O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na última quarta-feira (27/08), no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0, a nova geração da televisão aberta e gratuita no Brasil. A tecnologia, considerada a “televisão do futuro”, promete revolucionar o consumo de conteúdo no país com maior interatividade, qualidade de imagem e som, além de integração com a internet.
O anúncio marca o início da migração para o padrão ATSC 3.0, recomendado pelo Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), entidade responsável pela evolução tecnológica da TV digital no Brasil.
Mais que uma atualização: uma transformação
A TV 3.0 combina transmissão tradicional (broadcast) com conectividade de internet (broadband), criando uma experiência híbrida. Entre as novidades:
- Aplicativos diretamente na TV, permitindo interação com programas, votações em tempo real e acesso a conteúdos sob demanda;
- T-commerce: possibilidade de fazer compras pelo controle remoto;
- Alertas de emergência, serviços de governo digital e recursos de acessibilidade avançada;
- Publicidade e conteúdos personalizados com base no perfil do telespectador.
“A TV 3.0 representa mais do que uma evolução tecnológica: simboliza a renovação de um compromisso histórico da radiodifusão com a informação, a cultura e a ética”, afirma Raymundo Barros, diretor de Estratégia de Tecnologia da Globo e presidente do Fórum SBTVD.
Interface reinventada: fim do “esquecimento” da TV aberta
Um dos maiores desafios da TV aberta nos últimos anos tem sido a perda de destaque nas Smart TVs, que priorizam aplicativos de streaming (como Netflix, YouTube e Disney+).
Com a TV 3.0, isso muda:
- Os canais abertos voltam a aparecer em posição de destaque no catálogo de aplicativos;
- O botão “DTV Mais” no controle remoto facilita o acesso direto;
- A troca rápida entre canais (o famoso “zapeamento”) é mantida, agora entre aplicativos.
“É uma reconquista do espaço que a TV aberta perdeu na primeira tela. Esse processo de redução de audiência pode ser revertido”, afirma o professor Guido Lemos, da UFPB, um dos criadores do sistema Ginga.
TV pública ganha nova força
A TV 3.0 também impulsiona a comunicação pública com a criação da Plataforma Comum de Comunicação Pública, que integrará emissoras como:
- TV Brasil;
- Canal Gov;
- Rede Legislativa de Rádio e TV.
Mesmo em regiões sem sinal de antena, o acesso será possível pela internet. Os canais funcionarão como aplicativos, com programação linear e conteúdos sob demanda, semelhante a plataformas de streaming.
“Não serão mais apenas canais, mas aplicativos com conteúdo personificado. É a mesma experiência do YouTube, mas na TV aberta”, destaca Carlos Neiva, da Astral.
Desafios: conectividade e custos
Apesar do potencial, dois grandes desafios precisam ser superados:
- Universalização da internet de qualidade: apenas 22% dos brasileiros têm conectividade significativa (segundo o Cetic.br), com grandes desigualdades regionais e de classe. No Nordeste, esse índice cai para 11%; entre as classes DE, para 3%.
- Custos de migração: emissoras precisarão investir em novos transmissores e licenciamento, enquanto os consumidores deverão adquirir receptores compatíveis ou conversores.
Cronograma e estreia simbólica
A migração será gradual, começando pelas grandes cidades, assim como ocorreu com a TV digital. A expectativa é que parte da população já possa desfrutar da TV 3.0 durante as transmissões da Copa do Mundo de 2026.
Uma nova era da televisão brasileira
A TV 3.0 não é apenas uma atualização técnica: é uma reafirmação do papel da televisão aberta como vetor de inclusão digital, informação e cultura. Ao integrar internet, interatividade e serviços públicos, a tecnologia coloca o Brasil na vanguarda da radiodifusão mundial — e devolve ao cidadão o controle da sua tela.
Com informações: Agência Brasil
Annalise Gutierrez
29/08/2025 at 10:50
This was beautiful Admin. Thank you for your reflections.