Conecte-se conosco

Sociedade

“Síndrome de DiCaprio” e o fetiche masculino por mulheres mais jovens

Publicado

em

Preferência de homens por mulheres jovens se repete em diferentes contextos sociais e movimenta mercado de luxo e relacionamentos sob medida

O termo “Síndrome de DiCaprio” , embora informal e sem respaldo científico, tornou-se popular nas redes sociais para descrever um padrão de comportamento observado em muitos homens: a preferência constante por parceiras românticas ou afetivas muito mais jovens , frequentemente no início da idade adulta ou ainda na adolescência.

O termo faz referência ao ator Leonardo DiCaprio , cujo histórico amoroso chamou a atenção por seguir uma constante: nenhuma de suas ex-namoradas ultrapassou os 25 anos . De Gisele Bündchen a Bar Refaeli , passando por Camila Morrone — dispensada após completar 25 anos — até Vittoria Ceretti , que aos 26 pode representar um desvio dessa regra, o padrão parece seguir uma lógica social que vai muito além do universo das celebridades.

Juventude como critério: um padrão mais comum do que se imagina

Em entrevista, Bárbara Gutierrez , sócia da plataforma Exclusive , que conecta mulheres a eventos e experiências com homens de alto padrão, confirma que a busca por juventude é uma demanda crescente:

“Temos percebido cada vez mais um movimento na nossa plataforma de pedidos de homens específicos por mulheres com até 23 anos. E não basta a idade, é preciso que pareçam ainda mais novas. A juventude virou não só um símbolo estético, mas quase uma exigência.”

Segundo ela, muitos homens associam a juventude a frescor, energia, submissão e status social .

Bernardo Castro , também sócio da plataforma, complementa:

“Essa escolha não é apenas sobre beleza. É sobre poder, projeção social, controle. Há uma fetichização clara da juventude. Muitos homens veem isso como uma conquista social. Sair com uma mulher jovem é como ostentar um relógio de luxo ou um carro esportivo. E fazem disso um requisito, não uma preferência.”

Desejo mascarado como preferência estética

Estudos apontam que essa preferência não é exclusiva de celebridades. Um estudo da Universidade da Califórnia em Davis , com mais de 4.500 interações em encontros às cegas , revelou que homens e, em menor grau, mulheres , tendem a demonstrar preferência por parceiros mais jovens — ainda que raramente admitam publicamente.

Anúncio

Nas plataformas de acompanhantes, agências de luxo e apps de sugar dating , esse padrão se torna ainda mais explícito. Ali, a juventude é um critério estruturado , muitas vezes vinculado a uma série de expectativas comportamentais e estéticas.

“A juventude passou a ser vendida como uma performance. Rosto sem marcas, corpo com curvas específicas, voz doce, comportamento discreto. Muitos desses homens projetam nessa mulher idealizada uma fantasia de pureza ou moldabilidade, como se o frescor da idade significasse menos opinião e mais admiração por ele”, afirma Bárbara .

A lógica do desejo e o medo do envelhecimento

A chamada Síndrome de DiCaprio pode não estar nos manuais de psicologia, mas descreve com precisão um comportamento recorrente : o desejo masculino atrelado à juventude, o medo do envelhecimento e a fantasia de validação através de uma parceira mais nova.

Mais do que um comportamento romântico ou afetivo, trata-se de um código social não verbal , que se repete longe dos holofotes, muitas vezes com combinações agendadas, valores pagos e nomes em listas VIP .

O que a sociedade faz com esse desejo?

A questão não é apenas sobre o comportamento de um ator famoso, mas sobre quantos homens seguem o mesmo padrão em contextos menos visíveis , mas igualmente estruturados.

A juventude feminina, muitas vezes idealizada, é convertida em mercadoria simbólica e real , moldada por expectativas estéticas e comportamentais. E, ao mesmo tempo, o desejo masculino por mulheres jovens persiste como um fetiche socialmente tolerado , muitas vezes disfarçado de escolha pessoal, mas que revela uma lógica de poder e controle .

“É um ciclo: o desejo masculino atrelado à juventude, o medo do envelhecimento próprio e a fantasia da mulher que valida sua potência e imagem”, resume Bárbara.


Com informações: Bárbara Gutierrez e Bernardo Castro, da Exclusive

Anúncio

Continue lendo
Anúncio

Clique para comentar

Deixa uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brasil

COP30 em Belém eleva desinformação climática a problema de direitos humanos e governança global

Publicado

em

Por

A COP30 em Belém reposicionou a Amazônia no centro da diplomacia climática, expondo a crise da integridade da informação como um obstáculo global à ação e à sobrevivência planetária. A especialista Maryellen Crisóstomo afirma que a desinformação climática é uma violação do direito humano à informação (Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos) e uma tática de captura corporativa. As declarações da Cúpula dos Povos e dos 20 países signatários na COP30 convergiram ao denunciar o papel das grandes corporações (mineração, agronegócio, Big Techs) na manutenção de narrativas que atrasam a descarbonização e criminalizam defensores ambientais, exigindo transparência algorítmica e reconhecimento dos saberes ancestrais no combate à crise

A realização da COP30 em Belém recolocou a Amazônia no centro da governança e diplomacia climática global, mas também expôs a urgência de combater a desinformação climática, vista como um problema que transcende o campo comunicacional e atinge a dimensão dos direitos humanos e da justiça climática.

O Direito à Informação como Pilar da Ação Climática ⚖️

A integridade da informação ambiental é considerada um direito humano estruturante e sua violação foi amplamente denunciada durante a COP30.

  • Direito Universal: À luz do Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o acesso à comunicação e à informação é essencial, especialmente em um ecossistema digital polarizado e vulnerável à manipulação.

  • Violação e Conflito: Sem informação e o reconhecimento efetivo do direito à propriedade coletiva dos territórios, povos e comunidades são expostos a conflitos com megaempreendimentos (monoculturas, mineração para transição energética, energia eólica e solar), o que configura uma violação da Convenção 169 da OIT (Artigo 6º), conforme denunciado na Cúpula dos Povos.

Declaração de Belém: O Reconhecimento da Desinformação 📜

No contexto da COP30, foi assinada a Declaração sobre a Integridade da Informação sobre Mudança do Clima por 20 países, reconhecendo que a desinformação se tornou um obstáculo global que corrói a confiança pública e atrasa medidas urgentes.

  • Obstáculos Denunciados: A Declaração aponta explicitamente para:

    • Ataques a jornalistas e cientistas.

    • Incentivo à má informação e circulação de conteúdos enganosos em plataformas digitais.

    • Falta de transparência algorítmica.

  • Captura Corporativa: A Cúpula dos Povos reforça que este cenário está inserido em um contexto mais amplo de captura corporativa, financeirização da natureza, e avanço do extremismo, onde grandes corporações (mineração, energia, agronegócio e Big Techs) utilizam estratégias como greenwashing e descredibilização da ciência para manter o status quo.

Caminhos para a Governança Sustentável 💡

Tanto a ONU (por meio do Pacto Digital Global de 2024) quanto a Declaração sobre Integridade da Informação conclamam Estados e empresas de tecnologia a assumir responsabilidade compartilhada:

  • Responsabilidade das Plataformas: Exige-se que as empresas avaliem os impactos de sua arquitetura, forneçam dados para pesquisas independentes e implementem políticas de responsabilidade informacional.

  • Saberes Ancestrais: A Cúpula dos Povos oferece uma contribuição estrutural ao afirmar que o combate à desinformação passa pelo reconhecimento dos saberes ancestrais (indígenas, quilombolas, ribeirinhos) como tecnologias sociais para o enfrentamento da crise climática.

A especialista conclui que o avanço em estratégias climáticas depende de o multilateralismo restabelecer a integridade informacional. Para que as ações sejam eficazes, o direito humano à informação deve ser garantido em todas as suas dimensões, sendo o combate à desinformação uma estratégia de justiça climática e sobrevivência planetária.


Com informações: Diplomatique

Anúncio

 

Continue lendo

Ciência

Sacrifício em massa na China antiga revela que 90% das vítimas eram homens, contrariando padrões anteriores

Publicado

em

Por

Uma nova análise de DNA em 80 crânios encontrados em um poço na antiga cidade de Shimao, na China, revelou que 9 em cada 10 vítimas de sacrifício humano eram homens. Esta descoberta, publicada na revista Nature, surpreendeu arqueólogos, pois contrasta com os sacrifícios encontrados em enterros de elite na mesma região, que eram predominantemente de mulheres. Os pesquisadores sugerem que as práticas de sacrifício eram altamente estruturadas, com papéis de gênero específicos para locais e propósitos rituais distintos

Arqueólogos que analisaram esqueletos da antiga cidade de Shimao, uma cidade murada de pedra de 4.000 anos na província de Shaanxi, China, descobriram novos fatos sobre as vítimas de sacrifício humano encontradas em um poço próximo ao Portão Leste (Dongmen).

Descoberta Surpreendente na Cova de Crânios 😲

A análise de DNA dos crânios encontrados sob a fundação do Portão Leste de Shimao mostrou um padrão de sacrifício específico por gênero:

  • Predominância Masculina: 9 em cada 10 vítimas de sacrifício eram do sexo masculino.

  • Contraste com Enterros de Elite: Este achado contrasta fortemente com relatórios arqueológicos anteriores de Shimao e suas cidades satélites, onde os sacrifícios associados a enterros de elite eram predominantemente femininos.

A Academia Chinesa de Ciências afirma que isso sugere que as práticas sacrificiais de Shimao eram altamente estruturadas, com papéis específicos de gênero vinculados a propósitos e locais rituais distintos.

Propósitos Rituais Distintos 📜

Os pesquisadores ofereceram possíveis explicações para os diferentes padrões de sacrifício:

  • Sacrifícios no Cemitério (Femininos): Podem ter representado a veneração dos ancestrais, onde as mulheres eram sacrificadas para honrar nobres ou governantes da elite.

  • Sacrifícios no Portão (Masculinos): Estavam provavelmente ligados a um ritual de construção das muralhas ou do portão da cidade.

Além disso, a análise de DNA dos homens sacrificados não encontrou diferenças significativas em sua ancestralidade em comparação com a dos ocupantes da elite das tumbas, indicando que as vítimas do sacrifício não eram “estranhas” à sociedade de Shimao.

A cidade de Shimao foi ocupada entre cerca de 2300 e 1800 a.C. e apresentava uma grande pirâmide escalonada e áreas de especialização artesanal.

Anúncio


Com informações: Live Science

 

Continue lendo

Brasil

STF remarca para presencial o julgamento do Marco Temporal e entidades indígenas cobram participação plena e inconstitucionalidade da lei

Publicado

em

Por

O Supremo Tribunal Federal (STF) remarcou o início do julgamento da tese do Marco Temporal para a próxima quarta-feira (10), em sessão presencial, atendendo a uma demanda do movimento indígena. A tese defende que indígenas só podem reivindicar terras ocupadas até 5 de outubro de 1988. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) celebrou a mudança do plenário virtual para o presencial como uma vitória de sua pressão, mas, junto à Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), considera a medida insuficiente e exige a inconstitucionalidade integral da Lei 14.701/2023

As organizações que representam os povos indígenas comemoraram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de adiar e remarcar o início do julgamento do Marco Temporal para a próxima quarta-feira (10), em formato presencial.

O Confronto do Marco Temporal ⚖️

A tese do Marco Temporal, defendida por setores como o agronegócio e a mineração, estabelece que os indígenas só têm direito à demarcação das terras que estavam sob sua ocupação na data de promulgação da Constituição Federal, 5 de outubro de 1988.

  • Histórico Recente: Embora o STF tenha considerado a tese inconstitucional em setembro de 2023, o Congresso Nacional derrubou o veto do Presidente Lula em dezembro de 2023, restabelecendo a validade do projeto de lei (Lei 14.701/2023) que a reconhece. O tema voltou ao STF por meio de novas ações.

Vitória Parcial e Exigências do Movimento Indígena ✊

A mudança do julgamento para a forma presencial, em vez da virtual (prevista inicialmente para esta sexta-feira), foi vista pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) como uma vitória da pressão do movimento, que protocolou um pedido de alteração para garantir sua participação.

  • APIB: Reivindicações Necessárias: A APIB, contudo, considera que este é apenas um primeiro passo e exige:

    • Julgamento com ampla participação indígena.

    • Declarar a inconstitucionalidade integral da Lei 14.701/2023.

    • Reafirmar a proteção das terras indígenas como pilar para a vida, a cultura e o clima.

  • Coiab: Preocupação com a Votação: A Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e o Conselho Indígena de Roraima (CIR) adotaram um tom crítico. Eles notam que a sessão do dia 10 apenas prevê a leitura do relatório e as sustentações orais, não a votação. A Coiab defende que o processo virtual reduz a transparência e exige o respeito pleno aos direitos constitucionais e à Convenção 169 da OIT.

O CIR reforçou o alerta de que a vigência da lei tem provocado efeitos graves, como a paralisação de demarcações, o fortalecimento de invasores e o aumento do risco à vida dos indígenas.


Com informações: Agência Brasil

 

Anúncio

Continue lendo
Anúncio


Em alta

Copyright © 2021-2025 | Fato Novo - Seu portal de notícias e informações reais e imparciais.

Verified by MonsterInsights