Cantor de forró é alvo de críticas após pagar cinegrafista para beijar mulher com nanismo durante apresentação em Recife. Associação Nanismo Brasil (Annabra) publicou nota de repúdio e vai acionar Ministério Público.
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O cantor de forró Nattan está no centro de uma polêmica após episódio ocorrido durante sua apresentação na Festa de Agosto, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, no último sábado (2). Durante o show, o artista pagou R$ 1 mil a um cinegrafista para que ele beijasse uma mulher com nanismo, convidada ao palco enquanto ele cantava a música “Pense em Mim”, da dupla Leandro & Leonardo.
O fato, registrado em vídeo e publicado nas redes sociais do próprio cantor, mostra Nattan tentando convencer diferentes homens a beijarem a mulher, sem sucesso. Ele chega a pegá-la no colo, a jogar para cima e a colocá-la sobre um caixote, até que convida o cinegrafista da transmissão. “Ele pode até perder o emprego, mas os mil reais ele não perde”, disse o cantor, rindo.
Após o beijo, o cinegrafista — identificado como Marcos Ferreira — leva a mulher nos braços para os bastidores, enquanto o público e o artista comemoram. O vídeo foi publicado no perfil de Nattan com a legenda “BEBÊ REBORN saliente da gota”. Marcos também compartilhou as imagens em seu Instagram, dizendo: “Quando o beijo vale mil e ainda vem com risada e bolso cheio… Aí sim é trabalho com gosto.”
Reação da Annabra
A repercussão nas redes sociais foi imediata e gerou revolta. A Associação Nanismo Brasil (Annabra) publicou nota de repúdio, acusando o cantor de exposição vexatória e de reforçar estigmas contra pessoas com deficiência. “O artista expôs a mulher ao ridículo em um ato de escárnio público que fere não apenas a vítima direta, mas toda a nossa comunidade”, afirmou a entidade.
A associação ressaltou ainda que consentimentos individuais não legitimam práticas discriminatórias: “O fato de uma pessoa com nanismo consentir ou participar de uma cena como essa não significa que toda a comunidade aceite ou ache engraçado. Normalizar esse tipo de ‘entretenimento’ é abrir espaço para a perpetuação do preconceito e da violência simbólica.”
Em sua nota, a Annabra afirmou que acionará o Ministério Público para apurar os desdobramentos legais cabíveis. A entidade lembrou que capacitismo é crime, e a legislação prevê pena de até cinco anos de reclusão e multa quando a discriminação ocorre por meio de comunicação ou publicações.
“Fazemos um apelo à sociedade, à mídia e aos artistas: que usem seus espaços e talentos para promover respeito, inclusão e consciência, não para retroalimentar preconceitos históricos”, conclui o comunicado.
Procurado pelo G1, o cantor Nattan e sua equipe não se manifestaram. A Prefeitura de São Lourenço da Mata, organizadora do evento, informou que não comentará o caso.
Fonte: Fonte: Revista Fórum