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Operação no Rio de Janeiro deixa 64 mortos e paralisa cidade

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Megaoperação contra o Comando Vermelho nos Complexos do Alemão e da Penha resulta em 64 mortos, 81 presos e caos na mobilidade do Rio de Janeiro

Na manhã de terça-feira (28 de outubro de 2025), o estado do Rio de Janeiro deflagrou uma megaoperação policial nos Complexos do Alemão e da Penha, com o objetivo de desarticular núcleos do Comando Vermelho. Até as 16h do mesmo dia, o governo estadual confirmou 64 mortes e 81 prisões, em uma ação que já é considerada a mais letal da história recente do estado.

A operação, coordenada pela Secretaria de Estado de Polícia Militar e com apoio da Polícia Civil e das Forças Armadas, ainda está em andamento. As autoridades não descartam que o número de vítimas fatais aumente nas próximas horas.

Cidade entra em Estágio 2 de segurança

Diante da gravidade da situação, a Prefeitura do Rio de Janeiro ativou o Estágio 2 no Centro de Operações e Resiliência (COR-Rio), nível que indica risco elevado à segurança pública e à mobilidade urbana.

Em comunicado oficial, o COR-Rio orientou a população a evitar deslocamentos e aguardar a normalização da situação. “O cidadão deve aguardar o deslocamento”, reforçou o órgão, em nota divulgada durante a tarde.

O impacto no transporte foi imediato. A Rio Ônibus informou que mais de 120 linhas tiveram os itinerários alterados, enquanto a MOBI-Rio confirmou interrupções nos corredores Transbrasil e Transcarioca do BRT, além dos serviços de conexão.

Vias interditadas em represália do Comando Vermelho

Como forma de represália à operação, o Comando Vermelho promoveu uma série de bloqueios em vias estratégicas da capital fluminense a partir do início da tarde. Segundo registros do G1 e da Agência Brasil, barricadas foram erguidas em pontos críticos da cidade, incluindo:

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  • Linha Amarela, na altura da Cidade de Deus;
  • Linha Vermelha, sentido Baixada, na altura da Pavuna;
  • Av. Brasil, próximo à Av. Brigadeiro Trompowski, na Maré;
  • Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá;
  • Av. Marechal Rondon, no Méier;
  • Rua 24 de Maio, em São Cristóvão;
  • Estrada Miguel Salazar Mendes de Morais, na Taquara;
  • Rua Edgard Werneck, na Freguesia;
  • Av. Ernani Cardoso, em Cascadura.
 

A Polícia Militar reforçou o efetivo em todas as regiões afetadas e montou barreiras móveis para conter a expansão dos bloqueios.

Moradores pedem paz em meio à violência

Enquanto tiros ainda ecoavam nas comunidades, moradores do Alemão e da Penha organizaram um ato espontâneo pedindo paz e respeito à vida. Segundo o jornal Voz das Comunidades, o protesto ocorreu mesmo sob risco, em meio à troca de tiros entre policiais e criminosos.

“Estamos cansados de ver nossos jovens serem tratados como alvos. Queremos viver em segurança, não em guerra”, disse uma moradora que não quis se identificar, conforme relatado por veículos locais.

Organizações de direitos humanos, como o Fórum de Segurança Pública e a Anistia Internacional Brasil, emitiram notas de preocupação com a letalidade da operação e pediram transparência nas investigações sobre as circunstâncias das mortes.

Governo estadual defende operação

Em coletiva de imprensa realizada ainda na terça-feira, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que a ação foi planejada com base em inteligência e visava “desmontar estruturas criminosas que dominam territórios há décadas”.

“Não vamos permitir que facções decidam quem vive ou morre no Rio de Janeiro. Esta operação é parte de um plano maior de recuperação da autoridade do Estado”, declarou Castro.

A Secretaria de Segurança Pública informou que foram apreendidos fuzis, munições de grosso calibre, drogas e celulares usados para coordenação de atividades ilícitas. Não há, até o momento, informações sobre policiais feridos.

Contexto histórico e impacto social

O Complexo do Alemão já foi palco de operações semelhantes, como a de 2007 e a ocupação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) a partir de 2010. No entanto, a presença do Estado nas comunidades tem sido marcada por ciclos de violência e abandono.

Especialistas em segurança pública alertam que operações de grande porte, embora possam gerar resultados imediatos, frequentemente agravam a insegurança da população civil e não resolvem as causas estruturais da violência.

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 indicam que o Rio de Janeiro registrou uma média de 3.200 homicídios dolosos no ano passado, com altos índices de letalidade policial — cerca de 18% dos casos envolveram intervenção de agentes de segurança.

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Próximos passos

A operação continua sob sigilo parcial, mas o governo estadual prometeu divulgar um balanço atualizado nas próximas 24 horas. Enquanto isso, a Defensoria Pública do Estado e o Ministério Público do Rio de Janeiro anunciaram que acompanharão de perto os desdobramentos, com foco na apuração de eventuais abusos.

A população do Rio de Janeiro permanece em alerta, com escolas, comércios e serviços públicos interrompidos em várias regiões da cidade.


 

Com informações: Revista Fórum, G1, Agência Brasil, Voz das Comunidades

 

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