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Mártires da Liberdade: Há 230 Anos, Fim da Revolta dos Escravizados de Curaçau

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Influenciado pela Revolução Haitiana, o maior levante de escravizados nas Antilhas Holandesas terminou em 19 de setembro de 1795, com a captura e brutal execução dos líderes Tula e Bastian Karpata, que se tornaram heróis nacionais

Há exatos 230 anos, em 19 de setembro de 1795, a maior insurreição de escravizados ocorrida nas Antilhas Holandesas chegava ao fim. Liderado pelos heróis Tula e Bastian Karpata, o movimento que mobilizou um exército rebelde de mais de 2.000 guerrilheiros em Curaçau foi esmagado pelas tropas coloniais holandesas, após uma traição.

O levante, que se espalhou pela ilha libertando cativos e incendiando fazendas, terminou com a captura dos líderes, que foram cruelmente torturados e executados. Cerca de 300 pessoas foram mortas na repressão.

Curaçau: Entreposto da Escravidão Holandesa

A ilha de Curaçau, capturada pelos holandeses em 1634, converteu-se em um entreposto vital para o comércio transatlântico de escravizados, sob a administração da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (WIC). Sua localização estratégica a tornou um centro de distribuição de cativos para as colônias europeias nas Américas.

Embora também houvesse produção de sal e agricultura local, a principal atividade econômica era o tráfico negreiro. Em 1789, o censo registrava que cerca de 80% da população da ilha era negra, sendo 13.000 escravizados e 3.700 negros livres.

A população escravizada sofria com jornadas de trabalho de até 16 horas, punições sádicas e condições de vida insalubres, resultando em uma mortalidade extremamente elevada.

A Revolta de 1795

Movimentos de resistência eram constantes em Curaçau, com fugas para comunidades autônomas (quilombos) nas terras altas e insurreições, como as lideradas por Maria (1716). Contudo, a Revolta de 1795 foi a maior de todas, influenciada pelos princípios iluministas e, principalmente, pela Revolução Haitiana (1791–1804).

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O levante eclodiu em 17 de agosto de 1795 na Plantação Knip, onde cerca de 400 escravizados viviam sob condições degradantes. O líder, Tula, um homem africano carismático, argumentava que tinha uma base legal para exigir a abolição da escravatura, citando a decisão da França Revolucionária (que havia invadido os Países Baixos) de declarar a escravidão ilegal em seus territórios.

Liderando 50 pessoas, Tula partiu em marcha para Willemstad, unindo-se a Bastian Karpata e Louis Mercier. O exército rebelde chegou a somar 2.000 insurgentes, tomando plantações e confiscando armas.

Supressão e Legado

As negociações com o governador falharam, e uma grande expedição holandesa, com mais de 200 soldados e milícias, iniciou um sangrento contra-ataque.

A revolta foi subjugada após a traição do escravizado Caspar Lodewijk. Em 19 de setembro, Tula e Bastian Karpata foram capturados.

A repressão foi brutal: Tula foi torturado por duas semanas e, em 3 de outubro de 1795, foi esquartejado vivo, junto com Karpata, Mercier e Wakao. Seus corpos foram desmembrados e expostos publicamente.

Apesar da derrota, o levante forçou o governo holandês a conceder direitos limitados aos escravizados, como dias de folga e o direito ao casamento. A escravidão só seria abolida em 1863.

Tula foi proclamado Herói Nacional de Curaçau. A data de início da revolta, 17 de agosto, é celebrada na ilha como o Dia de Luta pela Liberdade.

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Fonte: Opera Mundi

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