O Brasil registrou mais de 1,5 milhão de casos de sífilis adquirida entre 2010 e junho de 2024. No mês de conscientização, o Dr. Alberto Chebabo, presidente da SBI, esclarece mitos e reforça que o desaparecimento da ferida inicial não significa cura e que a testagem no pré-natal é vital para evitar sequelas em bebês
A sífilis, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, continua a ser um grave desafio de saúde pública no Brasil, com um total de 1.538.525 casos de sífilis adquirida registrados entre 2010 e junho de 2024. Em 2023, o país atingiu a maior taxa histórica, com 113,8 casos por 100 mil habitantes. A situação é especialmente crítica na saúde materno-infantil, com a sífilis congênita registrando 344.978 casos em menores de um ano desde 1999.
No Outubro Verde, mês dedicado à conscientização e combate à doença, o Dr. Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), esclarece mitos comuns sobre a “grande imitadora”, como a sífilis é conhecida por seus sintomas variados ou ausentes.
Mitos e Verdades sobre a Sífilis:
- Mito: A sífilis é transmitida apenas por múltiplos parceiros ou sexo desprotegido. Basta uma única exposição sexual (vaginal, anal ou oral) com uma pessoa infectada. A transmissão também ocorre da mãe para o bebê durante a gravidez.
- Mito: Se o cancro duro (ferida inicial) sumir, estou curado. O desaparecimento da lesão indolor na fase primária é natural, mas a bactéria permanece ativa. A doença progride para fases mais avançadas (secundária e latente), que podem levar a complicações neurológicas graves anos depois.
- Verdade: Posso contrair sífilis novamente mesmo após o tratamento. Não existe imunidade permanente. O tratamento cura a infecção atual, mas a reinfecção é possível se houver nova exposição, o que reforça a importância do uso contínuo de preservativos.
- Mito: A sífilis é uma doença difícil de diagnosticar. Embora seja um desafio clínico devido à sua capacidade de imitar outras doenças, o diagnóstico é acessível e eficaz por meio da testagem de anticorpos, que deve ser ampliada em triagens e no pré-natal.
- Verdade: O tratamento da sífilis é simples e eficaz. A doença tem cura, e o tratamento padrão, especialmente nas fases iniciais, é feito com penicilina benzatina, um antibiótico acessível e altamente eficaz, desde que o paciente siga rigorosamente o esquema médico e realize os exames de acompanhamento.
- Mito: Se a gestante estiver com sífilis, o bebê sempre terá sequelas graves. Embora o risco seja altíssimo (podendo levar a aborto, cegueira, surdez ou morte neonatal), o tratamento da gestante com penicilina é a única e mais eficaz forma de prevenir a sífilis congênita e deve ser iniciado o mais rápido possível no pré-natal.
Dr. Chebabo conclui que a informação e o acesso a ferramentas diagnósticas precisas são as ferramentas mais poderosas para enfrentar a sífilis e proteger a saúde da população.
Com informações: Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) / Ministério da Saúde do Brasil