O Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, informou nesta quarta-feira que provavelmente mais de 10 mil pessoas estão enterradas sob os escombros em Gaza.
Segundo a agência da ONU, os bombardeios israelenses intensos e contínuos por ar, terra e mar deixaram bairros inteiros arrasados, com centenas de edifícios destruídos.
© Unicef/Tess Ingram – Um veículo da ONU passa por escombros em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza
Bombas não detonadas
Os peritos da ONU estimaram que cerca de 7,5 mil toneladas de artefatos não detonados poderiam estar “espalhadas” por toda Gaza, uma quantidade que poderia levar até 14 anos para ser eliminada.
Entretanto, para mitigar o risco para os civis e as equipes de ajuda, o Serviço de Ação contra Minas da ONU, Unmas, tem emitido apelos cada vez mais urgentes à comunidade internacional para remover resíduos explosivos de guerra.
Risco de propagação de doenças
Citando a autoridade palestina de Defesa Civil, o Ocha observou que a recuperação de cadáveres dos escombros é um enorme desafio, devido à falta de escavadeiras, equipamentos e pessoal.
A agência estima que usando as ferramentas disponíveis “pode levar até três anos para recuperar os corpos”. Além disso, o aumento das temperaturas acelerará a decomposição dos corpos, aumentando a ameaça de propagação de doenças.
Unicef and Pnud/Abed Zagout – As condições insalubres em abrigos e outras áreas estão a contribuir directamente para a crise humanitária em Gaza
Novos dados sobre pobreza e perda do PIB
À medida que a guerra em Gaza se aproxima do seu sétimo mês, a taxa de pobreza na Palestina continua aumentando, chegando a 58,4% e empurrando quase 1,74 milhão de pessoas adicionais para a pobreza.
A estimativas foram realizadas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, e pela Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental, Escwa.
De acordo com os dados, o Produto Interno Bruto, PIB, sofreu uma queda impressionante de 26,9%, o que representa uma perda de US$ 7,1 bilhões em relação ao momento antes da guerra.
O ‘pesadelo’ tem que acabar
A diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, afirmou que o “pesadelo” deve acabar.
Catherine Russell disse que quase todas as 600 mil crianças agora abrigadas na cidade de Rafah, na fronteira sul, estão “feridas, doentes ou desnutridas”.
Em meio a temores cada vez maiores de uma operação militar israelense em grande escala em Rafah, ela lembrou que os mais de 200 dias de guerra “já mataram e mutilaram dezenas de milhares de crianças em Gaza”.
Bombas de 1 mil libras
Após a retirada das tropas israelenses no mês passado da cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, uma missão de avaliação da ONU relatou em 10 de abril que as ruas e espaços públicos estavam repletos de armas não detonadas. Além disso, foram encontradas bombas de 1 mil libras “deitadas nos principais cruzamentos e dentro das escolas”.
A ONU está atualmente liderando esforços para tornar as áreas seguras para o regresso dos palestinos a Khan Younis. As medidas incluem avaliações de danos em instalações pertencentes à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, e o mapeamento de áreas de alto risco contendo estilhaços e munições não detonadas.
Outro aspecto vital deste trabalho são as sessões de sensibilização, que o Serviço de Ação contra as Minas da ONU realiza através das redes sociais, mensagens de texto em celulares e folhetos para cerca de 1,2 milhões de pessoas em Gaza.
No total, estima-se que existam 37 milhões de toneladas de detritos no enclave, que provavelmente contém cerca de 800 mil toneladas de amianto e outros contaminantes.
Segundo as autoridades de saúde de Gaza, desde 7 de outubro, pelo menos 34.560 palestinos foram mortos e 77.765 feridos. O Ocha também informou que até 1 de maio, 262 soldados israelenses foram mortos e 1.602 ficaram feridos em Gaza.