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Meio Ambiente

Boston planeja transição para economia verde com foco na qualificação da força de trabalho

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Uma pesquisa conduzida pelo Centro Dukakis, da Northeastern University, revela que o sucesso do Plano de Ação Climática de Boston depende de transformar empregos tradicionais em empregos verdes. O estudo destaca o desafio de definir competências sustentáveis e a necessidade urgente de treinar trabalhadores para setores como construção, elétrica e mecânica para atingir a neutralidade de carbono até 2050.


A Força de Trabalho como Peça Central do Quebra-Cabeça Climático

O Plano de Ação Climática de Boston estabelece um roteiro ambicioso: eletrificar transportes, descarbonizar edifícios e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. No entanto, os pesquisadores da Northeastern University argumentam que o plano não pode ser executado sem as pessoas certas, devidamente treinadas.

“Os planos climáticos são como um quebra-cabeça, e a última peça a ser implementada com frequência é o desenvolvimento da força de trabalho”, afirma Joan Fitzgerald, professora de políticas públicas que liderou o estudo. Para preencher essa lacuna, a cidade lançou o Plano de Ação da Força de Trabalho Preparada para o Clima, resultado de um ano de investigação em parceria com institutos de dados e lideranças comunitárias.


O Que Define um “Emprego Verde”?

Um dos principais obstáculos identificados foi a ambiguidade do termo “emprego verde”. A pesquisa sugere que a economia sustentável não se resume apenas a instaladores de painéis solares, mas à evolução de profissões já existentes:

  • Mecânicos: Profissionais tradicionais terão que migrar para a manutenção de veículos elétricos (VEs), que possuem menos peças e demandam competências diferentes.

  • Técnicos de HVAC: Um profissional que hoje instala fornos a gás precisará estar apto a instalar bombas de calor elétricas de alta eficiência.

  • Eletricistas e Construtores: Precisarão dominar códigos de construção energeticamente eficientes e a instalação de infraestrutura de carregamento para VEs.

Utilizando um conjunto de dados de centenas de milhões de anúncios de emprego, os investigadores monitoraram como as competências exigidas pelo mercado estão mudando de funções baseadas em carbono para requisitos de energia limpa.


Riscos de Escassez e Desafios de Financiamento

A diretora do Centro Dukakis, Alicia Modestino, alerta que a transição será rápida e pode criar uma escassez de trabalhadores se a qualificação não for priorizada imediatamente. O estudo identificou falhas nos programas de treinamento atuais, que muitas vezes sofrem com a falta de financiamento para oferecer salários ou auxílios aos estagiários durante o período de aprendizado.

Entre as recomendações enviadas à prefeitura de Boston, os pesquisadores sugerem que a cidade utilize recursos públicos para apoiar os salários de participantes em programas de treinamento eficazes, garantindo que o fluxo de profissionais para o mercado não seja interrompido por razões financeiras.

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Justiça Ambiental e Equidade Econômica

Alinhado aos princípios do Green New Deal de Boston, o plano foca em criar caminhos de carreira para comunidades historicamente desfavorecidas. O objetivo é garantir que a nova economia verde não apenas salve o meio ambiente, mas também promova uma força de trabalho mais inclusiva e com salários dignos.

“Nosso trabalho para combater as mudanças climáticas criará empregos bem remunerados”, afirmou Oliver Sellers-Garcia, Diretor do Green New Deal de Boston. O relatório serve como um modelo para outras metrópoles globais que buscam alinhar suas metas ambientais com o crescimento econômico e social.


Com informações: Grist

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Meio Ambiente

Pesquisadores do Jardim Botânico descobrem nova espécie de bromélia

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Batizada de Wittmackia aurantiolilacina, a espécie de cor laranja e lilás é endêmica da Mata Atlântica e foi encontrada no Parque Nacional do Alto Cariri, na Bahia.


Pesquisadores do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), ligado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), anunciaram a descoberta de uma nova espécie de bromélia. A descoberta foi publicada na revista científica Phytotaxa em novembro.

Batizada de Wittmackia aurantiolilacina, a espécie é endêmica, vivendo apenas na Mata Atlântica. Ela foi coletada no Parque Nacional do Alto Cariri, localizado no extremo sul da Bahia.

A expedição de coleta é resultado do PAN Hileia Baiana, um plano de ação iniciado em 2023 focado na conservação de árvores ameaçadas de extinção no sul da Bahia, abrangendo 36 municípios. Além da bromélia, o projeto monitora outras 218 espécies arbóreas com diferentes graus de ameaça de extinção.

Flores surpreendentes

O exemplar da nova bromélia foi inicialmente coletado sem flores, o que impedia sua catalogação. A planta foi introduzida para cultivo no bromeliário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e no refúgio dos gravatás, em Teresópolis.

A floração da planta ocorreu em julho de 2024 no Jardim Botânico, revelando sua cor surpreendente: flores nas cores laranja e lilás. O pesquisador Bruno Rezende, um dos autores do estudo e com mais de 30 anos de experiência na área, comentou: “Fiquei impressionado com a beleza de suas flores. Imediatamente suspeitei que pudesse ser uma espécie nova, pois não se assemelhava a nenhuma bromélia que vi”.

Apesar da descoberta, o estudo alerta que a sobrevivência da Wittmackia aurantiolilacina está ameaçada devido às atividades humanas na região onde foi avistada.

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Com informações:  ECO

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Meio Ambiente

Filantropia comunitária se consolida como peça central para adaptação climática no Sul Global

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Manifesto lançado durante a COP30 pela Casa Sul Global destaca que as soluções climáticas mais eficazes já existem nos territórios, mas enfrentam insuficiência de recursos, defendendo uma nova arquitetura de financiamento baseada na justiça e na solidariedade.


O manifesto “Sul Global no Centro: por uma nova arquitetura de financiamento para Clima, Natureza e Pessoas”, lançado pela Casa Sul Global durante a COP30, destaca a filantropia comunitária e os fundos de justiça socioambiental como cruciais para a aceleração da adaptação climática nos países mais vulneráveis a eventos extremos. O documento, assinado por organizações do Sul Global, afirma que as respostas mais eficazes à crise já estão sendo desenvolvidas nos territórios, mas não recebem investimentos adequados para atuar em escala.

Pela primeira vez em documentos oficiais da COP30, houve referência direta às desigualdades raciais nos impactos climáticos e à necessidade de integrar a justiça ambiental às políticas de desenvolvimento, reaproximando o debate climático das populações que mais sentem os efeitos da crise.

Diretrizes para uma Nova Arquitetura de Financiamento

O manifesto propõe a construção de um modelo de financiamento mais legítimo, responsável, justo, diverso e solidário. Essa proposta baseia-se no reconhecimento de que a solução para a crise está nas tecnologias sociais e nos modelos de governança criados nas comunidades do Sul Global (Ásia, África e América Latina).

Os especialistas ressaltam que a agenda climática avança quando incorpora temas estruturais como desigualdade, racismo ambiental e distribuição de recursos.

  • Fundos Comunitários: O documento reforça que os fundos comunitários são ferramentas essenciais. Eles atuam de forma descentralizada, com menor burocracia e maior proximidade das realidades locais, o que permite que os recursos cheguem mais rapidamente e ampliem a autonomia de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e populações urbanas periféricas.

  • Legado Colonial: O manifesto defende que a nova arquitetura deve ser baseada em cinco princípios (legitimidade, responsabilidade compartilhada, justiça e reparação, diversidade e interseccionalidade e solidariedade) para enfrentar o legado colonial que concentra a maioria dos recursos internacionais destinados ao clima no Norte Global, reforçando assimetrias históricas.

Ao colocar o Sul Global no centro das decisões, o manifesto argumenta que é fundamental repensar a lógica de destinação dos recursos, fortalecendo estruturas filantrópicas territoriais para que o dinheiro chegue diretamente a quem enfrenta a crise todos os dias.


Com informações: Assessoria de Imprensa – Casa Sul Global

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Brasil

COP30 expõe contradições entre discurso do agronegócio e limites da pecuária “sustentável” na Amazônia

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Debates sobre rastreabilidade e restauração ecológica durante o evento climático revelaram que a mudança estrutural exige não apenas aperfeiçoar a indústria, mas enfrentar a estrutura econômica e cultural do consumo de carne e a concentração fundiária.


A COP30 em Belém reuniu o agronegócio brasileiro, setor historicamente ligado à devastação, que buscou redefinir sua imagem e afirmar seu espaço, como evidenciado pela AgriZone da Embrapa. Contudo, o debate promovido por movimentos socioambientais e pesquisadores apontou que qualquer transição para a sustentabilidade deve enfrentar os limites estruturais da pecuária, indo além de simples aperfeiçoamentos.

O Mito da Preocupação do Consumidor 🛒

A discussão sobre rastreabilidade do gado na Amazônia frequentemente se baseia na premissa de que os consumidores se importam com a origem ética da carne. No entanto, a realidade observada é que o consumo de carne no Brasil e no mundo é determinado principalmente pelo preço e pela percepção de segurança sanitária.

  • Prioridade de Compra: O consumidor brasileiro, sob pressão orçamentária, prioriza o menor preço. A origem da carne (se é da Amazônia ou de áreas de conflito) geralmente permanece invisível no momento da compra.

  • Efeito Estrutural: Enquanto a estrutura econômica continuar ligada à oferta abundante de carne barata, a demanda permanecerá firme, e o engajamento do consumidor não será suficiente para levar a uma indústria mais sustentável.

Rastreabilidade: Ferramenta de Transformação ou Legitimação?

A rastreabilidade individual do gado foi apresentada na COP30 como uma ferramenta-chave para excluir do sistema produtores ilegais e grileiros. No entanto, especialistas alertaram que, por si só, a rastreabilidade não ameaça a pecuária; na verdade, tende a fortalecê-la.

  • Legitimação do Setor: A rastreabilidade aumenta a confiança de compradores internacionais e abre novos mercados, beneficiando produtores que já operam dentro da legalidade. O risco é que ela sirva para racionalizar e expandir uma pecuária modernizada, sem alterar seus fundamentos insustentáveis.

  • Resistência Ilegal: A resistência à rastreabilidade vem, em grande parte, dos atores que dependem da arquitetura de ilegalidades e do grilagem de terras públicas para lucrar, e que seriam expulsos do mercado formal.

O Limite Estrutural da ‘Pecuária Sustentável’

O agronegócio adota discursos como ‘pecuária regenerativa’ e ‘carbono neutro’, mas a sustentabilidade estrutural exige limitar a pecuária, e não apenas qualificá-la.

  • Efeito Rebote: O modelo de pecuária sustentável, baseado na intensificação para produzir mais carne em menos área, gera o efeito rebote: o aumento da produtividade e do lucro por hectare frequentemente leva o produtor a expandir a área total, em vez de reduzi-la.

  • Custos Ocultos: A pecuária extensiva se mantém barata porque seus custos ambientais (erosão, perda de biodiversidade, emissão de metano) não são pagos por quem causa o dano.

A restauração ecológica, por sua vez, só será efetiva se for um processo de reparação territorial e social, que confronte a concentração de terras e garanta que os benefícios cheguem às comunidades que historicamente protegeram a floresta. A COP30 reforçou que a Amazônia pode ser restaurada, mas não pela mesma lógica econômica que a devastou.


Com informações: Diplomatique

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