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Agropecuária

RS: Cepea faz pré levantamento das perdas no agro e avalia impactos de desabastecimento

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As chuvas deram alguma trégua no Rio Grande do Sul e as águas começaram a baixar em pontos específicos dos mais de 300 municípios afetados pela força da água

E é quando esse movimento acontece que é possível se iniciar, mesmo que de forma bem prematura, a mensuração dos inúmeros danos causados. Afinal, esta é a pior tragédia climática do estado e uma das piores do Brasil.

O agronegócio é um dos setores mais afetados da economia gaúcha e praticamente todas as cadeias registram prejuízos também sem precedentes. Sindicatos rurais, associações de classe, a Farsul (Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) e mais inúmeras instituições – inclusive de outros estados – estão alinhadas à sociedade civil para, em primeiro lugar, fazer os socorros e resgates que são possíveis – de pessoas e animais – para então começar a entender como ficará o estado gaúcho após esta tragédia ainda em curso.

Embora ainda seja bastante difícil medir, o Cepea já fez um primeiro balanço das principais cadeias afetadas. As chuvas não só afetaram as lavouras e criações, como também a logística.

“O CEPEA, que acompanha e analisa de perto as atividades do agronegócio no Rio Grande do Sul, captando as condições socioeconômicas de seus produtores rurais, neste lamentável momento de catástrofe climática, se solidariza com eles – e com a sociedade gaúcha como um todo – diante das substanciais perdas de renda e patrimonial, mas, acima de tudo, das vidas humanas sacrificadas”, trouxe uma nota da instituição neste final de semana.

O Cepea trouxe suas projeções divididas entre os principais setores do agronegócio gaúcho.

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ARROZ – Para a produção de arroz, a chuvarada pode provocar uma perda coniderável nos índices de produtividade, uma vez que a colheita do estado já estava bastante atrasada em relação a anos anteriores. As tempestades deixaram as lavouras debaixo d’água e retomar os trabalhos de campo ainda deve demorar. O abastecimento nacional também pode sentir, uma vez que o estado é o maior produtor de arroz do país.

“Há preocupação com o abasteciemtno no Brasil e seus impactos no custo de vida das famílias, em especial as mais pobres. Algumas estradas estão interditadas, o que também dificulta o carregamento do cereal”, afirmam os pesquisadores do Cepea.

Os últimos dados reportados pelo IRGA (Instituto Rio-Grandense do Arroz) apontavam para um rendimento médio do estado esperado em 8.612 quilos por hectare, número que deve cair bastante devido ao ocorrido.

SOJA – De acordo com os números mais recentes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), 60% da área de soja havia sido colhida, contra 70% do mesmo período do ano passado. Assim, os 40% restantes estão também, quase todo, debaixo d’água, perdendo qualidade e produtividade a cada novo dia em que, inclusive a luz solar, seria fundamental para a conclusão dos ciclos.

“O excesso de umdidade tende a elevar a acidez do óleo de soja, o que pode reduzir a oferta de boa qualidade deste subproduto, especialmente para a indústria alimentícia”, afirma o Cepea.

O Rio Grande é o segundo maior produtor de soja do Brasil.

MILHO – Para o milho, não é diferente. A colheita também está paralisada em função das cheias, embora esteja na reta final. Os números da Emater/RS apontam que 83% da área da área do cereal já foram colhidos.

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FRANGO, SUÍNOS E OVOS – “Relatos de agentes consultados pelo Cepea indicam que algumas propriedades de produção suinícola e avícola foram danificadas e agentes aindas estão à espera que a situação seja normalizada para que os prejuízos sejam calculados”, afirma a instituição. Todo este cenário se agrava na medida em que os produtores não conseguem atender às demandas ou ao menos cuidar de seus animais, uma vez que a chegada dos insumos – como ração, caixa e embalagens – está bastante comprometida.

Ainda segundo o Cepea, o atual quadro também deixa interrompidas as negociações do setor, o que poderia ser mais um fator a comprometer o abastecimento no estado e no Brasil.

PECUÁRIA DE CORTE – Na pecuária de corte, a cena é semelhante. Muitos animais perdidos, muitos ilhados e muitos lotes de animais para abates que nao conseguem ser transportados para os frigoríficos. “Com isso, muitos compradores e vendedores estão fora do mercado nestes últimos dias, à espera de que a situação seja controlada”, diz o órgão, em nota.

HORTIFRUTI – O Cepea afirma ainda que entre os produtos hortifrutícolas acompanhados no Rio Grande do Sul durante as cheias, o mais afetado – ao mesmo na avaliação feita até este momento – foi a cenoura. “O Cepea ainda não conseguiu levantar a extensão das perdas na praça produtora de Caxias do Sul, mas o cenário é crítico. Em Vacaria, localizada em uma altitude mais elevada, os impactos do temporal foram menos severos”, afirmam os pesquisadores.

Assim, nos últimos dias, a amostragem de preços da cenoura foi consideravelmente menor.

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“Estima-se de que as inundações resultem em uma janela de oferta e, em muitos casos, dificultem, inclusive, a retomada das áreas afetadas”, diz o Cepea.

A instituição complementa ainda afirmando que “as safras de batata em Bom Jesus e de tomate em Caxias do Sul estão próximas do final, mas os danos neste encerramento de safra devem ser grande, devido aos volumes e à duração das chuvas”.


Fato Novo com imagem e informações: Notícias Agrícolas

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1 Comentário

1 Comentário

  1. binance anm"alningsbonus

    14 de junho de 2024 no 00:22

    I don’t think the title of your article matches the content lol. Just kidding, mainly because I had some doubts after reading the article.

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Agropecuária

BRB mantém liderança na concessão de crédito para produtores rurais do DF no 1º semestre de 2024

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BANCO BRB FECHA 2023 COM LUCRO LÍQUIDO RECORRENTE DE R$ 200 MILHÕES

Com um aumento de 79% em relação ao saldo do primeiro semestre de 2023, esse crescimento se deu mesmo com a Selic estabilizada em torno de 10,75% ao ano, e demonstra a eficiência e a atratividade das taxas prefixadas oferecidas pelo banco

O BRB segue na liderança na concessão de crédito rural no Distrito Federal durante o Ano Safra. Neste último, referente a 2023/2024, foram liberados mais de R$ 138 milhões. A atuação do banco fortalece e reafirma seu papel como apoiador dos produtores rurais do DF. A instituição destacou-se ao proporcionar recursos essenciais para o fortalecimento da economia local e do segmento agro.

Durante o primeiro semestre de 2024, o Banco BRB registrou um crescimento significativo em sua carteira de agronegócios. Com um aumento de 79% em relação ao saldo do primeiro semestre de 2023, esse crescimento se deu mesmo com a Selic estabilizada em torno de 10,75% ao ano, e demonstra a eficiência e a atratividade das taxas prefixadas oferecidas pelo banco.

O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, destacou a importância do Banco no apoio ao agronegócio do Distrito Federal. “O BRB tem um compromisso sólido com os produtores rurais do DF, oferecendo recursos essenciais para o desenvolvimento sustentável do setor. Nosso objetivo é continuar liderando a concessão de crédito e apoiando os produtores em todas as suas necessidades”, afirmou.

O Banco BRB possui 34% do marketshare do DF voltado ao setor, com R$ 7,9 milhões destinados ao Pronamp DF e R$ 1,4 milhão ao Pronaf DF. Esses números impulsionam a liderança na concessão de crédito aos produtores rurais no DF e reafirmam o compromisso da instituição em apoiar o segmento em todas as escalas, a partir do desenvolvimento sustentável e econômico da região.

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Agropecuária

Com R$ 3,84 milhões investidos no DF, Pronaf amplia recursos em mais de 79% em relação à safra 2022/2023

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Em todo o país, houve 1,68 milhão de contratos e subsídios de R$ 59,6 bilhões. Recorde de volume de crédito vem acompanhado do aumento da produção de alimentos saudáveis

Os agricultores familiares do Distrito Federal contrataram, na safra 2023/2024, R$ 3,84 milhões por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que oferece crédito com juros menores e mais garantias de acesso.

O valor é 79,13% maior do que o financiado na safra anterior (2022/2023), quando R$ 2,14 milhões foram investidos por produtores rurais familiares no DF. Os dados estão disponíveis no ComunicaBR, plataforma de transparência ativa do Governo Federal.

No Distrito Federal, o volume de recursos cresceu mesmo com uma leve redução no número de operações de crédito, que passaram de 70 em 2022/2023 para 63 em 2023/2024.

O expressivo crescimento no valor investido é reflexo do compromisso do Governo Federal de apoio direto aos agricultores familiares em prol da segurança alimentar da população brasileira. No Plano Safra da Agricultura Familiar 2023-2024, foram destinados R$ 71,6 bilhões ao Pronaf, montante 34% superior ao ano anterior e o maior da série histórica.

Pela primeira vez, indígenas e quilombolas puderam acessar crédito e foi criada uma linha específica para as mulheres. O crédito foi mais nacionalizado e houve concessão de 40% de desconto no valor financiado para os Pronaf A e B. Também cresceu o financiamento de máquinas específicas para a agricultura familiar.

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“O Plano Safra da Agricultura Familiar cumpre um grande objetivo, que é aumentar a produção de alimentos e colocar mais comida saudável no prato de todas as brasileiras e brasileiros. E isso é possível por meio da oferta de crédito barato em todas as regiões do país”, afirma o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.


“Nós conseguimos, para a safra 2024/2025, o maior volume de crédito da história com redução de juros em 10 linhas de financiamento, fortalecendo a participação das mulheres e dos jovens, mecanizando as pequenas propriedades, promovendo a agroecologia e a recuperação de áreas degradadas e ampliando a inclusão produtiva pela via econômica através do microcrédito”, destaca Teixeira.


INFOGRÁFICO 1 | Números do Pronaf no Brasil mostram recorde de volume de crédito, acompanhado do aumento da produção de alimentos saudáveis

BRASIL – Na safra 2022/2023, houve 1,44 milhão de contratos de crédito pelo Pronaf em todo o país. O número deu um salto na safra entre julho 2023 e junho de 2024, chegando a 1,68 milhão de operações, aumento de 16,2%. Também houve crescimento nos valores contratados por agricultores e produtores rurais familiares. Em 2022/2023, foram R$ 53,2 bilhões. Já em 2023/2024, a cifra foi de R$ 59,6 bilhões, incremento de 12,1%.

REGIÕES – O Nordeste foi a região com o maior impacto no crédito para a agricultura familiar entre as safras 2022/2023 e 2023/2024, com aumento de 28,7% nos contratos (de 701.990 para 903.398) e de 61,2 % no valor contratado (R$ 6,4 bi/R$ 10,3 bi) via Pronaf. Na Região Sudeste, o crescimento foi de 17,6% na quantidade de operações (187.307/220.311) e de 24,7% no valor contratado (R$ 7,4 bi/R$ 9,2 bi). Na Região Norte, o aumento foi de 2,5% na quantidade de operações (56.420/57.846) e de 15,3% no valor contratado (R$ 4 bi/R$ 4,6 bi). No Centro-Oeste, embora os contratos tenham caído 1,8% (41.699/40.962), houve aumento de 4,8% no valor (R$ 3,3 bi/R$ 3,46 bi). Já no Sul, praticamente não houve variação: -0,1% (458.893/458.383) e -0,4% (R$ 31,9 bi/R$ 31,8 bi), respectivamente.

ESTADOS – Os maiores crescimentos em número de operações de crédito, entre a safra 2022/2023 e a safra 2023/2024, ocorreram no Amapá (60,31%), no Piauí (45,94%), no Tocantins (41,56%), em Sergipe (39,83%) e no Rio Grande do Norte (34,99%). O Amapá também é a unidade da Federação com maior aumento percentual de valor contratado por meio do Pronaf: 90%, passando de R$ 9 milhões para R$ 17,2 milhões. É seguida por Distrito Federal (79,13%, de R$ 2,1 mi para R$ 3,8 mi), Piauí (76,15%, de R$ 528,9 mi para R$ 931,7 mi), Paraíba (75,03%, de R$ 437,8 mi para R$ 766,3 mi) e Rio Grande do Norte (72,60%, de R$ 273,8 mi para R$ 472,6 mi).

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INFOGRÁFICO 1 | Números do Pronaf no Distro Federal

ATUAL PLANO SAFRA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, no dia 3 de julho, o Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025. Fortalecido no campo agroecológico, com juros menores, recorde de recursos e mais garantias de acesso, a iniciativa assegura R$ 85,7 bilhões para o desenvolvimento da agricultura familiar. O plano oferece linhas de crédito diferenciadas, assistência técnica, seguros e capacitação, além de promover pesquisa e inovação em tecnologias e contribuir para a transição agroecológica. Do total de recursos, a maior parte é destinada ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf): R$ 76 bilhões.

Os dados sobre o Pronaf e sobre outros programas estão disponíveis no ComunicaBR, plataforma de transparência ativa do Governo Federal. O ComunicaBR foi criado em dezembro de 2023 com o objetivo de facilitar o acesso a dados por meio de uma interface simples e intuitiva, com informações atualizadas e contextualizadas, de forma ampla e democrática. Em constante atualização, o portal apresenta cartões informativos e relatórios com informações organizadas por eixos temáticos. Qualquer pessoa pode acessar, filtrar informações e baixar os conteúdos.

Fato Novo com informações: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

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Agropecuária

Estudo aponta impacto negativo de mudanças climáticas na agricultura

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Uso de insumos pode contaminar água e contribuir para escassez hídrica

Os dados consolidados do Sumário para Tomadores de Decisão do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos destacam a contribuição do setor para o Produto Interno Bruto (PIB), o conjunto de todos os bens e serviços produzidos no país em um determinado período. O relatório completo está em fase final de elaboração e deve ser divulgado no começo de setembro.

Segundo o professor do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador do relatório, Gerhard Ernst Overbeck, o Brasil é um país diverso, considerado o celeiro do mundo por causa da grande produção agrícola convencional. Overbeck alertou, no entanto, que há uma série de consequências negativas decorrentes das atividades do setor, como a contaminação da água por causa do uso de diversos insumos, o que pode contribuir para a escassez hídrica.


“Vamos ter uma série de problemas até para a própria produção agrícola, se essa tendência se mantiver. Talvez isso tenha ficado mais evidente nos últimos anos em conexão com as mudanças climáticas, que são outro vetor de mudança muito forte e têm a ver com o uso da terra, principalmente no Brasil. As emissões devido ao desmatamento na Amazônia são um grande driver das mudanças climáticas e os modelos e cenários disponíveis indicam que a própria agricultura será impactada muito negativamente pelas mudanças climáticas. É o primeiro setor a ser afetado”, disse.


Conforme a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, o agronegócio responde por cerca de 20% dos empregos formais e por mais de um quarto (27%) do PIB do país (R$ 403,3 bilhões em 2020). “Em grande parte, [o agronegócio] é caracterizado por monoculturas em larga escala, com intensivos sistemas de irrigação e uso excessivo de insumos, fertilizantes e agrotóxicos”, completou Overbeck.

O professor disse que parte considerável da diversidade do país e da produção está na agricultura familiar em todos os biomas. Overbeck chamou a atenção para a expansão das áreas agrícolas que tem ocorrido em todos os biomas, enquanto a vegetação nativa tem diminuído, dependendo da atuação de unidades de conservação ou a existência de terras indígenas.

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“Alguns biomas têm percentagem de vegetação nativa bastante baixa, por exemplo, na Mata Atlântica e no Pampa também. Isso também está sendo discutido no Sumário e, consequentemente, a gente tem queda de biodiversidade associada a essas mudanças”, observou.


O Relatório Temático é um diagnóstico detalhado que agrega informações científicas e casos que tiveram êxito nas interações entre os usos do solo e a biodiversidade no Brasil, quando se refere ao bem-estar humano e respeito aos saberes tradicionais. O estudo reuniu, ao longo de três anos, 100 profissionais de diversas áreas, integrantes de mais de 40 instituições de todos os biomas do país.


“O contexto histórico, temporal foi marcado no estudo principalmente a partir do primeiro Código Florestal de 1965, traçando um perfil de todo uso e cobertura da terra e ocupação pela agricultura até os anos atuais e projetando para o futuro também na parte em que são abordados os modelos e cenários futuros”, informou a pesquisadora da Embrapa Solos e também coordenadora da publicação, Rachel Bardy Prado, durante apresentação do estudo nesta terça-feira (16), na sede do órgão, no Jardim Botânico, zona sul do Rio.


Elaborado por 35 pesquisadores, o Sumário para Tomadores de Decisão analisa desafios relacionados ao modelo de uso da terra predominante no país e as soluções para tornar a agropecuária uma prática mais sustentável e inclusiva. O trabalho dos pesquisadores sintetizou o conteúdo principal com linguagem simplificada e em formato didático.

A intenção é que o documento influencie gestores e lideranças públicas e privadas no momento de tomar decisões com base na sustentabilidade e no equilíbrio combinado da agricultura, biodiversidade e serviços ecossistêmicos. De acordo com a plataforma, os serviços ecossistêmicos são benefícios gerados pela natureza que sustentam a vida no planeta. Além disso, são essenciais para garantir a capacidade da produção agrícola. “Água limpa, regulação do clima, manutenção da fertilidade e da estrutura do solo, polinização de culturas e controle biológico de pragas e doenças são alguns exemplos.”

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Entre os modelos projetados no estudo há a estimativa de que, na fronteira Amazônia Cerrado, as variações no clima regional vão comprometer a viabilidade de 74% das atuais terras agrícolas até 2060. Dados do MapBiomas revelam que, em 38 anos (1985 a 2022), a área utilizada para a agricultura no Brasil cresceu 95,1 milhões de hectares, informa o estudo.

Outra avaliação indicou que a tendência é o avanço de cultivos de soja, milho e cana-de-açúcar no Cerrado e na Mata Atlântica e de áreas de pastagem na Amazônia e no Pantanal. “Essa expansão agrícola intensificará a pressão sobre unidades de conservação e terras indígenas, com impactos negativos para o meio ambiente e as comunidades locais”, destacou o estudo.

Os pesquisadores lembraram também as consequências socioeconômicas decorrentes da dinâmica de ocupação das terras no Brasil, que tem resultado em disputas por território, concentração fundiária e exclusão social.

Propostas

Para os pesquisadores, existem opções viáveis e eficazes para uma agropecuária mais sustentável no Brasil, se houver vontade política, porque é possível conciliar melhor produtividade nas pastagens e cultivos com a mitigação das mudanças climáticas. “O relatório traz soluções já adotadas em algumas regiões do Brasil capazes de tornar a agricultura nacional mais diversificada, competitiva e resiliente. Essas práticas agregam maior renda aos produtores que conservam o capital natural”, afirmou a coordenadora.

Na avaliação dos autores do estudo, a aplicação da Lei de Proteção da Vegetação (norma federal instituída em 2012) anularia, entre 2020 e 2050, a perda de 32 milhões de hectares de vegetação nativa no país. Além disso, o aumento na produtividade das pastagens brasileiras permite atender a demanda futura por carne, culturas agrícolas, produtos madeireiros e biocombustíveis, sem a necessidade de converter mais hectare algum de vegetação nativa e ainda liberando terra para restauração em larga escala, por exemplo, na Mata Atlântica, apontou o texto.

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O estudo também identificou entre as alternativas, o estímulo à restauração de áreas de reserva legal e de preservação permanente; os incentivos econômicos e mecanismos financeiros para atividades agrícolas sustentáveis, como Pagamento por Serviços Ambientais, linhas de crédito verdes, créditos de biodiversidade, REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) e mercado de cotas de reserva ambiental; os programas de extensão rural com foco na agroecologia; a valorização e a disseminação de práticas e tecnologias sociais; os sistemas de rastreabilidade de cadeias produtivas; o Sistema Plantio Direto; as florestas plantadas; o turismo rural; e o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

Apesar disso, o professor ressaltou que a transformação desejada nos sistemas de produção agrícola, só acontecerá se esses mecanismos forem “incentivados e disseminados para ganhar escala, ampliar sua abrangência nos biomas e, sobretudo, alcançar os agricultores mais vulneráveis”.

“A verdadeira sustentabilidade da agricultura passa pela melhoria da qualidade de vida no campo e nas cidades, pela agregação de renda aos marginalizados, pelo aumento da soberania alimentar e pela manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. É preciso que os governos e o setor privado ajam com seriedade e de forma integrada, assegurando a efetiva implementação das normas ambientais”, observou Rachel Prado.

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Fato Novo com informações e imagens: Agência Brasil

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