Brasília – Em entrevista ao Jornal Nacional , na noite da última quarta-feira (10/07), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil está pronto para retaliar com tarifas equivalentes caso a Organização Mundial do Comércio (OMC) não resolva o impasse criado pela nova taxa de 50% sobre produtos brasileiros , anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump .
“O Brasil quer negociar, mas é importante que se respeite a soberania brasileira. Se não houver acordo, responderemos com tarifas iguais.”
Crítica à ingerência e defesa da Justiça brasileira
Lula classificou a medida como uma tentativa de ingerência política nas instituições brasileiras , especialmente após Trump vincular a decisão ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“É inaceitável a intromissão de um presidente estrangeiro no Judiciário do Brasil. Temos uma Justiça que funciona e respeita o devido processo legal.”
O presidente também rebateu as justificativas apresentadas por Trump, considerando-as infundadas:
“Trump chegou a publicar uma carta dizendo que é preciso acabar com as ‘caças às bruxas’ aqui. Isso é inadmissível.”
Dados comerciais desmentem narrativa de Trump
Segundo Lula, os números não sustentam a versão de que os EUA estão em desvantagem comercial com o Brasil . Ele destacou dados oficiais norte-americanos segundo os quais os EUA tiveram superávit comercial de US$ 410 bilhões nas relações com o Brasil nos últimos 15 anos.
“Se alguém o informou de que há um déficit, mentiu. Isso não é apenas desinformação, é uma tentativa de sabotar uma relação virtuosa de mais de 200 anos entre os dois países.”
Espera até agosto por solução multilateral
O presidente brasileiro reafirmou que buscará solução conjunta com o Mercosul e a OMC , mas alertou que, se não houver resposta até 1º de agosto — data em que as tarifas entram em vigor —, o Brasil agirá com base na Lei da Reciprocidade Econômica , sancionada em abril deste ano.
“Não vou tomar decisão com 39 graus de febre. O Brasil não quer briga com ninguém, mas quer respeito.”
Lula também mencionou a possibilidade de os BRICS avançarem na criação de uma moeda comum para o comércio internacional , como forma de reduzir a dependência do dólar nas transações globais.
“O Brasil nunca se incomodou com a atuação do G7 ou com o que outros países fazem. Queremos uma política independente e comércio justo.”
Com informações: ICL