António Guterres destaca urgência de restaurar relação com o meio ambiente no Dia da Mãe Terra; comparou a humanidade como “filho delinquente” e destacou impacto das ações prejudiciais e apela por práticas sustentáveis e liderança do G20 na eliminação dos combustíveis fósseis
Em declaração para o Dia da Mãe Terra, neste 22 de abril, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a urgência de restaurar a relação entre a humanidade e o meio ambiente. Ele comparou a atuação da humanidade como “o filho delinquente da Mãe Terra”, enfatizando as consequências das ações humanas sobre o planeta.
O chefe da ONU destacou que “dependemos da natureza para obter os alimentos que comemos, o ar que respiramos e a água que bebemos”. No entanto, ele lamentou que a humanidade tenha trazido caos ao mundo natural através da poluição, da eliminação de espécies e ecossistemas, e da desestabilização do clima devido às emissões de gases de efeito estufa.
Impactos na humanidade
Para Guterres, as ações prejudiciais à natureza têm impactos diretos na humanidade, colocando em risco a produção de alimentos, poluindo o oceano e o ar, e criando um ambiente mais perigoso e menos estável.
O secretário-geral da ONU ressaltou a necessidade urgente de restaurar a harmonia com a natureza, adotando práticas de produção e consumo sustentáveis.
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Ele afirmou que em conjunto o mundo deve “pisar no freio da perda de biodiversidade, acabar com a poluição e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo”. Ele destacou a importância de apoiar povos indígenas, comunidades locais e outras populações afetadas pelas crises ambientais.
Liderança do G20
Guterres também convocou os países a produzirem novos planos climáticos nacionais alinhados com a limitação do aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius. Além disso, ele instou o grupo das maiores economias, o G20, a liderar uma eliminação global rápida, justa e financiada dos combustíveis fósseis.
Guterres enfatizou a necessidade urgente de agir para criar um futuro melhor para todos ao salientar que “reparar as relações com a Mãe Terra é a mãe de todos os desafios da humanidade.”
Proposta estimula países a compartilhar experiências sobre o tema
Representantes do G20 aprovaram nesta quarta-feira (11) uma declaração que estabelece dez princípios para desenvolver a bioeconomia no mundo. A elaboração do documento é resultado das discussões da 4ª reunião da Iniciativa do G20 sobre Bioeconomia (GIB), que vinha ocorrendo no Rio de Janeiro desde o início da semana.
O Brasil, que atualmente preside o G20, celebrou o consenso em torno do texto como uma conquista histórica. A bioeconomia é um conceito que envolve inovações fundamentadas em recursos biológicos, que resultam no desenvolvimento de produtos, processos e serviços mais sustentáveis. Uma das principais discussões associadas ao tema é a substituição de matérias-primas de origem fóssil por outras menos poluentes.
“É a primeira vez que o tema da bioeconomia é objeto de um documento multilateralmente acordado”, diz nota divulgada pela presidência brasileira no G20.
“A bioeconomia funda-se na ciência mais avançada e no conhecimento tradicional construído ao longo de séculos por povos indígenas e comunidades tradicionais, e representa um caminho promissor para a transição ecológica rumo a uma economia global mais sustentável e inclusiva”, acrescenta o texto.
Intitulada “Princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia”, a declaração estabelece a concordância entre os países em desenvolver esforços para erradicar a fome e a pobreza, incluir os povos indígenas e comunidades locais, mitigar os efeitos das mudanças climáticas globais, contribuir com a conservação da biodiversidade, promover padrões de consumo e produção sustentáveis, usar metodologias transparentes para avaliar a sustentabilidade das cadeias de valor e alavancar a inovação através da cooperação internacional, entre outros tópicos.
A criação da GIB para debater questões relacionadas com a bioeconomia é uma das novidades apresentadas pela presidência do Brasil no G20. Ele surge com a proposta de estimular os países a compartilharem experiências bem-sucedidas relacionadas com o tema.
No G20, têm assento as 19 maiores economias do mundo, incluindo a União Europeia e mais recentemente a União Africana. O grupo se consolidou como foro global de diálogo e coordenação sobre temas econômicos, sociais, de desenvolvimento e de cooperação internacional.
Em dezembro do ano passado, o Brasil sucedeu a Índia na presidência. É a primeira vez que o país assume essa posição no atual formato do G20, estabelecido em 2008. No fim do ano, o Rio de Janeiro sediará a Cúpula do G20, e a presidência do grupo será transferida para a África do Sul.
A 4ª reunião da GIB contou com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.
“Nos dedicamos à troca de experiência entre os países, abordando temas fundamentais, como as economias florestais, o uso estratégico da biodiversidade, incluindo o seu patrimônio genético e o conhecimento tradicional associado à biotecnologia, à bioindustrialização e à biossegurança, entre outras áreas essenciais. Nosso propósito hoje é estabelecer princípios orientadores que servirão como base para o desenvolvimento da bieconomia, em suas diversas vertentes”, afirmou Marina, mais cedo.
Ferramenta terá quatro eixos de atuação: transporte e mobilidade, uso do solo, consumo energético e resíduos; iniciativa é uma das várias frentes do governo para preservar o Cerrado
Considerado o berço das águas, o Cerrado é responsável pela formação e a regulação dos recursos hídricos no Brasil. E na semana em que o bioma é celebrado em todo o país, o Governo do Distrito Federal (GDF) lançou a Calculadora Verde, ferramenta que vai auxiliar no planejamento de ações governamentais com a medição das emissões de gases do efeito estufa, o que terá um impacto direto na preservação do Cerrado brasiliense.
A criação da calculadora foi possível graças a uma parceria entre o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) e as secretarias de Economia (Seec-DF) e de Meio Ambiente (Sema-DF).
“Esse instrumento é importante para minimizarmos os impactos das mudanças climáticas e a preservação do Cerrado. Antes dessa ferramenta, esse monitoramento era feito apenas com as estações que medem a qualidade do ar – que são bastante avançadas. Agora, com esse projeto inovador da Calculadora Verde vai ser possível fazer com que essa ferramenta seja um instrumento de discussões no governo”, salienta o secretário de Meio Ambiente, Gutemberg Gomes.
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Calculadora Verde, ferramenta que vai auxiliar no planejamento de ações governamentais com a medição das emissões de gases do efeito estufa, foi lançada nesta quarta (11), no auditório do DER-DF | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília
A Calculadora Verde terá quatro eixos de atuação:
“O objetivo é você poder fazer com que os órgãos do GDF, as várias secretarias, quando forem fazer os seus projetos, já pensem na calculadora como uma forma de mitigar os gases de efeito estufas que podem ser liberados a partir dessas ações. Com base nesse resultado, os órgãos podem rever e otimizar esses projetos ou, ainda, fazer algum tipo de compensação ambiental”, destaca Werner Vieira, diretor do Departamento de Estudos e Políticas Ambientais e Territoriais
– Transporte e mobilidade: medindo o impacto na construção de ciclovias e calçadas, faixa exclusiva para transporte coletivo, implantação do BRT, obras viárias e expansão do metrô;
– Mudança de uso do solo: medindo o impacto do parcelamento solo em área consolidada e em expansão urbana, recuperação de áreas degradadas e manejo do solo de baixo carbono;
– Consumo energético: medindo o impacto da eficiência energética com a implantação de iluminação LED, por exemplo;
– Resíduos: medindo a ampliação de compostagem e reciclagem.
O presidente do IPEDF, Manoel Clementino Barros Neto, ressalta que a ferramenta não é apenas um instrumento de futuro, mas de presente, sobretudo no momento em que o mundo tem sofrido as consequências do aquecimento global.
“Como qualquer ferramenta de auxílio à gestão, ela tem uma aplicação de médio e de curto prazo, mas que merece aperfeiçoamento para que seu uso seja perpetuado, ainda mais numa iniciativa tão importante como essa de combate e de enfrentamento às mudanças climáticas”, reforça. “É muito importante você avaliar o impacto de uma iniciativa, seja positiva ou negativa.”
O secretário do Meio Ambiente, Gutemberg Gomes, diz que a Calculadora Verde vai subsidiar discussões do governo
Os estudos para elaboração da Calculadora Verde foram iniciados em 2023 pela equipe do IPEDF e por bolsistas graduados, mestres e doutores. Em maio de 2024, as atividades foram concluídas com a entrega de relatórios voltados a evidências sobre a emissão de gases de efeito estufa; um padrão de emissões de diferentes áreas do DF; e uma ferramenta de monitoramento: a Calculadora Verde.
“O objetivo é você poder fazer com que os órgãos do Governo do Distrito Federal, as várias secretarias, quando forem fazer os seus projetos, já pensem na calculadora como uma forma de mitigar os gases de efeito estufas que podem ser liberados a partir dessas ações. Com base nesse resultado, os órgãos podem rever e otimizar esses projetos ou, ainda, fazer algum tipo de compensação ambiental”, explica Werner Vieira, diretor do Departamento de Estudos e Políticas Ambientais e Territoriais.
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Como acessar
Apesar de ser voltada para agentes públicos do Distrito Federal, qualquer cidadão pode acessar a ferramenta de cálculo por meio deste link.
“Como qualquer ferramenta de auxílio à gestão, ela tem uma aplicação de médio e de curto prazo, mas que merece aperfeiçoamento para que seu uso seja perpetuado”, afirma o presidente do IPEDF, Manoel Clementino Barros Neto
A Calculadora Verde tem como referência metodologias aprovadas e utilizadas pela Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança do Clima (IPCC) mas adota simplificações voltadas à maior facilidade de uso e de entrada de informações pelos usuários.
A ferramenta de cálculo foi organizada em abas que representam quatro setores sistematizados e, em cada aba, são listadas as ações passíveis de avaliação. Cada aba possui campos para entrada de informações, tanto qualitativas como quantitativas, e campos de resultados.
O instrumento passará por atualizações periódicas para melhor auxiliar o planejamento de ações governamentais.
Cuidado com o Cerrado
O lançamento da Calculadora Verde é apenas uma das várias frentes deste GDF para preservar o Cerrado, com uma atuação transversal da Secretaria de Meio Ambiente.
No ano passado, o governador Ibaneis Rocha instituiu o dia 1º de dezembro como uma data de plantio de mudas nativas do bioma. A ideia é que sejam plantadas um milhão de árvores do bioma por ano no DF.
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Em 2023, também foi regulamentada a política de resíduos sólidos de logística reversa de embalagens, além do aprimoramento e ampliação do uso público dos parques e unidades de conservação distritais.
Segundo o secretário do Meio Ambiente, este GDF deve anunciar, em breve, novas medidas de preservação do Cerrado, como um novo edital de reflorestamento do bioma e de proteção às nascentes do DF. “Nós estamos trabalhando em várias frentes e de forma transversal, com vários órgãos, para que, de fato, tenhamos um meio ambiente sustentável”, observa Gutemberg Gomes.
A Câmara Legislativa realiza nesta quarta (11), às 10h, sessão solene em comemoração ao Dia do Cerrado e aos nove anos da encíclica papal Laudato Si’, que manifesta o compromisso da Igreja Católica com as medidas de conscientização e preservação do meio ambiente
O evento, de autoria do deputado João Cardoso (Avante), trará debates sobre a preservação do bioma Cerrado ao plenário da Casa e também pretende relacionar as ações de conscientização com o livro católico. Estarão presentes autoridades e representantes de entidades voltadas à causa ecológica.
De acordo com autor da proposta, que também é presidente da Frente Parlamentar Católica, as mudanças climáticas e os incêndios, que se alastram pelo Brasil, tornam ainda mais relevante o evento, visto que medidas de combate ao uso indevido dos recursos naturais devem ser entendidas como urgentes, e a realização da sessão também serve a esse propósito.
“É preciso usar todos os meios para acabar com o comportamento predatório. O cuidado com a natureza é igualmente manifestação de fé. Devemos cuidar da criação de Deus”, disse.
Fato Novo com informações da assessoria de comunicação do deputado João Cardoso