Park Chan-wook explora o desespero do capitalismo em “No Other Choice”, destaque da Mostra de Cinema

O novo filme do cineasta sul-coreano, conhecido por “Oldboy”, é uma adaptação de Donald E. Westlake que aborda a dispensa de um funcionário após 25 anos de dedicação. Ao ser demitido, o protagonista, Man-su, decide fazer de tudo – incluindo sujar as mãos – para conseguir um novo emprego

O filme “No Other Choice”, do aclamado cineasta sul-coreano Park Chan-wook (diretor da “trilogia da vingança” e de “A Criada”), é um dos destaques da programação da 49ª Mostra Internacional de Cinema. O longa-metragem é uma adaptação do livro “O Corte”, de Donald E. Westlake, e tem previsão de lançamento no Brasil pelo streaming MUBI.

O filme parte de um tema globalmente conhecido: a modernização e a automação que reduzem ofertas de emprego e tornam funcionários dedicados dispensáveis. A trama se concentra em Man-su, um especialista em fabricação de papel que, após 25 anos de dedicação à indústria, é demitido da noite para o dia, causando uma implosão em seu estilo de vida.

🩸 A Resposta Violenta ao Descarte do Sistema

Quando surge uma oportunidade de um novo emprego, Man-su decide fazer de tudo para consegui-la, adotando a estratégia mais absurda: eliminar a concorrência.

Park Chan-wook transforma o drama de um homem desempregado em um suspense original e violento. O filme usa a hipérbole e o humor negro para abordar o desespero. Na cultura tradicional sul-coreana, a incapacidade de prover para a família leva Man-su ao limite, fazendo-o encarar o capitalismo selvagem como uma guerra.

O filme faz rir com o amadorismo do protagonista — um especialista em papel, não em assassinatos — em situações absurdas, como ter que explicar à esposa uma picada de cobra após uma entrevista de emprego.

Ao levar o desespero às últimas consequências, “No Other Choice” levanta uma reflexão perturbadora: no limite do sistema, o protagonista, que sempre serviu com dedicação, realmente teria “nenhuma outra escolha” a não ser a violência?

O filme foi premiado no Festival de Toronto (Prêmio do Público) e exibido no Festival de Veneza.

Com informações: Revista Fórum