Ginástica, dança, cultivo de horta e artesanato fazem parte das atividades oferecidas semanalmente pelo CBMDF, em seis regiões administrativas, para a terceira idade
“A gente chega feliz e sai feliz. Se ficarmos só em casa, nos tornamos sedentários. Aqui mantemos a saúde”, declara o aposentado Wilson Nazareth, de 70 anos. Ele se refere ao programa social Bombeiro Amigo, criado em 2001 pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) com o intuito de manter as pessoas idosas incluídas no convívio social por meio de atividades educativas, esportivas, culturais, recreativas e de convivência, visando o bem-estar e a saúde dos participantes.
Wilson é um dos que comprovam que as atividades físicas são uma ótima forma de estimular a mente e manter a qualidade de vida, principalmente nas idades mais avançadas. “A importância é primordial, todos nós somos muito bem recebidos aqui no grupamento do Gama e podemos reencontrar os amigos”, acrescenta.
O aposentado Wilson Nazareth comemora o projeto que une atividades físicas e sociais | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília
Presente em seis regiões administrativas – Ceilândia, Gama, Santa Maria, Samambaia, São Sebastião e Guará -, o projeto conta com 15 instrutores e já atendeu mais de 7 mil pessoas idosas desde 2019. Em 2024, foram 1.228 pessoas inscritas em diferentes modalidades, como ginástica, hidroginástica, artesanato, forró, horta terapêutica, visitas culturais, palestras, passeios recreativos, curso e cultivo de rosa do deserto. As atividades relacionadas são oferecidas em quartéis diferentes, cada um oferecendo uma ou mais atividades dentro do que a estrutura possibilita.
Segundo a coordenadora geral do projeto, a subtenente Izabel Poline do Nascimento Camelo, o trabalho realizado promove uma transformação nítida na vida dos participantes, que muitas vezes vivenciam uma fase onde já não há preocupação com trabalho, os filhos já estão crescidos e a família está envolvida em estudos ou trabalho. Nesses cenários, os avós não têm a atenção em casa que necessitam ou gostariam. “Quando eles vêm para cá, além da atividade física, oferecemos uma saúde emocional. Muitos chegam e falam que estavam tristes, com depressão, e que a vida mudou depois de começarem a vir para a atividade”, detalha a bombeira.
Angélica Santos Ribeiro: “Esse projeto trouxe mais vida para os idosos, mais entusiasmo, veio para somar”
A técnica de enfermagem Angélica Santos Ribeiro faz parte da turma de ginástica do Gama e está prestes a completar 60 anos. Ela afirma que, com as atividades, os colegas começam a interagir e se sentir mais fortes. “Eles acham que quando chega a idade não podem fazer mais nada. E estão enganados. A gente pode fazer muito ainda. Os exercícios são no limite de cada um, ninguém força nada. Esse projeto trouxe mais vida para os idosos, mais entusiasmo, veio para somar. Fazer meus 60 anos ao lado deles é uma maravilha”.
Arte, dança e saúde
Nos trabalhos desenvolvidos pelo 16º Grupamento de Bombeiro Militar do Gama desde 2012, são cerca de 150 idosos – uma comunidade que esbanja elogios e empolgação pelo espaço, que oferece aulas de ginástica e artesanato, com atividades realizadas nas terças e sextas-feiras, geralmente de 8h às 9h. À frente das aulas na unidade, o sargento Nelson Silva as divide em três partes: o alongamento, em que é trabalhada a flexibilidade, uma parte lúdica com dança e, por fim, um trabalho de força e resistência para a musculatura, feita com levantamento de pequenos pesos improvisados com garrafas pets e areia.
O sargento Nelson Silva ressalta que as atividades do Bombeiro Amigo ajudam no fortalecimento muscular e no combate a doenças, entre outros benefícios
O militar explica que a ação, como um todo, é essencial para a melhora da coordenação motora e que, entre os benefícios da atividade física para a pessoa idosa, está a prevenção da sarcopenia (perda de massa muscular). “Além de fortalecer a musculatura e os ossos, também combate diabetes, hipertensão e colesterol. Então o benefício é múltiplo”.
O sargento frisa que durante o ano também há passeios, bailes e que toda última sexta-feira do mês, o grupo comemora os aniversariantes com um café da manhã coletivo. “É muito importante para a socialização, uma grande parte deles mora só. A atividade física em si é um antidepressivo e a gente trabalha para manter uma qualidade de vida melhor para eles”.
Otávio Jesus revela que adora os momentos de diversão proporcionados pelo projeto: “Aqui o clima de alegria é contagiante”
O oficial reformado da Polícia Militar (PMDF) Otávio Jesus, 67, afirma que o passo favorito da turma é a dança do siri, em que todos andam para o lado em sintonia e sob aplausos. “É muito engraçado e bem animado. Nós temos que agradecer a instituição, porque é uma atitude magnífica que está nos tirando da ociosidade. Nós, idosos, temos a tendência ao isolamento, aí vêm depressão e doenças. E você vê que aqui o clima de alegria é contagiante”, observa.
Amélia Matsuura Sanches faz pintura de tecido há 11 anos, no quartel do Gama
Já para a aposentada Amélia Matsuura Sanches, 70, a melhor atividade do projeto é o artesanato. Fazendo pinturas de tecido no quartel do Gama há 11 anos, ela revela que a parte favorita é socializar com as amigas. “A gente esquece de ser dona de casa aqui, é só alegria. O que rimos nesse lugar não está escrito, tem dia que a gente vem e não faz nada, só senta, conversa e come. Para a cabeça e alívio do estresse é tudo bom, gratificante mesmo”.
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