Bandeira chinesa, com 40% do mercado global, opera fora do sistema SWIFT e permitirá destinação de parte dos lucros a movimentos sociais. Lançamento está previsto para o segundo semestre.
Nova concorrente no mercado de pagamentos brasileiro
A gigante chinesa de pagamentos UnionPay está prestes a desembarcar no Brasil, trazendo uma alternativa direta às bandeiras dominantes no país: Visa , Mastercard e American Express . O anúncio foi feito pelo financista José Kobori , novo membro do conselho da fintech Left – Liberdade Econômica em Fintech , responsável por viabilizar a entrada da UnionPay no mercado brasileiro.
Com 40% de participação no mercado global de transações com cartões, segundo dados citados por Kobori, a UnionPay opera integrada ao CIPS (Cross-Border Interbank Payment System ), sistema de pagamentos internacionais chinês que funciona como alternativa ao SWIFT , utilizado pela maioria dos bancos globais e ligado ao sistema financeiro liderado pelos Estados Unidos.
Sistema independente do SWIFT e da hegemonia financeira dos EUA
A chegada da UnionPay ocorre em um contexto de tensões financeiras entre Brasil e EUA, incluindo a investigação anunciada pelo ex-presidente Donald Trump contra o Pix , sistema de pagamentos instantâneos brasileiro. Kobori classificou a iniciativa como parte de uma “guerra financeira” para manter a hegemonia do capitalismo norte-americano.
“Esse ataque ao Pix é, na verdade, uma tentativa clara de manter o domínio do capitalismo financeiro americano dentro do Brasil. Visa, Mastercard e American Express faturam bilhões com essas transações por aqui, e não querem abrir mão dessa hegemonia”, afirmou.
Ao operar fora do SWIFT, o sistema da UnionPay oferece uma infraestrutura de pagamentos menos vulnerável a sanções internacionais, como as previstas na Lei Magnitsky , que podem restringir o acesso a serviços financeiros globais — incluindo o uso de cartões internacionais — a autoridades sancionadas.
Modelo de negócios com viés social
Além da infraestrutura técnica, a proposta da fintech Left inclui um diferencial social: os clientes poderão escolher a qual movimento social parte dos lucros gerados por suas transações será destinada. Entre os possíveis beneficiários citados está o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e outras organizações populares.
“Quando alguém se cadastra no banco, pode escolher quem quer ajudar. A receita gerada por transações como o Pix ou o uso de cartão é parcialmente revertida para essas entidades. É uma estrutura pensada para apoiar, de fato, quem constrói transformação social”, explicou Kobori.
A iniciativa busca atrair consumidores com maior engajamento político e social, promovendo um modelo de financeirização com propósito social — algo ainda pouco explorado no setor financeiro brasileiro.
Estrutura e lançamento previsto para 2025
A fintech Left começará a operar no Brasil no segundo semestre de 2025, oferecendo serviços de pagamento, integração com bancos e maquininhas de cartão. A funcionalidade de crédito, incluindo o lançamento dos cartões com bandeira UnionPay, está prevista para o final do ano.
O sistema será compatível com o Pix e outros meios de pagamento digitais, com foco em segurança, baixas taxas para comerciantes e transparência na gestão dos recursos.
Com informações: Revista Fórum / GGN