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Desafio do desodorante continua após morte de menina e ganha variações no TikTok e no Kwai

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Apesar da tragédia, vídeos promovendo esse tipo de prática continuam sendo publicados e compartilhados

A morte de Sarah Raíssa Pereira de Castro, 8, após supostamente participar do “desafio do desodorante” que viu nas redes sociais, em meados de abril, acendeu um alerta sobre o consumo de telas entre crianças e adolescentes. Apesar da tragédia, vídeos promovendo esse tipo de prática continuam sendo publicados e compartilhados.

Um relatório coordenado pela psicóloga e pesquisadora Fernanda Rasi Madi, especializada em conteúdos violentos nas redes, identificou a presença recorrente desses desafios em plataformas de vídeos curtos, como o TikTok e o Kwai.

As empresas, que normalmente se manifestam por meio de notas sobre conteúdos perigosos, deram respostas vagas ou simplesmente ignoraram os questionamentos enviados pela “Folha”.

Sem disponibilizar porta-voz, o TikTok alegou que suas diretrizes proíbem a promoção de atividades ou desafios perigosos. A “Folha” enviou à plataforma quase 30 links com vídeos que incentivam ou ensinam esses desafios. Em resposta, o TikTok afirmou que os conteúdos foram “minuciosamente revisados” e que os que violam as regras foram removidos –mas não especificou quantos.

Questionada novamente, a empresa respondeu apenas que, entre outubro e dezembro de 2024, mais de 153 milhões de vídeos foram removidos globalmente, sendo que 20,8% violavam diretrizes relacionadas à saúde mental e comportamental — categoria que inclui os desafios perigosos.

“Mantemos esforços contínuos para moderar e remover prontamente esse tipo de conteúdo”, diz a nota enviada pela empresa.

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O Kwai, também citado no relatório por veicular vídeos com esse tipo de desafio, não respondeu às perguntas da reportagem, enviadas na terça-feira (13).

O estudo conduzido por Fernanda Rasi Madi mostra que, além de ainda circularem nas redes, os desafios são muitas vezes adaptados em novas versões, como queimar a pele com o aerossol ou pressionar o spray até que exploda.

Também mostra que as principais hashtags utilizadas pelos usuários para divulgação do vídeo usam combinações do nome do desafio, mas também utilizam combinações de palavras ligadas a temas de saúde mental, o que demonstra, segundo a pesquisadora, que o objetivo também é atingir adolescentes psicologicamente vulneráveis.

Nem todos os vídeos coletados por Madi incentivam diretamente os internautas a fazerem os desafios, há aqueles que se parecem com alertas a este tipo de conteúdo, porém servem como uma espécie de tutorial de como colocá-lo em prática.

A coleta de dados foi feita entre os dias 15 de abril –poucos dias após a morte de Sarah– e 7 de maio. Nesse período, a pesquisadora reuniu mais de 30 conteúdos relacionados a esses desafios, que variavam de menos de 100 a mais de 84 mil curtidas, além de milhões de visualizações.

Segundo Madi, jogos e redes sociais têm sido portas de entrada para jovens em ambientes de radicalização, nos quais se promove a dessensibilização a conteúdos de extrema violência –como automutilação, tortura de animais, pornografia infantil e até assassinatos.

Ela argumenta que os desafios fazem parte de uma etapa inicial desse processo de dessensibilização, alimentado por grupos de extrema-direita e de ódio, que se valem da lógica da gamificação para atrair adolescentes. “Eles criam missões em troca de recompensas como fama e validação social”, diz.

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A pesquisadora alerta que, uma vez engajados nesses desafios, os jovens se tornam mais vulneráveis a integrar comunidades fechadas e radicais. “O conteúdo tende a se tornar cada vez mais extremo. As crianças testam seus limites, incentivadas por discursos de coragem e força”, afirma.

No caso específico do desafio do desodorante, muito popular no TikTok, dois fatores se destacam como motivadores: a busca por fama e o chamado Fomo (“fear of missing out”, o medo de ficar de fora, em inglês).

“Ambos reforçam a necessidade de aceitação, o que, mesmo sem intenção, contribui para o avanço da radicalização”, diz Madi.

Ela destaca ainda que a permanência desse tipo de conteúdo nas plataformas evidencia a fragilidade dos mecanismos de moderação dessas redes, especialmente diante de um público tão jovem e vulnerável.

Morte sem respostas

Um mês após o caso, a polícia ainda não trouxe atualizações sobre a morte de Sarah Raíssa. Questionadas na segunda-feira (12), as autoridades disseram que não há novidades. O último posicionamento foi dado em 14 de abril, quando o delegado Walber José de Sousa Lima informou que o celular da menina havia sido encaminhado para perícia.

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Sarah Raíssa Pereira de Castro, 8, morreu após inalar spray de desodorante em desafio do TikTok. (Foto: Reprodução/Instagram)

À época, ele afirmou que tentava identificar quem criou e quem replicou o conteúdo. Disse ainda que os responsáveis, caso encontrados, podem ser enquadrados por homicídio duplamente qualificado, com pena de até 30 anos de prisão.

Até o momento, não foi esclarecido em qual plataforma a menina estava quando morreu. Vídeos semelhantes ao que teria motivado sua morte seguem sendo repostados.
Críticas de Lula e mal-estar diplomático

O TikTok também esteve no centro de uma polêmica nesta semana, após o vazamento de uma conversa entre o presidente Lula e a primeira-dama Janja. Durante um jantar oferecido pelo líder chinês Xi Jinping, Janja teria causado um “climão” ao criticar a atuação da plataforma no Brasil.

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Na sequência, Lula reforçou publicamente a defesa da regulamentação das redes no país, incluindo o TikTok.

O presidente classificou o vazamento da conversa como “inadmissível e desleal” e demonstrou insatisfação com seus ministros, por considerar o episódio um ataque à primeira-dama.

Segundo a coluna da Mônica Bergamo, o TikTok enviou uma carta ao governo brasileiro dizendo estar ciente do episódio e se mostrou disposto a dialogar sobre sua atuação no país.


Fonte: ICL Notícias

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1 comentário

1 comentário

  1. vorbelutr ioperbir

    05/07/2025 em 23:48

    I do agree with all the ideas you have presented in your post. They’re very convincing and will certainly work. Still, the posts are too short for novices. Could you please extend them a little from next time? Thanks for the post.

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Governo federal simplifica renovação da CNH e elimina exames para motoristas sem infrações

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O governo federal oficializou uma Medida Provisória que altera as regras de renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil, beneficiando motoristas sem histórico de infrações. A principal mudança é a renovação automática da habilitação, eliminando a exigência de exames médicos a cada ciclo para condutores que não acumularam pontos. Os exames só serão obrigatórios quando houver mudança de faixa etária

Redução de Custos e Benefícios ao “Bom Condutor” 💰

As alterações fazem parte de um pacote do Ministério dos Transportes que visa reduzir a burocracia e os custos para os motoristas.

  • Redução de Custos: A estimativa do Ministério é que o custo para tirar a primeira CNH caia de mais de R$ 3 mil para cerca de R$ 700,00.

  • Exames Médicos: O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou uma redução de 40% no valor dos exames médicos e psicológicos realizados pelos Detrans.

Novas Regras de Renovação por Faixa Etária 🚦

As novas regras preveem que a avaliação médica periódica só será exigida em etapas específicas da vida do condutor, desde que ele não tenha multas:

  • Um motorista que tirou a CNH aos 20 anos e se mantiver sem multas só precisará de nova avaliação médica ao completar 50 anos.

  • Após os 50, a avaliação volta a ser obrigatória aos 60 anos e, em seguida, em avaliações anuais a partir dos 70 anos.

Outras Mudanças de Burocracia

  • Prazo de Processo: O prazo rígido de um ano para concluir o processo de primeira habilitação foi extinto; quem exceder o tempo não precisará mais pagar novas taxas.

  • CNH Digital: O motorista poderá optar por possuir apenas a CNH digital. Quem desejar a versão física pagará valores adicionais.


Com informações: Revista Fórum

 

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Brasil

EUA retiram Alexandre de Moraes e familiares da lista da Lei Magnitsky após pressão diplomática

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Washington / Brasília — O governo dos Estados Unidos decidiu retirar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, bem como membros de sua família, da lista de sanções da Lei Global Magnitsky, encerrando um episódio que provocou forte repercussão política, jurídica e diplomática entre Brasil e Estados Unidos.

A decisão, formalizada pelo Office of Foreign Assets Control (OFAC), do Departamento do Tesouro norte-americano, representa a revogação de restrições que incluíam congelamento de ativos, limitações financeiras e possíveis restrições de visto, aplicadas anteriormente sob alegações de violações de direitos humanos.

 Análise jurídica internacional

Ouvida pelo Fato Novo, a advogada Bell Ivanesciuc, especialista em Direito Internacional, Governança, Compliance e Sanções Econômicas, explicou que a retirada do nome de Moraes da lista Magnitsky possui forte significado jurídico e diplomático.

“A Lei Magnitsky é um instrumento extremamente sensível do direito internacional contemporâneo. Quando um nome é incluído, há um juízo político-jurídico de violação grave de direitos humanos. Quando esse nome é retirado, o recado é igualmente claro: houve reavaliação dos fundamentos, do contexto ou da conveniência diplomática”, afirmou Ivanesciuc.

Segundo a jurista, a revogação não significa, necessariamente, um julgamento de mérito favorável ou desfavorável ao ministro brasileiro, mas reflete uma mudança de postura estratégica do governo americano, especialmente em cenários de rearranjo geopolítico.

“Sanções internacionais não são apenas jurídicas, são instrumentos de política externa. A retirada indica que os Estados Unidos optaram por reduzir tensões institucionais com o Brasil e preservar canais de cooperação”, acrescentou.

Contexto das sanções

Alexandre de Moraes havia sido incluído na lista da Lei Magnitsky sob acusações relacionadas a supostos abusos de poder e restrições a direitos fundamentais no âmbito de investigações judiciais de grande repercussão política no Brasil. Posteriormente, familiares e entidades vinculadas ao seu entorno também passaram a figurar entre os sancionados.

A medida gerou reação imediata do governo brasileiro, que classificou a sanção como ingerência externa na soberania nacional e na independência do Poder Judiciário.

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Recuo estratégico e impacto bilateral

Para Bell Ivanesciuc, a decisão americana deve ser interpretada dentro de um contexto mais amplo de recomposição diplomática.

“O uso da Magnitsky contra autoridades judiciais de países democráticos é sempre controverso. Ao recuar, os EUA sinalizam preocupação com os efeitos colaterais institucionais e com a estabilidade das relações bilaterais”, analisou.

A advogada também destaca que o episódio serve de alerta para autoridades públicas e privadas:

“Casos como esse mostram que decisões internas podem ter repercussões internacionais diretas. O compliance institucional, a governança e o respeito a tratados internacionais nunca foram tão relevantes”, concluiu.

O que é a Lei Magnitsky, explica Dra Bell Ivanesciuc

A Lei Global Magnitsky autoriza os Estados Unidos a impor sanções a indivíduos estrangeiros acusados de corrupção grave ou violações sistemáticas de direitos humanos. As penalidades incluem bloqueio de bens, restrições financeiras e proibição de entrada em território americano.


Por Bell Ivanesciuc

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Brasil

Engenheiro agrônomo brasileiro é eleito um dos dez cientistas que moldaram a ciência em 2025 pela ‘Nature’

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O engenheiro agrônomo Luciano Andrade Moreira foi escolhido pela revista britânica Nature como uma das dez pessoas que moldaram a ciência em 2025, integrando a lista “Nature’s 10”. Moreira foi reconhecido pelo desenvolvimento do “Método Wolbachia”, uma técnica inovadora que utiliza a bactéria natural Wolbachia para bloquear a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya pelo mosquito Aedes aegypti

O Método Wolbachia no Combate às Arboviroses 🦟

O trabalho de Luciano Andrade Moreira, que se estende por mais de uma década, mostrou que os mosquitos (Aedes aegypti) portadores da bactéria Wolbachia têm menor probabilidade de contrair e transmitir esses vírus. A bactéria, comum em outros insetos, é passada para as novas gerações do Aedes após a reprodução, reduzindo o potencial de infecção viral na população do mosquito.

  • Mecanismo: Embora o mecanismo exato ainda não seja totalmente compreendido, a Nature aponta que a bactéria pode competir com o vírus por recursos ou estimular a produção de proteínas antivirais no mosquito.

  • Biofábrica: Moreira dirige uma biofábrica de mosquitos wolbitos (mosquitos infectados com a bactéria) em Curitiba (PR), uma iniciativa da Fiocruz, do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e do World Mosquito Program (WMP).

  • Estratégia Nacional: O Método Wolbachia faz parte da estratégia nacional do Ministério da Saúde no enfrentamento às arboviroses, estando em fase de implantação em cidades com altos indicadores epidemiológicos, como Balneário de Camboriú (SC), Brasília (DF), Blumenau (SC), Joinville (SC), Luziânia (GO) e Valparaíso de Goiás (GO).

A lista “Nature’s 10” é um destaque internacional para pesquisadores e iniciativas de impacto, sem configurar como um prêmio ou ranking acadêmico. Em 2023, a ministra brasileira Marina Silva também foi incluída na lista por seu trabalho contra o desmatamento na Amazônia Legal.


Com informações: Agência Brasil e ICL Notícias

 

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