Um novo estudo liderado pela Universidade de Queensland, na Austrália, traz novos detalhes sobre o destino da Via Láctea, que está em rota de colisão com a galáxia Andrômeda. Embora o encontro ocorra apenas entre 2,5 e 4 bilhões de anos, os cientistas já conseguem prever seu desfecho com base em observações de galáxias semelhantes em estágio avançado de fusão.
O estudo, publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, foi conduzido pela astrofísica Sarah Sweet, do projeto Delegate, com apoio de pesquisadores da Universidade Nacional Australiana, incluindo Helmut Jerjen, autor principal do artigo.
Analogia cósmica: NGC 5713 e NGC 5719
Para entender o futuro da Via Láctea e Andrômeda, a equipe analisou o par de galáxias espirais NGC 5713 e NGC 5719, localizadas a centenas de milhões de anos-luz da Terra. Essas galáxias estão cerca de 3 bilhões de anos à frente no processo de fusão em relação ao nosso par galáctico.
“Elas interagem como se estivessem dançando, com galáxias anãs orbitando em planos bem definidos ao seu redor”, descreve Sweet. Esse comportamento ajuda a modelar como a interação gravitacional entre a Via Láctea e Andrômeda deve se desenrolar ao longo do tempo.
Três cenários para a fusão
O estudo simulou diferentes distâncias iniciais entre as galáxias, resultando em três cenários possíveis:
- A 100 mil anos-luz de separação: colisão direta inevitável.
- A 500 mil anos-luz: a matéria escura gera atrito gravitacional, levando a um encontro próximo.
- A 1 milhão de anos-luz: as galáxias podem se desviar, evitando a fusão total.
Dados atuais indicam que a Via Láctea e Andrômeda estão a cerca de 2,5 milhões de anos-luz de distância e se aproximando a cerca de 110 km/s, o que torna a colisão altamente provável.
Formação de uma nova galáxia
Quando a fusão ocorrer, as estrelas das duas galáxias se misturarão, formando uma nova galáxia elíptica, provisoriamente chamada de Milkdromeda. Esse processo é comum no universo e essencial para a evolução de grandes estruturas galácticas.
Sem essas colisões, galáxias como as do Grupo Local — que inclui Via Láctea, Andrômeda e dezenas de galáxias satélites — não teriam alcançado sua configuração atual.
Sistema Solar deve sobreviver
Apesar da magnitude do evento, há uma boa notícia: o Sistema Solar provavelmente sobreviverá à colisão. Devido ao vasto espaço entre as estrelas, a probabilidade de impactos diretos entre corpos celestes é extremamente baixa.
No entanto, o Sol — e com ele a Terra — será empurrado para uma nova região da galáxia resultante, possivelmente mais distante do núcleo. A constelação de Andrômeda, atualmente visível como um pequeno borrão no céu noturno, ocupará uma posição central e dominante.
Grupo Local: típico ou exceção?
Os pesquisadores agora investigam se o comportamento do Grupo Local é comum no universo ou uma anomalia. “Queremos saber se somos típicos ou uma exceção cósmica. Isso é fundamental para generalizar nossas descobertas sobre a evolução galáctica”, afirma Jerjen.
Com informações: Universidade de Queensland / Olhar Digital