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Ciência

Restauração da cana-de-rio: O bambu nativo da América do Norte como baluarte contra a erosão e desastres climáticos

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Uma rede dedicada de cientistas, ambientalistas e povos indígenas está impulsionando o “renascimento da cana-de-rio” (rivercane), uma espécie de bambu nativa do Sudeste dos EUA. A planta, que desapareceu em mais de 98% devido à colonização, provou ser um elemento crucial na estabilização das margens de rios e na prevenção da erosão durante inundações e eventos climáticos extremos, como o furacão Helene.


O Poder Ecológico da Cana-de-Rio 🌱

A cana-de-rio costumava revestir riachos, rios e pântanos do Sudeste em densos povoamentos chamados canaviais. A sua estrutura subterrânea, composta por uma vasta rede de rizomas (caules resistentes logo abaixo da superfície do solo), é excepcionalmente eficaz na retenção do solo e das margens fluviais.

  • Baluarte contra Cheias: Um projeto no Tuckabum Creek, Alabama, demonstrou que as mudas de cana-de-rio sobreviveram a uma cheia de $2,7\text{ metros}$ e, crucialmente, mantiveram a margem do rio intacta. Durante o furacão Helene, cursos de água revestidos com cana-de-rio resistiram muito melhor à devastação.

  • Benefícios Ambientais: Além da estabilização das margens, a cana-de-rio oferece habitat crucial para espécies nativas (como mariposas) e funciona como um filtro, removendo nitratos e outros poluentes da água.

Restauração e Desafios Culturais 🏹

A Aliança de Restauração Rivercane (RRA), liderada por Michael Fedoroff da universidade do Alabama, está coordenando esforços de replantio em 12 estados do Sudeste, mantendo canaviais existentes e educando o público sobre os benefícios da planta.

  • Relevância Indígena: A inclusão de tribos, como a Nação Choctaw de Oklahoma, é essencial, pois a cana-de-rio tem um profundo papel cultural histórico. Povos nativos utilizavam a cana para fazer cestos, zarabatanas e flechas. Hoje, muitos artesãos estão voltando a usar a cana em seu artesanato pela primeira vez em décadas.

  • Barreiras à Restauração: Os principais desafios incluem a educação (a cana-de-rio nativa é frequentemente confundida e removida como o invasivo bambu chinês) e o alto custo e baixa disponibilidade das plantas em viveiros.

Inovação de Baixo Custo: O “Trem de Cana” 🚂

Para contornar o custo proibitivo das mudas (que podem custar até $50-60 por planta), a especialista Laura Young, da Virgínia, desenvolveu um método de propagação de baixo custo conhecido como “trem de cana”.

  • Metodologia: O método consiste em reunir pedaços de rizoma, plantá-los em sacos de sanduíche cheios de terra e usar as mudas propagadas. O custo total para iniciar um canavial pode ser de apenas $6.

  • Resultados: Embora o método de propagação seja imperfeito (diferentes variedades são ideais para diferentes locais), ele oferece uma maneira prática e barata para voluntários e proprietários privados se envolverem na estabilização das margens dos rios.

Com a colaboração entre cientistas, proprietários de terras e tribos, o movimento busca imaginar uma “ecologia futura que seja melhor”, oferecendo uma solução prática e de baixo investimento para curar a paisagem.


Com informações: Grist

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Brasil

Brasil e China criam laboratório espacial conjunto e avançam em radioastronomia e exploração do espaço profundo

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Brasil e China anunciaram a criação de um laboratório espacial conjunto para desenvolver tecnologias de observação astronômica, radioastronomia de alta sensibilidade, comunicação espacial e exploração do espaço profundo. A iniciativa, fruto de um acordo com a empresa estatal chinesa China Electronics Technology Group Corporation (CETC), será operada em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), fortalecendo a cooperação científica bilateral.


O Laboratório Conjunto e o Projeto Bingo 🛰️

O laboratório Conjunto China–Brasil de Tecnologia em Radioastronomia será uma plataforma para intercâmbios e cooperação científica, focando na formação de especialistas em instrumentação, antenas, sensores e processamento de dados.

  • Radiotelescópio Bingo: A parceria coincide com o avanço do projeto Bingo (Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations), um radiotelescópio de grande porte dedicado à observação de gás hidrogênio neutro no universo.

  • Fase de Construção: A estrutura principal do Bingo já foi despachada da China para a Paraíba, marcando o início da fase de construção no Brasil. O telescópio, desenvolvido em parceria com pesquisadores do Reino Unido, França e Suíça, permitirá varreduras rápidas de sinais de rádio do cosmos para estudar a estrutura cósmica e a energia escura.

Cooperação Sul-Sul em Meio a Tensões Internacionais geopolíticas 🌎

A iniciativa sino-brasileira avança apesar das pressões internacionais, especialmente dos Estados Unidos, que buscam limitar os laços latino-americanos com a China na área espacial.

  • Fortalecimento Nacional: A parceria com a CETC e o projeto Bingo representam uma oportunidade para o Brasil fortalecer a ciência nacional, formar novos especialistas e aumentar sua participação em projetos internacionais de ponta.

  • Benefícios Secundários: As tecnologias desenvolvidas no laboratório também podem ser aplicadas em áreas como monitoramento ambiental, agricultura, comunicações e educação científica, ampliando o acesso de universidades brasileiras a experiências avançadas.

As equipes técnicas dos dois países já iniciaram os preparativos para a instalação do laboratório, que funcionará como um hub científico articulado entre universidades brasileiras e o instituto chinês.


Com informações:  Opera Mundi

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Ciência

Descoberta rochosa: Estrutura anômala sob Bermudas intriga cientistas

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Estrutura rochosa de 20 km de espessura é identificada sob as Bermudas, uma anomalia nunca vista. A descoberta pode solucionar o mistério da ondulação oceânica, sem atividade vulcânica recente.


Cientistas detectaram uma camada rochosa de 20 quilômetros de espessura, de constituição incomum, posicionada logo abaixo da crosta oceânica do arquipélago das Bermudas, no Atlântico Norte. Esta espessura é considerada atípica e não foi observada em estruturas similares em outras partes do globo, conforme relatado por pesquisadores em estudo recente.

William Frazer, sismólogo da Carnegie Science e principal autor da pesquisa, explicou que a localização dessa camada é o que a torna singular. “Normalmente, você tem a parte inferior da crosta oceânica e, em seguida, seria de esperar o manto. Mas nas Bermudas, existe essa outra camada que está colocada abaixo da crosta, dentro da placa tectônica onde as Bermudas se localizam”, detalhou Frazer.

Anomalia pode resolver enigma da ondulação oceânica

Embora a composição e a origem exatas desta estrutura rochosa não estejam totalmente definidas, a descoberta oferece uma possível explicação para um fenômeno geológico de longa data nas Bermudas: a existência de uma ondulação oceânica. Nesta região, a crosta oceânica é elevada em cerca de 500 metros em comparação com as áreas circundantes.

O enigma reside no fato de que não há evidências de atividade vulcânica em curso que justifique a manutenção dessa ondulação. A última erupção conhecida na ilha ocorreu há cerca de 31 milhões de anos.

  • Hipótese de Formação: A nova pesquisa sugere que a última erupção vulcânica pode ter injetado material rochoso do manto na crosta. Esse material teria solidificado no local, formando uma espécie de “jangada” rígida que tem sustentado o fundo do oceano elevado por milhões de anos, mesmo após o término da atividade vulcânica.

Frazer e o coautor do estudo, Jeffrey Park, professor de ciências da Terra e planetárias na Universidade de Yale, observaram que a ondulação das Bermudas não diminuiu, um comportamento que contraria o observado em outras áreas vulcânicas, onde o movimento tectônico afasta a crosta do ponto quente do manto, fazendo com que a ondulação diminua.

Metodologia Sísmica revela a estrutura incomum

Para mapear as camadas subterrâneas, os pesquisadores utilizaram gravações de grandes terremotos distantes, registradas por uma estação sísmica localizada nas Bermudas. Eles analisaram como as ondas sísmicas desses tremores mudaram de velocidade repentinamente, o que indicou a presença de diferentes tipos de rocha e densidade.

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A técnica permitiu criar uma imagem da Terra a até cerca de 50 quilômetros abaixo das Bermudas, revelando a estrutura rochosa invulgarmente espessa, que é menos densa que a rocha circundante. Os achados foram publicados em 28 de novembro na revista Geophysical Research Letters.

Sarah Mazza, geóloga do Smith College, que não participou do estudo, comentou a relevância da descoberta. Para ela, “ainda existe esse material que sobrou dos dias de vulcanismo ativo sob as Bermudas que está ajudando potencialmente a mantê-lo como esta área de alto relevo no Oceano Atlântico.”

Composição e o Contexto do Atlântico Jovem

A pesquisa sobre a história vulcânica das Bermudas complementa os achados. Pesquisas anteriores de Mazza indicaram que a lava da região é de baixo teor de sílica, o que sugere que ela se originou de rochas com alto teor de carbono, provenientes das profundezas do manto.

  • Origem do Carbono: Segundo a geóloga, esse carbono foi provavelmente empurrado para o manto quando o supercontinente Pangeia se formou, há centenas de milhões de anos.

  • Comparação com outros Oceanos: Esta característica de rochas ricas em carbono é diferente da encontrada em ilhas formadas por hotspots nos oceanos Pacífico ou Índico. A diferença pode estar ligada ao fato de o Atlântico ser um oceano mais jovem, que se abriu com a separação da Pangeia. A localização das Bermudas, que foi o coração do último supercontinente, explica essa singularidade.

A compreensão de um local geológico extremo, como as Bermudas, é fundamental para balizar o conhecimento sobre os processos mais comuns que ocorrem no interior do planeta. O trabalho de Frazer agora se concentra em examinar outras ilhas ao redor do mundo para determinar se a estrutura rochosa sob as Bermudas é um fenômeno isolado ou se há outras camadas semelhantes a serem descobertas.

A descoberta adiciona um elemento concreto à reputação enigmática do arquipélago, que é associado ao Triângulo das Bermudas, deslocando a atenção do folclore para a geologia real do fundo do mar.


Com informações:  Live Science

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Brasil

Engenheiro agrônomo brasileiro é eleito um dos dez cientistas que moldaram a ciência em 2025 pela ‘Nature’

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O engenheiro agrônomo Luciano Andrade Moreira foi escolhido pela revista britânica Nature como uma das dez pessoas que moldaram a ciência em 2025, integrando a lista “Nature’s 10”. Moreira foi reconhecido pelo desenvolvimento do “Método Wolbachia”, uma técnica inovadora que utiliza a bactéria natural Wolbachia para bloquear a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya pelo mosquito Aedes aegypti

O Método Wolbachia no Combate às Arboviroses 🦟

O trabalho de Luciano Andrade Moreira, que se estende por mais de uma década, mostrou que os mosquitos (Aedes aegypti) portadores da bactéria Wolbachia têm menor probabilidade de contrair e transmitir esses vírus. A bactéria, comum em outros insetos, é passada para as novas gerações do Aedes após a reprodução, reduzindo o potencial de infecção viral na população do mosquito.

  • Mecanismo: Embora o mecanismo exato ainda não seja totalmente compreendido, a Nature aponta que a bactéria pode competir com o vírus por recursos ou estimular a produção de proteínas antivirais no mosquito.

  • Biofábrica: Moreira dirige uma biofábrica de mosquitos wolbitos (mosquitos infectados com a bactéria) em Curitiba (PR), uma iniciativa da Fiocruz, do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e do World Mosquito Program (WMP).

  • Estratégia Nacional: O Método Wolbachia faz parte da estratégia nacional do Ministério da Saúde no enfrentamento às arboviroses, estando em fase de implantação em cidades com altos indicadores epidemiológicos, como Balneário de Camboriú (SC), Brasília (DF), Blumenau (SC), Joinville (SC), Luziânia (GO) e Valparaíso de Goiás (GO).

A lista “Nature’s 10” é um destaque internacional para pesquisadores e iniciativas de impacto, sem configurar como um prêmio ou ranking acadêmico. Em 2023, a ministra brasileira Marina Silva também foi incluída na lista por seu trabalho contra o desmatamento na Amazônia Legal.


Com informações: Agência Brasil e ICL Notícias

 

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