A Polícia Federal (PF) identificou o juiz federal Macário Ramos Júdice Neto, do TRF-2, como possível foco de vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun para o deputado estadual Rodrigo Bacellar, presidente afastado da Alerj. A prisão do magistrado foi determinada pelo STF, sob alegação de íntima relação que teria facilitado a destruição de provas por investigado com suposta ligação com o Comando Vermelho.
Investigação Aponta Fluxo de Informações da Justiça para Político
Um desdobramento da Operação Zargun, que investiga crimes no Rio de Janeiro, levou à prisão do juiz federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). A decisão pela detenção foi proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Polícia Federal (PF) apontou, por meio de análises de aparelhos apreendidos, que o magistrado seria o possível foco de um vazamento de informações sigilosas destinadas ao deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil-RJ), presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
As investigações indicam que, após receber o suposto vazamento, Bacellar teria repassado detalhes da operação policial ao ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como “TH Joias”, que atualmente está preso sob suspeita de envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho.
Diálogos Sugerem Relação de Intimidade e Confiança
Mensagens obtidas pela PF destacam uma “relação de intimidade” entre Bacellar e o juiz Macário Júdice Neto. A análise policial chamou atenção para “palavras de afeto e troca de declarações efusivas de carinho, que denotam confiança e lealdade” entre os dois.
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Encontro na Véspera da Operação: Um dos indícios citados pela PF é um encontro entre Bacellar e o magistrado em uma churrascaria no Aterro do Flamengo, na véspera da Operação Zargun, em 3 de setembro de 2025. A PF concluiu que “Bacellar e Macário provavelmente estavam juntos quando TH Joias enviava mensagens a Bacellar sobre sua evasão e destruição de provas”.
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Declarações Pessoais: Em outra mensagem, de 23 de outubro de 2025, o parlamentar disse ao juiz: “Vc é irmão de vida” e “Não se desgate por nada pq o melhor não temos irmão que é amizade pra vida e reciprocidade”.
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Relações em Comum: A decisão do ministro Moraes ainda citou o cantor e artista Marcelo Pires Vieira (“Belo”) como exemplo da proximidade pessoal entre o deputado e o juiz. Uma mensagem de agosto de 2025 mostra Belo enviando uma foto para Bacellar, afirmando ter encontrado Macário Júdice Neto em um shopping.
Defesa Questiona Prisão e Bacellar é Novamente Alvo
O juiz federal Macário Júdice Neto foi preso por ordem do STF. No entanto, a defesa do magistrado, através do advogado Fernando Augusto Fernandes, alegou que “o ministro Alexandre de Moraes foi induzido a erro ao determinar a medida extrema”. O advogado informou que apresentará os esclarecimentos necessários no processo e solicitará a imediata soltura do seu cliente.
O deputado Rodrigo Bacellar, que já havia sido preso no início de dezembro no âmbito do mesmo caso, mas posteriormente solto por decisão da Alerj, foi novamente alvo de busca e apreensão na terça-feira. Seu chefe de gabinete também teve a residência, em Campos dos Goytacazes, alvo de busca e apreensão.
Bacellar, que solicitou licença de seu mandato e tem previsão de retorno apenas em 2026, teve sua defesa, representada pelos advogados Daniel Bialski e Roberto Podval, manifestando-se por meio de nota. Os advogados afirmaram que o parlamentar sempre esteve à disposição para “evidenciar seu não envolvimento nos fatos noticiados” e que comunicou o seu novo endereço à PF em depoimento.
Com informações: ICL Notícias