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Meio Ambiente

Caatinga: o bioma quase esquecido que resiste com ciência, conservação e esperança

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As iniciativas de conservação, a produção constante de pesquisas científicas e o envolvimento cada vez maior da sociedade oferecem novas perspectivas para a Caatinga

Num país de florestas tropicais e cerrados vastos, a Caatinga ainda luta para não ser esquecida. Exclusivamente brasileira, moldada pela seca e pela resistência, ela abriga uma biodiversidade tão rica quanto ameaçada. Passado o Dia Nacional da Caatinga, comemorado no dia 28 de abril, a pergunta que ecoa é urgente: o que estamos fazendo para proteger este bioma que insiste em sobreviver, mesmo diante do desmatamento, da desertificação e das mudanças climáticas?

A situação da Caatinga é alarmante. O bioma já perdeu cerca de 40% de sua cobertura original – um impacto que corresponde a mais de 34 milhões de hectares, área comparável ao tamanho do estado de Goiás. Para agravar o cenário, 112 municípios já foram classificados como Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD), com níveis que vão de grave a muito grave. A perda da vegetação nativa não só empobrece o solo, como também compromete a vida das comunidades que dependem diretamente dos recursos naturais da região.

Biodiversidade em risco

Mesmo enfrentando tantas pressões, a Caatinga abriga uma diversidade impressionante: são 548 espécies de aves, 386 de peixes, 224 de répteis, 183 de mamíferos, mais de 220 espécies de abelhas, 98 de anfíbios, além de uma infinidade de invertebrados. Mas o alerta é grave: aproximadamente 15% das mais de 3.200 espécies analisadas estão ameaçadas de extinção, incluindo figuras emblemáticas como o tatu-bola e a jaguatirica. A caça ilegal e o tráfico de animais silvestres continuam a pressionar a fauna, e ações de fiscalização têm revelado apreensões de centenas de animais em apenas um estado, em operações recentes.

Impactos das mudanças climáticas

As mudanças climáticas tornam o futuro da Caatinga ainda mais incerto. Pesquisas apontam que, até 2060, 99% das comunidades de plantas poderão sofrer perdas severas de espécies, com a substituição gradual das árvores por vegetação de menor porte. Para os mamíferos terrestres, o cenário também é crítico: 91,6% das comunidades estão ameaçadas, com espécies como o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra em risco de desaparecer da região. As alterações climáticas não impactam apenas a biodiversidade; afetam diretamente os serviços ecossistêmicos que sustentam a vida humana, como a regulação do clima e a disponibilidade de água.

Iniciativas de conservação: o trabalho do CEMAFAUNA, NEMA e CEBIVE

Diante de tantos desafios, a ciência e a conservação vêm como aliados da Caatinga. Instituições ligadas à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), sediadas no Campus de Ciências Agrárias, como o Cemafauna, o NEMA e o CEBIVE, têm se destacado no esforço de proteger o bioma.

CEMAFAUNA: o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga é sediado em Petrolina (PE), realiza ações de resgate, reabilitação e reintrodução de animais silvestres. Também desenvolve projetos de educação ambiental e pesquisas que ajudam a ampliar o conhecimento sobre a fauna da região.

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NEMA: o Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental tem como foco a flora, promove estudos para entender e conservar a biodiversidade vegetal da Caatinga, além de atuar fortemente na educação ambiental e no envolvimento de comunidades locais.

CEBIVE: o Centro de Estudos em Biologia Vegetal guarda o Herbário de Referência do Sertão Nordestino (HRSN) e contribui para o mapeamento e preservação da diversidade de plantas do bioma, além de desenvolver pesquisas sobre a flora local, auxiliando na preservação e recuperação da vegetação nativa.

Essas instituições também atuam em projetos de reflorestamento, monitoramento da biodiversidade e formação de redes de conhecimento, buscando mitigar os impactos das ações humanas e das mudanças climáticas.

As iniciativas de conservação, a produção constante de pesquisas científicas e o envolvimento cada vez maior da sociedade oferecem novas perspectivas para a Caatinga. A atuação comprometida de instituições como o CEMAFAUNA, NEMA e CEBIVE mostra que é possível recuperar áreas degradadas, reintroduzir espécies e fortalecer a consciência ambiental sobre um bioma muitas vezes esquecido. Caatinga resiste – e a ciência, a conservação e a esperança seguem sendo seus aliados mais fiéis.


Fonte: ECO

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7 Comentários

1 comentário

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Meio Ambiente

Biodigestor em Seattle transforma lixo orgânico em fertilizante e biogás, unindo comunidade contra o desperdício

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Um projeto inovador no bairro de South Park, em Seattle, nos EUA, está usando biodigestores de pequeno porte para converter resíduos alimentares em um fertilizante líquido para plantas e biogás, uma fonte de energia renovável. Lançado em 2021 pela Associação de Sustentabilidade do Vale Duwamish (DVSA), em parceria com organizações locais, o programa já conta com a participação de mais de 30 moradores e 5 restaurantes, promovendo uma economia circular e reduzindo as emissões de metano associadas a aterros sanitários

O Biodigestor e a Economia Circular 🌱

Menores que um contêiner de transporte, os biodigestores funcionam de forma semelhante ao estômago de uma vaca, utilizando bactérias e micróbios para processar o lixo orgânico.

  • Capacidade: A cada ano, o sistema pode transformar 25 toneladas de resíduos alimentares em 5.400 galões de fertilizante líquido. Também gera biogás, que pode ser usado para eletricidade.

  • Motivação Comunitária: A ideia surgiu após reuniões com moradores e empresas de South Park (uma vizinhança predominantemente latina) que desejavam resolver o problema do lixo nas ruas, gerando empregos verdes e infraestrutura sustentável.

  • Parceria: O projeto, que recebeu subsídios da EPA e apoio da cidade de Seattle, conta com a empresa Chomp (que constrói os biodigestores) e parceiros como Food Lifeline e Black Star Farmers.

Maria Perez, que começou como jovem voluntária e depois se tornou gerente do programa, destacou a importância de ver “como tudo entrou em uma economia circular”. O projeto também oferece treinamentos em espanhol, inglês e khmer para os moradores.

Enfrentando o Desperdício e a Poluição 🚛

Mais de um terço do fornecimento de alimentos nos EUA é desperdiçado, e o descarte em aterros sanitários é um problema agravado pela liberação de metano, um potente gás de efeito estufa.

  • Alternativa Local: Enquanto Seattle envia o lixo para um aterro sanitário no Oregon (o que gera emissões pelo transporte), os biodigestores da DVSA mantêm os resíduos locais, eliminando a necessidade de caminhões a diesel para o transporte de lixo.

  • Biomimética: Jan Allen, CEO da Chomp, afirma que a empresa se baseia na biomimética (inspiração na natureza) e que seus biodigestores são projetados para máxima simplicidade, utilizando os micróbios para compactar o gás, minimizando o uso de máquinas.

O principal desafio atual do projeto é garantir uma área livre para a instalação de mais biodigestores, a fim de aumentar a produção de biogás e a distribuição do corretivo líquido do solo para a comunidade.


Com informações: Grist

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Meio Ambiente

Nova frente se articula no Brasil para combater o tráfico de espécies

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Um primeiro Plano de Ação Nacional (PAN) de Combate ao Tráfico de Vida Silvestre está sendo debatido em um encontro na Praia do Forte (BA), que se estende de quarta (10) até sexta-feira. A iniciativa, coordenada pela WCS Brasil e pela consultoria Conservare Wild, visa integrar, fortalecer e orientar as políticas públicas brasileiras contra o tráfico de fauna, considerado uma das maiores ameaças globais à biodiversidade

Integração contra Redes Criminosas 🤝

O plano busca superar a baixa efetividade das ações isoladas contra as redes criminosas organizadas que operam no tráfico de espécies. No encontro na Bahia, estão sendo definidos objetivos e ações estratégicas, com base em propostas consolidadas anteriormente no Fórum Vozes pela Fauna.

  • Objetivo: Transformar décadas de ações fragmentadas em uma política pública robusta e madura, alinhada a compromissos nacionais e globais de conservação da diversidade biológica.

  • Foco: Alinhar e fortalecer itens como fiscalização, financiamento e tecnologia para o enfrentamento do crime.

  • Colaboração Inédita: Carolina Lorieri, diretora-executiva da Conservare, destacou que o PAN está consolidando uma rede de colaboração inédita entre governo, sociedade civil, pesquisadores, setor privado e instituições internacionais.

Antônio Carvalho, especialista em tráfico de vida silvestre da WCS Brasil, reforçou que “uma estratégia coesa, elaborada de forma colaborativa, aumenta a capacidade de enfrentar o problema”. Espécies como a onça-pintada são um dos principais alvos desse crime ambiental nas Américas.


Com informações: ECO

 

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Brasil

Ciclone extratropical em São Paulo causa cancelamentos e atrasos em aeroportos

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Ciclone extratropical que atingiu São Paulo nesta quarta-feira (10/12) provocou cancelamentos e atrasos de voos em terminais paulistas e no Aeroporto Internacional de Brasília, impactando a malha aérea nacional devido às condições meteorológicas adversas.


Condições climáticas em São Paulo afetam operações aéreas no país

O ciclone extratropical que atingiu o estado de São Paulo nesta quarta-feira (10/12) gerou significativas interrupções na malha aérea nacional, com uma série de cancelamentos e atrasos de voos registrados nos principais aeroportos do estado e também impactando as operações no Distrito Federal. As condições meteorológicas adversas motivaram medidas de segurança que afetaram voos com origem ou destino nas capitais.

Aeroporto de Brasília registra cancelamentos e retornos

O Aeroporto Internacional de Brasília (Aeroporto JK), sob concessão da Inframerica, registrou impacto em suas operações ao longo do dia. Até as 19h, o balanço indicava:

  • 15 voos cancelados.

  • 8 voos com atraso superior a 15 minutos.

Além dos cancelamentos e atrasos diretos, a segurança operacional exigiu que aeronaves alterassem seus planos de voo. Uma aeronave da Latam, que havia decolado de Brasília com destino ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, precisou retornar à capital federal devido às condições do tempo na capital paulista.

Adicionalmente, outros dois aviões, que partiram de diferentes estados com destino a São Paulo, foram obrigados a alternar o pouso para Brasília antes de terem condições de seguir viagem rumo ao destino final.

Cenário crítico no Aeroporto de Congonhas

O Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, gerenciado pela concessionária Aena, foi o terminal mais diretamente afetado pela instabilidade climática. Passageiros enfrentaram longas filas e um volume alto de cancelamentos.

Os dados mais recentes da concessionária apontaram que pelo menos 121 voos foram cancelados em decorrência do ciclone que atingiu a região. Essa soma estava dividida entre:

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  • 50 voos de chegada (pouso cancelado).

  • 71 voos de partida (decolagem cancelada).

A ocorrência sublinha como fenômenos meteorológicos intensos podem gerar um efeito cascata em todo o sistema de aviação, resultando em perturbações significativas para os passageiros e para a logística das companhias aéreas.


Com informações:  Jornal de Brasília

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