Um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho, OIT, revela uma elevada proporção de jovens fora do mercado de trabalho e de programas de educação e treinamento, estimada em 20,4%.
Essa parcela da população, comumente chamada de “nem-nem”, traz à tona uma crescente ansiedade da juventude em relação ao trabalho, apesar da tendência global de redução do desemprego juvenil.
Tendências gerais do emprego juvenil
Segundo o estudo da OIT, as perspectivas do mercado de trabalho global para os jovens melhoraram nos últimos quatro anos. A expectativa é de que este crescimento continue nos próximos dois anos.
Para 2023, a taxa de desemprego juvenil ficou em 13%, o equivalente a 64,9 milhões de pessoas. O número representa o nível mais baixo em 15 anos. Espera-se uma queda até os 12,8% até o final de 2025.
O panorama, no entanto, não é o mesmo em todas as regiões. Nos Estados Árabes, na Ásia Oriental e no Pacífico, as taxas de desemprego juvenil foram mais altas em 2023 do que em 2019.
Além disso, o relatório Tendências Globais de Emprego Juvenil 2024 revela que o número de jovens entre 15 e 24 anos que estão fora do mercado de trabalho e de programas de educação e treinamento é preocupante.
OIT/Marcel Crozet – Trabalhadores realizam tarefas numa instalação industrial na Etiópia
Falta de acesso a empregos decentes
Em 2023, um em cada cinco jovens no mundo era considerado “nem-nem”. Dois em cada três deles são mulheres. O levantamento sugere que oportunidades de acesso a empregos decentes continuam limitadas nas economias emergentes e em desenvolvimento.
Mais da metade dos jovens que trabalham têm empregos informais. Apenas nas economias de renda alta e de renda média alta é que a maioria deles tem hoje um emprego permanente e seguro.
Além disso, o estudo da OIT aponta que três em cada quatro jovens trabalhadores em países de renda baixa encontrarão apenas emprego por conta própria ou trabalho remunerado temporário.
Ansiedade e insegurança com o futuro
O relatório alerta que o crescimento insuficiente de empregos decentes provoca uma ansiedade cada vez maior entre os jovens de hoje, que são também os mais instruídos da história.
O diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, afirmou que “nenhum de nós pode esperar um futuro estável quando milhões de jovens ao redor do mundo não têm trabalho decente e, como resultado, estão se sentindo inseguros e incapazes de construir uma vida melhor para si e suas famílias”.
Para ele, sociedades pacíficas dependem de três ingredientes principais: estabilidade, inclusão e justiça social e o trabalho decente para os jovens “está no cerne de todos os três”.
Segundo a OIT a recuperação do emprego após a pandemia da Covid-19 não foi universal. Jovens de determinadas regiões e muitas mulheres não estão ainda sendo beneficiados pela recuperação econômica.