Governo americano acusa Ruanda de apoiar rebeldes do M23 em conflito no Congo; ofensiva deixa centenas de mortos e milhares de deslocados
O governo dos Estados Unidos impôs sanções, na quinta-feira (dia da publicação original), ao ministro de Integração Regional de Ruanda, James Kabarebe, por seu suposto envolvimento no conflito no vizinho Congo. O país africano enfrenta uma escalada de violência liderada por rebeldes do grupo M23, apoiados por Ruanda, que travam combates contra o exército congolês e conquistaram importantes territórios, incluindo duas cidades estratégicas.
Além de Kabarebe, os EUA também sancionaram Lawrence Kanyuka Kingston, porta-voz do M23, e duas empresas ligadas a ele, registradas no Reino Unido e na França. O grupo rebelde é um dos mais proeminentes entre mais de 100 facções armadas que disputam o controle da rica região leste do Congo, repleta de minerais avaliados em trilhões de dólares.
A expansão sem precedentes dos rebeldes ocorreu após anos de combates. Em uma ofensiva relâmpago de apenas três semanas, o M23 tomou Goma, principal cidade do leste do Congo, e, no último domingo, capturou Bukavu, a segunda maior cidade da região. Enquanto isso, corpos de vítimas do conflito em Bukavu começaram a ser enterrados, em meio a crescente comoção humanitária.
Em comunicado, o Departamento de Estado dos EUA pediu “aos líderes de Ruanda que encerrem seu apoio ao M23” e retirem todas as tropas ruandesas do território congolês. Relatórios de especialistas da ONU indicam que cerca de 4.000 soldados ruandeses estão operando no Congo.
A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, destacou ainda que os governos de Ruanda e do Congo devem “responsabilizar aqueles que cometeram violações e abusos de direitos humanos”.
De acordo com o anúncio oficial, Kabarebe, que também é um oficial militar aposentado, teria atuado como intermediário entre o governo ruandês e os rebeldes do M23, além de gerenciar a receita e a exportação de minerais obtidos pelos insurgentes na região leste do Congo.
“Essa medida reflete nosso compromisso de responsabilizar autoridades-chave e líderes como Kabarebe e Kanyuka”, afirmou Bradley T. Smith, subsecretário interino do Tesouro dos EUA.
Desde o início da ofensiva rebelde em Goma, em 26 de janeiro, mais de 700 pessoas foram mortas e quase 3.000 ficaram feridas na cidade e arredores, segundo autoridades locais. A crise humanitária continua se agravando, com milhares de civis forçados a fugir de suas casas em busca de segurança.