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Natureza

Micos-leões-dourados vítimas do tráfico voltam para natureza

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Dois casais de micos-leões-dourados, repatriados do Suriname e Togo após apreensão em operações contra tráfico, foram devolvidos à natureza no RJ. Ação é liderada pela AMLD e UENF

Na sexta-feira (8/8/2025), dois casais de micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) — vítimas do tráfico internacional de animais silvestres — foram devolvidos à natureza no interior do Rio de Janeiro, em uma ação simbólica e estratégica para a conservação da espécie. A soltura, realizada no município de Macaé, foi conduzida pela Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) em parceria com a Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF). O local exato não foi divulgado por questões de segurança.

A ação marca uma nova etapa no combate ao tráfico de fauna brasileira e reforça o compromisso com a recuperação de espécies ameaçadas na Mata Atlântica, bioma onde o mico-leão-dourado vive exclusivamente.

Resgate internacional e repatriação

Os quatro primatas soltos foram recuperados em duas operações internacionais:

  • Dois indivíduos foram apreendidos em fevereiro de 2024 no Togo, na África Ocidental, dentro de um veleiro à deriva. O grupo incluía 20 micos-leões-dourados (três já mortos) e 12 araras-azuis-de-lear. Todos foram repatriados pelo governo brasileiro e encaminhados ao Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) para tratamento.
  • Os outros dois micos vieram de uma apreensão no Suriname, em agosto de 2023, onde sete micos e 29 araras foram encontrados. Também repatriados pelo Brasil, os animais foram levados ao Zoológico Municipal de Guarulhos (SP), onde receberam cuidados veterinários especializados.

Ambos os grupos passaram por longos períodos de reabilitação antes de serem considerados aptos para reintegração.

Reabilitação e preparação para a liberdade

Durante a reabilitação, os micos foram submetidos a protocolos de saúde, comportamento e socialização para garantir sua capacidade de sobrevivência na natureza. Segundo especialistas, o sucesso da reintrodução depende da formação de grupos sociais estáveis, geralmente liderados por um casal alfa.

“Essa é uma história incrível sobre a resistência desses pequenos macacos e de um esforço verdadeiramente global para garantir sua sobrevivência. Hoje, devolvemos dois casais à sua Mata Atlântica nativa e damos uma segunda chance para que ajudem a garantir o futuro da espécie”, afirmou Andreia Martins, coordenadora de manejo e monitoramento da AMLD, com mais de 40 anos de atuação na conservação da espécie.

Um símbolo de resistência

Uma das fêmeas soltas, anteriormente em estado crítico ao chegar ao CPRJ, ganhou o apelido de “guerreira” da equipe veterinária. “Ela ficou à beira da morte por dias. Torcemos para que fosse a primeira a reconquistar a liberdade. E hoje, ela está de volta à floresta”, contou a veterinária Silvia Bahadian, do CPRJ.

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Combate ao tráfico e esforço governamental

O secretário executivo da AMLD, Luís Paulo Ferraz, destacou o papel estratégico do governo brasileiro na repatriação dos animais. “O Brasil coordenou esforços com embaixadas, providenciou aviões e recuperou esses animais de territórios estrangeiros. Esse gesto é profundamente simbólico e mostra uma preocupação real com a nossa fauna”, afirmou.

O tráfico de micos-leões-dourados, que havia desacelerado nas décadas de 1980 e 1990 com o início de programas de conservação, voltou a crescer nos últimos anos, conforme indicam as apreensões recentes em rotas internacionais.

Critérios científicos para reintrodução

A seleção dos quatro animais aptos à soltura seguiu diretrizes do Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação dos Primatas e Preguiças da Mata Atlântica, coordenado pelo ICMBio. Fatores como saúde física, comportamento social e capacidade de forrageamento foram rigorosamente avaliados.

Uma equipe de campo da AMLD acompanhará os micos por meses, por meio de monitoramento via rádio-telemetria, para garantir sua adaptação e identificar eventuais riscos.

População em recuperação

De acordo com o último censo da AMLD, realizado em 2023, há cerca de 4.800 micos-leões-dourados na natureza — um aumento significativo frente às cerca de 200 unidades registradas na década de 1970, quando a espécie estava à beira da extinção.

A soltura dos quatro indivíduos resgatados do tráfico representa não apenas uma vitória contra o crime ambiental, mas também um reforço genético e simbólico para a continuidade da espécie.


Com informações: AMLD / CPRJ / ICMBio /  ECO

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1 comentário

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  1. zoritoler imol

    16/09/2025 em 04:44

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Brasil

Brasil unifica conservação em novo plano nacional de biodiversidade para zerar desmate e restaurar 30% de áreas degradadas

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A Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANB), publicada no fim de novembro, unifica as políticas de conservação brasileiras e busca integrar as agendas de clima, biodiversidade e desertificação, alinhando o país ao Marco Global de Biodiversidade da COP15. O plano estabelece metas ambiciosas até 2030, como zerar a conversão da vegetação nativa, neutralizar a degradação de terras, restaurar pelo menos 30% das áreas degradadas de cada bioma e criar uma rede de conectividade abrangendo ⅓ do território nacional. Especialistas alertam, contudo, que a execução do plano enfrenta grandes desafios políticos e de financiamento no Congresso.

A conservação brasileira ganhou um marco unificado com a publicação da Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANB), que integra clima e biodiversidade com o objetivo de demonstrar que é possível haver produção sem destruição. O plano foi elaborado para alinhar a política nacional ao Marco Global de Biodiversidade da COP15 (2022).


Metas Ambiciosas para 2030 🌳

A EPANB traduz a integração da biodiversidade como solução climática em metas concretas, que serão um ponto de virada na execução de políticas de conservação no país:

  • Desmate Zero: Zerar a conversão da vegetação nativa até 2030.

  • Restauração: Restaurar pelo menos 30% das áreas degradadas ou alteradas de cada bioma até o fim da década.

  • Conectividade: Criar uma rede de conectividade abrangendo ⅓ do território nacional.

  • Conservação Efetiva: Garantir que 80% da Amazônia e 30% dos demais biomas e zonas costeiro-marinhas tenham conservação e manejo eficazes.

A professora Mercedes Bustamante (UnB) destacou que a biodiversidade aumenta o sequestro de carbono, sendo que florestas biodiversas são mais eficientes na mitigação da crise do clima, além de garantir a segurança hídrica e a saúde pública.

Desafios e Coerência Política ⚠️

Embora o plano seja considerado um avanço, com o Brasil anunciando 3,4 milhões de hectares em recuperação, a implementação e regulamentação (que deve ocorrer em até 150 dias) enfrentam grandes desafios políticos e de financiamento:

  • Governança: A falta de conectividade pode inviabilizar a restauração efetiva, exigindo a aplicação da legislação florestal e incentivos. Michel Santos (WWF-Brasil) cobra indicadores claros e um portal de transparência para acompanhar os avanços e cobrar resultados.

  • Terreno Político Adverso: Natália Figueiredo (Proteção Animal Mundial) alertou que o Congresso tem fragilizado a legislação ambiental, com projetos que flexibilizam caçadas e o Código Florestal.

  • Financiamento: Mercedes Bustamante insistiu na necessidade de coerência financeira, pedindo que o Brasil não apenas aumente o financiamento para clima e biodiversidade, mas também retire o financiamento de atividades predatórias.

A Estratégia, que prevê o Programa Nacional de Refaunação, busca integrar soluções baseadas na natureza, justiça territorial e resiliência econômica, alinhando-se a agendas globais como a mobilização de US$ 125 bilhões para florestas tropicais.


Com informações: ECO

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Meio Ambiente

Nilvo Silva Adverte que Derrubada de Vetos na Nova Lei Destrói a Coordenação Ambiental

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A nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental (15.190/2025), aprovada em agosto, pode promover uma “virada histórica” no controle ambiental, dependendo de autodeclarações e regras flexíveis. No entanto, o cenário se agravou com a derrubada, pelo Congresso Nacional, da maioria dos vetos que barravam os dispositivos mais controversos do texto.

O mestre em Desenvolvimento Sustentável e ex-diretor do Ibama, Nilvo Silva, em entrevista exclusiva a ((o))eco, adverte que as mudanças extrapolam a esfera do licenciamento, atingindo o “coração do sistema” de coordenação ambiental e colocando em risco a gestão integrada no país.


Impactos no Sisnama e Fragmentação Regulatória

O Sisnama e Seus Desafios

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), originário da Política Nacional de Meio Ambiente da década de 1980, busca estabelecer regras comuns e promover a cooperação entre os entes da federação para proteção ambiental. Nilvo Silva compara-o ao SUS, onde o governo federal define bases gerais e estados/municípios executam políticas específicas. Contudo, ele afirma que o Sisnama nunca foi plenamente implantado.

Retrocesso Institucional

O especialista critica a nova lei, pois ela se recusa a estabelecer uma regra geral, destrói a coordenação entre entes federativos, fragiliza colegiados, amplia o poder discricionário individual e incentiva uma “corrida para o precipício regulatório” entre estados e municípios, fazendo com que os critérios comuns desapareçam. Para ele, é um retrocesso institucional profundo.

Abando das Bases

Ao derrubar grande parte dos vetos ao PL 2159, o Congresso abalou as bases do Sisnama, que já eram frágeis. Nilvo Silva explica que o licenciamento é o principal instrumento das instituições ambientais, usado para avaliar impactos e autorizar ou não um empreendimento. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), desmantelado no governo anterior e agora em recuperação, sempre teve papel ativo na formulação de regras nacionais. A nova lei, com os vetos derrubados, não fortalece essa coordenação: ela fragmenta, elimina normas gerais e entrega uma enorme discricionariedade aos órgãos licenciadores individuais, resultando em uma “colcha de retalhos” em vez de articulação federativa.

Agravamento de Problemas Históricos

O maior problema histórico do licenciamento sempre foi a baixa capacidade dos órgãos ambientais — falta de financiamento, equipes pequenas, pouca gestão e baixa transparência — diante de responsabilidades gigantes. As mudanças legislativas não aumentam essa capacidade; pelo contrário, elas afrouxam regras e reduzem responsabilidades, agravando o problema.

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Outros Pontos de Fragilização

A nova lei permite que a exigência do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), determinada pela Constituição em casos de degradação significativa, não seja cobrada quando o órgão licenciador considerar que não há impacto significativo. Isso transforma um dispositivo constitucional em uma decisão puramente arbitrária, sem critério geral. Além disso:

  • Cada ente da federação poderá definir o que precisa ou não de licenciamento.

  • Cada um definirá o potencial poluidor das atividades.

  • Atividades de alto impacto poderão ser dispensadas.

  • Abre-se margem para corrupção e “caos regulatório”.

Judicialização e Insegurança Jurídica

Nilvo Silva prevê que as mudanças trarão mais judicialização e insegurança para empreendedores privados e públicos. Isenções absurdas, autodeclaração em atividades com potencial significativo e conceitos indefinidos serão levados à Justiça. Embora algumas atividades possam ser facilitadas no curto prazo, o médio e longo prazos trarão uma “enxurrada de conflitos”.

Efeitos para o País

O grande desmonte enfraquece a capacidade de ação do Estado. A autodeclaração em atividades de médio potencial poluidor significa abrir mão de controle. A sociedade perde duplamente: com mais risco ambiental e com instituições mais fracas. A falta de articulação federativa é considerada gravíssima.

Para o especialista, embora haja chance de correção para aspectos pontuais, setores mais modernos perceberão os problemas e pressionarão por mudanças. No entanto, a fragilidade institucional — a destruição da coordenação federativa — pode demorar muito mais a ser corrigida, sendo muito difícil reconstruir o sistema.


Com informações de  ECO

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Meio Ambiente

Circovírus ameaça reintrodução da ararinha-azul na Bahia; 31 aves, incluindo soltas, podem estar infectadas

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O circovírus, uma doença sem tratamento conhecido, já pode ter infectado 31 ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) no município de Curaçá (BA): 11 aves que já estavam em vida livre e 20 em um criadouro conservacionista. O ICMBio investiga a origem do vírus, não descartando que o patógeno tenha chegado com aves importadas da Alemanha, e cobra do criadouro melhorias nas condições sanitárias. Por outro lado, a ONG Blue Sky Caatinga questiona a precisão dos métodos de testagem utilizados pelo ICMBio, que estariam sujeitos a contaminação ambiental

A reintrodução da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) na Caatinga baiana está ameaçada pela disseminação de um circovírus. Segundo o ICMBio (coordenador do projeto), o patógeno já teria infectado 31 aves, sendo 11 que já estavam em vida livre e outras 20 que aguardavam soltura no criadouro conservacionista em Curaçá (BA).

Origem do Vírus e Questionamentos sobre Testagem

O ICMBio informou que está investigando se o vírus é de origem estrangeira ou se já estava no Brasil. O órgão não descarta a hipótese de o patógeno ter chegado com as aves vindas em janeiro do criadouro alemão ACTP. Na época da chegada, um dos 41 animais testou inicialmente positivo, mas exames posteriores o isentaram da contaminação.

Ugo Vercillo, diretor da ONG Blue Sky Caatinga e do Criadouro Ararinha-azul, questiona essa possibilidade, afirmando que as aves foram examinadas na Europa e na chegada ao Brasil, com todos os resultados sendo negativos para enfermidades. Ele também citou que o circovírus é comum em criadouros, feiras e casas em vários estados brasileiros, sendo “pouco crível” que nenhuma ave nativa ou exótica já infectada tenha alcançado o ambiente natural.

Outra discórdia envolve os métodos de testagem:

  • ICMBio: Usou o “PCR em tempo real”, que indicou positivo em 11 aves reintroduzidas.

  • Blue Sky Caatinga: Vercillo alega que esse método é muito sensível e sujeito a contaminação ambiental, defendendo que o método “PCR convencional” – recomendado pela IUCN e usado nas aves importadas – apontou infecção em apenas três delas.

Condições Sanitárias e Multas

O ICMBio emitiu um comunicado descrevendo um auto de infração de R$ 1,8 milhão em multas a Vercillo e ao Criadouro Ararinha-azul, devido a supostas condições sanitárias precárias que aumentariam os riscos de contaminação.

O ICMBio relatou à imprensa que os recintos “não eram limpos diariamente” e que os funcionários não utilizavam equipamentos de proteção.

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Vercillo confirmou ter recebido o auto de infração por suposto descumprimento de medidas de biossegurança, mas solicitou acesso ao processo para poder recorrer. Ele afirma que as condições do criadouro estão sendo aprimoradas e que o baixo índice de óbitos e o sucesso reprodutivo (14 filhotes) atestam o cuidado exímio.

Enquanto o impasse sobre a origem e a testagem não se resolve em reunião futura, o ICMBio prioriza a separação segura dos animais positivos e negativos, visando proteger as 103 ararinhas-azuis atualmente presentes no criadouro.


Com informações: ICMBio, Blue Sky Caatinga, Conexão Planeta, Folha de S. Paulo e ECO

 

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