Homem de São Paulo foi confundido com acusado de estupro em processo da Bahia. Família mobilizada e repercussão ajudaram a reverter prisão
Um erro de grafia no nome foi suficiente para transformar a vida do eletricista Jabson Andrade da Silva , de 56 anos, em um pesadelo. Ele passou nove dias preso injustamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros , na Zona Oeste de São Paulo, acusado de um crime cometido por outra pessoa.
O verdadeiro alvo da Justiça era Jabison Andrade da Silva , acusado de estuprar a enteada entre 2008 e 2015 , em Ubatã, no interior da Bahia. No entanto, o mandado de prisão expedido trazia o nome Jabson , com um erro de escrita desde o inquérito inicial.
Prisão ocorre durante megaoperação
Jabson foi preso no dia 7 de julho , durante uma megaoperação da polícia para cumprir mandados de prisão de foragidos . Ele estava em casa com a esposa, em Grajaú (Zona Sul de São Paulo), quando foi surpreendido pelos agentes.
“Disseram que era um mandado da Bahia, por estupro de vulnerável. Eu falei na hora que era um erro, que minha consciência estava limpa”, contou Jabson.
Apesar de afirmar sua inocência, ele foi levado para a delegacia, passou por audiência de custódia e foi recolhido ao CDP Pinheiros.
Condições desumanas na prisão
Durante os nove dias em detenção, Jabson relatou humilhações e condições desumanas:
“Me chamaram de ‘arrombado’, rasparam minha cabeça. Lá dentro, é um lugar desumano. Te tratam como se você fosse lixo.”
Ele foi mantido na ala conhecida como “Seguro” , destinada a presos em situação de risco, por serem alvos de violência dentro do sistema carcerário.
Família mobilizada ajuda a provar inocência
A família de Jabson iniciou uma mobilização imediata. Sua filha, Catherine Lourenço , destacou contradições:
“A mulher que denunciou o crime disse que o acusado era seu companheiro, com quem viveu por seis anos na Bahia. Meu pai nunca teve enteada, nem morou lá nesse período. Ele trabalhava como zelador em São Paulo, com carteira assinada.”
A família reuniu documentos, acionou um advogado e entrou em contato com veículos de imprensa na Bahia, ajudando a esclarecer o equívoco.
Justiça reconhece erro e ordena soltura
O Tribunal de Justiça da Bahia informou que o juiz responsável pelo caso determinou a soltura após o Ministério Público e a Polícia Civil reconhecerem o erro no inquérito e na denúncia .
O Ministério Público estadual confirmou que emitiu parecer no dia 11 de julho , pedindo a revogação da prisão preventiva após identificar indícios de homonímia .
O alvará de soltura foi expedido no dia 15 de julho e cumprido ainda no mesmo dia.
Advogado critica falhas no processo
O advogado de Jabson, Carlos Magno , criticou a falta de verificação por parte da Justiça:
“Não houve checagem básica de RG, CPF, data de nascimento. Prenderam um inocente sem verificar o mínimo. Um erro desse não pode acontecer.”
Homem busca reparação e recuperação emocional
Após deixar o CDP, Jabson reencontrou a família emocionado:
“Foi um alívio. Eu só queria voltar para casa. Quero entrar com ação contra o Estado. Não pelo dinheiro, mas para que isso não se repita com outros.”
Ele afirma que ainda lida com o trauma da experiência:
“Eu via reportagens sobre gente presa por engano, mas nunca imaginei que aconteceria comigo. Foi uma experiência que não desejo nem para o meu pior inimigo.”
Verdadeiro acusado ainda não foi localizado
Até o momento, a Polícia Civil da Bahia não informou se Jabison Andrade da Silva , o verdadeiro alvo da prisão, foi localizado ou detido.
Com informações: Revista Fórum