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Opinião

As redes sociais ainda são de fato sociais?

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Por Rodrigo Rocha, estrategista digital e CEO do Conversa Comunicação

Já faz um tempo que o primeiro contato que eu tenho com o mundo ao acordar é via smartphone. E estou certo de que esta é a realidade de grande parte das pessoas. E, há alguns anos, o que eu encontrava eram fotos dos amigos, mensagens pessoais ou momentos compartilhados com a família. Mas agora o feed virou um espetáculo digital: vídeos de influenciadores, anúncios estrategicamente posicionados para nos convencer a consumir e conteúdos pensados para prender nossa atenção. O que antes era um espaço para socializar foi virando, aos poucos, um verdadeiro canal de entretenimento e consumo. Por isso minha provocação: para onde foi o social da rede?

Estamos mais para uma nova televisão digital, onde tudo é produzido com o propósito de engajar e vender.

E esta nova forma de existir online se reflete no comportamento do usuário (ou seja, no nosso comportamento). Além do crescimento exponencial das mídias sociais, a chegada do streaming também contribuiu para uma mudança notável. Se antes plataformas como Facebook, Instagram e X eram espaços de encontros e interações pessoais, hoje as plataformas definem suas métricas a partir do tempo de tela do usuário.

Esta é a lógica do Tik Tok, por exemplo, que ao invés de fomentar a interação, busca prender nossa atenção pelo maior tempo possível. Com isso, para muitos, a pergunta já não é mais “quem são meus amigos”, mas sim “quais marcas ou influenciadores eu sigo?”

Dados de uma pesquisa recente realizada pela Capterra (2023) revelam um fato curioso: 58% das pessoas utilizam as redes sociais como uma ferramenta de pesquisa, seja para encontrar produtos, serviços ou informações sobre diversos temas. A pesquisa ainda aponta que as redes sociais estão substituindo os sites de busca, com plataformas como Youtube (91%), Instagram (79%) e Facebook (64%) estão dominando o ranking.

Na minha percepção, as redes sociais se tornaram um híbrido entre meios tradicionais e novos formatos. Elas se tornaram plataformas de conteúdo – mas não qualquer tipo de conteúdo: conteúdo direcionado, influenciado por algoritmos que querem nos manter engajados por mais tempo possível. Isso é resultado da evolução das redes, que passaram de um ponto de encontro para um ecossistema de dados e ferramentas para streaming, vendas, e principalmente, para o marketing digital.

Mas o que isso significa para o usuário comum e para as empresas? Para os usuários, significa que é hora de repensar seu papel nas plataformas sociais.

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Aqueles que antes usavam esses espaços para interagir com amigos agora precisam estar cientes de que estão, muitas vezes, consumindo conteúdo com intenções comerciais ou de entretenimento – e, claro, sendo constantemente monitorados por algoritmos que sabem exatamente o que desejamos ver. Já para as empresas, isso significa que, além de desenvolver produtos e serviços, elas precisam dominar a arte de contar histórias nas redes sociais, oferecendo conteúdo relevante e de valor para manter a atenção de seus consumidores.

O convite é para que tanto usuários quanto empresas revelem os novos papéis que desempenham neste ecossistema — e se adaptem a esse novo e dinâmico cenário digital.

Em um mundo cronicamente on-line, que tal olhar em outras direções? Esta foi a proposta da Beatriz Guarezi, fundadora do Bits to Brands, em uma palestra que tive a oportunidade de assistir no RD Summit, em São Paulo. Em vez de ficarmos fritando por likes o tempo todo, que tal construir marcas melhores para as pessoas também? Inclusive, ela também trouxe outro apontamento valioso: esse foco nas métricas poderia ser substituído por uma abordagem que prioriza a construção de marcas melhores para as pessoas, fomentando conexões mais significativas em vez de apenas tempo de engajamento.


Fonte: ellen@conversacomunicacao.com.br

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O poder global estadunidense posto em xeque no segundo governo Trump

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Em artigo de opinião, cientista político avalia que atuação de Trump pode enfraquecer capacidade de influência dos EUA

O poder global é a capacidade que um Estado ou ator internacional possui de influenciar decisões, comportamentos e estruturas em escala mundial. Trata-se de um conceito dinâmico que ultrapassa a força militar e abrange dimensões econômicas, políticas, tecnológicas e culturais. Um país com poder global não apenas se impõe pela coerção (uma visão bem hobbesiana), mas também é capaz de moldar consensos, estabelecer padrões e definir os rumos de questões internacionais relevantes.

A globalização ampliou a complexidade dessa influência, ao mesmo tempo que intensificou a interdependência entre nações. Assim, o poder global não é mais exercido apenas pela supremacia direta, mas também pela capacidade de liderança simbólica, pela presença em redes transnacionais e pela articulação diplomática em espaços multilaterais.

Nesse contexto, os Estados Unidos consolidaram-se como a principal potência global do século 20, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, com a assinatura do famoso acordo de Bretton Woods, que redesenhou o cenário capitalista e o comércio internacional (padrão dólar-ouro). Sua influência estendeu-se por meio de alianças militares, instituições financeiras internacionais, inovação tecnológica e, sobretudo, pelo poder brando, que exportou valores culturais, políticos e ideológicos.

Contudo, nas primeiras décadas do século 21, o cenário geopolítico tornou-se mais fluido, com o surgimento de novas potências e a contestação crescente da ordem liberal internacional. O poder global, portanto, passou a ser disputado em múltiplas frentes, exigindo dos Estados não apenas recursos, mas também capacidade de articulação, legitimidade internacional e coerência em suas políticas externas.

A partir da posse de Donald Trump em seu segundo mandato presidencial, iniciado em janeiro de 2025, percebemos que o governo não teve uma lua de mel digna e, logo, o poder global dos Estados Unidos passou a sofrer impactos significativos.

A continuidade da agenda “America First” e o famoso “dia da libertação” (uma enxurrada de tarifas contra uma grande parcela de países), com o objetivo de melhorar a balança comercial dos Estados Unidos, tem levado a uma postura mais isolacionista, com o país se afastando de organismos multilaterais e de acordos internacionais.

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Essa retração da presença diplomática norte-americana tem gerado um enfraquecimento da influência tradicional dos EUA e tem, em primeiro lugar, colocado em xeque se aquela teoria da estabilidade hegemônica da década de 1970 é passível de críticas; e em segundo lugar, o protagonismo chinês nos demonstra que o poder global não necessita de um poder supranacional como condição de manter a ordem mundial estável.

No campo econômico, a adoção de medidas protecionistas e a tentativa de renegociar acordos sob termos unilaterais provocaram tensões com aliados históricos e minaram a previsibilidade das relações comerciais, algo que para a economia e para o tal mercado, custa muito caro. Isso contribui para um ambiente de incerteza global, afetando até as margens de lucro das empresas, ao mesmo tempo em que estimula outros blocos regionais a desenvolverem alternativas à liderança norte-americana.

O reposicionamento do país como uma potência mais voltada aos seus próprios interesses imediatos, em detrimento da estabilidade da ordem internacional, pode comprometer sua influência de longo prazo.

O segundo governo de Donald Trump está alterando significativamente o papel dos Estados Unidos no cenário global, típico de um imperialismo autoritário. Ao optar por uma política externa de retração e confronto, em vez de cooperação e liderança, o país corre o risco de perder seu status de potência central na governança mundial.

A manutenção do poder global exige mais do que força militar ou tamanho econômico – exige também credibilidade, coerência e responsabilidade no exercício da influência. Ao enfraquecer esses pilares, os Estados Unidos podem acelerar o processo de redistribuição do poder internacional e abrir caminho para uma nova configuração geopolítica em que sua centralidade não será mais garantida.


*Rodrigo Vinícius Lima é historiador ,cientista político e professor.

Fonte: Brasil de Fato

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O Papa do Encontro, por Laio Correia Morais

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As manifestações dos patriarcas orientais sobre sua morte ressoaram como testemunho eloquente de sua capacidade de gerar pontes

A morte do Papa Francisco marca o encerramento de um dos pontificados mais simbólicos do pós-Concílio Vaticano II — um tempo em que a Igreja Católica, sob sua liderança, buscou mais uma vez recordar-se do essencial: o Evangelho como ponte, não como muro. Francisco será lembrado como o bispo de Roma que preferiu o título de servo à glória do poder, e que viu na fragilidade humana o caminho mais fecundo para a teologia da misericórdia.

Seu ecumenismo não foi apenas diplomático, mas profundamente evangélico. Ele não buscou a unidade das Igrejas a partir de fórmulas doutrinárias complexas, mas de uma mística do encontro: a certeza de que Cristo precede todos os nossos caminhos e que o Espírito sopra onde quer, inclusive fora dos limites visíveis de Roma. Esse espírito animou seus passos em direção a Constantinopla, Moscou, Genebra, Cairo e Bagdá — sem jamais esquecer os pequenos, os povos indígenas, os migrantes, os esquecidos da história.

Em um ano particularmente simbólico para a cristandade — quando a Páscoa foi celebrada na mesma data por católicos, ortodoxos e outras tradições orientais — e em que se recordam os 1700 anos do Concílio de Niceia (325 d.C.), sua ausência nos eventos jubilares por motivos de saúde evocou, com força, o antigo drama do primeiro bispo de Roma, o Papa Silvestre, que também não pôde comparecer ao Concílio, mas enviou delegados como sinal de comunhão. Francisco, à sua maneira, reviveu esse gesto, demonstrando que a autoridade de Pedro se expressa, muitas vezes, mais no serviço silencioso do que na presença imponente.

As manifestações dos patriarcas orientais sobre sua morte ressoaram como testemunho eloquente de sua capacidade de gerar pontes. O Patriarca Ecumênico Bartolomeu I o recordou como “o irmão do Oriente que Deus deu ao Ocidente”, enquanto o Patriarca copta Tawadros II destacou “o amor concreto aos pobres como verdadeiro caminho de comunhão”. Mesmo o patriarca de Moscou — com quem o diálogo esteve por vezes suspenso por tensões políticas e eclesiológicas — enviou uma nota de condolência tocante, ressaltando a busca do Papa “por uma paz que ultrapassa fronteiras e conflitos”.

O ecumenismo de Francisco não foi ingênuo nem voluntarista. Ele nasceu da escuta profunda do Evangelho, da convicção de que a unidade dos cristãos não é um anexo do apostolado, mas parte de sua própria natureza. Como afirmou no encontro com os líderes cristãos em Bari, “a unidade não é uma estratégia, mas uma exigência evangélica”. Ele revalorizou a dimensão sinodal da Igreja, promovendo encontros de escuta e discernimento coletivo — algo que tem raízes na prática eclesial do primeiro milênio, quando as Igrejas ainda não estavam divididas.

Francisco jamais esqueceu que a Igreja de Cristo nasce do lado aberto de Jesus. E como corpo nascido da entrega, ela não pode se fechar sobre si mesma. Sua eclesiologia pastoral, inspirada em teólogos como Henri de Lubac, Romano Guardini e Yves Congar, compreendia que a missão da Igreja passa por se tornar “hospital de campanha”, lugar de acolhida antes que de julgamento. Nessa chave, seu pontificado insistiu que a fé autêntica não teme a diferença — cultural, religiosa, moral — mas se compromete com ela, sobretudo quando ela vem marcada pela dor e pela injustiça.

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Neste sentido, sua voz profética não se calou diante da indiferença global: da Amazônia ao Mediterrâneo, da crise climática às guerras esquecidas, Francisco falou como um pai — mas também como um irmão — dos povos. E fê-lo com gestos: lavando os pés de imigrantes, abraçando leprosos, visitando prisões, indo ao Cazaquistão e à República Democrática do Congo. Sua encíclica “Fratelli Tutti” tornou-se quase um manifesto do humanismo cristão do século 21.

Na aurora deste jubileu e à luz da Páscoa comum, sua morte ressoa como semente lançada à terra. Uma semente de unidade. Uma semente de esperança. Francisco não foi apenas um reformador. Foi um sinal. E como todo sinal evangélico, sua potência não está no poder que acumulou, mas nas vidas que tocou. No silêncio que escutou. Nos muros que derrubou. E, acima de tudo, na ponte que se tornou.


* Laio Correia Morais é católico, advogado e chefe de Gabinete do Ministério da Fazenda

Artigo publicado inicialmente no ICL Notícias


Fonte: PT

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Papa Francisco e seu amor pela justiça, que passa pelo amor aos pobres

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“Não entendemos porque a direita Católica e dos países governados pela direita, perseguiram o Papa Francisco”

Por Frei David Santos OFM

Dos seis Papas que acompanhei suas vidas e suas passagens espirituais para a outra dimensão em Deus, o Papa Francisco (2013 – 2025) foi o que mais me marcou. Adotava posicionamentos firmes que refletem seu jeito de colocar em prática os ensinamentos de Jesus Cristo.

Três valores foram marcantes em sua trajetória: simplicidade, misericórdia e preocupação com a reta aplicação da justiça. Alguns dos seus principais pontos incluem:

1. Foco na solidariedade: Ele enfatiza a importância de perdoar, acolher e mostrar misericórdia a todos, especialmente aos mais vulneráveis e marginalizados. Recentemente ele criticou fortemente o Governo Tramp pela perseguição aos imigrantes.

2. Cuidado com os pobres e marginalizados: Francisco destaca a necessidade de uma Igreja e uma sociedade próxima dos pobres, ajudando a combater a desigualdade e a injustiça social. Nesta linha a EDUCAFRO Brasil fez uma carta ao Papa e entregue em suas mãos por dois jovens afro-brasileiros, quando do Encontro Mundial sobre “ECONOMIA DE FRANCISCO” – uma proposta ousada para criar no mundo um sistema econômico, alternativo ao comunismo e ao capitalismo.

3. Preocupação com o meio ambiente: Ele lançou a encíclica “Laudato Si’”, na qual fala sobre a importância de cuidar da criação e combater a crise ambiental.

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4. Reforma na Igreja: Busca uma Igreja mais humilde, transparente e aberta ao diálogo, promovendo uma maior inclusão e acolhimento. Um dos mais fortes exemplos foi ele aparecer em público, há dias atrás, despojado de todas as vestes papais, com uma calça comprida, simples.

5. Diálogo inter-religioso: Incentiva o diálogo e a convivência pacífica entre diferentes religiões e culturas.

6. Simplificação e humildade: Prefere uma postura mais simples e acessível, afastando-se de excessos e ostentação. Chamou a atenção do mundo inteiro! Nunca, na era moderna, um papa se apresentou em público com roupas civis.

7. Acolhimento aos imigrantes: Logo no início de seu pontificado, em julho de 2013, o Papa Francisco realizou uma visita à ilha de Lampedusa, um símbolo da crise migratória no Mediterrâneo. Essa visita foi um gesto marcante de solidariedade com os imigrantes e um chamado à atenção mundial para a situação. Durante a visita, ele denunciou a “globalização da indiferença” diante do sofrimento dos migrantes, criticando a falta de compaixão e a insensibilidade em relação às suas dificuldades. O mundo europeu escravizou ou colonizou os países africanos e Latino americanos. O Papa Francisco insiste que os imigrantes são pessoas com dignidade e direitos. Quais direitos? Os países Europeus devem reparar os países colonizados, por todo o tempo de exploração. O Papa sempre frisou que eles não são números, e sim pessoas com histórias, direitos e sofrimentos.

Todas estas atitudes do Papa estão 100% em sintonia com a pregação do nosso guia máximo Jesus Cristo. Não entendemos porque a direita Católica e dos países governados pela direita, perseguiram o Papa Francisco, justamente por estas posturas em sintonia com os evangelhos.

Ousamos dizer, frente à insistente postura da direita, que é impossível ser Cristão e ao mesmo tempo ser membro desta direita perversa. Quem faz parte desta direita perversa, precisa abdicar-se do nome de cristão.


* Teólogo e Filósofo

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Fonte: ICL Notícias

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