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Meio Ambiente

A nova distribuição da vida marinha no Atlântico ocidental

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A nova distribuição da vida marinha no Atlântico ocidental

Estudo de porte inédito pode melhorar políticas e ações para conservar a biodiversidade, inclusive na foz do Rio Amazonas

Um time de pesquisadores atualizou a distribuição da vida marinha na faixa ocidental do Oceano Atlântico após mergulhar em milhões de registros sobre diversidade biológica. O estudo pode melhorar políticas, ações e o cumprimento de metas de conservação, no Brasil e demais países.

A variedade de seres vivos não ocorre de forma igualitária ao longo do litoral entre Argentina e Estados Unidos. Nesse universo subaquático, cientistas encontraram 15 regiões com diferentes concentrações de biodiversidade, mostra um estudo publicado na revista Journal of Biogeography. Cinco das zonas estão no litoral brasileiro.

“São combinações únicas de espécies”, diz o biólogo Ubirajara Oliveira, líder da investigação e pós-doutor em Modelagem do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (CSR/UFMG). Confira um vídeo sobre o artigo no pé da reportagem.

As conclusões dos 21 pesquisadores que assinam o trabalho vieram após cruzar mais de 4 milhões de registros de bases públicas e próprias sobre biodiversidade. Uma delas foi a GBIF, sigla em Inglês do Mecanismo Global de Informações sobre Biodiversidade, com quase 2,7 milhões de referências.

O esforço aprimorou divisões anteriores e reforçou que a vida marinha se distribui conforme fatores como clima, química das águas, oferta de alimentos e relevo oceânico. “Há espécies exclusivas em cada grande região e espécies comuns a mais de uma delas”, conta Oliveira.

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Os 15 domínios de vida marinha ao longo do Atlântico ocidental. Imagem: CSR/UFMG/Biogeomar/O Eco

O trabalho levantou a vida marinha em até 200 metros de profundidade, ao contrário de avaliações anteriores que não a distinguiam da encontrada até abismos oceânicos. “Há uma composição bem diferente de vida entre a plataforma continental e águas mais profundas”, ressalta Oliveira, do CSR/UFMG.

As descobertas tem potencial para influenciar políticas e ações de conservação nos países abrangidos pela pesquisa, como o manejo e a criação de parques e outras unidades de conservação que resguardem amplamente a diversidade biológica no Atlântico ocidental.

“O Brasil tem 26% da área marinha em unidades de conservação, mas de forma geral nossa costa é pouco protegida e sob alta pressão de sobrepesca, poluição e outros impactos. Estamos muito aquém do que precisamos para realmente conservar a biodiversidade marinha”, ressalta Oliveira.

Em janeiro de 2018, um decreto assinado por Michel Temer converteu partes dos arquipélagos de São Pedro e São Paulo, em Pernambuco, e de Trindade e Martim Vaz, no Espírito Santo, em gigantescas reservas marinhas. Mas, essas áreas protegidas estão a até 1.200 km do continente.

O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) é encontrado do nordeste brasileiro à América Central. Foto: Pixabay/Public Domain Images

Metas protetoras 

Professor no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, Alexander Turra lembra que o estudo aponta caminhos para conservar ao menos 30% da biodiversidade até o fim da década. O compromisso foi assumido em dezembro de 2022 pelo Brasil e outros 195 países que adotaram a Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas.

“Estamos longe de alcançar esse índice até 2030, especialmente quanto à representatividade [variedade de seres vivos] . Devemos proteger e manter conectadas 30% de todas as áreas ricas em vida marinha, da costa às águas mais profundas”, destaca o biólogo e doutor em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (SP).

Já Ubirajara Oliveira, do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais, lembra que a distribuição natural de espécies não obedece aos limites traçados pela humanidade. “São fundamentais políticas que ultrapassem as fronteiras artificiais que construímos”, lembra.

Nesse sentido, é preciso integrar políticas de conservação com outros países, inclusive para a possível criação de áreas protegidas transnacionais. “O Brasil tem acordos com nações vizinhas, mas tem que fazer primeiro a sua lição de casa”, avalia Turra (USP).

A tarefa inclui controlar a pesca predatória por frotas nacionais e internacionais, usar cautela máxima para atividades econômicas como explorar petróleo na bacia da foz do Rio Amazonas e atentar às mudanças que a emergência climática fará na distribuição da biodiversidade.

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“A foz do Amazonas também tem uma composição única, com todo tipo de organismos, peixes, esponjas, cetáceos e corais, que compõem ambientes para outras espécies”, ressalta Ubirajara Oliveira, do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais.

A crise do clima também pode bagunçar o coreto da conservação marinha. Afinal, temperaturas médias em alta destroem bancos de corais, acidificam mares e oceanos e podem forçar espécies a migrar para o sul buscando águas menos quentes.

“Não mais vivendo em certas regiões, as espécies deixarão de alimentar pessoas e economias, gerando crises especialmente para comunidades pesqueiras de baixa mobilidade [que usam pequenos barcos ou canoas e dependem sobretudo da biodiversidade local]”, alerta Alexander Turra.

O cientista avalia, por fim, que o estudo do CSR/UFMG ajuda a cumprir metas da Década do Oceano das Nações Unidas (2021-2030) para preencher lacunas científicas sobre biodiversidade. “Um conhecimento crescente nos permitirá tomar melhores decisões sobre conservação”, destaca.


Fato Novo com informações: Eco Jornalismo Ambiental

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Distrito Federal

Separação correta de lixo reciclável tem efeito positivo até na saúde de catadores

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Descarte inadequado de materiais dificulta trabalho e expõe profissionais a riscos, além de prejudicar o meio ambiente; no DF, 100% da coleta seletiva é encaminhada a associações e cooperativas

Separar o lixo seco — aquele que pode ser reciclado — do orgânico é uma tarefa simples do dia a dia. Tão simples que pouca gente se dá conta do quão prejudicial pode ser não fazê-la. E os prejuízos não são apenas ao meio ambiente, mas a outras pessoas que trabalham na coleta de resíduos.

O lixo identificado como reciclável é coletado pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e por entidades contratadas. Depois, 100% do material é encaminhado para a triagem. Atualmente, são 42 contratos com cooperativas ou associações de catadores, sendo 22 para coleta seletiva e 20 para separação de materiais. De 2019 até o começo deste ano, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do SLU, investiu R$ 215 milhões nesses contratos.

Tainara Oliveira Silva, gestora administrativa da Recicla Mais Brasil, no Paranoá, diz que, das 100 toneladas de resíduos que a cooperativa recebe por mês, cerca de 20% vira rejeito, entre outras coisas, pela separação incorreta

Gestora administrativa de uma dessas cooperativas, a Recicla Mais Brasil, no Paranoá, Tainara Oliveira Silva aponta que o descarte de material orgânico como seco pode prejudicar o maquinário da entidade, além de reduzir o percentual de lixo que poderia ser reciclado. “Pegar resíduo orgânico estraga a nossa esteira, nosso equipamento, porque eles não foram feitos para esse tipo de resíduos. O material mal separado também dificulta o trabalho dos coletores, muito material fica para trás porque a gente não recolhe se ele estiver misturado com outros tipos de resíduos. Acaba que o reciclável que estiver misturado com o orgânico vai para o aterro, não vai para a reciclagem”, aponta.

Ainda segundo ela, das 100 toneladas de resíduos que a cooperativa recebe por mês, cerca de 20% vira rejeito, entre outras coisas, pela separação incorreta. É assim que uma garrafa pet — material que poderia facilmente ser reciclado — acaba descartada se estiver em meio a restos de comida, por exemplo.

Cícera Mayara Jesus, trabalhadora de uma cooperativa, já chegou a levar três pontos na mão após um corte provocado por um vidro descartado de maneira incorreta

Mas o problema mais imediato é a saúde dos catadores. Com a separação inadequada, eles são expostos a riscos diversos. A gestora lembra de casos de agulhas encontradas em meio ao lixo seco e de um episódio de um animal morto descartado como reciclável, o que acabou levando a um surto de pulgas na cooperativa. “Coloca um monte de gente em risco, porque você está expondo o catador a um resíduo que pode estar contaminado. O trabalho em si já é um risco, mas a gente tenta ao máximo diminuir”.

Cícera Mayara Jesus, uma das trabalhadoras da cooperativa, já chegou a levar três pontos na mão após um corte provocado por um vidro descartado de maneira incorreta. “É importante (fazer o descarte correto), porque acaba que os vidros vêm soltos, a gente pode acabar machucando. Também facilita muito o nosso trabalho, na rapidez da separação.” O apelo pela separação correta é reforçado pela colega Rosinete Silva: “Muitas vezes, vem tudo misturado, não tem nem como a gente separar, porque como vai meter a mão ali? Mesmo com a luva — porque a gente usa luva, usa máscara, usa óculos aqui — não tem como. Então, tudo separadinho é muito bacana”.

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Descarte correto

Não há necessidade de lavar embalagens (como de refrigerante ou leite longa vida) antes do descarte, uma vez que, no processo de reciclagem, os resíduos passam por um processo de trituração e higienização. Mas os cacos de vidro devem ser acondicionados em caixas de papelão ou em embalagens de refrigerante, devidamente identificados

O lixo convencional deve ser separado entre recicláveis (plástico, isopor, papel, papelão, metal, embalagem longa vida…) e não recicláveis (restos de comida, filtro de café, lixo de banheiro, pequenas quantidades de poda…). Há dias específicos para a coleta de cada um deles. O calendário pode ser consultado no site do SLU ou pelo aplicativo SLU Coleta DF.

Segundo o SLU, não há necessidade de lavar embalagens (como de refrigerante ou leite longa vida) antes do descarte, uma vez que, no processo de reciclagem, os resíduos passam por um processo de trituração e higienização. Mas é importante ter cuidado ao descartar vidro — a fim de evitar acidentes como o de Cícera. Os cacos devem ser acondicionados em caixas de papelão ou em embalagens de refrigerante, devidamente identificados.

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Distrito Federal

DF tem mais de 150 pontos de entrega de lixo eletrônico; saiba como fazer o descarte correto

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Capital federal conta com dois programas do GDF voltados para o recebimento de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, que incluem coleta em domicílio e sistemas de recondicionamento e reciclagem

O descarte de equipamentos eletroeletrônicos e eletrodomésticos exige cuidado. A disposição incorreta dos itens – como no lixo comum – pode acarretar consequências ao meio ambiente e à saúde humana devido à possibilidade de contaminação do solo e da água em contato com os metais pesados presentes na composição desses materiais. Para garantir que o lixo eletrônico receba a destinação correta, o Governo do Distrito Federal (GDF) instalou mais de 150 pontos de entrega voluntária (PEVs) distribuídos pelas regiões administrativas.


“A gestão adequada dos resíduos eletroeletrônicos é fundamental para proteger tanto o meio ambiente quanto a saúde pública”, destaca o secretário de Meio Ambiente e Proteção Animal, Gutemberg Gomes. “Estamos implementando um sistema robusto de logística reversa que não só atende às exigências legais, mas também promove a reciclagem e o retorno desses materiais à cadeia produtiva, minimizando o impacto ambiental e a extração de recursos naturais”, defende.


No caso da Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema), a pasta tem desde 2021 um acordo de cooperação com a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree) que, por meio do Instituto Zero Impacto, fornece o serviço de logística reversa. Nos dois últimos anos, as ações conjuntas resultaram no recolhimento de mais de 500 toneladas de lixo eletrônico.

Além dos PEVs – confira os endereços aqui –, a parceria envolve gincanas em escolas, ações de drive-thru pelas cidades e coleta em domicílio no caso de produtos acima de 30 kg – a solicitação pode ser feita gratuitamente pelo formulário online ou pelo WhatsApp: (61) 3301-3584.

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“Esse acordo tem como principal objetivo oferecer opções para o consumidor descartar de forma correta e devolver os materiais à cadeia produtiva, porque o descarte irregular pode contaminar o solo e o lençol freático, prejudicando a fauna, a flora e a saúde humana”, explica o coordenador de Resíduos Sólidos da Sema, Amir Bittar. Segundo ele, o acordo será ampliado. “Vamos renovar no próximo mês. Queremos expandir o número de PEVs e retomar as ações de drive-thru de recolhimento de resíduos”, adianta.


É considerado lixo eletrônico qualquer produto ou dispositivo eletroeletrônico e eletrodoméstico que tenha chegado ao fim da vida útil ou não tenha mais valor por falta de utilização, substituição ou quebra

Reciclagem e recondicionamento

Outra iniciativa do GDF de logística reversa é o programa Reciclotech, criado em 2020 e conduzido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), que recebe os itens dispensados pela população nos PEVs e pela administração pública. Os materiais recolhidos são triados e podem ser reciclados ou recondicionados e doados para órgãos públicos e projetos de promoção à inclusão digital. O recondicionamento dos materiais é feito em cursos de capacitação de jovens e adultos em informática básica, manutenção de computadores e robótica.

Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonardo Reisman, o programa desempenha um papel fundamental na promoção da conscientização ambiental. “O Brasil produz anualmente 2,4 milhões de toneladas de lixo eletrônico, sendo o quinto maior gerador desse tipo de resíduo no mundo. No entanto, apenas 3% desse montante é reciclado, conforme dados do setor de eletroeletrônicos. Nesse contexto, o Reciclotech é essencial por integrar um sistema de logística reversa e economia circular”, ressalta.

De acordo com Reisman, nas duas primeiras fases do programa Reciclotech, foram destinadas corretamente 1.055 toneladas de lixo eletrônico e 3.507 equipamentos foram recondicionados. Destes, mais de 1,5 mil computadores foram doados a escolas, hospitais e entidades sem fins lucrativos. Com a ampliação do projeto, em abril, para atender cinco macrorregiões do DF, foram recolhidas 70 toneladas, das quais 50 foram destinadas à indústria como matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Confira aqui os pontos de descarte do Reciclotech. Em caso de materiais de médio ou grande volume, mais informações podem ser obtidas pelo telefone (61) 3559-1111.

O que é lixo eletrônico?

É considerado lixo eletrônico qualquer produto ou dispositivo eletroeletrônico e eletrodoméstico que tenha chegado ao fim da vida útil ou não tenha mais valor por falta de utilização, substituição ou quebra. Confira a seguir o que pode ser doado:

– Informática: Microcomputadores, monitores (tubo, LCD, LED, plasma etc.), notebooks, servidores, teclados, impressoras, estabilizadores, tablets e no-breaks.
– Televisores: Televisores de tubo de imagem, LED, LCD e plasma.
– Eletroeletrônicos: Vídeo cassete, DVD player, aparelhos de som, controles remotos, fornos micro-ondas, secadores de cabelo e pranchas de cabelo.
– Eletrodomésticos: Geladeiras, congeladores, fogões, lavadoras de roupa e louça, secadoras e condicionadores de ar.
– Aparelhos eletrônicos: Aparelhos celulares, acessórios, smartphones, aparelhos telefônicos com e sem fio, faxes e secretárias eletrônicas.
– Resíduos eletrônicos: Baterias de notebooks, baterias de no-breaks, chapas de raio X, cabos de força, cabos, carregadores e adaptadores.

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Materiais que não são recolhidos nos PEVs: Lâmpadas, papel, plástico, copos, bitucas de cigarro, vidro e resíduos orgânicos.

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Fato Novo com informações e imagens: Agência Brasília

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GDF

Plenária de Unidades de Conservação promove troca de experiências entre agentes

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Plenária de Unidades de Conservação promove troca de experiências entre agentes

A Superintendência de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água (Sucon) do Instituto Brasília Ambiental realizou, nesta quinta-feira (29), na sede do órgão, a 1ª Plenária de Unidades de Conservação. O objetivo da reunião foi alinhar as informações e ações realizadas pela equipe.


O presidente do instituto, Rôney Nemer, avaliou: “Essa troca de experiências é muito importante. O que um agente está vivenciando e talvez considere um problema isolado pode ser uma questão comum a outras unidades. Além disso, a dificuldade enfrentada por uma unidade pode ser a solução para o problema de outra unidade de conservação; por isso, as ideias compartilhadas tendem a ser mais efetivas”.


O evento contou com a participação de 90 agentes, que tiveram a oportunidade de compartilhar com os colegas os desafios e êxitos das atividades desempenhadas nas unidades de conservação (UCs).


“Essa iniciativa procura incentivar, trazer novas ideias e movimentar a mente de quem está na ponta, para que possamos estar sempre melhorando nossa gestão”, explicou a superintendente da Sucon, Marcela Versiani.

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Na ocasião, foram apresentados o planejamento para a superintendência e suas metas, os primeiros resultados do Hospital de Fauna Silvestre (Hfaus) e boas práticas desenvolvidas nas UCs, entre outros temas.

“A ideia é realizar uma plenária a cada semestre, tornando isso uma rotina da Sucon. Assim, teremos a troca de experiências, saberemos o que está acontecendo e poderemos replanejar nossas ações durante esse período”, completou a diretora de Implantação de Unidades de Conservação do instituto, Carolina Lepsch.


Fato Novo com informações do Instituto Brasília Ambiental

 

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