Natureza
Nova espécie de aranha brasileira sem olhos vive em antigas tocas de preguiças gigantes
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Nome escolhido pelos especialistas para batizar novo aracnídeo, “Paleotoca diminas”, é uma brincadeira com a expressão “de Minas Gerais”, estado onde animal foi descoberto
Uma equipe de biólogos brasileiros assina a descoberta de uma nova espécie de aranha. Os artrópodes vivem em tocas e cavernas subterrâneas do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, ecossistemas que, durante o período Paleolítico, serviram de lar para a megafauna tropical – como as preguiças-gigantes e os tatus-canastra.
A nome científico escolhido para batizar a nova espécie, Paleotoca diminas, faz alusão justamente ao local onde ela vive. Enquanto o gênero é a união do prefixo “paleo”, do grego “velho”, e “toca”, do tupi “casa”, o nome da espécie, “diminas”, faz referência à expressão “de Minas”. Então, toda a informação que precisamos saber sobre a espécie está no nome: são aranhas que vivem nos abrigos subterrâneos mineiros dos grandes mamíferos extintos.
O nome científico foi registrado no World Spider Catalog (WSC) no início deste mês, e um estudo que descreve a nova espécie foi publicado em um artigo na revista Taxonomy. No estudo, o aracnídeo é descrito como tendo cerca de 2 milímetros de comprimento e cor amarela desbotada.
Sem olhos e com longas pernas espinhosas, essas aranhas ostentam pelos especializados, que podem ser utilizados para sentir vibrações no ar. Esse tipo de adaptação evolutiva serve para permitir um estilo de vida permanente na escuridão.
Apesar de estarem intimamente relacionadas a outros grupos da família Prodidominae, esses animais apresentam certas características físicas que os distinguem de outros gêneros conhecidos até então. Entram nessa lista, por exemplo, a ausência de um escudo abdominal dorsal (uma estrutura que serve de proteção para o dorso). Aranhas-macho da espécie Paleotoca diminas contam com uma espécie de apêndice nos pedipalpos, estrutura que os cientistas definem como sendo uma “apófise tibial retrolateral bífida”. Ufa.
Os espécimes examinados agora se encontram depositados na coleção do Instituto Butantan, em São Paulo. Eles foram originalmente retirados do chão ou de pedras em áreas com alta umidade nos buracos escavados pela megafauna mineira antiga.
No artigo, os autores – Igor Cizauskas, Robson Zampaulo e Antonio Brescovit – reiteram que ainda se sabe muito pouco sobre a biodiversidade das aranhas Prodidomidae neotropicais. E o Brasil desempenha um importante papel nesse campo. “Das 76 espécies conhecidas, 16 ocorrem no país. Novos estudos são essenciais para compreendermos a riqueza dessa fauna subterrânea”.
Fato Novo com informações: Revista Galileu