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Clima

Como a poeira do deserto do Saara chega até a Europa

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A poeira do deserto do Saara viajou milhares de quilômetros até chegar a Atenas, na Grécia, na semana passada. O fenômeno natural fez a Acrópole momentaneamente lembrar o planeta Marte, em razão da tonalidade vermelha-alaranjada

As tempestades que transportam a poeira até as capitais europeias são bastante comuns e acontecem há anos. Elas ocorrem quando ventos em maior altitude atravessam o deserto do Saara durante o tempo seco.

A areia do deserto, que se estende por uma ampla região no norte da África, é formada por diversas partículas diferentes, explica à DW o especialista em poeira e areia do Barcelona Supercomputing Center, Carlos Perez Garcia-Pando.

Algumas partículas são maiores e mais pesadas, sendo estas as primeiras a serem pegas pelos altos ventos, embora não sejam as que acabam atravessando o Mar Mediterrâneo rumo à Europa. Ao contrário: quando essas partículas maiores inevitavelmente caem ao chão, seu impacto quebra outros tufos de areia, que então se dispersa em partículas ultrafinas – são elas que viajam longas distâncias.

Para que as tempestades de areia possam ocorrer, as condições meteorológicas precisam estar secas. Do contrário, essas partículas voltam a formar tufos e se tornam muito pesadas para serem transportadas por distâncias mais longas. As tempestades tendem a se formar em locais onde há pouca vegetação, que poderia interagir com o vento e desacelerá-las.

Como a poeira chega à Europa

Tempestades de areia ocorrem com regularidade no Saara, mas para conseguirem se deslocar por milhares de quilômetros ao norte, elas precisam interagir com um sistema meteorológico que deve fornecer os ventos fortes necessários para cobrir longas distâncias.

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Na maioria dos casos, são os sistemas meteorológicos de baixa pressão que transportam a poeira do Saara através do Mediterrâneo até a Europa. Garcia-Pando explica que esse sistemas são energéticos, com fortes ventos em sentido anti-horário. Os sistemas de alta pressão também podem gerar esses eventos, embora a probabilidade seja menor.

As partículas de poeira que chegam até a Europa conseguem permanecer tanto tempo no ar porque são muito menores do que os grãos de areia. “O que chega até a Europa é uma tempestade de poeira, e não de areia”, atesta Stuart Evans, especialista em poeira da Universidade de Buffalo em Nova York.

Poeira nem sempre é problemática

Segundo Garcia-Pando, a análise dessas tempestades de areia não deve gerar temores. Ao contrário, trata-se de compreender o fenômeno e o que ele representa para a sociedade e o Clima.

A poeira, argumenta ele, nem sempre é ruim: serve, por exemplo, como uma espécie de nutriente para florestas e oceanos, alimentando-os com ferro e fósforo.

“Isso [tempestades de areia] vem acontecendo repetidamente através da história; a poeira é quase tão antiga quanto a Terra”, afirma. “Não é nada de novo.”

O que é novo, segundo o pesquisador, é a quantidade de poeira na Terra, que vem aumentando desde os tempos pré-industriais. Isso se deve, em grande parte, ao cultivo humano da terra, mas também às mudanças climáticas.

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Para explicar como isso acontece, imagine um tufo de sujeira encrostada. Se pisarmos nessa sujeira, ou um carro passar por cima, inúmeras partículas se romperão, e “todas essas partículas são mais facilmente afetadas pelo vento”.

Em relação às mudanças climáticas, o especialista cita como exemplo as fontes de água que secam durante as estiagens. Quando um lago está seco, diz o pesquisador, “os sedimentos que permanecem no lago são muito, muito erosivos e podem ser muito facilmente lançados à atmosfera”.

Proteja-se das tempestades de poeira

Mas, a essa altura, os cientistas ainda não estão certos se as mudanças climáticas deverão gerar mais ou menos ventos na Terra, de maneira que é difícil prever o futuro das tempestades de areia ou poeira.

“Essa é uma das incertezas fundamentais que temos ao projetarmos o futuro, compreender como os ventos deverão evoluir em diferentes situações. Não apenas o vento comum, mas também os extremos”, diz Garcia-Pando.

O especialista afirma que quem se vir em meio a uma tempestade de poeira na Europa deve seguir as mesmas recomendações de quando a qualidade do ar estiver particularmente ruim: utilizar máscaras e evitar atividades esportivas ao ar livre.

Isso vale ainda mais para pessoas com problemas respiratórios, já que a poeira causa danos à respiração.

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Clima

Cidade de SC “congela” com sensação térmica de -26,9°C nesta quinta

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Oficialmente, temperatura mínima em Bom Jardim da Serra foi de -1,2°C, por volta das 4h

Com temperaturas já negativas, Bom Jardim da Serra, Santa Catarina, teve uma sensação térmica ainda menor: segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a sensação foi de -26,9°C, na madrugada desta quinta-feira (11/7).

A cidade teve a menor mínima registrada na cidade, de -1,2°C, por volta das 4h. Urupema registrou -0,63°C e São Joaquim, -0,26°C. Mesmo com as temperaturas negativas, não houve neve ou chuva congelada em nenhuma cidade.

Para esta quinta, segundo o meteorologista da Epagri/Ciram, Marcelo Martins, ainda há uma chance pequena de neve ou chuva congelada para as áreas mais altas do Planalto Sul. No entanto, as temperaturas não devem ser baixas a ponto de nevar no final do dia.


Fato Novo com informações: Metrópoles / Nsctotal

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Clima

Efeitos da baixa umidade do ar na saúde da população

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Uma das características típicas do outono/inverno em grande parte do Brasil é a predominância de ar seco no interior do país, dificultando a ocorrência de precipitações

No Sul, Sudeste e em parte do Centro-Oeste, chuvas até ocorrem, às vezes intensas e rápidas, devido à passagem de sistemas frontais. Após a passagem de uma frente fria, é comum que uma massa de ar mais frio e seco permaneça por alguns dias, dificultando novamente a ocorrência de chuvas. Assim, de modo geral, na maior parte do Brasil, o inverno é sinônimo de tempo seco.

Impacto do ar seco na saúde

O ar seco causa desconforto nos olhos, nariz, lábios e no trato respiratório, devido ao ressecamento das mucosas. Mucosas ressecadas são mais sensíveis e, portanto, sujeitas a irritações, especialmente se forem coçadas. Elas também são mais propensas a micro feridas, o que as torna mais vulneráveis à entrada de vírus e bactérias, podendo levar a infecções de diversas intensidades. Além disso, a maioria dos vírus e bactérias sobrevive por mais tempo em ambientes secos.

Por isso, no inverno, o contágio de gripes e resfriados é mais comum. Com o ar seco, infecções oportunistas, como conjuntivites, também são mais frequentes. Doenças alérgicas do trato respiratório são facilitadas, e ambientes mais empoeirados incomodam bastante o nariz e os olhos.

Com temperaturas mais altas e ar muito seco, como é o caso de grande parte do interior do país durante o inverno, a sudorese é facilitada e há uma maior perda de líquidos pela transpiração.

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Assim, ao praticar atividades físicas em ambientes secos, o risco de desidratação é elevado, causando variações na pressão sanguínea, no ritmo cardiorrespiratório, eventuais dores de cabeça e, em casos mais graves, desmaios, disenteria, entre outros.

Efeitos ruins do ar seco


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Brasil

Severidade da seca diminuiu em 12 estados da Federação

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Entre março e abril, em termos de severidade da seca, houve um abrandamento do fenômeno em 12 unidades da Federação, conforme a última atualização do Monitor de Secas: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Sergipe e Tocantins.

Intensificação da seca

Já em outros três estados a seca se intensificou nesse período: Mato Grosso do Sul, Pará e São Paulo. No caso do Rio De Janeiro, o fenômeno voltou a ser registrado. Em termos de severidade, a seca ficou estável em sete unidades da Federação: Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraná e Roraima. Já no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina não houve registro do fenômeno, que deixou de ser verificado tanto na Paraíba quanto no Rio Grande do Norte.

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    Na comparação entre março e abril, três estados registraram o aumento da área com seca: Acre, Amapá e Paraná. No Rio de Janeiro o fenômeno voltou a ser registrado. Em 14 unidades da Federação houve uma diminuição da extensão da seca: Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Sergipe e Tocantins. Em outras cinco unidades da Federação, a área com o fenômeno se manteve estável: Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Roraima e São Paulo. Já o Rio Grande do Sul e Santa Catarina seguiram livres de seca em abril, mês em que a Paraíba e o Rio Grande do Norte deixaram de registrar o fenômeno.

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    As cores do gráfico indicam as regiões CENTRO-OESTE (rosa), SUDESTE (azul), NORDESTE (verde), SUL (azul turquesa) e NORTE (cinza)

    Duas unidades da Federação registraram seca em 100% do território em abril deste ano: Amazonas e Roraima. Para percentuais acima de 99% considera-se a totalidade dos territórios com seca. Nas demais unidades da Federação que registraram área com seca, os percentuais variaram de 4% a 98%.

     

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    As cores do gráfico indicam as regiões CENTRO-OESTE (rosa), SUDESTE (azul), NORDESTE (verde), SUL (azul turquesa) e NORTE (cinza)

    Com base no território de cada unidade da Federação acompanhada, o Amazonas lidera a área total com seca de abril, seguido por Pará, Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás. No total, entre março e abril, a área com o fenômeno caiu de 6,41 milhões para 5,68 milhões de km², o equivalente a 67% do território brasileiro.

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    As cores do gráfico indicam as regiões CENTRO-OESTE (rosa), SUDESTE (azul), NORDESTE (verde), SUL (azul turquesa) e NORTE (cinza)


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