Grande final da competição, que tem apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, vai ocorrer entre os dias 26 e 28 de julho, em Ceilândia
A primeira etapa do Circuito Junino, realizada no Cruzeiro, foi cheia de emoções. Num empate técnico, as campeãs desse primeiro ciclo de competições foram as quadrilhas Sabugo de Milho e Si Bobiá a Gente Pimba, com 139,9 pontos. No decorrer do Circuito, houve uma homenagem a Nelson Torres, quadrilheiro precursor da Quadrilha do Arraiá de Santa Teresinha do Cruzeiro (Quast).
Durante os três dias de evento, 15 grupos e 1.100 dançarinos colocaram o xote e o baião na ponta do pé, com figurinos e maquiagem elaborados de acordo com a mensagem que cada quadrilha queria passar.
“Foi emocionante celebrar a nossa cultura, movimentando o nosso fim de semana e girando a economia local”, ressalta o administrador do Cruzeiro, Gustavo Aires.
Elisa Pessoa, moradora do Cruzeiro há 16 anos e mãe da Beatriz, assistiu a toda a programação. “Acho muito importante esse evento, muito animado. Principalmente para minha filha, que não quer perder nada”, conta.
O Circuito Junino terá quatro etapas: três classificatórias e uma grande final, em Ceilândia
O Circuito Junino contou com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), da Administração do Cruzeiro, do Instituto Acolher, da Federação de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno (Fequaju).
Serão quatro etapas do circuito, sendo as três primeiras classificatórias para a grande final, em Ceilândia, de 26 a 28 de julho. Dez quadrilhas vão disputar o título.
Anúncio
Classificação da primeira etapa do Circuito Junino
1° lugar: Sabugo de Milho e Si Bobiá a Gente Pimba (empate técnico) – 139,9 pontos
2° lugar: Paixão Cangaço – 139,4 pontos
3° lugar: Elite do Cerrado – 139,4 pontos
4° lugar: Sanfona Lascada – 139,2 pontos
5° lugar: Êta Lasquêra – 139,2 pontos
Melhor marcador: Paixão Cangaço
Melhor casal de noivos: Sabugo de Milho
Espaço recebe exibição do documentário ‘Black Rio! Black Power!’, seguida de debate com diretor, nesta terça (19); na quarta (20), será promovida uma masterclass sobre a obra
O Cine Brasília preparou uma programação especial para marcar o Dia da Consciência Negra. Nesta terça (19) e quarta-feira (20), o espaço promoverá, em parceria com o Instituto Afrolatinas, exibição de filme seguida de debate e uma marterclass. As atividades especiais são gratuitas.
Na terça, a partir das 17h, o público poderá conferir o Baile de Passinho, que servirá de aquecimento para a exibição do documentário Black Rio! Black Power!, marcada para as 19h. O longa do diretor carioca Emílio Domingos narra a história e a repercussão do movimento Black Rio, que marcou a cena cultural fluminense entre as décadas de 1970 e 1980. Logo na sequência, a partir das 20h30, o próprio diretor participa de um debate sobre a obra.
No Dia da Consciência Negra (20), Emílio ministrará a masterclass Black Rio! Black Power!: O documentário como construção de memória. A aula será das 10h às 12h e as inscrições já foram encerradas.
Sessão atípica e ‘Ainda estou aqui’
Anúncio
O feriado terá ainda duas sessões atípicas, voltadas para pessoas autistas e neurodivergentes, com luzes acesas, volume do som reduzido e ar-condicionado desligado. Às 10h, será exibido Perfekta — Uma aventura da escola de gênios. Já às 14h será a vez de Robô selvagem. Os ingressos para a Sessão Atípica têm valor único de R$ 10 e podem ser adquiridos na bilheteria do Cine Brasília ou pelo site.
Já o público que quiser conferir o representante brasileiro na disputa por uma vaga no Oscar deste ano pode fazê-lo nesta terça-feira. O longa Ainda estou aqui, do diretor Walter Salles, com Fernanda Torres e Selton Mello, será exibido às 14h e às 16h30. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) e também podem ser adquiridos na bilheteria ou na internet.
Confira a programação:
Terça-feira (19)
10h — Perekta – Uma aventura da escola de gênios
14h — Ainda estou aqui
16h30 — Ainda estou aqui
19h — Sessão Especial Dia da Consciência Negra – Black Rio! Black Power! + debate
Anúncio
Quarta-feira (20)
10h — Sessão Atípica – Perekta – Uma aventura da escola de gênios
14h — Sessão Atípica – Robô Selvagem
19h30 — 14ª Mostra Cinema e Direitos Humanos.
Estudantes da rede pública do DF participaram de palestra com o cantor Toni Garrido; programação da noite inclui Ellen Oléria, Marcelo Falcão e Nação Zumbi
Teve início nesta segunda-feira (18) o Festival Consciência Negra, dedicado à valorização da cultura afro-brasileira. O evento, que terá três dias, apresenta palestras, oficinas, gastronomia, moda e música. Toda a programação está concentrada na Torre de TV. Nesta manhã, alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal participaram de uma palestra sobre afrocultura com o cantor Toni Garrido.
A festividade é promovida pelas secretarias de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) e de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), contando com o apoio da Associação de Educação, Cultura e Economia Criativa (Aecec), do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Ministério do Turismo. O investimento total no evento é de cerca de R$ 7 milhões.
Na abertura do festival, o titular da Secec-DF, Claudio Abrantes, ressaltou a importância de o evento ser promovido no coração de Brasília. Segundo ele, a festividade deve integrar o calendário oficial de eventos do DF e se tornar uma política pública cultural permanente.
Anúncio
“É uma oportunidade única que temos para quebrar preconceitos e combater o racismo, mas principalmente para celebrar a negritude que existe no nosso país”, declarou o gestor. “Temos feito um trabalho muito forte pela arte e pela cultura, porque esses meios, na verdade, são canais.”
Debate pontual
“Esse evento vem mostrar a cultura negra do DF, que é forte e potente”
Juvenal Araújo, subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Social
Subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial, Juvenal Araújo chamou atenção para a composição da população da capital brasileira – segundo levantamento elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), 58% dos habitantes de Brasília são negros. “Esse evento vem mostrar a cultura negra do DF, que é forte e potente”, enfatizou Araújo. “Nós estamos felizes de poder mostrar o quanto Brasília tem de herança e fortalecer a população negra”.
Anúncio
Maria Eduarda Silva Santos, 16, é aluna do Centro Educacional do Lago Norte e participou da palestra sobre afrocultura. “É bom voltarmos ao passado para, no futuro, viver algo melhor”, avaliou. “Eu me sinto muito representada ao ver esse debate acontecendo. Faz com que nós, negros, fortaleçamos nossa autoimagem”. Colega de escola de Maria, Geovanna Martins de Assis, 17, complementa: “Esse debate é muito importante. A sociedade é parte do problema e parte da solução”.
Programação
Entre os artistas confirmados para as festividades, estão Ellen Oléria, Marcelo Falcão e Nação Zumbi, que sobem ao palco montado em frente à Torre de TV já nesta segunda. Na terça (19), será a vez, entre outros, de Dhi Ribeiro, Seu Jorge e Raça Negra. Já a quarta-feira (20) terá apresentações de Olodum, Vanessa da Mata e Tribo da Periferia. Os shows são gratuitos, mas é preciso retirar o ingresso antecipadamente na plataforma Sympla.
Além das atrações musicais, o Festival Consciência Negra terá palestras com personalidades nacionais – como o rapper MV Bill -, venda de pratos assinados pelo chef Edilson Oliveira e de doces e sucos feitos por comunidades quilombolas e ainda uma feira, a Afro Brasília, onde serão comercializados produtos feitos por artesãos e empreendedores afro-brasileiros e peças de moda afro.
As crianças também terão vez, com peças teatrais, contação de histórias, atividades pedagógicas e brinquedos infláveis. Estudantes da rede pública participarão de ações como aulas de dança, capoeira e hip-hop. Nos três dias, as atividades começam às 9h.
Anúncio
A iniciativa tem como objetivo não apenas celebrar a cultura e as contribuições da população negra ao Brasil, mas também promover o debate sobre temas essenciais como igualdade racial, justiça social e combate ao racismo.
Confira, abaixo, a programação completa.
Segunda-feira (18)
⇒ 9h às 9h30 – abertura
⇒ 10h às 11h30 – Palestra com MV Bill
⇒ 12h às 14h – DJ Hool Ramos
⇒ 14h às 14h40 – Visita escolar guiada
⇒ 14h40 às 16h40 – Oficina de dança Mãe África
⇒ 17h às 17h45 – Show Afoxé Ogum Pá
⇒ 18h às 18h45 – Filhos de Dona Maria
⇒ 19h às 19h45 – Show Patakori + Folha Seca
⇒ 20h às 21h – Ellen Oléria
⇒ 21h30 às 22h30 – Marcelo Falcão
⇒ 23h – Nação Zumbi
Terça (19)
Anúncio
⇒ 9h às 9h30 – Visita escolar guiada
⇒ 9h40 às 11h40 – Oficina de breaking dance
⇒ 12h às 14h – DJ Alhoca
⇒ 14h às 14h30 – Visita escolar guiada – Bianca Tur Negro
⇒ 14h40 às 15h40 – Oficina de DJ com Arte Urbana – Fab Gril
⇒ 16h às 17h – Desfile da Beleza Negra
⇒ 17h às 17h45 – Nego De
⇒ 18h às 18h45 – Laady B
⇒ 19h às 19h45 – Julia Moreno
⇒ 19h30 às 20h30 – Dhi Ribeiro
⇒ 22h às 23h30 – Raça Negra
⇒ 0h – Seu Jorge
Quarta (20)
⇒ 10h às 23h – Visitação aberta
⇒ 10h às 12h – Encontro de B-Boys
⇒ 12h30 às 13h15 – Cirurgia Moral
⇒ 13h30 às 14h – DJ Odara
⇒ 14h às 15h – Francisco Pessanha
⇒ 15h às 15h45 – Tropa de Elite
⇒ 16h às 17h – Roda de capoeira
⇒ 17h às 17h45 – Show Marvin
⇒ 18h às 19h – Olodum
⇒ 19h30 às 20h30 – Vanessa da Mata
⇒ 21h – Tribo da Periferia.
Mistura de esporte, dança e arte marcial cresceu marginalizada nos quilombos brasileiros e ganhou adeptos em todo o mundo
Uma das expressões culturais mais importantes do Brasil, a capoeira é uma mistura de arte marcial e dança, desempenhada ao som de instrumentos de percussão e de um coral responsivo. Dois lutadores dançam em uma arena circular, a roda, acompanhando o ritmo da música. Lançando movimentos um sobre o outro, eles esperam o momento ideal — aquele em que o adversário baixa sua guarda e se expõe a um ataque. Na capoeira, os golpes são rápidos e letais.
Assim como muitas outras danças latinas, como a salsa (Cuba), o merengue (República Dominicana), o calipso (Trinidad e Tobago) e o frevo (Brasil), a capoeira tem origem afro-americana. Em nosso país, ela foi desenvolvida por pessoas escravizadas durante a era colonial e cresceu em popularidade ao longo do século 20, tornando-se uma das nossas tradições mais populares mundo afora.
Capoeira — brasileira ou africana?
A origem da capoeira é, de certa forma, controversa. Em seu artigo “A manifestação corporal capoeira: uma cultura nacional brasileira”, o professor e mestre capoeirista Bruno Nascimento Alleoni conta que não há consenso entre os pesquisadores se a capoeira, de fato, surgiu no continente africano ou se foi criada pelos escravizados aqui no Brasil.
Alleoni traz citações de pesquisadores para demonstrar isso. O autor Lamartine P. Costa afirma, por exemplo, que ”a forma primitiva da capoeira chegou no Brasil com os negros bantus, originários da África Ocidental”. Já o autor Gladson de Oliveira Silva afirma que “não há no continente africano e nos outros países influenciados pela etnia negra nenhuma expressão da Capoeira e que, portanto, ela foi criada em solo brasileiro”.
Anúncio
“Dizer que a Capoeira é africana porque os africanos já dançavam o N’Golo (ou Kisema) ou que já lutavam a Bassúla ou a Kambangula é reduzir a Capoeira a uma forma limitada de expressão corporal, seja à dança ou à luta. Esquece-se, portanto, que a união destas e de outras expressões corporais mais a musicalidade e mais o toque de instrumentos musicais é que completam a arte da Capoeira”, afirma o próprio Alleoni.
Seja como for, é fato que a capoeira se desenvolveu no Brasil a partir da população negra escravizada. Ao longo do Brasil colônia (1500-1815) e até o final do século 19, cerca de 4 milhões de pessoas foram trazidas ao nosso país para serem vendidas e trabalharem forçosamente. A maioria veio de países do lado ocidental da África, como Angola e Congo.
Muitos escravizados, revoltosos com as condições desumanas a que eram submetidos, fugiam e criavam suas próprias comunidades, os quilombos. “Quilombo” é uma palavra do idioma quimbundo, uma língua africana falada na região de Angola, e significa “local de descanso”. Nesses lugares, além de cultivarem sua liberdade, os quilombolas também podiam desenvolver e expressar sua cultura sem medo de represálias — nas fazendas, a expressão corporal era proibida. Foi assim que a capoeira se desenvolveu, praticada por pessoas que, muitas vezes, vinham de contextos culturais muito diferentes e nem sequer falavam a mesma língua.
O termo “capoeira” vem do tupi: “ka’a” significa “mata” e “puêra” significa “o que foi”. Já desde o século 16, era usado para descrever as matas ao redor das fazendas. Os escravizados fugidos acabaram sendo também chamados de “capoeiras” e considerados foras da lei. Foi só muitos anos mais tarde, no século 18, que a palavra passou a nomear a mistura de dança e arte que eles praticavam.
Capoeira Angola e capoeira regional
A história da capoeira tem dois nomes principais: Vicente Ferreira Pastinha, o Mestre Pastinha (1889 a 1991), e Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba (1900 a 1974). Pastinha foi expoente da capoeira Angola, mais focada em aspectos tradicionais e espirituais. A capoeira Angola tem movimentos mais lentos e próximos ao chão, maior uso de malícia (no sentido de ilusão, picardia) e muita teatralidade.
Mestre Bimba criou a capoeira regional, mais próxima das outras artes marciais. Ela é caracterizada por ser mais rápida e dinâmica, com o aspecto de disputa se sobrepondo ao de ritual. “Em 1928, eu criei, completa, a Regional, que é o batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”, disse Bimba ao autor Raimundo Cesar Alves para o livro A Saga do Mestre Bimba. De forma geral, a capoeira regional tem mais adeptos e é mais praticada no Brasil.
Anúncio
A partir de 1930, Getúlio Vargas, buscando apoio popular, passou a permitir a capoeira (antes proibida), que cresceu em influência no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e na Bahia. Em 1932, Mestre Bimba abriu a primeira escola formal, que ainda chamava a prática de “luta regional”. E, em 1972, a capoeira foi finalmente reconhecida como esporte.