patamar.


Com informações: Agência Brasil

 

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