“As Rosas Não Falam”: uma das músicas mais belas de todos os tempos — e as melhores versões

Cartola (1908-1980) é uma das figuras mais importantes da música brasileira, reconhecido como um dos grandes compositores e intérpretes do samba. Sua obra mais conhecida, “As Rosas Não Falam”, composta quando ele tinha 67 anos, tornou-se um verdadeiro marco no gênero.

Nascido Agenor de Oliveira, em 11 de outubro de 1908, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, Cartola viveu em uma época marcada por intensos conflitos sociais. Durante os carnavais da década de 1930, a polícia carioca frequentemente detinha pessoas negras sob a acusação de “vadiagem”. Para proteger os foliões, o músico inovou ao vestir com terno e gravata os primeiros participantes dos desfiles, criando assim a tradicional comissão de frente das escolas de samba.

A música “As Rosas Não Falam” revela a sensibilidade poética e a melancolia presentes na obra de Cartola. A canção expressa um sentimento profundo de saudade e uma esperança persistente diante do término de um ciclo, simbolizado pela metáfora do “verão” que chega ao fim. O “jardim” citado na letra representa o espaço das lembranças e das emoções vividas pelo eu lírico, que reconhece a dor causada pela ausência do amor.

Ao falar diretamente às rosas, que permanecem mudas, Cartola demonstra a futilidade de tentar amenizar a tristeza causada pelo amor através da natureza. As flores, ainda perfumadas, simbolizam a presença que já se foi, funcionando como um lembrete daquilo que foi perdido.

Segundo dados do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) de 2021, a música está entre as onze canções brasileiras mais regravadas da história. Entre as versões mais famosas estão as interpretações de Cazuza e Beth Carvalho. Em 2021, “As Rosas Não Falam” ganhou nova visibilidade ao ser tema da novela “Todas as Flores”, protagonizada por Sophie Charlotte e Letícia Colin.